segunda-feira, 27 de novembro de 2023

Figura(ABU): Max Verstappen

 - Foram 19 vitórias em 2023

- Dez vitórias consecutivas

- 575 pontos conquistados, mais do que os dois pilotos da Mercedes somados

- Maior distância para o vice-campeão, 290 pontos

- Maior número de pódios em uma temporada, 21 em 22 corridas

- Maior número de voltas como líder numa temporada, 1003

Esses são apenas alguns números de Max Verstappen nessa avassaladora temporada 2023.

Figurão(ABU): Carlos Sainz

 A Ferrari tinha como principal objetivo nesse final de campeonato conseguir tirar da Mercedes o vice-campeonato do Mundial de Construtores e para isso era bastante importante que os dois pilotos pontuassem bem, de preferência mais do que os representantes da Mercedes. Charles Leclerc fez sua parte, fazendo uma boa corrida e fazendo o que era possível em 2023, chegar em segundo lugar, atrás do dominante Max Verstappen. Porém a Ferrari não contava com o final de semana medonho de Carlos Sainz, que em nenhum momento andou próximo de Leclerc, começando pela classificação, quando o espanhol ficou no Q1, muito por erro da Ferrari ao deixar Sainz no tráfego. Porém, era esperado uma corrida de recuperação de Carlos, mas isso simplesmente não aconteceu. Totalmente sem ritmo, Sainz empacou na 12º posição no primeiro stint, ganhou terreno com a parada dos líderes, mas foi engolido enquanto era alcançado. Numa estratégia bizarra da Ferrari, esperando por um Safety-Car que nunca veio, Sainz foi um zumbi dentro da corrida, terminando por não ajudar em nada a causa da Ferrari, que acabou derrotada pela Mercedes por meros três pontos. Algo que Sainz poderia ter conseguido, se tivesse feito um final de semana, no mínimo, decente.

domingo, 26 de novembro de 2023

Vitória completa


Pecco Bagnaia não tem um estilo vistoso de pilotar e nem é um personagem carismático. Muito pelo contrário. O piloto nascido em Turim tem um perfil discreto fora das pistas e de certa forma isso se reflete dentro das pistas. Bagnaia é o que se pode chamar de 'falso lento'. Principal piloto da Ducati desde 2021, Bagnaia conseguiu sua primeiras vitórias quando se tornou piloto oficial da marca italiana, que após ser reconhecida por ter a moto mais potente da MotoGP, ficou conhecida também como a melhor moto e a dominadora atual da categoria. Bagnaia quebrou o jejum da Ducati ano passado derrotando Fabio Quartararo, um piloto mais talentoso que o italiano, mas Bagnaia soube usar a força de sua Ducati e outras características suas, como a paciência e a consistência. Em 2023 Bagnaia teria um piloto ainda mais perigoso. Não que Jorge Martin seja melhor do que Quartararo, mas o talentoso espanhol usava a mesma moto de Pecco. Martin tem uma pilotagem mais agressiva e não se pode negar que ele é mais rápido do que Bagnaia, mas como foi provado em outras situações, não é apenas de velocidade que se precisa para ser campeão. Mesmo pressionado com a subida de rendimento de Martin, Bagnaia se manteve sob controle e na corrida final em Valencia, se valeu da ânsia de Martin para conquistar o bicampeonato da MotoGP, se tornando o primeiro piloto desde Marc Márquez a conseguir defender o título.

E foi Márquez quem ajudou a definir o título a favor de Bagnaia. Jorge Martin saiu do Catar cuspindo maribondo em cima da Michelin, acusando a marca francesa de ter fornecido um material ruim para o espanhol, inclusive insinuando que tinha sido roubado. A semana foi de desmentidos por parte da Michelin, além de mostrar o descontrole de Martin nesse final de semana decisivo. Na corrida Sprint, Martin venceu e diminuiu a diferença de 21 para 14 pontos. Uma vantagem ainda confortável a favor de Bagnaia, mas perigosa. Logo pelo domingo de manhã, a situação de Bagnaia melhorou com Maverick Viñales sendo punido por desobediência aos comissários de pista e perdendo a pole, elevando Pecco ao primeiro posto no grid. Martin era apenas sexto, mas numa largada relâmpago, subiu para segundo, numa disputa direta com Bagnaia. O espanhol da Pramac estava numa situação clara de 'all in' e tentou uma manobra audaciosa em cima de Pecco, mas Martin foi o único prejudicado, saindo da pista e caindo para oitavo. Desesperado, Martin partiu para uma corrida de recuperação agressiva, mas que se mostraria curta.

Numa corrida emocional, Marc Márquez se despedia da Honda. No dia anterior, o espanhol se emocionou ao subir ao pódio da Sprint e queria um bom resultado nessa despedida pela Honda. O que Márquez não contava era com um Martin afoito em escalar o pelotão rapidamente e o choque entre os dois acabou com o campeonato. Com Martin zerado, Pecco Bagnaia era o campeão da temporada 2023 da MotoGP!

Não foi uma temporada linear de Pecco. No início do ano, não faltaram comparações com o domínio que Verstappen exercia na F1, pois Bagnaia vencia com facilidade as provas, não raro obtendo 100% dos pontos, vencendo também a Sprint. Porém, uma queda em Barcelona quase pôs tudo a perder. Bagnaia caiu na primeira volta e foi atingido nas pernas por Brad Binder. Milagrosamente Pecco não sofreu fraturas, mas ainda com dores, Bagnaia viu sua vantagem no campeonato derreter. Quem se aproveitou disso foi Jorge Martin. Campeão da Moto3 em 2018 e mais um espanhol talentoso que surgiu nos últimos dez anos, Martin já tinha feito um bom ano em 2022 e perdera o lugar que ele achava que era seu na equipe de fábrica da Ducati para Bastianini. Martin não escondeu seu descontentamento e com o infortúnio de Bagnaia, foi para uma tática de mostrar à Ducati que ele merecia o lugar que lhe foi negado e mesmo correndo com uma moto satélite, ele poderia vencer o campeonato, derrotando o principal piloto da fábrica.

Martin começou uma sequência incrível de vitórias, principalmente nas corridas Sprint, quando os pneus não fazem tanta diferença, no entanto, Jorge sofria nas corridas longas e deixou algumas vitórias certas pelo caminho, muito por causa dos pneus, como na Tailândia e principalmente na Austrália. Ficava claro que Martin estava numa fase melhor e era mais rápido, porém, Bagnaia era mais completo, principalmente nas corridas de domingo, com o italiano não se preocupando muito em fazer corridas pobres na Sprint. Algumas declarações de Martin também deixavam claras um quê de arrogância no espanhol, fazendo que, mesmo Martin estivesse em inferioridade em termos de equipe, houvesse uma maior simpatia por Bagnaia. A velocidade de Martin ficou clara em Valencia, mas no final Bagnaia foi mais completo. Pecco soube dosar suas energias quando mais importava, acertando sua moto para as corridas do domingo, além de mostrar mais serenidade, garantindo o título com uma vitória na etapa derradeira em Valencia, a sétima em 2023. 

