segunda-feira, 28 de agosto de 2023

Figura(HOL): Alexander Albon

 Voltando quatro anos no tempo, parecia que Alexander Albon seria mais uma vítima da incessante máquina de moer jovens pilotos comandada por Helmut Marko. O anglo-tailandês saía da Red Bull pelas portas do fundo e para não ficar parado, se mudou para o moribundo DTM, mas ainda em 2022 Albon obteve uma chance inesperada na Williams, em mais uma tentativa de ressurgimento da tradicional equipe, que obtivera bons resultados com George Russell, novato faminto para mostrar serviço. Ainda ligado à Red Bull, Albon estava numa situação parecida com Russell, com a pressão adicional de estar usufruindo de uma rara segunda chance. Após um primeiro ano muito bom com a Williams, Albon garantiu uma segunda temporada com a equipe inglesa em 2023 e os resultados estão cada vez melhores, com pilotagens de alto nível de Alexander. Em Zandvoort, Albon se manteve sempre entre os primeiros colocados em todos os treinos e na complicada classificação, Alex colocou a Williams na segunda fila. Novamente a chuva se fez presente em Zandvoort no domingo e Albon pôde mostrar outra grande pilotagem. Albon vem se mostrando um mestre em administrar seus pneus e nos Países Baixos não foi diferente. Primeiramente Albon aplicou com sucesso a arriscada tática de permanecer na pista com pneus slicks na pista molhada e ao não fazer o pit-stop, Alexander permaneceu mais da metade da corrida com a mesma borracha, por sinal, a mais macia à disposição dos pilotos. Albon fez uma prova incrível e com pneus médios mais novos, era um dos pilotos mais rápidos do pelotão e via a sexta posição com um resultado provável, quando a chuva se fez presente e com mais força do que no começo da corrida, atrapalhando os planos da Williams e de Albon, mas o tailandês ainda beliscou uma oitava posição, marcando mais pontos na Williams, deixando a equipe numa ótima sétima posição no Mundial de Construtores, com a Williams sendo carregada nas costas por Albon. Com atuações como essa, será difícil a Williams segurar Albon por muito tempo.

Figurão(HOL): Logan Sargeant

 A gloriosa Williams hoje tem um dos piores carros do pelotão da F1, mas conta com um piloto que está fazendo a diferença, que está na parte de cima da coluna, porém, o segundo piloto além de não acompanhar o primeiro, ainda dá prejuízos significativos para a equipe, que está longe de ter o maior orçamento da F1. Logan Sargeant foi para a F1 muito mais pela sua nacionalidade e do interesse que a F1 tem no mercado americano, do que propriamente pelo talento, mesmo Sargeant não ser um piloto ruim, mas haviam outros melhores. Porém, Logan já está contratado e passando a metade da temporada 2023, o jovem americano ainda não disse a que veio e em Zandvoort Sargeant teve um final de semana altos e muitos baixos. No sábado, Logan conseguiu quebrar um jejum de trinta anos ao se tornar o primeiro americano a largar no top-10 na F1, desde Michael Andretti, de triste passagem na categoria. Porém, a alegria durou muito pouco, com Sargeant batendo seu Williams ainda no começo do Q3, quando a pista secava e haviam pontos úmidos na pista. O carro foi reconstruído para a corrida e Logan sobreviveu bem as caóticas primeiras voltas da corrida, levando seu Williams montado com pneus slicks numa pista bem molhada. Porém, assim como ocorrera no dia anterior, quando o sol já brilhava nos Países Baixos Sargeant bateu seu Williams novamente, dando um baita prejuízo para a equipe, além de continuar zerado no campeonato. Enquanto a corrida se desenrolava, Logan Sargeant ficou minutos refletindo mais um erro e muito provavelmente pensando na sua carreira. Para a sorte de Logan, a Indy está muito competitiva e provavelmente ele pode se mudar para lá correndo mais perto de casa. Pois na F1, o lugar de Logan Sargeant está cada vez mais distante.

domingo, 27 de agosto de 2023

Que pena...


 O dia estava bonito em Cascavel no Paraná, que recebia em sua tradicional pista o Campeonato Brasileiro de Motovelocidade. Ainda na primeira volta da categoria Moto1000GP , o piloto André Veríssimo caiu no meio da pista. É a situação mais perigosa numa corrida de motos, pois com todos os pilotos ainda agrupados, a chance de um atropelamento é muito grande, lembrando a morte de Marco Simoncelli, por exemplo. Érico Veríssimo, que não tem nenhum parentesco com André, não conseguiu desviar do piloto caído e o atingiu em cheio. Um terceiro piloto teve que passar raspando no muro para não se envolver no acidente. André e Érico foram levados para o hospital em estado gravíssimo, mas não resistiram aos ferimentos e faleceram poucas horas depois. Um dia trágico para o esporte a motor brasileiro... 

