segunda-feira, 16 de agosto de 2010

História: 30 anos do Grande Prêmio da Áustria de 1980


A F1 chegava ao seu circuito mais veloz e como Zeltweg ficava quase 800 metros de altitude, tudo levava a crer que a Renault dominaria a corrida, pois seu motor turbo funciona muito bem em condições rarefeitas. Como Zeltweg era um autódromo para motores, a perspectiva era ainda melhor. Na Lotus, Mario Andretti demonstrava sinais de desmotivação e os maus resultados do time fariam crer que o americano abandonaria a equipe no final do ano e por isso Colin Chapman precisava de um substituto para 1981. Querendo dar uma chance ao seu jovem piloto de testes, Chapman inscreve um terceiro carro para um obscuro inglês chamado Nigel Mansell.

Como era esperado, a Renault esmagou a concorrência com o recorde da pista quebrado por muito por ambos seus pilotos, mas com Arnoux se sobressaindo ainda mais, colocando mais de 1s em cima do companheiro de equipe Jabouille. Demonstrando o equilíbrio dos seus carros, a Williams ficou logo atrás e completou a segunda fila, enquanto a Ligier não ficava muito atrás completava a terceira fila. Nelson Piquet havia tido um acidente na sexta-feira e treinou com o carro reserva e isso só lhe permitiu a sétima posição no grid. Muito pouco para quem ainda aspirava brigar pelo título, mas era o melhor que o brasileiro podia fazer no momento.
Grid:
1) Arnoux (Renault) - 1:30.27
2) Jabouille (Renault) - 1:31.48
3) Jones (Williams) - 1:32.95
4) Reutemann (Williams) - 1:33.07
5) Laffite (Ligier) - 1:33.16
6) Pironi (Ligier) - 1:33.22
7) Piquet (Brabham) - 1:33.39
8) Giacomelli (Alfa Romeo) - 1:33.64
9) De Angelis (Lotus) - 1:33.76
10) Daly (Tyrrell) - 1:34.17

O dia 17 de agosto de 1980 via um tempo nebuloso, mas as chances de chuvas eram remotas. Porém, quem se beneficiava com o tempo mais frio era a Renault, pois poderia trabalhar com toda a potência do seu turbo, mas o que a equipe francesa ainda pouco poderia fazer era com relação ao seu já famoso retardo do turbo nas baixas rotações, ficando esse fator ainda mais claro nas largadas. Por isso, não foi surpresa ver Alan Jones conseguindo sair da segunda fila para a ponta, mesmo na estreita reta de Zeltweg. Mais surpreendente ainda foi ver Pironi pular de 6º para 2º ainda antes da primeira curva! As Renaults caíram para 3º (Arnoux) e 5º (Jabouille).

Porém, durante o decorrer da primeira volta, a superioridade da Renault naquele dia fica claro quando Arnoux ultrapassa Pironi e Jabouille acompanha o ritmo do companheiro de equipe e completa a primeira volta em 3º! A Renault simplesmente ignorava as rivais na Áustria e na quarta volta o time francês já corria em dobradinha, com Arnoux sendo sempre acompanhado de perto por Jabouille. Sabendo de sua inferioridade com relação a apenas uma equipe, Jones se preocupa apenas em se preservar na terceira posição, pois o australiano sabia dos problemas de confiabilidade da Renault. Quem surpreendia era Bruno Giacomelli, colocando a Alfa Romeo na 4º posição. O italiano corria sozinho na equipe, ainda de luto pela morte de Patrick Depailler e aproveitando algumas evoluções testadas pelo francês, Giacomelli fazia sua melhor corrida no ano. Em nome de Depailler.
Além da pouca confiabilidade do carro da Renault, outro problema era o enorme desgaste de pneus, percebido pelos times ainda durantes os treinos. Mesmo o dia estando frio, os pilotos rapidamente sentiram problemas na sua borracha e alguns fizeram algo tão comum hoje, mas extremamente raro naquela época: pit-stops. Sem o treinamento que há hoje, não foi surpresa ver algumas equipes se atrapalharem e uma delas foi justamente a Renault, que viu Arnoux entrar nos boxes para trocar pneus, mas o francês também tem problemas mecânicos e perde algumas voltas no processo. Não deixava de ser uma justiça poética, pois em Interlagos e Kyalami, Jabouille havia perdido corridas ganhas por causa de defeitos no Renault e Arnoux acabara vencendo. Agora, era a vez de Jabouille capitalizar os problemas de Arnoux, mas a corrida não havia terminado ainda!

Giacomelli também sofria com seus pneus e era ultrapassado por Piquet e Reutemann, forçando o italiano ir aos boxes trocar seus Goodyears. Porém, a equipe tem problemas na hora de apertar a porca e Giacomelli viu a roda traseira saindo do seu carro e também viu voar seu sonho de uma bom resultado. Piquet também tem problemas quando perde a quarta marcha e é ultrapassado por Reutemann e Laffite, ainda se recuperando de uma péssima largada. Mais na frente, Jabouille aposta em ficar na pista, mesmo com os pneus desgastados. Alan Jones havia feito uma corrida inteligente, onde tocou seu carro com calma e sem desgastar os pneus. Jabouille não havia marcado sequer um ponto até então e para evitar surpresas desagradáveis, diminui bastante seu ritmo. Porém, ainda com seu Goodyears em bom estado, Jones passa descontar 1s por volta e o que parecia uma vitória garantida, se torna um final de corrida tenso. Quando faltavam três voltas, a diferença entre Jabouille e Jones era de 3s, mas o piloto da Renault ainda consegue uma volta boa na penúltima passagem e praticamente garante sua segunda vitória na carreira por meros oito décimos! Mesmo em segundo lugar, Alan Jones não tinha muito do que reclamar, pois seu principal rival no campeonato, Nelson Piquet, chegara apenas em 5º, mesmo com o piloto da Brabham sofrendo com problemas no câmbio desde metade da corrida. Jabouille comemorou muito sua vitória, mas ele não sabia que essa seria sua última alegria na F1!

Chegada:
1) Jabouille
2) Jones
3) Reutemann
4) Laffite
5) Piquet
6) De Angelis

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