Havia uma promessa de que Martin subiria para a Ducati oficial em caso de título, mas como Bastianini deixou muito a desejar, sofrendo muitos acidentes, como hoje, essa troca ainda pode ocorrer. A KTM poderia ter vencido hoje com Binder e Miller pressionando Bagnaia, mas ambos erraram, facilitando a vida de Pecco. Próximo ano a KTM promoverá a estreia de Pedro Acosta, atual campeão da Moto2 e incensado como a próxima estrela da MotoGP. A Aprilia tem um piloto desenvolvedor (Espargaró) e outro talentoso (Viñales), mas o que sobra em um item para um, falto no outro. Se houvesse um misto dos dois espanhóis e a Aprilia estaria melhor servida de pilotos. As montadoras japonesas tiveram um ano horroroso. A Yamaha simplesmente não deu equipamento para Quartararo brilhar e nem de longe o talentoso francês pôde brigar mais à frente. Já a Honda construiu uma moto tão difícil, que simplesmente todos os seus pilotos sofreram alguma contusão ao longo do ano. Perdendo Márquez, a equipe tentará fazer com que Luca Marini, irmão de Rossi, seja uma espécie de ressurreição para a marca. E se a Yamaha não tomar tenência, poderá ver Quartararo fazer a mesma coisa de Márquez e procurar uma Ducati em 2025. A ideia da Sprint Race em todas as corridas foi polêmica e serviu para um recorde negativo para a MotoGP. Em nenhuma das corridas que compôs o calendário 2023, todos os 22 titulares estavam no grid, pois sempre havia alguém machucado. A Dorna não admite o fracasso da ideia da Sprint e ainda tenta uma virada de mesa para ajudar as montadoras japonesas, para desespero das europeias. Se a gestão da Liberty Media não é lá essas coisas, a Dorna não fica para trás...

A Ducati de Gigi Dall'Igna se mostrou uma moto dominadora, mas ao contrário da F1, onde Verstappen reinou sozinho, praticamente todos os pilotos da Ducati venceram uma corrida em 2023, seja de domingo ou Sprint. Bagnaia liderou o desenvolvimento da moto e também boa parte do campeonato, enquanto Martin usou muito bem do trabalho de Pecco e com sua velocidade, quase obteve o feito de ser campeão com uma equipe satélite, mas isso acabou não acontecendo muito pelo açodamento de Martin e por o espanhol enfrentar um piloto mais completo. E Bagnaia, mesmo não sendo um personagem vistoso, é merecedor do seu bicampeonato.

Resumo de 2023

 


Se uma corrida pudesse resumir o que foi a temporada 2023 da F1, basta olhar o que aconteceu em Yas Marina. Max Verstappen exerce um domínio tão grande sobre a F1 atual, que até mesmo antigos rivais sentem receio de ataca-lo, pois sabem que o troco virá rapidamente e será definitivo. Max foi magnânimo mais uma vez em Abu Dhabi e com mais um desfile no chatíssimo circuito no Oriente Médio, venceu pela décimo nona vez nesse ano. Dezenove corridas consistia o calendário de muitas temporadas da segunda década desse século, quando a F1 começou sua expansão desenfreada. Leclerc tentou um ataque sobre Max na primeira volta, mas o monegasco estava mais preocupado em dar à Ferrari o segundo lugar no Mundial de Construtores e quase conseguiu, mas não obteve ajuda de Sainz e a Mercedes ficou com a posição, num dos poucos pontos ainda pendentes dessa longuíssima temporada.


A expectativa de uma corrida em Abu Dhabi sempre é baixa, mesmo com as reformas recentes terem deixado a pista no Emirado menos horrorosa. Mesmo com todos os efeitos, iates bonitos e a hospitalidade que há em Abu Dhabi, a sensação que se passa é de artificialismo no circuito que recebe sempre a última etapa do campeonato pagando uma grana altíssima para a F1. Com praticamente tudo definido com relação ao campeonato, a edição de 2023, a décima quinta em Abu Dhabi, foi um porre de dar sono. Max Verstappen pode não ter se sentido confortável com seu Red Bull nos treinos livres, mas ficou com a pole e dominou a corrida de uma forma atordoante. A única leve ameaça que Max teve na corrida foi exatamente na primeira volta. Seu antigo rival do kart Charles Leclerc largou claramente melhor e chegou a emparelhar na primeira curva, mas Verstappen contornou por fora muito bem, mas não demorou muito para Leclerc colocar por dentro outras duas vezes, mas em ambas, Max se sobressaiu. Depois da corrida Leclerc confessou que não teria como se sustentar na frente de Verstappen se executasse a ultrapassagem e muito provavelmente pensou mais no Mundial de Construtores do que no ganho pessoal. Por saber disso, para que se arriscar em demasia, se sabemos o resultado? A partir de então, Verstappen administrou a corrida a seu bel-prazer, controlando no primeiro stint com pneus médios para depois aumentar o ritmo com os pneus duros, chegando praticamente 18s na frente de Leclerc. Saindo de nono, Pérez fez mais uma corrida de recuperação no ano, recebendo a bandeirada em segundo, mas por ter alargado demais na ultrapassagem sobre Norris, Checo foi punido e teve que se conformar com a quarta posição. Mesmo tendo em mãos o já lendário Red Bull RB19, Pérez sempre passa a sensação que ficou devendo alguma coisa e mesmo completando a dobradinha para a Red Bull no campeonato, algo inédito para a equipe, o mexicano deixou a desejar.


A grande briga que aconteceu na corrida foi na verdade a luta pelo segundo lugar no Mundial de Construtores, com a Mercedes apenas quatro pontos na frente da Ferrari quando ambas aportaram em Yas Marina. Leclerc fez sua parte e fez o que lhe era possível: terminar em segundo, atrás do dominante Verstappen. No entanto o monegasco passou a prova perguntando o que poderia fazer e até mesmo abriu caminho para Pérez para que ele abrisse os suficientes 5s de frente para Russell e a Ferrari terminasse em segundo, mas faltaram apenas 1,1s para que Leclerc conseguisse o objetivo. Porém, não se pode negar a corrida horrorosa de Carlos Sainz, que mal apareceu e ainda foi atrapalhado por uma estratégia bizarra da Ferrari, que sonhou por um Safety-Car que estava na cara que não iria aparecer, vide a forma conservadora de que a maioria do grid se comportou nessa corrida final. Com Sainz zerado, a Ferrari perdeu a segunda posição para a Mercedes por apenas três pontos. Russell superou a dupla da McLaren ao final do primeiro stint, ultrapassando Piastri e se valendo de um erro no pit-stop de Norris para ser terceiro. Leclerc ficou ao alcance de George no retorno do ferrarista dos dois pit-stops, mas Leclerc teve um grande final de semana e Russell, adoentado e tudo, conseguiu mais um pódio. Hamilton teve uma corrida errática num final de semana medíocre e após um toque com Gasly, teve que se conformar com uma opaca nona posição, sendo que Lewis teve que ser motivado por Toto Wolff em pessoa. Mesmo completando dois anos sem vitórias, Hamilton ainda garantiu um ótimo terceiro lugar no Mundial de Pilotos, mas as últimas corridas do heptacampeão deixaram bem a desejar.