Tudo normal no caos neerlandês

 


Pode chover, relampejar, raio cair... mas Max Verstappen continuará sua temporada dominante na F1. Em meio ao caos que marcou o início e o fim da corrida em Zandvoort, Max Verstappen soube passar por cima de qualquer intempérie para vencer novamente, se igualando ao recorde que foi de outro piloto da Red Bull, Sebastian Vettel dez anos atrás, com nove vitórias consecutivas. Contudo não se pode afirmar que foi outro passeio domenical do neerlandês, com a chuva atrapalhando os planos de Max de uma vitória sossegada na frente do seus sempre animados torcedores.


Havia previsão de chuva para todo o final de semana neerlandês e se no sábado os meteorologistas laranjas foram certeiros, no domingo foram ainda mais precisos. Quando os pilotos estavam saindo para a volta de apresentação, já se enxergava pingos nas câmeras de TV e no apagar das luzes vermelhas, ainda com pista completamente seca, Max saiu calmamente, se aproveitando da estreiteza da pista em Zandvoort, onde ninguém se arrisca ao extremo pelo simples fato de não haver espaço. Porém, quando o pelotão de carros se aproximou do último terço da primeira volta, a pista estava bastante molhada, pegando todos de surpresa. Tanto que poucos pilotos tiveram a iniciativa de ir aos pits colocar pneus intermediários, liderados por Sergio Pérez. No entanto, a previsão era que a chuva fosse passageira, deixando os estrategistas de cabelo em pé. O que fazer? Arriscar ficar na pista molhada com os pneus slicks ou ir imediatamente aos pits? Boa parte do grid optou pela segunda opção e quanto mais tempo os pilotos ficassem na pista com slicks, poderia perder ainda mais tempo. Verstappen foi um dos que pararam na segunda volta, levando uma clara desvantagem de quem parou na primeira volta. Max chegou a ficar 13s atrás de Checo, que rapidamente chegou à liderança da corrida. Enquanto isso, os 'pajés' de McLaren e Mercedes comeram mosca e deixaram seus carros mais uma volta e só então os trouxeram aos pits, fazendo com que Hamilton, Norris e Russell perdessem muito tempo. 'Minha previsão era ir ao pódio e agora estou nas últimas posições', bodejou via rádio Russell. Já Albon, Piastri, Hulkenberg e Sargeant arriscaram a primeira tática e talvez a mais arriscada, que era não parar e ficar na pista molhada com os pneus slicks.


Com menos de dez voltas, o sol já brilhava em Zandvoort e com os pilotos que arriscaram ficar com slicks até 4s mais rápidos, estava na hora dos pilotos que colocaram pneus intermediários 'destrocar' para slicks. Nesse momento Verstappen já havia deixado Zhou e Gasly para trás com uma ferocidade incrível e com a mesma fome, diminuiu a vantagem de Pérez de 13s para menos de 5s. Não querendo encrencas na pista entre seus pilotos, a Red Bull foi bem prática ao trazer Max primeiro aos pits, só trazendo Checo uma volta mais tarde, para tristeza do mexicano, que questionou a manobra via rádio, mesmo que se tudo fosse resolvido na pista, Verstappen atropelaria Pérez como fizera em Miami. Apesar das reclamações, não se pode afirmar que Pérez ficou no rol dos prejudicados nas caóticas primeiras voltas, pois largando em sétimo, com tudo isso Sérgio completava a dobradinha da Red Bull, com Alonso em terceiro, após uma largada agressiva do espanhol, ganhando duas posições na primeira volta e parando na mesma volta de Max. Leclerc tocou rodas com Norris na primeira volta e se aparentemente só quebrou parte do bico, não estava à olho nu a quebra do assoalho, estragando de vez a corrida do monegasco. Contudo, não se pode falar de uma corrida em 2023 sem uma atrapalhada da Ferrari. Charles foi um dos que foram aos pits na primeira volta. Leclerc tinha tudo para capitalizar, assim como fizera Pérez, Zhou e Gasly. Só esqueceram de avisar a Ferrari, que quando viu Leclerc emergir no pit-lane, simplesmente não tinham os pneus intermediários prontos. Mais uma cena inacreditável que entrará para o folclore da F1 e da Ferrari. O vexame só não foi maior porque, com o problema no assoalho, Leclerc abandonou melancolicamente, quando levava pressão do novato Liam Lawson.


