Algumas vezes percebemos que estamos presenciando a história sendo feita diante de nossos olhos, mesmo que pela TV. Particularmente eu guardo esses momentos com muito carinho, mas cinquenta anos atrás, o público sul-africano não percebeu que estava presenciando um evento histórico, mesmo que isso só seria percebido alguns meses mais tarde.
A Lotus tinha conseguido uma parceria com a Ford-Cosworth em meados de 1967, que garantiria à equipe de Colin Chapman o favoritismo absoluto em 1968. Após meses de desenvolvimento, finalmente a combinação Lotus-Ford Cosworth estava pronta para dominar a F1, como a Lotus já havia feito em 1963 e 1965. Leal à Lotus, Jim Clark amargou as vacas magras da sua equipe enquanto Chapman procurava um motor bom o suficiente para levar seus eficientes chassis ao título novamente. Mesmo considerado o melhor piloto da F1 de então, Clark seguiu firme com a Lotus e a parceria com Ford-Cosworth parecia o fim da agonia do escocês.
No dia de Ano Novo em Kyalami, o clima muito quente fez com que todas as equipes improvisassem modos de resfriar seus carros, mas a grande favorita era mesmo a Lotus e Clark, que tinha feito a pole com exato 1s de frente para o seu companheiro de equipe Graham Hill. Porém, Jackie Stewart largou melhor e tomou a liderança da prova nas primeiras voltas, mas não demorou muito para o seu compatriota assumir a ponta. Clark imprimiu um ritmo 1s mais rápido do que os seus rivais e não foi mais visto. Stewart abandonou já no final da corrida, proporcionando a dobradinha da Lotus.
Clark conseguia sua 25º vitória na carreira, se tornando o piloto com mais triunfos na história da F1 até então, batendo Juan Manuel Fangio. A vitória de Clark era até esperada e o escocês tinha tudo para ser tricampeão no final do ano. O que ninguém esperava era que Clark encontrasse o seu destino numa árvore em Hockenheim três meses depois numa corrida de F2.
O que parecia ser uma corrida comum, com o único diferencial de ser realizada no dia primeiro de janeiro (e nem era a primeira vez que isso acontecia), o Grande Prêmio da África do Sul de 1968 ficaria para sempre marcado como a última corrida do grande Jim Clark. E como não poderia deixar de ser, com vitória.
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