Outra briga interessante foi pelo quarto lugar no Mundial de Pilotos. Após um início de ano promissor, Fernando Alonso caiu junto com a Aston Martin, mas nem por isso o espanhol deixou de mostrar sua magia e com um sétimo lugar, garantiu a quarta posição, empatado com Leclerc, mas com vantagem de ter mais pódios, principalmente na primeira metade do ano. Contudo, não se pode negar que se Alonso sonhou com vitórias e até mesmo um vice-campeonato, um quarto lugar nada mais é que um prêmio de consolação. Sainz terminou o ano tão ruim que acabou superado por Leclerc e caiu três posições em apenas uma corrida. Lando Norris fez uma segunda metade de temporada muito forte, colecionou pódios e foi sexto colocado, apenas um ponto atrás de Alonso e Leclerc. A McLaren obteve uma das maiores evoluções dentro de uma temporada, saindo das profundezas do pelotão para ser a segunda força em muitas corridas, mas que não foi o caso em Abu Dhabi, com Norris não tendo ritmo para chegar em Leclerc e Russell. Piastri conseguiu um ótimo ano de estreia, superou Norris na classificação, mas em ritmo de corrida o australiano ainda deve um pouco, mas sua curva de aprendizagem ainda é íngreme a ponto de vermos em Oscar Piastri num piloto de ponta em potencial. Nem que isso bagunce um pouco o coreto dentro da McLaren, com Norris tendo finalmente um piloto muito forte ao seu lado. A Aston Martin deu uma encostada na McLaren no Mundial de Construtores com os resultados de Las Vegas, mas em Abu Dhabi os 'verdes' nem de longe chegaram perto dos 'laranjas', com o time do feudo de Stroll se conformando mesmo com a quinta posição. Pouco para quem foi a segunda força no começo do ano e sonhou com vitórias. Destaque para a terceira corrida consecutiva decente de Lance Stroll. Muito se especulou que o canadense teria percebido que não tem talento e estofo para ser campeão mundial e por isso Lance estaria para sair da F1, mas os recentes bons resultados, como a décima posição desse domingo após um último stint bem forte, aplacou essas especulações, mas não se pode negar que há um verdadeiro abismo entre os pilotos da Aston Martin.


Após conseguir sua melhor posição de grid na F1, Yuki Tsunoda fez uma bela corrida, liderou uma prova pela primeira vez na carreira e a primeira de um nipônico desde Takuma Sato, e com um oitavo lugar garantiu bons pontos para a Alpha Tauri, que deverá mudar de nome no final desse ano. A equipe filial da Red Bull conseguiu uma bela evolução durante o ano e a chegada de Daniel Ricciardo no lugar do decepcionante Nyck de Vries ajudou bastante. No fim, a Alpha Tauri ficou apenas um ponto atrás da Williams, que terminou em sétimo lugar no Mundial de Construtores e não brilhou em Abu Dhabi. Gasly passou o primeiro stint na zona de pontuação, mas o toque levado na traseira por Hamilton estragou o difusor do carro de Pierre e a corrida do gaulês foi por água abaixo. Com Ocon também de fora dos pontos, a Alpine se despede da F1 em 2023 com muita gente esperando bem mais de uma equipe de fábrica tradicional. A Alfa Romeo se despede mais uma vez da F1 com outra corrida medíocre, o mesmo acontecendo com a Haas, que tem uma diferença entre ritmo de classificação e de corrida assustadora.


A corrida em Abu Dhabi foi um belo resumo do que foi a temporada 2023 da F1. Max Verstappen dominou a corrida e a temporada de uma forma nunca antes vista e com o triunfo desse domingo, o neerlandês se isolou como o terceiro maior vencedor da história da F1. Max se tornou inevitável e o que ele fez em 2023 entrou para a história da F1, mesmo que a categoria não lembrará com muita saudade dessa temporada, que em boa parte foi modorrenta, como a corrida de hoje.  

sábado, 25 de novembro de 2023

Jogo de esconde


 Os treinos livres em Abu Dhabi viram constantes e reiteradas reclamações de Max Verstappen sobre o comportamento do já mítico Red Bull RB19, tanto que o neerlandês não liderou nenhuma sessão em que esteve presente, lembrando que a Red Bull entregou seus carros a dois novatos no TL1. Será que Verstappen teria problemas como em Singapura? Max respondeu de forma ainda mais enfática na classificação. Na hora que valeu, Verstappen massacrou a concorrência como foi de hábito durante as corridas, valendo ao piloto da Red Bull sua décima segunda pole em 2023.

Nas luzes boêmias ao redor do circuito asséptico de Abu Dhabi, a F1 realizou sua derradeira classificação com muita gente reclamando da falta de tempo em pista, pois o TL1 viu metade do grid no pit-wall, vendo os novatos ganharem alguma experiência com um carro de F1, enquanto no TL2 duas bandeiras vermelhas fizeram com que os pilotos contassem, em média, com cinco voltas rápidas apenas. O TL3 foi mais normal, mas num clima bem distinto da classificação e da corrida. Os famigerados 'track limits' deram as caras e estragaram o treino de Logan Sargeant, que ficou sem tempo e terminou 2023 invicto: ele foi derrotado em todas as corridas por Alexander Albon em classificação. Porém, a maior surpresa foi ver Carlos Sainz ficando no Q1. Uma das vítimas da sexta-feira emiradense, Sainz tinha um carro claramente desequilibrado e soltado na pista no meio do trânsito, Sainz ficou pelo caminho complicando um pouco a situação da Ferrari na luta pelo segundo lugar no Mundial de Construtores. Porém, Hamilton ficaria no Q2 por muito pouco, num final de semana de pouco brilho do inglês, equilibrando um pouco essa disputa.