Com sol brilhando, a corrida entrou numa fase mais tranquila, quando Logan Sargeant estampou sua Williams no muro, trazendo o primeiro Safety-Car do dia. O jovem americano, que quebrou um jejum de trinta anos de um piloto ianque largando entre os dez primeiros numa corrida de F1, mais uma vez bateu forte seu Williams no final de semana e ficou a corrida inteira introspectivo, pensando na vida e no que fazer em 2024, o que pode ser bem longe da F1.  Isso fez com que alguns pilotos que se aproveitaram do caos das primeiras voltas vissem pilotos prejudicados encostarem, como foi o caso de Hamilton e Norris, enquanto Russell pensou um pouco diferente e colocou pneus duros, numa tentativa de levar sua Mercedes até o final. Ou quem sabe até a próxima pancada de chuva. Afinal, como anunciadores do apocalipse, as equipes sempre davam previsões de que a chuva viria em algum momento no final da corrida. Enquanto isso, Max liderava tranquilamente, tendo Pérez como escudeiro e Alonso fechando o pódio provisório. Na única Ferrari minimamente competitiva, Sainz sofria com um carro com acerto ruim em pistas de alto downforce e era superado por um Gasly que capitalizou bastante na estratégia nas tateantes primeiras voltas. Hamilton e Norris subiam pelo pelotão, já se aproximando da zona de pontuação, enquanto Albon fazia outra corrida assombrosa. Enquanto seu companheiro de equipe sofria ao lado da pista, pensando na morte da bezerra, Albon passou da metade da corrida sem fazer um único pit-stop, se segurando na pista com pneus não compatíveis com a situação e depois levando essa mesma borracha a durar mais do que o esperado. É por essas e outras que Albon já desperta a cobiça de equipes grandes na F1.


Ao horizonte, uma nuvem pesada vindo do Oceano Atlântico se aproximava da pista de Zandvoort. O céu escureceu e faltando dez voltas para o fim, uma chuva ainda mais forte do que uma hora e meia antes despencou em Zandvoort. Foi outro Deus-nos-acuda. Pérez fez o mesmo que a primeira volta e entrou nos pits antes de todos, talvez sem avisar à equipe, que deu uma de Ferrari e esqueceu dos pneus, fazendo Pérez perder muito tempo na operação. Sorte de Checo foi que a Aston Martin já tinha falhado com Alonso na parada do espanhol e Fernando estava mais longe do que o normal. Aconteceu outra procissão aos pits, mas a chuva era tão forte, que não demorou que alguns pilotos aquaplanassem, entre eles Pérez, que dessa vez perdeu a posição para Alonso. Ocon colocou os pneus para chuva forte e quando o francês reclamou com sua equipe, o que era uma chuva forte se transformou em dilúvio, fazendo com que alguns pilotos imitassem o francês da Ocon, antes de Guanyu Zhuo bater forte sua Alfa Romeo na curva Tarzan, causando uma bandeira vermelha. Até mesmo com os pilotos levando seus carros aos pits, alguns saíram da pista, tamanho era a quantidade de chuva.


Faltando sete voltas para o fim, em outros tempos essa bandeira vermelha significaria o fim da corrida, mas em tempos de Liberty Media, o show tem que continuar, mesmo com alguns empecilhos. A grande realidade é que Zandvoort só está no calendário da F1 atual por causa da 'Verstappenmania' e mesmo na década de 1980, já haviam reclamações do pouco espaço no pit neerlandês. Com um pit-lane tão apertado, seria um risco os pilotos largarem com pneus para chuva extrema e na volta seguinte, como vem sendo comum, irem procurar, todos ao mesmo tempo, os pneus intermediários. Então se esperou quarenta minutos para que a chuva diminuísse e a pista se tornasse praticável para os intermediários, com os pilotos sendo obrigados a largarem com os pneus de tarja verde. Assim que foi dada a relargada, foi anunciado uma punição de 5s para Pérez, por excesso de velocidade nos pits. Verstappen teve a presença incômoda de Alonso na relargada, mas como o próprio espanhol relatou depois da corrida, as condições estavam tão difíceis que um acidente poderia tirar os dois da corrida. E talvez Alonso tivesse que sair da pista num camburão de polícia. As últimas voltas foram marcadas pela tentativa frutífera de Gasly se manter menos de 5s de Pérez para conseguir um muito comemorado pódio, enquanto Hamilton tentava e não conseguia ultrapassar a Ferrari de Sainz, tendo que se conformar com a sexta posição. Albon marcou bons pilotos, condizentes com sua bela pilotagem em todo o final de semana. Norris largou na primeira fila, mas foi derrubado por erros estratégicos da McLaren e pelo melhor ritmo da Mercedes para ser oitavo, tendo se envolvido num toque com Russell nas últimas voltas, que fez o piloto da Mercedes cair para último. Piastri teve a mesma estratégia de Albon, mas não brilhou como o anglo-tailandês, mas pelo menos terminou nos pontos, enquanto Ocon melhorou ainda mais o dia da Alpine conseguindo um pontinho.


