quinta-feira, 14 de maio de 2009

História: 30 anos do Grande Prêmio da Bélgica de 1979


A F1 chegava a um dos seus Grandes Prêmios mais conhecidos, mas ao invés do tradicional circuito de Spa, a F1 teria que se contentar com Zolder, que na época tinha vencido a disputa contra Nivelles para sediar de forma definitiva o Grande Prêmio da Bélgica. O Campeonato estava extremamente disputado entre cinco pilotos, os líderes Gilles Villeneuve e Patrick Depailler, com 20 pontos, Jacques Laffite e Carlos Reutemann, com 18 e Jody Scheckter com 16. Porém, a novidade para aquela corrida seria o re-estreia da Alfa Romeo como construtor, após anos cedendo motores para a Brabham e levando um chassi para uma corrida de F1 pela primeira vez desde 1951. O jovem italiano Bruno Giacomelli teria a missão de levar o pesado e desajeitado carro da Alfa a não passar vergonha.

Logo na sexta-feira ficou claro que aquela corrida seria especial. Como é comum na Bélgica, uma forte chuva se abateu no autódromo de Zolder e isso foi a senha para Gilles Villeneuve dar um show na pista molhada. Para quem teve a sorte de acompanhar a pilotagem soberba do canadense, dizem que foi uma das maiores exibições de um piloto em piso molhado. Quando a pista secou, o piloto da Ferrari ficou com a pole provisória, sendo seguido por seis pilotos separados por apenas dois décimos. No sábado o tempo estava seco e os tempos do primeiro dia foram insignificantes e mesmo com Villeneuve conseguindo melhorar seu tempo em 2s, os pneus Michelin não eram páreos aos Goodyear de Classificação. Quem se aproveitou da borracha americana foram os pilotos da Ligier, com Laffite tomando a ponta, tendo ao lado Depailler, após o francês melhorar seu tempo em 6s com relação ao primeiro dia. A surpresa foi Nelson Piquet, que colocou seu Brabham em terceiro, tendo ao lado a crescente Williams de Alan Jones. As Ferraris ficaram um poucos para trás, mas seus pilotos sabiam que na corrida, a desvantagem nos pneus poderia mudar.

Grid:
1) Laffite (Ligier) - 1:21.13
2) Depailler (Ligier) - 1:21.20
3) Piquet (Brabham) - 1:21.35
4) Jones (Williams) - 1:21.59
5) Andretti (Lotus) - 1:21.83
6) Villeneuve (Ferrari) - 1:22.08
7) Scheckter (Ferrari) - 1:22.09
8) Regazzoni (Williams) - 1:22.40
9) Hunt (Wolf) - 1:22.55
10) Reutemann (Lotus) - 1:22.56

O dia estava ensolarado no dia 13 de maio de 1979 em Zolder e a perspectiva para a largada era boa. Menos para Laffite, que não sai bem e é ultrapassado por Depailler ainda antes da primeira curva. Ao final da primeira volta Depailler era o líder, seguido de perto por Alan Jones, Nelson Piquet e Laffite. Mais atrás, os dois pilotos da Ferrari tentavam ultrapassar o ex-ferrarista Clay Regazzoni pela sexta posição. Ao final da primeira volta Scheckter conseguiu a ultrapassagem sobre o suíço, mas Regazzoni tentou o trocou algumas curvas depois e teve a sua porta fechada de forma violenta e para não bater, o piloto da Williams pisou forte no freio. Porém, Rega não havia pensado na Ferrari de Villeneuve e foi abalroado com violência pelo canadense, com Gilles passando por cima da Williams, mas caindo por cima das quatro rodas. Por incrível que pareça, a Ferrari tinha apenas a asa traseira quebrada, enquanto Regazzoni abandonava naquele momento. Villeneuve foi aos boxes trocar o seu bico e após voltar à pista, iniciou uma das mais impressionantes recuperações que a F1 já viu.

Depailler ainda liderava, mas Jones, Laffite e Piquet vinham bastante próximos, com Andretti e um endiabrado Scheckter se aproximando da batalha pela liderança. O piloto da Ferrari ultrapassou Andretti e Piquet em apenas quatro voltas, com o brasileiro tendo o carro tocado pelo sul-africano e Piquet acabou ultrapassado por Andretti poucas voltas depois. Scheckter via a distância a briga pela liderança entre Depailler, Jones e Laffite, com a corrida ficando estática até a volta 13, quando Laffite completou a dobradinha da Ligier ao ultrapassar Jones e cinco voltas depois o velho Jacques assumiu a liderança. Mesmo liderando a corrida, as duas Ligier não se viam livre de Jones, que agora era pressionado por Scheckter, que necessitava de um bom resultado para se estabelecer como piloto número um da Ferrari. Mostrando o quanto a Williams crescia, Jones partiu para cima da dupla da Ligier e efetuou a ultrapassagem sobre os dois carros, assumindo a liderança, com Scheckter ainda em quarto, enquanto Andretti abandonava na quinta posição.

Os quatro primeiros continuavam a andar juntos, mas para infelicidade da multidão e da Williams, Alan Jones tem que abandonar a corrida logo após sua metade com uma pane elétrica. Depailler assumia a liderança mais uma vez, seguido por por Laffite, Scheckter, Didier Pironi na Tyrrell e Riccardo Patrese, mas atrás do Arrows do italiano, um ponto vermelho se aproximava com muita ferocidade. Gilles Villeneuve era o carro mais rápido da pista e já aparecia na zona de pontuação. Os pneus Goodyear, tão rápidos na Classificação, não se mostravam tão duráveis na corrida e o duo da Ligier perdia rendimento. Depailler perdeu o controle do seu carro devido ao desgaste do seu pneu e saiu da pista, enquanto Laffite ainda se segurou mais um pouco, mas o francês pouco pôde fazer para conter Scheckter, que finalmente assumia a liderança da corrida. Villeneuve já aparecia em quarto, após ultrapassar Patrese, e foi à caça de Pironi, que era cerca de 15 segundos à frente dele em terceiro, mas o canadense estava 1s por volta mais rápido que o piloto da Tyrrell, enquanto Scheckter se distanciava de Laffite a uma mesma taxa. Os pneus Michelin estavam superando os Goodyear e Villeneuve mostrava todo o esplendor de sua pilotagem ao ultrapassar Pironi quando ainda faltavam doze voltas para o fim.

Todos esperavam que a corrida terminasse assim, mas Villeneuve ainda não estava satisfeito e partiu em disparada rumo a uma praticamente impossível ultrapassagem sobre Laffite, que estava mais de 20s à frente da Ferrari. Mas quem disse que a palavra impossível estava no dicionário de Villeneuve? A diferença diminuiu de 20 segundos para 18, 15, 11 segundos, com cinco voltas para o fim. Laffite estava dando tudo o que tinha em seus totalmente desgastados Goodyears, mas Villeneuve mantinha sua aproximação, a uma taxa de dois segundos por volta. Na abertura da última volta, Laffite já podia ver Villeneuve em seus retrovisores, mas o motor Ferrari não exibia a mesma a saúde das outras 68 voltas. A fantástica corrida de recuperação de Villeneuve lhe custou caro, pois ele tirou tanto da sua Ferrari, que o combustível acabou por se esgotar no tanque da Ferrari. Scheckter finalmente venceu pela Ferrari, com um aliviado Laffite recebendo a bandeirada em segundo, com Pironi completando o pódio. Mas Villeneuve mostrou novamente que era o piloto mais rápido daquela temporada!

Chegada:
1) Scheckter
2) Laffite
3) Pironi
4) Reutemann
5) Patrese
6) Watson

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