Russell liderou o TL1 e o TL3, mas na Classificação Verstappen matou à tapa, fazendo até mesmo que os demais pilotos resolvessem guardar pneus novos para a corrida. Leclerc não brilhou no TL3 e também reclamou do comportamento de sua Ferrari, mas acertou na última volta do Q3 e ficou com a primeira fila. Norris vinha muito rápido, mas errou em sua tentativa final (e dando uma bela salvada por sinal) e acabou superado por Piastri, no entanto, o jovem australiano foi notificado de uma irregularidade durante a classificação. Pérez fazia outra classificação opaca e como desgraça pouca é bobagem, o mexicano teve sua volta cancelada. Dois anos depois de seu título ali mesmo em Abu Dhabi na famosa e polêmica decisão de 21, Verstappen tem tudo para se despedir da sua laureada temporada 2023 da forma como o neerlandês se acostumou: vencendo. 

segunda-feira, 20 de novembro de 2023

Figura(LAS): Charles Leclerc

 Charles Leclerc conseguir uma pole na F1 já deixou de ser uma novidade. Com o melhor tempo em Las Vegas, Leclerc conseguiu a sua 23º pole na F1, se igualando à Niki Lauda como o segundo piloto com mais poles correndo pela Ferrari. Porém, Charles tem apenas cinco vitórias na carreira, muito pelo problema da Ferrari em consumir em demasia seus pneus e como consequência, o ritmo de corrida ferrarista é bem abaixo do potencial mostrado nas classificações. No entanto, Leclerc conseguiu se manter um ritmo decente com pneus médios a ponto de atacar e ultrapassar a Red Bull de Max Verstappen no primeiro terço de prova, algo inédito em 2023. Mesmo com a Ferrari perdendo rendimento com pneus duros, Leclerc conseguiu andar junto dos dois carros da Red Bull e se não conseguiu segurar o onipresente Max Verstappen, Leclerc conseguiu uma baita ultrapassagem sobre um sorumbático Sergio Pérez na última volta da corrida em Vegas, quebrando a dobradinha da Red Bull. Mesmo mais atrás na classificação de pilotos e vendo seu companheiro de equipe Carlos Sainz à frente e com uma vitória em 2023, Leclerc tem mais potencial para brigar com Verstappen em determinadas oportunidades, só lhe faltando que a Ferrari lhe ajude a construir um carro com menos desgaste de pneus, cujo o frio feito em Las Vegas encobriu um pouco esse problema.

Figurão(LAS): Liberty Media

 O final de semana em Las Vegas era o mais esperado do ano. Pelo menos, para a turma da Liberty Media era. Após mais de quarenta anos de uma passagem nada feliz no estado de Nevada, Las Vegas retornava à F1 numa situação bastante distinta do início da década de 1980. Se Bernie Ecclestone procurava obter popularidade para a F1 nos Estados Unidos de qualquer jeito sem sucesso, o velho dirigente não pôde usufruir em seu tempo do Netflix e de Drive to Suviver, que fez com que o público americano finalmente olhasse para a F1 com menos desdém. A corrida em Las Vegas nada mais era que o ponto culminante da enorme popularidade que a F1 conseguira no lado de cá do Atlântico e por isso essa corrida, a terceira etapa nos Estados Unidos, seria mais do que uma simples prova do calendário da F1: seria O evento. Inclusive, a promotora da corrida era simplesmente a própria Liberty Media. Foi gasto milhões em marketing e purpurina, mas os fãs mais puritanos temiam que o lado esportivo ficasse de lado e logo no primeiro dia do evento os temores vieram à tona. Com menos de dez minutos do primeiro treino livre uma tampa de bueiro saiu do lugar e Carlos Sainz atingiu a pesada peça de ferro, destruindo sua Ferrari num acidente potencialmente perigoso. Com isso, o primeiro treino livre foi cancelado e o segundo só ocorreu com duas horas e meia de atrasado sem público, já que a pista deveria ser entregue às quatro da manhã e simplesmente não haveria tempo para escoar o público a tempo, sem contar que as pessoas que lá trabalhavam viram sua jornada estourar. Numa cena dantesca, as pessoas que pagaram caro e congelaram nas arquibancadas foram retiradas pela polícia em plena madrugada de sexta-feira, com a Liberty tendo um belo processo a ser pago a essas pessoas. O resto do final de semana ocorreu de forma relativamente normal, mas o ocorrido na sexta foi um claro testemunho que antes de promover uma corrida, a Liberty precisa cuidar de algo mais básico, como cuidar da pista para que os carros possam correr com segurança aos pilotos e ao público.

domingo, 19 de novembro de 2023

Querendo seu lugar ao sol


Fabio Di Giannantonio entrou na MotoGP como uma aposta pessoal de Fausto Gresini e mesmo com a morte do dirigente italiano no início de 2021, o jovem ficou na equipe, apesar de não ter mostrado muita coisa. Na verdade, mesmo nas classes menores Fabio não tinha se mostrado um extraclasse, com apenas um vice-campeonato na Moto3 em 2018 como melhor resultado e apenas uma vitória em três anos na Moto2. Di Giannantonio fazia uma temporada 2023 pífia pela Gresini e com seu lugar ocupado por ninguém menos do que Marc Márquez em 2024, o italiano se viu sem emprego. Lembrando Toni Elias em 2006, Di Giannantonio resolveu mostrar serviço quando a situação estava toda contra ele e numa corrida magnífica, soube esperar o melhor momento para atacar Pecco Bagnaia e vencer sua primeira corrida na MotoGP nesse domingo no Catar e esperar que isso faça a diferença para 2024.

Com a vitória de Jorge Martin na Sprint Race e outra corrida apagada de Bagnaia, a diferença pró-Pecco era de apenas sete pontos e o momento era todo do espanhol, contudo Martin teve dificuldades nos treinos e a vitória na corrida mais curta no sábado foi mais mérito de Jorge do que propriamente da moto. No domingo, uma largada bisonha foi apenas o início de um domingo nada auspicioso para Jorge Martin, caindo para oitavo, enquanto Bagnaia pulava para primeiro. Martin nem de longe lembrou o piloto combativo que emocionou a MotoGP com sua recuperação no último terço de campeonato. Na verdade, Martin parecia um piloto frustrado, balançando a cabeça e batendo seu capacete contra o tanque de sua Ducati enquanto superado por quem viesse, mesmo tendo Johan Zarco como escudeiro. A corrida foi um verdadeiro martírio para Jorge Martin, que finalizou em décimo e extremamente frustrado. Já Bagnaia se livrou de um grupo que tinha o pole Marini, a dupla da Gresini e a KTM de Brad Binder nas primeiras voltas. Quando o italiano já estabelecia-se em primeiro, Fabio Di Giannantonio chegou a segunda posição e buscou Pecco.

Com o aviso prévio já sendo pago, Fabio não precisava se preocupar em agradar a Ducati, mas era nítido o quanto o italiano respeitou o compatriota em vários momentos, mas faltando quatro voltas Di Giannantonio executou a manobra vencedora, tirando Pecco do eixo, fazendo-o cometer um erro na volta seguinte. Felizmente Marini, pressionado por um recuperado Maverick Viñales, não vinha tão perto e Pecco se manteve em segundo e foi um dos primeiros que cumprimentaram Fabio Di Giannantonio pela sua emocionante vitória. Com esses resultados, a corrida da semana que vem em Valencia tem Pecco 21 pontos na frente de Martin. Que poderiam ser 26, se não fosse Di Giannantonio. Será que Fabio poderia fazer como Toni Elias dezessete anos atrás e decidir o campeonato?

Viva Las Vegas!