Foi uma corrida caótica, onde muita coisa aconteceu. Só não mudou o vencedor. Enquanto os pilotos esperavam a pista melhorar e completarem a corrida, a torcida neerlandesa começou uma festa incrível, meio que esperando que o grande motivo deles estarem ali completasse o serviço. Mesmo com algumas dificuldades, Max Verstappen torna tudo muito fácil e transformou uma corrida caótica em outra vitória dominante. Da mesma forma como a torcida neerlandesa, a F1 parece saber que pode acontecer de tudo numa corrida na temporada 2023. Chover, relampejar, nevar, os oceanos entrarem em ebulição, mas o vencedor será Max Verstappen. 

Incoerência

 Para quem curte esporte a motor ultimamente, muitas vezes vivemos em constante incoerência. De um lado, sentimos saudades de um certo despojamento do esporte e como os pilotos, de duas e quatro rodas, encaravam os perigos do esporte, fazendo-os heróis para os fãs. Portanto, quando vemos certos cuidados com a segurança nas pistas atualmente, esse saudosismo aflora e as críticas para os 'pilotos Nutellas de hoje em dia' aparecem aos montes, principalmente nas cada vez mais tóxicas Redes sociais (ou antissociais). No entanto, quando um piloto sai de um carro após um terrível acidente praticamente intacto, dizemos logo: oh, ainda bem que a segurança evoluiu. Fica a pergunta: olhando em retrospectiva, será que o correto seria os cuidados com a segurança atual e que isso teria poupado várias vidas em outras décadas? Observando que Ryan Preece saiu do seu carro com suas próprias forças depois de um acidente como esse na Nascar, ainda podemos chamar os pilotos atuais de Nutella? A evolução dos carros, das pistas e também nos procedimentos no quesito segurança é algo que sempre deveremos comemorar, NUNCA menosprezar.


sábado, 26 de agosto de 2023

Sem essa de férias

 


Muitas vezes retornamos das férias com aquela preguiça, meio enferrujado, mas isso não é o caso de Max Verstappen. Nem a chuva que praticamente cancelou a corrida da F2 foi capaz de segurar o neerlandês de dar um show na frente de sua torcida e conseguir uma pole esmagadora, colocando meio segundo no lombo de Lando Norris, mostrando que a McLaren achou um ótimo acerto após seus updates. Destaque negativo para Ferrari, Pérez e Hamilton num final de semana em que Max continua seu domínio.

A chuva se fez presente em Zandvoort desde as primeiras horas do dia, inclusive no terceiro treino livre e na F2, onde um sórdido acidente com os carros atrás do Safety-Car fez com que a prova praticamente nem fosse realizada. Havia o temor que a mesma quantidade de chuva afetasse a classificação da F1, mas quando a luz verde apareceu no início do Q1, havia até mesmo sol, mesmo que a pista não secasse com a velocidade esperada. Estreando na F1 de forma repentina, por causa do acidente de Daniel Ricciardo na sexta que custou um pulso quebrado para o australiano, Liam Lawson debutou na F1 numa situação difícil e por isso, sem grandes surpresas, o neozelandês ficou na última posição. Em situações de pista molhada, o risco de surpresas aumenta, mas a realidade foi que os problemas só surgiram a partir do Q3, quando a pista já estava praticamente seca. No entanto, as surpresas já apareceram no Q2, com Hamilton ficando pelo caminho por muito pouco, além da Ferrari escapar por muito pouco.

