sábado, 13 de novembro de 2010

História: 15 anos do Grande Prêmio da Austrália de 1995


O Grande Prêmio da Austrália sempre foi pródigo em despedidas, mas em 1995 haveria uma despedida ainda mais especial. O circuito de Adelaide, que havia sido palco de corridas espetaculares e decisões de campeonatos inesquecíveis, estava se despedindo do calendário da F1 e a prova australiana agora abriria a temporada a partir de 1996 na cidade de Melbourne, utilizando toda a estrutura de Adelaide. Alguns pilotos fariam em Adelaide também suas últimas corridas na F1, como eram os casos de Mark Blundell, Karl Wendlinger, Taki Inoue, Roberto Moreno e Bertrand Gachot. A Pacific fecharia suas portas no final desta temporada, deixando a F1 com onze equipe por muitos anos, enquanto Michael Schumacher faria sua despedida da Benetton, juntamente de Johnny Herbert. Jean Alesi e Gerhard Berger, após anos de Ferrari, também se despediriam da equipe vermelha.

Porém, o que seria um ambiente festivo se tornou tenso durante o treino livre de sábado quando Mika Hakkinen passou reto na curva Brewery Bend. O finlandês ficou desacordado dentro do cockpit da sua McLaren e as terríveis imagens vistas em 1994 vieram a tona. O pneu traseiro esquerdo da McLaren de Hakkinen furou e o finlandês bateu praticamente de frente no muro, com seu capatece ficando marcado com o volante, tamanho a violência do impacto. Hakkinen havia sofrido um traumatismo craniano, fraturado o nariz e cortado a língua. Ele não respirava. Uma traqueostomia de emergência salvou Hakkinen, que foi levado em coma para o hospital. O finlandês ficaria alguns dias no hospital, mas milagrosamente participaria normalmente da pré-temporada da McLaren em 1996, tendo ficado com algumas seqüelas, como não poder fechar o olho esquerdo.
Com Hakkinen ainda no hospital em coma, a Classificação foi feita de forma triste, mas comprovou a superioridade da Williams naquele final de campeonato e acentuado a diferença existente entre seus pilotos e Michael Schumacher, que conseguira o bicampeonato praticamente no braço.

Grid:
1) Hill (Williams) - 1:15.505
2) Coulthard (Williams) - 1:15.628
3) Schumacher (Benetton) - 1:15.839
4) Berger (Ferrari) - 1:15.932
5) Alesi (Ferrari) - 1:16.305
6) Frentzen (Sauber) - 1:16.647
7) Barrichello (Jordan) - 1:16.725
8) Herbert (Benetton) - 1:16.950
9) Irvine (Jordan) - 1:17.116
10) Blundell (McLaren) - 1:17.348

O dia 12 de novembro de 1995 estava ensolarado e quente em Adelaide e sabendo-se que aquela seria a última corrida na cidade, um público recorde foi ao circuito urbano. Mesmo já tendo assistido tantas decisões de campeonato, aquela prova em particular tinha sua importância sentimental e muitos pilotos gostariam de vencê-la, pois muitos se despediam de suas escuderias. Incluído nesse caso estava David Coulthard, de malas prontas para a McLaren, que largou super bem e superou Hill para assumir a ponta da corrida. A grande sombra da Williams naquele ano, Schumacher, não fez sua habitual boa largada e foi tragado pelas Ferraris, mas ainda conseguiu ultrapassar Alesi e permanecer em quarto.

Tendo Schummy preso atrás da Ferrari de Berger, a dupla da Williams disparou na frente, com Coulthard mantendo uma tranquila distância para Hill. Tentando uma despedida digna da Benetton, Schumacher forçou de todas as maneiras para ultrapassar Berger, que fazia o caminho inverso indo para a Benetton, mas o austríaco se segurava como podia. Vendo o desequilíbrio da Ferrari à sua frente, Schumacher já podia prever o trabalho que teria pela frente, mas naquele momento ele queria vencer e sabia que ultrapassar Berger era imperativo e o fez na quarta volta, mas havia forçado tanto que seus pneus superaqueceram e ele não conseguiu se aproximar de verdade das duas Williams. Como sempre, Schumacher esperou os pit-stops, onde todos parariam duas vezes, para dar o bote. E foi nesse momento que percebemos o motivo da Williams ter se livrado de um piloto tão talentoso como o jovem David Coulthard.

Após Hill ter feito sua parada, o escocês foi aos boxes na volta 19. Tentando manter a ponta, Coulthard entrou no pit-lane rápido. Talvez rápido demais. O escocês cometeu o absurdo de perder a freada da entrada dos boxes e bater no muro, acabando com sua corrida e sua carreira na Williams de forma bizonha. Mais atrás, outros problemas aconteciam. Schumacher fez sua parada na volta 21 e voltou à pista bem no momento em que Alesi se aproximava do final da reta dos boxes. Talvez frustrado por ser substituído pelo alemão na sua Ferrari, Alesi forçou a barra e o contato foi inevitável. Ambos ainda permaneceram na corrida por uma volta, mas abandonaram logo depois, fazendo com que suas despedidas não fossem ideais. Já a outra Ferrari de Berger tem problemas no pit-stop e o austríaco perde várias posições, deixando Hill com uma folgada liderança à frente de Herbert, que só pararia uma vez. Quando o inglês foi aos boxes na volta 30, Berger assumiu o 2º posto, mas o motor Ferrari aprontou das suas e o austríaco assistiria o resto da corrida no lado de fora.

Com isso, ocorria um verdadeiro banquete dos mendigos. Frentzen assumia o 2º posto com sua Sauber, mas o talentoso alemão tem o câmbio quebrado e abandonaria antes da volta 40. Herbert havia vencido duas corridas em 1995 na base da sorte e parecia que conseguiria outro ótimo (e inesperado) resultado dessa forma, mas o inglês tem o semi-eixo quebrado e era mais um a abandonar. Nessa altura, apenas Damon Hill, das equipes grandes, ainda estava na corrida, com ampla diferença sobre a Ligier de Olivier Panis, que havia se aproveitado dos abandonos de Herbert e Irvine para conseguir a melhor corrida da equipe francesa em muitos anos. Atrás do francês, outra surpresa: a Arrows de Gianni Morbidelli, que nunca havia conseguido um pódio na carreira. Numa corrida em que poucos carros terminaram, o português Pedro Lamy da Minardi estava na zona de pontos e acabaria por marcar seu primeiro ponto e do seu país na F1. Nas últimas voltas, Panis perde rendimento com o motor Mugen a ponto de quebrar. O francês leva a segunda volta de Hill, o que se configuraria na maior diferença na história da F1 entre o 1º e o 2º colocado. Damon recebe a última bandeirada do espalhafatoso diretor de prova em Adelaide e mostrava que, com sua estabilidade na Williams, poderia ser um fator em 1996. Essa vitória de Hill acabaria por ser profética para um ano dominador em 1996.

Chegada:
1) Hill
2) Panis
3) Morbidelli
4) Blundell
5) Salo
6) Lamy

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