 


Não foi um começo muito auspicioso na chamada Cidade do Pecado, mas ainda assim a F1 entregou um bom espetáculo (dentro das pistas) na medonha pista desenhada nas movimentadas e iluminadas ruas de Las Vegas. Mesmo um bueiro causando uma gigantesca vergonha à F1 na sexta-feira, o resto do final de semana na capital do estado de Nevada foi bem condizente com a temporada 2023, com Charles Leclerc fazendo uma pole que se provaria inútil, Sergio Pérez se provando abaixo dos pilotos top mesmo garantindo um suado vice-campeonato e Max Verstappen vencendo, mesmo quando pequenos transtornos acontecem ao neerlandês e o piloto da Red Bull os contorno perfeitamente. 


O entorno do Grande Prêmio em Las Vegas sem dúvida nenhuma é muito bonito, com os grandiosos hotéis sendo a paisagem, enquanto os carros da F1 rasgam a também gigantesca reta da Strip a mais de 350 km/h. Comparada a primeira visita da F1 à Las Vegas quarenta anos atrás, houve uma maior preparação com relação à divulgação, mesmo que aspectos básicos para se haver uma corrida fossem deixado em segundo plano. Na sexta-feira, com menos de dez minutos de treino livre, Carlos Sainz encostava sua Ferrari na 'sideline' com o fundo do seu carro totalmente destruído por causa de um bueiro que havia se soltado. Treino paralisado e logo depois cancelado. Pois haviam mais de trinta bueiros para averiguar e em alguns casos, consertar. A situação ficaria ainda pior com o atraso do segundo treino livre estendendo o limite de horas dos trabalhadores locais, além de ficar no limite de tempo que a F1 necessitava para entregar a 'Strip' de volta para a cidade de Las Vegas. Os poucos torcedores que congelaram nas arquibancadas durante a madrugada foram expulsos pela polícia, pois ficara claro que não haveria tempo de entregar às ruas de volta para a cidade com torcedores ainda nas arquibancadas. Para quem pagou (muito caro) para acompanhar a sexta de F1, foram literalmente expulsos dos seus lugares no aprazível horário de três da manhã. Um vexame histórico, mas que fundamenta ainda mais a opinião de que a Liberty Media se preocupa mais com a parte de entretenimento do que o esporte em si, causando sérias restrições para os fãs mais puritanos da F1. Sem contar que os novos fãs que estiveram nas bancadas em Vegas na sexta-feira tiveram uma péssima experiência para contar.

Para sorte de todos, o resto do final de semana em Las Vegas foi bem normal e podemos afirmar sem medo que a corrida foi acima das expectativas. Leclerc conseguiu mais uma pole, a 23º na carreira, o fazendo empatar com Niki Lauda como o segundo com mais poles na F1 correndo pela Ferrari. Contudo, essa história já foi vista várias vezes desde o ano passado. Em ritmo de classificação, a Ferrari é muito forte, mas em ritmo de corrida...


A largada em Las Vegas foi animada, ainda mais com uma primeira curva tão próxima da linha de largada. Largando por dentro, na parte suja, Verstappen tracionou melhor do que Leclerc, provando que a pista em forma de porquinho estava longe de estar devidamente emborrachada. Porém, com o asfalto marcando meros 18 graus, Max escorregou e foi para fora da pista, forçando Leclerc sair também, numa clara situação de forçar outro piloto para fora da pista. Punição certa e que foi confirmada com um certo atraso. Mais atrás, Alonso efetuou uma largada parecida com aqueles pilotos de vídeo game que faz uma largada sem auxílio de onde frear e só aperta o botão do freio no meio dos carros no meio da curva um. Sobrou para Bottas e Pérez, que acertaram o espanhol, enquanto Sainz batia em Hamilton e continuava seu final de semana azarado em Vegas. Tudo isso trouxe o SC virtual para limpar a pista, mas logo o SC físico deu as caras por causa do esquisito acidente de Lando Norris, que perdeu seu McLaren antes da freada e bateu forte, sendo posteriormente levado ao hospital para exames mais detalhados, mas que não acharam nada de estranho com Norris, que encerrava sua sequência de pódios. Com pouca ação, Pérez aproveitou para colocar uma asa dianteira nova pelo toque na curva um, colocando o mexicano numa janela diferente de paradas, mas que lhe ajudaria bastante. Lá na frente, Verstappen liderava Leclerc, mas já sabia que seria punido em sua parada. Leclerc se mantinha próximo de Verstappen com pneus médios e numa situação inédita em 2023, Charles efetuou uma ultrapassagem sobre Verstappen bem na volta em que Max, sem pneus, foi aos pits colocar pneus duros novos. Mesmo com a borracha mais dura, Max teria que fazer uma segunda parada, algo que Leclerc não faria. Com um ótimo ritmo com pneus médios, Charles levou sua Ferrari até próximo da metade da corrida e com pneus duros em seu carro, parecia que Leclerc estava com a faca e o queijo na mão.


Quando Leclerc parou, quem assumiu a ponta foi... Pérez! Numa bela corrida de recuperação, o mexicano foi escalando o pelotão, seguido de perto por Stroll, Sainz e Alonso, todos tendo parado na primeira sequência de SC, porém, Checo logo se destacou com um ritmo claramente melhor. Quando os líderes pararam, Checo subiu para primeiro e poderia se beneficiar de uma boa posição de pista, enquanto Leclerc estava com uma vantagem boa para Russell e Verstappen, que ultrapassava carros com estratégia diferentes, enquanto brigavam entre si. George se aproveitou bem da punição de Max e estava na frente do neerlandês, mas na luta direta entre ambos, Russell deu uma viajada quando tentou contornar a curva quando Verstappen estava claramente do seu lado. O toque foi inevitável, mas sem maiores danos para ambos, que seguiram suas corridas, mas deixaram alguns detritos no local. Em condições normais, um SC virtual poderia deixar tudo em ordem, mas estamos em Vegas, baby! A corrida precisava de uma pitada a mais de emoção, mesmo que de forma artificial e o SC físico apareceu pela segunda vez, só que de forma bastante marota.