Outra surpresa foi ver a Williams com seus dois carros no Q3, mas Logan Sargeant acabou com a brincadeira ao estampar seu carro quando pegou um ponto molhado. A classificação ficou bem atrasada e o retorno foi tão confuso quanto, com Leclerc coroando o final de semana pífio até agora da Ferrari com uma batida tola, de um carro desequilibrado e um piloto com a confiança cada vez mais em baixa. Quando a última bandeira verde do dia deu as caras, havia tempo apenas para uma tentativa e Verstappen, que fizera uma classificação até mesmo discreta até então, marcou um tempo incrível, não dando chances à Norris sonhar. A McLaren continua sua boa fase, mas nem isso pôde segurar Verstappen. Falando em boa fase, Albon colocou sua Williams na segunda fila, enquanto Pérez tomou 'meros' 1,3s do seu companheiro de equipe, o deixando em sétimo. É por essas e outras que Marko já fala que o contrato de Pérez para 2024 não será obrigatoriamente cumprido, ainda mais com atuações ruins como essas. E por sinal, já é uma sequência. Foram seis carros nas seis primeiras posições, mas nada indica que algo pode parar Max, ainda mais em casa. Mesmo com previsão de chuva para amanhã...

domingo, 20 de agosto de 2023

Passeio tirolês


Comparar o domínio da Ducati na MotoGP com o da Red Bull na F1 pode parecer irreal no momento, mas mesmo com corridas mais próximas nas motos, o que os italianos vem fazendo em duas rodas lembra bastante os austríacos em quatro rodas. E foi na Áustria que a Ducati deu outro passeio com seu piloto principal e grande favorito ao título de 2023, Francesco Bagnaia. Mesmo pressionado no começo da prova, Pecco parecia ter a prova sob controle o tempo inteiro e não demorou muito para ele abrir uma vantagem segura para a KTM de Brad Binder, numa corrida sem maiores emoções na luta pela ponta.

Outro ponto diferente entre as duas principais categorias do esporte a motor é que a F1 só tem dois carros da Red Bull, enquanto a Ducati tem oito motos e boa parte dos pilotos que usam a máquina italiana estão em ótima fase, principalmente o atual campeão Bagnaia. Menos pressionado pelo título do ano passado, Pecco entra nas corridas da MotoGP sabendo o que fazer e bem mais relaxado. Apesar de Zeltweg não ser uma pista propícia para motos por questões de segurança, a Ducati adora a pista austríaca desde os tempos em que não dominava a MotoGP. Dos cinco primeiros colocados na bandeirada, haviam quatro Ducatis, com apenas Binder, que renovou seu contrato nesse final de semana, sendo o intruso da festa italiana, com certeza. Largando da pole, Bagnaia saiu muito bem e contornou a sempre perigosa primeira curva na frente, sendo seguido muito de perto por Binder. Ontem na Sprint, o sul-africano da KTM perseguiu de perto Pecco a prova toda, mas Binder teria fôlego para fazer isso numa corrida com o dobro de voltas? Rapidamente a resposta veio com Bagnaia suportando sem maiores sustos a pressão inicial de Binder para abrir uma vantagem confortável na ponta, chegando 5s na frente de Binder na bandeirada, aumentando ainda mais sua vantagem no campeonato.

Marco Bezzecchi sofreu um revés grande na Sprint ao ser derrubado na primeira curva por causa de uma manobra no mínimo otimista do vice-líder no campeonato Jorge Martin. Não satisfeito, Martin ainda derrubou o companheiro de equipe de Bezzecchi, Luca Marini durante a prova para ser terceiro, para desgosto de Valentino Rossi. Porém, Martin acabou punido e ficou sem chances de brigar novamente pelo pódio no domingo. Bezzecchi perseguiu a corrida inteira Alex Márquez, mas teimava em tentar a ultrapassagem na curva um, terminava por levar um xis do espanhol. Bem mais rápido, quando Bezzecchi achou outro ponto de ultrapassagem, deixou Márquez para trás e conseguiu um pódio. Martin terminou a corrida em sétimo, após a punição e já está tomando sessenta pontos no lombo. Mais atrás, Marc Márquez finalmente viu a bandeirada no domingo, depois de trezentos dias de jejum, mas só garantindo quatro pontos com um P12, sendo a melhor Honda do pelotão. Por essas e outras que Marc elogia publicamente a KTM, que viu Binder subir ao pódio, enquanto o outro piloto do time Jack Miller completou a primeira volta em terceiro e vinte e sete voltas depois, o australiano terminou a prova apenas em décimo sexto. Queda livre...

