terça-feira, 3 de agosto de 2010

História: 40 anos do Grande Prêmio da Alemanha de 1970


Após toda a pressão sobre os organizadores belgas em Spa-Francorchamps, a GPDA conseguiu algo ainda maior para o Grande Prêmio da Alemanha. O histórico autódromo de Nürburgring, cujo traçado era tão desafiador como perioso e mortal, tinha feito alguns trabalhos com o intuito de melhorar a segurança, principalmente em seus famosos saltos, em que os carros podiam ser vistos a mais de 1m de altura. Porém, esse serviço atrasou e para que o Grande Prêmio da Alemanha não fosse cancelado, os organizadores mudaram o local para Hockenheim, um circuito muito usado na F2, mas de triste lembraça para os fãs do automobilismo, com a morte de Jim Clark. O circuito alemão era praticamente um oval, com apenas a sessão do Estádio como parte lenta e enormes retas cruzando a Floresta Negra. Era notório que alguns locais do circuito não tinham guard-rails, fazendo com que um incidente parecido com o que matou Clark pudesse ser repetido.

Mas como nada podia ser mais feito naquele momento, os pilotos se classificaram e a Ferrari mostrava seu crescimento, com Jacky Ickx conquistando a pole à frente do cada vez mais presente Lotus 72 de Jochen Rindt. Apesar das reclamações do austríaco com referência a segurança do carro, o novo modelo se mostrava extremamente competitivo em suas mãos. Com um circuito onde a potência era muito importante, não foi surpresa ver Matras e BRMs bem colocados, enquanto Jack Brabham, ainda se lamentando pela derrota em Brands Hatch semanas antes, largaria apenas em 13º, logo à frente de Emerson Fittipaldi, cada vez mais familiarizado com um F1.

Grid:
1) Ickx (Ferrari) - 1:59.5
2) Rindt (Lotus) - 1:59.7
3) Regazzoni (Ferrari) - 1:59.8
4) Siffert (March) - 2:00.0
5) Pescarolo (Matra) - 2:00.5
6) Amon (March) - 2:00.9
7) Stewart (March) - 2:01.0
8) Rodriguez (BRM) - 2:01.1
9) Andretti (March) - 2:01.5
10) Miles (Lotus) - 2:01.6

O dia 2 de agosto de 1970 estava nublado em Hockenheim e tudo o que pilotos e equipes não queriam era pista molhada, pois as velocidades atingidas, misturadas com pouca visibilidade, poderia ocasionar sérios problemas para os pilotos, mas felizmente a pista estava seca e assim permaneceu por toda a prova. Na largada, Ickx permaneceu tranquilamente na frente, seguido de perto por Rindt, Regazzoni e as Marchs de Siffert e Amon.

Assim como Monza, a corrida em Hockenheim se torna uma prova onde o vácuo é extremamente importante e por isso os carros andavam em grupo, trocando de posição a todo momento. Corridas assim podem ser vistas hoje em dia nos ovais longos na Indy e na Nascar. Esse tipo de pilotagem exige muito mais precisão do piloto, pois a posição na pista é bastante importante no momento certo e a potência do carro se torna essencial para se conseguir um bom resultado. Nos últimos anos Monza tinha trazido ótimas corridas, com finais emocionantes e assim era esperado para Hockenheim.

Os cinco primeiros colocados andavam juntos e dispararam com relação aos demais, que também estavam ocupados brigando em um segundo grupo. Porém, apenas Ickx ou Rindt lideravam o pelotão, mas Siffert, Amon e Regazzoni estavam colados e trocando de posição a cada momento, numa prova emocionante, mas também perigosa. Os cinco andavam colados, mas logo na quinta volta Siffert tem problemas de motor e fica isolado na quinta posição. As trocas de posições são incessantes e na volta 22 Regazzoni assumiu pela primeira vez na carreira a liderança de uma corrida de F1, mas na passagem seguinte já estava em quarto. Porém, o suíço abandonaria com o motor quebrado na volta 31, destino semelhante a Chris 'Rei do Azar' Amon, algumas voltas mais tarde.

Isso deixava a batalha pela liderança entre Jacky Ickx e Jochen Rindt. Rivais ferrenhos desde os tempos de F2 e não sendo muito amigos fora das pistas, algo não muito comum na época, Ickx e Rindt passaram a resto da prova numa briga particular para ver quem venceria a primeira prova em Hockenheim. Na antepenúltima volta, Ickx cruzou em primeiro, mas acabaria levando a ultrapassagem definitiva logo depois, mas o belga não desistiu, perseguindo Rindt de perto até a bandeirada. Era a quarta vitória de Jochen Rindt na temporada e com o carro que tinha em mãos, dificilmente o piloto da Lotus perderia aquele campeonato. Completando o pódio, vinha Denny Hulme, no primeiro bom resultado da McLaren após a morte do seu fundador, e provando o bom momento da Lotus, o novato Emerson Fittipaldi consegue marcar seus primeiros pontos na F1 com um quarto lugar. Seria os primeiros três pontos brasileiros na Formula 1!

Chegada:
1) Rindt
2) Ickx
3) Hulme
4) Fittipaldi
5) Stommelen
6) Pescarolo

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