Isso estragou a estratégia de Leclerc, que tendo parado apenas quatro voltas antes, não valeria a pena retornar aos pits, mas Checo e Max, que provavelmente parariam mais tarde e retornariam no meio do trânsito, fizeram suas paradas com a pista neutralizada e perdendo menos tempo. Para completar, numa ótima posição de pista. Leclerc estava em condições de pneus parecida que os pilotos da Red Bull, mas seu ritmo com pneus duros simplesmente não era o mesmo. Na relargada Pérez partiu para cima e não demorou muito para ultrapassar Leclerc, enquanto Verstappen, relargando um pouco mais atrás, ia ultrapassando rapidamente seus adversários marcando voltas mais rápidas no ínterim. Como Pérez não disparou na ponta, rapidamente tivemos uma briga à três. Leclerc fazia das tripas coração para se manter na briga com os dois carros da Red Bull, mas Max ultrapassou a Ferrari com a ajuda do DRS e Verstappen ultrapassou Checo logo depois. Leclerc estava andando tão forte, que acabou errando e cedendo o segundo posto para Pérez, o que parecia ser uma dobradinha da Red Bull. No entanto, Pérez ativou novamente o status sorumbático e na última volta, levou uma ultrapassagem de Leclerc daquelas de se pensar que Checo estava no mundo da lua. Nem mesmo com Verstappen tirando o pé para ajudar Pérez foi suficiente para Leclerc quebrar a dobradinha da Red Bull em Vegas. Mesmo com o vice campeonato garantido com antecedência, além de retificar a primeira dobradinha da história da Red Bull, Pérez saiu como perdedor nessa corrida em Nevada. Mesmo tendo perdido a vitória no SC, Leclerc comemorou o segundo lugar, provando que sua posição no campeonato não condiz com seu potencial, enquanto Verstappen cantava no rádio e se igualava à Vettel como o terceiro maior vencedor da história da F1.


Na montanha-russa que foi a temporada da Alpine em 2023, em Vegas a equipe esteve bem e Gasly chegou a pressionar Russell nas primeiras voltas, mas Pierre optou por uma estratégia errada ao não parar no segundo SC, acabando por ficar fora da zona de pontuação. Em compensação, Ocon fez uma prova com a cabeça, usou a tática correta e terminou em quarto, porém, a Alpine viu seus dois pilotos brigarem, quando o lógico era que Gasly deveria ter aberto a porta para Ocon, com uma estratégia melhor. Essa dupla da Alpine ainda dará muitas dores de cabeça à cúpula da equipe. Largando mais atrás devido a (mais uma) classificação ruim, Stroll se aproveitou dos problemas na primeira curva para se colocar entre os dez primeiros, mas largando com pneus macios, logo teve que troca-los no começo, deixando o canadense na mesmo ótima estratégia de Pérez, fazendo com que Lance tivesse sua melhor corrida do ano, superando Alonso a corrida inteira e terminando num interessante quinto lugar. Sainz se recuperou de sua rodada na primeira curva, entrou na mesma janela de Checo, mas em nenhum momento teve o mesmo ritmo do seu companheiro de equipe ou de Stroll. Na verdade, Sainz brigou bastante com Alonso, que se recuperou do seu erro e chegou aos pontos. Russell foi punido pelo toque com Verstappen, mas George ainda fez o possível para minimizar o prejuízo e chegou a ultrapassar Ocon para ser o quarto carro a receber a bandeirada, mas com a punição caiu para oitavo. Hamilton teve uma corrida problemática, onde um toque com Piastri o fez rodar o segundo circuito mais longo da F1 com um pneu furado, deixando Lewis em penúltimo. Hamilton foi ajudado pelo segundo SC, pois juntando todos os carros, ele foi escalando o pelotão e ainda terminou em sétimo, mas perdeu qualquer chance de conseguir um miraculoso segundo lugar no campeonato.


Oscar Piastri fez uma ótima corrida de recuperação largando da décima nona posição e chegou a ocupar o terceiro lugar, mas o australiano acabou fazendo um segundo pit-stop nas voltas finais que o fez perder até mesmo um lugar na zona de pontuação, mas num ritmo fortíssimo, que lhe rendeu a volta mais rápida da corrida, Piastri ainda beliscou uma décima posição. A dupla da Williams chegou a ficarem em quinto e sexto, mas foram perdendo rendimento e nem mesmo Albon, que várias vezes fez milagres nessa temporada, segurou o ritmo e saiu da zona de pontuação. Depois de boas atuações nas últimas corridas, a Alpha Tauri não encontrou ritmo em Las Vegas e seus pilotos estiveram bem longe da zona de pontuação. Correndo em casa, a Haas teve um final de semana bem usual em 2023. Ótimos treinos, péssimas corridas, com o ritmo derretendo ao longo da prova.


Foi uma corrida bem acima da expectativa na parte esportiva. Fora das pistas, muitas celebridades apareceram e Justin Bieber deu a bandeirada, além de um show de fogos e muita purpurina após a corrida, com os três primeiros ficando vários minutos andando num Rolls Royce até chegarem ao lugar das entrevistas. Havia um certo pessimismo com relação ao comportamento dos pneus em baixas temperaturas, mas não houve grandes problemas e os acidentes foram condizentes para um circuito de rua, ainda mais novo. Pérez teve mais uma corrida com a sensação de que vacilou feio e mesmo tendo o vice-campeonato no bolso, saiu como derrotado. Leclerc fez uma corrida muito acima, enquanto Verstappen teve uma corrida problemática, foi punido, levou um toque e mesmo assim, venceu mais uma vez. Mesmo na festeira Las Vegas, a F1 viu uma corrida normal.

domingo, 12 de novembro de 2023

Na hora certa

 


A MotoGP inicia sua reta final de campeonato muito centrada na luta pelo título entre o claudicante Pecco Bagnaia e o ascendente Jorge Martin, ambos da Ducati, com o italiano atual campeão na equipe oficial, enquanto o espanhol corre pelo time satélite da Pramac. Ano passado Martin não escondeu de ninguém sua insatisfação por ter perdido a luta para ficar com a segunda vaga na Ducati oficial para Bastianini, que em 2022 corria pela equipe Gresini, a menor dos times Ducati. Porém, Enea fez uma ótima temporada com uma moto defasada e numa equipe familiar, lhe garantindo um surpreendente terceiro lugar no final da temporada 2022. No entanto, a temporada 2023 tinha sido um pesadelo para Bastianini, recheada de erros e contusões. Com o ótimo desempenho de Jorge Martin, surgiu com força a notícia de que, mesmo tendo contrato com a Lenovo Ducati para 2024, Bastianini seria sacado em favor de Martin, principalmente se o espanhol fosse campeão. Mordido, Bastianini teve uma corrida perfeita na Malásia, vencendo de ponta a ponta, mostrando à cúpula da Ducati que ele tem condições de permanecer na equipe oficial.

O final de semana malaio teve a tensão pela luta pelo título entre Bagnaia e Martin. Atual campeão e líder do time oficial da Ducati, Bagnaia tenta disfarçar toda a pressão que vem sofrendo. Depois de um campeonato de sonho até a metade, Pecco sofreu seu terrível acidente em Barcelona e mesmo fazendo um retorno heroico na semana seguinte, o desempenho dele caiu desde então. Para complicar, o mordido Jorge Martin emendou uma ótima sequência e motivado, destruiu a bela vantagem que Bagnaia tinha e indiscutivelmente está numa fase melhor e é dono da melhor pilotagem de 2023. Martin tem mais talento do que Bagnaia, além de estar mais confiante, enquanto Pecco não consegue expressar seus pontos fortes, como a maior frieza em tomar as decisões certas. Com a notícia de uma possível troca em 2024, Martin parecia mais confiante ainda em Sepang, mas Bastianini deu uma resposta contundente nessa madrugada brasileira. Mesmo com Bagnaia na pole, Enea rapidamente foi para a liderança para vencer de uma forma como se quisesse dar uma resposta à Ducati, que com o triunfo de Bastianini, igualou-se à Honda em 1997 com quinze vitórias no ano, mesmo que 26 anos atrás, a montadora nipônica tinha sido simplesmente perfeita e vencido todas as provas.