Foi um passeio nos bosques austríacos para Pecco Bagnaia, que já abre uma vantagem onde a conta não é se, mas quando o italiano comemorará o bicampeonato. 

sábado, 12 de agosto de 2023

Inevitável

 


Na primeira volta da segunda corrida no misto de Indianápolis em 2023, um acidente envolveu vários carros, incluindo o então vice-líder do campeonato Josef Newgarden, que perdeu uma volta e saiu de qualquer contenda da corrida. Além do piloto da Penske, Scott Dixon foi atingido por Romain Grosjean e rodou. Parecia que Dixon passaria outra corrida sem vitória, algo bastante incomum para um piloto que desde 2005 consegue pelo menos uma vitória na Indy e no dia de hoje quebrava outro recorde na sua já longuíssima carreira, chegando a 319 largadas consecutivas, superando Tony Kanaan. Porém, nunca podemos subestimar Scott Dixon. O neozelandês se aproveitou da única bandeira amarela do dia logo na primeira volta para mudar sua estratégia e com uma pilotagem sublime, Dixon conseguiu superar o pole Graham Rahal num final de corrida emocionante e manter o recorde de uma vitória nos últimos dezoito anos na Indy. 

Antes da corrida acontecer no misto de Indianápolis, o mundo do automobilismo ficava mais uma vez surpreso com mais uma reviravolta na carreira de Alex Palou. Ano passado o espanhol entrou numa disputa judicial com a Ganassi referente à renovação do seu contrato, pois Palou tinha acertado um contrato com a McLaren, numa clara intenção de ir para a F1 num futuro próximo. O que Palou não esperava era que Zak Brown se metesse na má gestão da Alpine e numa tacada de mestre, tirasse o promissor Oscar Piastri dos franceses e o australiano fizesse dupla com o também promissor Lando Norris. Com dois pilotos jovens no seu plantel na F1, a McLaren não parecia que precisaria de Palou tão cedo e o espanhol percebeu que se meteu numa enrascada, mesmo fazendo testes de F1 e participando de um treino livre com o time britânico. Toda essa confusão privou Palou de defender seu título em 2022, mas em 2023 o espanhol voltou com tudo e só perderá o título desse ano se algo extremamente extraordinário acontecer na humanidade nas próximas seis semanas.

O show que Palou vem dando na Indy abriu os olhos da F1 normalmente, mas o espanhol estava preso à McLaren, que contava com Alex na sua equipe da Indy em 2024. Com Williams e Alpha Tauri (ou qualquer que seja o nome que a equipe venha a ter no próximo ano) interessadas em Palou, o espanhol percebeu que o vínculo com a McLaren mais atrapalhava do que lhe ajudava e então comunicou que não irá para a McLaren em 2024, para desespero de Brown, que já criticou de forma ácida o espanhol, que também se desvinculou da agência que gerenciava a sua carreira e acertou o contrato com a McLaren. Chip Ganassi, que nunca perdoou Brown pela rasteira recebida ano passado, não perdeu a oportunidade e disse que 'respeitava a McLaren ao longo dos anos, mas não respeitava a administração atual da equipe'. Ouch! Com mais esse imbróglio em sua carreira, resta saber o que fará Alex Palou em 2024. Segundo consta, Palou acertou uma renovação com a Ganassi para os próximos anos, mas com uma cláusula de liberação, caso a F1 venha buscar o espanhol. Williams e Red Bull já devem estar preparando os seus advogados para as negociações, enquanto Brown prepara os seus para uma possível disputa judicial.

Ao contrário do que fez ano passado, quando tudo isso aconteceu no meio da temporada, Palou arrumou mais essa confusão na carreira já no final do campeonato e com o título praticamente ganho. Hoje Palou fez uma prova discreta, mesmo com alguns toques nas primeiras voltas, inclusive no incidente da primeira volta que praticamente tirou Newgarden de qualquer chance na prova, o deixando em terceiro no campeonato com a vitória de Dixon.

Após uma largada relâmpago de Devlin DeFrancesco, o limitado canadense foi sendo escalado e a corrida parecia que seria uma disputa entre a surpreendente Rahal, que colocou Graham e Lundgaard na primeira fila, e a turma da McLaren. Enquanto isso, quem se envolveu no entrevero da primeira volta aproveitou para encher o tanque e mudar sua estratégia. E quem pudesse economizar combustível, fatalmente pararia uma vez menos que os líderes, que visitariam os boxes três vezes. Em ritmo de competição, já que não houve mais bandeiras amarelas, Dixon parou somente duas vezes, mas mantendo um ritmo decente, mesmo conservando combustível. Grosjean, que estava na mesma tática de Dixon, não soube fazer a mesma tática e parou uma quarta vez. Talvez por isso a Andretti ainda não renovou com o francês...

