quarta-feira, 25 de agosto de 2010

História: 25 anos do Grande Prêmio da Holanda de 1985


A temporada de 1985 entrava definitivamente no seu momento decisivo quando a F1 aportou no velho e tradicional circuito de Zandvoort. Alain Prost e Michele Alboreto estavam empatados em pontos, mas com Prost claramente num melhor momento. Se nos anos 50 Zandvoort era uma referência em termos de autódromo seguro, trinta e cinco anos depois isso era exatamente o inverso. O traçado sinuoso não permitia muitas ultrapassagens, com a única excessão sendo a freada da reta dos boxes, para entrar na famosa curva Tarzan. Em tempos de pit-stops programados, o estreito pit-lane era uma problema sério e a infra-estrutura estava notadamente velha. A FOCA pedia reformas, mas os organizadores holandeses esperavam que a tradição de sua corrida sensibilizassem a F1 para que permanecesse em seu calendário.

De volta às pistas, Nelson Piquet mostrava o crescimento da Brabham na metade final da temporada e conquistava sua primeira pole no ano, mesmo todo mundo sabendo que estava de malas prontas para a Williams. Chegava a ser irônico Piquet conseguir sua primeira pole já no final da temporada, pois em 1984 ele bateu o recorde de poles numa mesma temporada, com nove. Porém, Nelson tinha boas razões de estar feliz, pois Rosberg, também de saída de sua equipe, colocava a Williams na primeira fila, mostrando o quanto a equipe de Frank Williams estava forte para 1986. Na briga pela ponta do campeonato, Prost colocava sua McLaren num bom terceiro lugar, enquanto a Ferrari começava a mostrar sua má fase, com Alboreto apenas em 16º e Johansson logo atrás.

Grid:
1) Piquet (Brabham) - 1:11.074
2) Rosberg (Williams) - 1:11.647
3) Prost (McLaren) - 1:11.801
4) Senna (Lotus) - 1:11.837
5) Fabi (Toleman) - 1:12.310
6) Tambay (Renault) - 1:12.486
7) Mansell (Williams) - 1:12.614
8) Boutsen (Arrows) - 1:12.746
9) Surer (Brabham) - 1:12.856
10) Lauda (McLaren) - 1:13.059

O dia 25 de agosto de 1985 estava ensolarado e com clima ameno, condições perfeitas para uma corrida de F1. Um pouco antes da corrida, Patrick Tambay tem problemas com seu Renault e tem que largar nos boxes, mas esse seria apenas mais um dos vários problemas que acometeriam os pilotos nos momentos iniciais do Grande Prêmio da Holanda. Logo na largada, o pole Nelson Piquet e o sexto colocado Thierry Boutsen ficaram parados no grid, fazendo com que a largada fosse um caos, mas por sorte ninguém foi atingido e todos os carros partiram sem problemas para a primeira curva. Keke Rosberg se aproveita dos problemas de Piquet para assumir a ponta, com Senna fazendo outra de suas ótimas largadas para assumir o segundo posto. Tendo de desviar de Piquet, Prost acaba perdendo tempo e também é ultrapassado por Fabi.

Na corrida anterior, em Zeltweg, Niki Lauda havia anunciado que se aposentaria no final da temporada e quase venceu em casa, mas o austríaco, que fazia uma temporada irreconhecível, estava mais animado do que o normal e queria coroar sua vitoriosa carreira com um triunfo final. Largando apenas em décimo, Lauda desviou bem dos problemas e pulou para quinto, tendo que ultrapassar a Brabham de Marc Surer durante a primeira volta. No início, Rosberg tentava se distanciar de Senna, que era surpreendentemente pressionado por Fabi e Prost, com Lauda um pouco mais atrás, correndo isolado. Porém, Fabi só dura uma volta à frente de Prost e o francês passa a pressionar Senna, que se defendia muito bem na entrada da curva Tarzan, o ponto mais claro de ultrapassagem. Com Senna segurando Prost, não foi surpresa ver Lauda, que já havia ultrapassado Fabi, encostar nos dois.

Numa imagem não mostrada pela TV, as duas McLarens aparecem à frente de Senna e quando começavam a se aproximar de Rosberg, o motor Honda estourou na volta 19, acabando com a corrida do finlandês. Prost assumia a ponta da corrida e muitos devem estar se perguntando: aonde estaria Alboreto? O italiano tentava uma corrida de recuperação e já estava em sétimo, nas portas da zona de pontuação, e pressionava a Williams de Nigel Mansell e os dois Renaults. Lá na frente, os três primeiros passam a andar próximos, mas sem chances de ultrapassagem entre eles. A corrida seria decidida, quem diria, na estratégia de box. O primeiro a parar foi Lauda, ainda na volta 20. Senna fica mais seis voltas na pista até fazer sua parada, mas o brasileiro não se aproveita do tempo em que ficou na pista e volta bem à frente de Lauda, porém o tricampeão faz a curva Tarzan por fora e ultrapassa Senna. Retardando ao máximo sua parada e se aproveitando do abandono dos dois Renault, Alboreto assumia a 2º posição, ficando logo à frente de Lauda, mas quanto o italiano vai aos boxes, a Ferrari demora 12s e Alboreto retorna à pista em sexto, logo atrás de Surer.

Prost foi o último a parar, na volta 33, mas a ultra-profissional McLaren tem problemas no pneu traseiro direito do carro do francês e o pit-stop de Prost dura mais de 20s, com o francês retornando em 3º, 12s atrás de Senna. Prost força o ritmo e em exatas doze voltas estava colado na Lotus de Senna e efetua a ultrapassagem na reta dos boxes. O francês continua em seu ritmo e parte para cima de Lauda. Em tempos de ordens de equipe, seria mais do que normal ver Lauda deixar Prost passar, vide a situação do campeonato naquele momento, mas o austríaco tinha seus próprios objetivos e não tinha engolido muito bem o comportamente de Ron Dennis em 1984, quando ele disputava o título com Prost e o chefe de equipe ficou ao lado do francês. Prost colou em Lauda nas últimas voltas, mas o austríaco não se fez de rogado e fechou a porta em todas as oportunidades em que Prost tentou algo. A última volta foi espetacular, com Prost desesperado em chegar em primeiro e Lauda tentando conseguir sua 24º vitória na carreira e ele sabia que talvez não tivesse outra chance como aquela. Lauda cruzou a linha de chegada 0.242s à frente de Prost e conseguia sua última vitória na F1, na última corrida da categoria em Zandvoort.

Chegada:
1) Lauda
2) Prost
3) Senna
4) Alboreto
5) De Angelis
6) Mansell

Nenhum comentário:

Postar um comentário