Na briga pelo título, Bagnaia teve uma luta direta contra Martin e mesmo tendo mais moto, demorou um pouco a se solidificar na frente do espanhol, mostrando algumas inseguranças, como aconteceu ano passado, quando a Ducati tinha uma moto muito superior a Yamaha de Quartararo e Pecco demorou a confirmar essa superioridade. Com uma mesma moto, mas sem o apoio da fábrica, Martin vem se mostrando um rival ainda mais forte e perigoso, mas hoje Bagnaia conseguiu marcar o espanhol e aumentar um pouco a diferença, mas faltando duas provas para o fim, tudo está em aberto no campeonato. Já na disputa pela segunda vaga da Ducati, Bastianini apareceu na hora certa para tentar, novamente, superar Martin.  

segunda-feira, 6 de novembro de 2023

Figura(BRA): Fernando Alonso

 Após dois abandonos e o fim da sequência de estar sempre no Q3 nas classificação, o final de temporada 2023 de Fernando Alonso parecia melancólico, arrastado pelo grande declínio da Aston Martin, que saiu de segunda força da F1 para uma quinta posição no Mundial de Pilotos, algo inimaginável no começo de 2023. No entanto, a Aston Martin conseguiu um final de semana muito bom em Interlagos, com seus dois pilotos compartilhando a segunda fila. Mesmo largando na frente de Alonso, Stroll logo ficou para trás e o espanhol ficou o tempo todo na terceira posição, mas na metade final da prova, teve em seus espelhos retrovisores um Sérgio Pérez precisando mostrar serviço para a sua sobrevivência na F1. Com pneus médios Alonso ainda teve um certo sossego, mas quando no terceiro stint e com pneus macios, Pérez partiu para o ataque. Foi quando vimos toda a magia de Fernando Alonso. Sabendo que não tinha como segurar o motor Honda nas retas com DRS, Alonso decidiu mudar as linhas nas curvas anteriores às retas, para ter mais tração e abrir uma diferença decisiva para Pérez. Funcionou bem por várias voltas, mas Checo conseguiu dar o bote na penúltima volta e como o próprio Alonso admitiu, pensou que o pódio tinha ido embora, mas Fernando não se deu por vencido, conseguiu efetuar a ultrapassagem na última volta e superar Checo por meros cinco centésimos, numa das melhores chegadas dos últimos tempos. Mesmo a Aston Martin abaixo do que já foi, Alonso provou que ele ainda faz muita diferença.

Figurão(BRA): Mercedes

 O próprio Toto Wolff admitiu que em treze anos à frente da Mercedes, o final de semana em Interlagos foi o pior que o austríaco já viu. Não iremos verificar corrida a corrida se Wolff tem mesmo razão, mas a terrível corrida da Mercedes nesse final de semana em São Paulo só demonstra a incrível instabilidade do carro nessa temporada, quando o modelo W14 saiu de corridas em que foi claramente a segunda força para finais de semana com problemas aparentemente insolúveis. Em Interlagos, exatamente um ano depois da Mercedes conseguir uma dobradinha, o time conseguiu apenas um oitavo lugar com Lewis Hamilton, com sérios problemas de degaste de pneus e um carro com enorme arrasto nas retas. Para piorar, a Mercedes aparenta não saber o motivo dessas oscilações e com isso não consegue atacar o problema, restando a Wolff fazer o que já anunciou: criar um carro do zero para 2024. Talvez somente assim a Mercedes não tenha tantos problemas com seu carro.

domingo, 5 de novembro de 2023

A magia de Interlagos

 


Max Verstappen continua seu caminho impávido rumo à história da F1 nessa temporada 2023. Interlagos foi apenas mais um capítulo dessa saga neerlandesa que vem desde 2022. Contudo, o circuito paulistano viu outra corrida movimentada, com uma disputa espetacular pelo lugar mais baixo do pódio, vencida por Fernando Alonso por meros cinco centésimos de segundo. Mesmo com Verstappen conseguindo um domínio inédito, Interlagos ainda sobrevive a força do piloto da Red Bull.


Após uma sexta-feira marcada por uma tempestade de proporções bíblicas em São Paulo e uma Sprint Race sem maiores emoções no sábado, a corrida de domingo foi agitada antes mesmo da largada. O segundo colocado Charles Leclerc não tinha muitas esperanças de derrotar Max Verstappen, ainda mais com o calor que fez nessa tarde paulistana aumentando o desgaste de pneus, tão característico da Ferrari. No entanto, o monegasco não esperava imitar o vexame de Alain Prost em Ímola/1991 ao bater durante a volta de apresentação, por causa de um problema hidráulico na Ferrari, deixando Leclerc revoltado com a própria falta de sorte. Com a segunda vaga vazia, a largada foi dada com a dupla da Aston Martin largando horrivelmente, mas o problema aconteceu um pouco mais atrás, quando Albon ficou ensanduichado entre os dois carros da Haas. Mesmo tocado por Hulkenberg, Albon bateu mais forte em Magnussen e os dois saíram da pista, com o piloto da Williams destruindo a proteção da pista. Magnussen acertou com força a traseira de Piastri, enquanto um pneu atingiu a asa traseira de Ricciardo, mas para sorte dos dois australianos, a bandeira vermelha deu as caras e ambos puderam consertar seus carro, partindo para a segunda largada, mesmo que uma volta atrasados.


A segunda tentativa foi mais tranquila, com Max se mantendo na frente de Norris, que se aproveitou da má largada da dupla da Aston Martin na primeira tentativa para pular de sexto para segundo e por lá o inglês da McLaren ficou a corrida inteira. Por um breve momento Norris chegou a ameaçar a liderança de Verstappen, mas o neerlandês da Red Bull se manteve impávido na frente, mal aparecendo na transmissão da TV para vencer pela décima sétima vez na temporada, desempatando com Prost como o quarto maior vencedor de corridas da história da F1. Norris também fez uma prova bem solitária, onde após o ataque inicial em cima de Max, o inglês se manteve confortavelmente na segunda posição, consolidando de vez a McLaren como uma das força nessa segunda metade da temporada. Com os pódios em sequência de Lando, o inglês já começa a se aproximar da quarta posição no Mundial de Pilotos, algo que parecia inatingível no começo de 2023. Se as duas primeiras posições se mantiveram intocáveis toda a corrida, do terceiro para trás foi uma briga de foice no escuro. A Aston Martin deu sinal de vida na sexta-feira com Stroll e Alonso conseguindo a segunda fila do grid, mesmo que ambos não tenham feito um trabalho de chamar atenção no dia da Sprint. Porém, o ritmo dos carros verdes estavam lá e com certeza era bem melhor do que da grande decepção do dia. A Mercedes chegou a ficar em quarto e quinto na corrida, mas a junção do desgaste de pneus e muito calor fez com que os carros pretos fossem ladeira abaixo durante a corrida. Alonso rapidamente se livrou de Hamilton, enquanto o inglês liderava uma fila enorme, que tinha também um ascendente Pérez, Stroll, Sainz e Gasly.