As voltas voltas finais foram empolgantes, com Rahal tirando a diferença por ter mais combustível à disposição, mesmo usando pneus usados, enquanto Dixon tinha colocado pneus novos. Rahal se aproximou, ficou a menos de 1s de Dixon, mas o neozelandês da Ganassi, uma das maiores lendas da Indy, mostrou que é mesmo inevitável. Pela décima nona temporada consecutiva, Dixon venceu uma corrida na Indy. E na vice-liderança do campeonato, é bom Palou não pensar demais aonde irá correr em 2024, pois nunca é bom subestimar Scott Dixon.  

domingo, 6 de agosto de 2023

Mais um dia em Nashville

 


A Indy sempre gostou de circuitos varzeanos. Quem se lembra do circuito de rua de Baltimore e a linha de trem que atravessava a pista? Nashville já demonstrou nos dois anos anteriores que é um circuito de rua abaixo do nível exigido para uma categoria top com é a Indy, mas a categoria não apenas insiste em correr num circuito ondulado ao extremo, estreito e com um público bastante pequeno, como a partir de 2024 Nashville sediará a corrida final da Indy. Mas voltando à 2023, a corrida na cidade da música não foi tão caótica como nos anos anteriores, mas no final houveram confusões e uma bandeira vermelha artificial surgiu no fim. No entanto, isso não impediu a vitória de Kyle Kirkwood, a segunda do jovem americano na Indy e a segunda da Andretti em 2023.

Debaixo de muito sol, ao contrário da chuva forte que atrasou a classificação no sábado, Nashville viu uma primeira metade de prova bem tranquila, com apenas uma bandeira amarela provocada por um estranho incidente, onde a asa traseira de David Malukas quebrou em plena reta da ponte. Terá sido pelo excesso de ondulações? O certo foi que a corrida ficou marcada pelas várias oportunidades de estratégia, com os pilotos tentando se livrar o mais rápido possível dos pneus mais macios. No início o pole Scott McLaughin dominou a corrida ao seu bel-prazer, com o Penske do neozelandês bem acertado, mas Scott acabou atrapalhado pelas várias estratégias, onde Alex Palou chegou a vislumbrar uma vitória, no entanto o espanhol teve que economizar bastante combustível.

Quem subiu foi Kirkwood. O americano da Andretti, que quando não bate faz boas corridas, emergiu na frente de McLaughin na última rodada de paradas e administrava bem sua vantagem sobre Scott, quando começou uma série de bandeiras amarelas nas voltas finais, inclusive uma bandeira vermelha marota. Para quem critica a F1 pelo DRS, essas bandeiras vermelhas fake da Indy são ainda mais artificiais e irritantes. Na relargada, Kirkwood segurou muito bem McLaughlin para vencer a prova, recuperando um pouco um ano bem ruim da Andretti. Romain Grosjean estava na briga pela vitória, mas uma parada ruim da Andretti jogou o francês para fora do pódio.

No campeonato, Alex Palou foi bastante ajudado pelas bandeiras amarelas no final e mesmo muito curto de combustível, o espanhol se segurou num bom pódio e ainda ficou à frente de Newgarden, seu maior rival pelo título, e ganhou pontos importantes no campeonato rumo ao bicampeonato. Se não teve o caos dos outros anos, Nashville teve outro dia numa pista ruim.

Mais um dia em Silverstone

 


A MotoGP voltou de suas férias de verão nesse final de semana, mas o clima que os pilotos tiveram que enfrentar em Silverstone estava bem longe de ser o de forte calor, que caracteriza toda a Europa nesse momento. Frio e chuva marcaram o final de semana britânico, algo bem comum naquela parte do globo. Simplesmente mais um dia em Silverstone. E quem se aproveitou disso foi Aleix Espargaró, vencedor do dia após uma ultrapassagem na última volta em cima de Pecco Bagnaia, que viu seus maiores rivais pelo título tendo problemas durante a corrida e mesmo perdendo a vitória, aumentou bastante sua vantagem no campeonato.

Após um dia de chuva no sábado, afetando principalmente a classificação, a MotoGP viu a velha base aérea amanhecer com um tímido sol, mas no horizonte de Silverstone haviam nuvens ameaçadoras. Depois de uma Sprint Race bem abaixo do esperado, o líder do campeonato Francesco Bagnaia queria logo estabelecer a verdade da MotoGP 2023 e rapidamente assumiu a ponta da corrida, ultrapassando o sempre veloz e inconstante Jack Miller, líder nos primeiros movimentos do GP da Inglaterra. No encalço de Bagnaia estava o vice-líder Marco Bezzecchi, que tinha marcado a pole e estava pronto para dar o bote no piloto de fábrica. Na freada da reta Hangar, Bezzecchi freava sempre no limite e quem está nessa situação, normalmente fica em situações perigosas. Numa dessas freadas no setor mencionado, Bezzecchi perdeu a frente e caiu em alta velocidade, felizmente sem maiores danos para ele, mas para o campeonato pode ter sido decisivo. Jorge Martin já tinha tido problemas na primeira curva num toque com Brad Binder e tentava uma corrida de recuperação, enquanto Bezzecchi se lamentava nos boxes. Tudo isso deixava Bagnaia mais tranquilo no campeonato, mesmo que na corrida a situação não era das mais agradáveis.

