Max Verstappen continua seu caminho impávido rumo à história da F1 nessa temporada 2023. Interlagos foi apenas mais um capítulo dessa saga neerlandesa que vem desde 2022. Contudo, o circuito paulistano viu outra corrida movimentada, com uma disputa espetacular pelo lugar mais baixo do pódio, vencida por Fernando Alonso por meros cinco centésimos de segundo. Mesmo com Verstappen conseguindo um domínio inédito, Interlagos ainda sobrevive a força do piloto da Red Bull.
Após uma sexta-feira marcada por uma tempestade de proporções bíblicas em São Paulo e uma Sprint Race sem maiores emoções no sábado, a corrida de domingo foi agitada antes mesmo da largada. O segundo colocado Charles Leclerc não tinha muitas esperanças de derrotar Max Verstappen, ainda mais com o calor que fez nessa tarde paulistana aumentando o desgaste de pneus, tão característico da Ferrari. No entanto, o monegasco não esperava imitar o vexame de Alain Prost em Ímola/1991 ao bater durante a volta de apresentação, por causa de um problema hidráulico na Ferrari, deixando Leclerc revoltado com a própria falta de sorte. Com a segunda vaga vazia, a largada foi dada com a dupla da Aston Martin largando horrivelmente, mas o problema aconteceu um pouco mais atrás, quando Albon ficou ensanduichado entre os dois carros da Haas. Mesmo tocado por Hulkenberg, Albon bateu mais forte em Magnussen e os dois saíram da pista, com o piloto da Williams destruindo a proteção da pista. Magnussen acertou com força a traseira de Piastri, enquanto um pneu atingiu a asa traseira de Ricciardo, mas para sorte dos dois australianos, a bandeira vermelha deu as caras e ambos puderam consertar seus carro, partindo para a segunda largada, mesmo que uma volta atrasados.
A segunda tentativa foi mais tranquila, com Max se mantendo na frente de Norris, que se aproveitou da má largada da dupla da Aston Martin na primeira tentativa para pular de sexto para segundo e por lá o inglês da McLaren ficou a corrida inteira. Por um breve momento Norris chegou a ameaçar a liderança de Verstappen, mas o neerlandês da Red Bull se manteve impávido na frente, mal aparecendo na transmissão da TV para vencer pela décima sétima vez na temporada, desempatando com Prost como o quarto maior vencedor de corridas da história da F1. Norris também fez uma prova bem solitária, onde após o ataque inicial em cima de Max, o inglês se manteve confortavelmente na segunda posição, consolidando de vez a McLaren como uma das força nessa segunda metade da temporada. Com os pódios em sequência de Lando, o inglês já começa a se aproximar da quarta posição no Mundial de Pilotos, algo que parecia inatingível no começo de 2023. Se as duas primeiras posições se mantiveram intocáveis toda a corrida, do terceiro para trás foi uma briga de foice no escuro. A Aston Martin deu sinal de vida na sexta-feira com Stroll e Alonso conseguindo a segunda fila do grid, mesmo que ambos não tenham feito um trabalho de chamar atenção no dia da Sprint. Porém, o ritmo dos carros verdes estavam lá e com certeza era bem melhor do que da grande decepção do dia. A Mercedes chegou a ficar em quarto e quinto na corrida, mas a junção do desgaste de pneus e muito calor fez com que os carros pretos fossem ladeira abaixo durante a corrida. Alonso rapidamente se livrou de Hamilton, enquanto o inglês liderava uma fila enorme, que tinha também um ascendente Pérez, Stroll, Sainz e Gasly.
A falta de ritmo da Mercedes ficou claro com Pérez ultrapassando os dois com facilidade e mesmo com o time comandado por Toto Wolff tendo antecipado a primeira parada, seguido por Checo, o mexicano facilmente ultrapassou a dupla de ingleses novamente, com Hamilton depois segurando Russell, nos proporcionando uma DR decadente via rádio, com George querendo uma ordem de equipe para ultrapassar Lewis que nunca veio. Parando um pouco depois, Alonso se solidificava na terceira posição, mas o espanhol teria até o final da corrida Sergio Pérez querendo mostrar serviço lhe enchendo os retrovisores. Se com pneus médios Pérez teve mais dificuldades de acompanhar Alonso, quando ambos foram calçados com pneus macios no último stint, a pressão de Pérez aumentou, assim como podemos ver a magia de Alonso, traçando novas linhas nas curvas, principalmente nas curvas que antecediam as retas com DRS. Saindo mais forte ao fazer uma trajetória por fora, Alonso mantinha Pérez sobre controle. Isso, até a penúltima volta, quando Checo conseguiu percorrer a reta dos boxes mais próximo e numa manobra bem forte, conseguiu ultrapassar Alonso, que lhe deixou pouco espaço. Segundo o próprio Fernando, parecia que o pódio tinha ido embora, mas desistir não faz parte do vocabulário 'alonsiano' e o espanhol conseguiu uma bela manobra na reta oposta, na última volta, retornando ao terceiro lugar, que Fernando segurou de forma incrível na reta dos boxes, superando Pérez por 0,053s numa disputa de tirar o fôlego, que animou as últimas voltas do Grande Prêmio de São Paulo.
Sim, pois após toda a afetação dos problemas na primeira largada e o declínio da Mercedes, que foram ultrapassados por quem se aproximasse deles, a corrida entrou numa grande pasmaceira no meio da prova. Stroll fez uma prova bem segura depois de conseguir seu melhor resultado no grid em 2023, terminando em quinto e se mantendo longe dos problemas. A Ferrari se viu com problemas com Leclerc e talvez por isso Sainz fez uma corrida conservadora na maior parte do tempo, finalizando em sexto, mesmo o espanhol tendo sinalizado problemas de câmbio no finalzinho da prova. Gasly viu o acidente da largada bem de perto, escapou por pouco de um toque com seu próprio companheiro de equipe, mas Pierre fez uma corrida correta, fechando a fila iniciada por Hamilton no começo da prova e andando no mesmo ritmo de Sainz. Quando a corrida ficou mais estabelecida, Gasly ainda ultrapassou Hamilton para ficar em sétimo, com Ocon fechando a zona de pontuação. Por sinal, mesmo num dia em que a Alpine viu seus dois carros pontuando, o time ainda viu seus dois pilotos se estranhando e é incrível como Ocon sempre tem problemas com seus companheiros de equipe. E isso não é coincidência. Tsunoda saiu da pista algumas vezes, mas o ritmo de Alpha Tauri era tão bom que o nipônica ainda conseguiu marcar pontos, elevando o time italiano na luta para se livrar da última posição no Mundial de Construtores. Por fim, a Mercedes teve sua pior corrida em 2023, exatamente um ano após conseguir uma dobradinha em Interlagos e após mandar Russell abandonar, por conta de um superaquecimento, viu Hamilton chegar apenas em oitavo, um minuto atrás do vencedor Verstappen, além de Lewis perder bons pontos para Pérez na luta pelo vice-campeonato.
Mesmo praticamente não havendo briga pela liderança da corrida e Max Verstappen se mostrando imbatível como foi o ano inteiro, Interlagos ainda nos trouxe uma prova agitada em alguns momentos, com vários abandonos, incidentes incomuns, uma bandeira vermelha e uma luta de tirar o fôlego entre Alonso e Pérez pelo pódio nas últimas voltas. Enquanto as equipes tentam se segurar em meia a tanta inconsistência, a Red Bull e Max Verstappen mantém sua regularidade de vitórias em 2023.
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