A falta de ritmo da Mercedes ficou claro com Pérez ultrapassando os dois com facilidade e mesmo com o time comandado por Toto Wolff tendo antecipado a primeira parada, seguido por Checo, o mexicano facilmente ultrapassou a dupla de ingleses novamente, com Hamilton depois segurando Russell, nos proporcionando uma DR decadente via rádio, com George querendo uma ordem de equipe para ultrapassar Lewis que nunca veio. Parando um pouco depois, Alonso se solidificava na terceira posição, mas o espanhol teria até o final da corrida Sergio Pérez querendo mostrar serviço lhe enchendo os retrovisores. Se com pneus médios Pérez teve mais dificuldades de acompanhar Alonso, quando ambos foram calçados com pneus macios no último stint, a pressão de Pérez aumentou, assim como podemos ver a magia de Alonso, traçando novas linhas nas curvas, principalmente nas curvas que antecediam as retas com DRS. Saindo mais forte ao fazer uma trajetória por fora, Alonso mantinha Pérez sobre controle. Isso, até a penúltima volta, quando Checo conseguiu percorrer a reta dos boxes mais próximo e numa manobra bem forte, conseguiu ultrapassar Alonso, que lhe deixou pouco espaço. Segundo o próprio Fernando, parecia que o pódio tinha ido embora, mas desistir não faz parte do vocabulário 'alonsiano' e o espanhol conseguiu uma bela manobra na reta oposta, na última volta, retornando ao terceiro lugar, que Fernando segurou de forma incrível na reta dos boxes, superando Pérez por 0,053s numa disputa de tirar o fôlego, que animou as últimas voltas do Grande Prêmio de São Paulo.


Sim, pois após toda a afetação dos problemas na primeira largada e o declínio da Mercedes, que foram ultrapassados por quem se aproximasse deles, a corrida entrou numa grande pasmaceira no meio da prova. Stroll fez uma prova bem segura depois de conseguir seu melhor resultado no grid em 2023, terminando em quinto e se mantendo longe dos problemas. A Ferrari se viu com problemas com Leclerc e talvez por isso Sainz fez uma corrida conservadora na maior parte do tempo, finalizando em sexto, mesmo o espanhol tendo sinalizado problemas de câmbio no finalzinho da prova. Gasly viu o acidente da largada bem de perto, escapou por pouco de um toque com seu próprio companheiro de equipe, mas Pierre fez uma corrida correta, fechando a fila iniciada por Hamilton no começo da prova e andando no mesmo ritmo de Sainz. Quando a corrida ficou mais estabelecida, Gasly ainda ultrapassou Hamilton para ficar em sétimo, com Ocon fechando a zona de pontuação. Por sinal, mesmo num dia em que a Alpine viu seus dois carros pontuando, o time ainda viu seus dois pilotos se estranhando e é incrível como Ocon sempre tem problemas com seus companheiros de equipe. E isso não é coincidência. Tsunoda saiu da pista algumas vezes, mas o ritmo de Alpha Tauri era tão bom que o nipônica ainda conseguiu marcar pontos, elevando o time italiano na luta para se livrar da última posição no Mundial de Construtores. Por fim, a Mercedes teve sua pior corrida em 2023, exatamente um ano após conseguir uma dobradinha em Interlagos e após mandar Russell abandonar, por conta de um superaquecimento, viu Hamilton chegar apenas em oitavo, um minuto atrás do vencedor Verstappen, além de Lewis perder bons pontos para Pérez na luta pelo vice-campeonato.


Mesmo praticamente não havendo briga pela liderança da corrida e Max Verstappen se mostrando imbatível como foi o ano inteiro, Interlagos ainda nos trouxe uma prova agitada em alguns momentos, com vários abandonos, incidentes incomuns, uma bandeira vermelha e uma luta de tirar o fôlego entre Alonso e Pérez pelo pódio nas últimas voltas. Enquanto as equipes tentam se segurar em meia a tanta inconsistência, a Red Bull e Max Verstappen mantém sua regularidade de vitórias em 2023.

sábado, 4 de novembro de 2023

Mais do mesmo

 


Depois da tempestade que transformou o final da tarde paulistano em noite antes da hora, a Sprint Race em Interlagos viu mais do mesmo. Disputas em todo o pelotão, algumas belas disputas e no final uma tranquila vitória de Max Verstappen. Não se pode ser injusto e dizer que foi uma prova aborrecida em Interlagos, mas ao vermos o resultado e ter Max Verstappen em primeiro passa a impressão de que tudo não passou do mais do mesmo.

Antes de tudo, a classificação da Sprint no final da manhã teve como destaque o sórdido acidente entre Esteban Ocon e Fernando Alonso, com os dois tendo os carros destruídos e muita discussão sobre a baixa velocidade dos carros quando estão em volta de aquecimento ou de retorno aos boxes. Foi uma classificação apertada, como vem sendo característico em Interlagos nesse final de semana, com Lando Norris derrotando por muito pouco Max Verstappen. Contudo, o jovem inglês mal pode comemorar sua pole, pois na largada Max pôs tudo em ordem com uma freada para a primeira curva bem agressiva e a primeira colocação que seria mantida até o final. Norris ficou atordoado, levou uma bela ultrapassagem de Russell no Bico de Pato ainda na primeira volta, mas o piloto da McLaren logo se colocou nos trilhos e tentou uma perseguição em cima de Verstappen, chegando a ficar 1.1s atrás do piloto da Red Bull, mas Max apenas administrava rumo a bandeirada, em mais uma vitória tranquila em Sprint.

O pressionado Checo Pérez chegou a tomar uma ultrapassagem por fora de Hamilton na primeira volta, mas rapidamente o mexicano ultrapassou as duas Mercedes para ficar em terceiro, mas bem longe dos dois líderes. Com isso Pérez amealhou alguns pontos importantes no campeonato, enquanto a dupla da Mercedes sofreu com os pneus macios, o que pode ser um sinal de que os carros negros sofrem mais com o desgaste em Interlagos. Hamilton ainda foi alcançado por Leclerc e Tsunoda, num ótimo final de semana da Alpha Tauri, com Ricciardo quase ultrapassando Sainz na última volta. O time filial da Red Bull já saiu da última posição do Mundial de Construtores. Foi uma corrida interessante, onde as equipes devem ter aprendido bastante sobre o ritmo de corrida e o desgaste de pneus. Afinal, a Sprint está servindo muito mais para isso do que para entreter o público.