O sol tímido foi embora e uma leve chuva começou a cair na metade final da prova. Como Silverstone é um circuito enorme, muitos lugares estavam secos, mas Bagnaia tinha o desafio de ser o primeiro a experimentar a pista que estava molhada em alguns pontos. Nisso Aleix Espargaró encostou em Bagnaia, trazendo consigo Viñales e Binder. Viñales já tinha trombado com Miller no começo da prova, perdido algumas posições, se recuperou e já estava na luta pela vitória. Os quatro andavam juntos, na mesma medida em que tateavam a pista traiçoeira de Silverstone. Alguns pilotos trocaram de motos, acertadas para a chuva, como o recém demissionário Franco Morbidelli, andando na frente de Quartararo com a Yamaha. Também houveram quedas e Márquez seguiu sua sina ao cair numa corrida longa, ficando sem marcar pontos no domingo em 2023, numa Honda sem nenhum equilíbrio. 

Nas voltas finais, Miguel Oliveira entrou na festa e chegou a ocupar o terceiro lugar e se aproximar dos líderes, mas o luso acabou ultrapassado por Binder na volta final, perdendo o pódio. Na abertura da última volta, os dois líderes se estabeleceram na frente, com Bagnaia se segurando como podia, mas Aleix foi cirúrgico na bela ultrapassagem na entrada do complexo de curvas rápidas e na firme defesa de posição no setor final, garantindo a sua segunda vitória na MotoGP, além da segunda vitória da Aprilia, que colocou três motos entre os cinco primeiros. Bagnaia foi segundo, mas com os seus rivais não conseguindo boas pontuações, ele se conformou com a posição conquistada, mesmo ficando claro que, com pista totalmente seca, Pecco poderia ter vencido com facilidade. Porém, estamos em Silverstone e hoje tivemos mais um dia na mítica pista inglesa.  

quinta-feira, 3 de agosto de 2023

História: 20 anos do Grande Prêmio da Alemanha de 2003

 


O verão europeu de 2003 foi excepcionalmente quente e isso acabou afetando a F1. No auge da guerra dos pneus entre Bridgestone e Michelin, a borracha francesa se comportava melhor com o calor e isso não faltou em Hockenheim vinte anos atrás. Correndo em 'casa', a BMW colocou os dois carros da Williams na primeira fila, com Juan Pablo Montoya superando Ralf Schumacher menos de dois centésimos. Numa época de uma classificação estranha, onde os pilotos treinavam com a mesma quantidade de combustível que largavam numa volta única, sempre haviam algumas surpresas. Jarno Trulli era quarto, dividindo a segunda fila com Barrichello, que teria treinado com pouco combustível para conseguir um melhor posicionamento.

Isso ficaria na teoria porque uma carambola marcou aquela quente corrida na Alemanha. Enquanto Montoya largou de forma perfeita, Ralf hesitou um pouco e fez com que Rubens Barrichello colocasse sua Ferrari entre Ralf e a McLaren de Raikkonen, que largara muito bem. O resultado foi um triplo acidente entre Ralf, Rubens e Kimi, que estava na luta direta pelo título e acabou no muro, com o seu McLaren destruído. Depois da corrida Ralf seria considerado culpado pelo acidente e seria punido na prova seguinte. Isso ajudou sobremaneira à Juan Pablo Montoya. Tendo os dois carros da Renault atrás de si mais leves e fora da briga mais direta pela vitória, o colombiano disparou na frente e na estratégia da corrida, David Coulthard conseguiu pular à frente de Trulli e Alonso, mas na bandeirada o escocês estava impressionantes um minuto atrás do colombiano. Michael Schumacher fez uma corrida discreta, com seus pneus Bridgestone sofrendo no calor e ainda tendo um furo nas voltas finais que o jogou para uma discreta sétima posição. 

Mesmo com o resultado adverso, Schumacher mantinha a liderança do campeonato, mas naquele quente verão europeu, o alemão teria que administrar sua vantagem para Raikkonen e Montoya, que cresciam no campeonato. Aquela vitória foi a mais enfática de Montoya na F1. Pena que faltou ao colombiano mais foco na carreira (e no preparo físico).