sexta-feira, 30 de março de 2012

História: 15 anos do Grande Prêmio do Brasil de 1997

Duas semanas após a surpreendente abertura de campeonato em Melbourne, todos esperavam por uma corrida mais normal em Interlagos, uma pista convencional. O problema era que em São Paulo, na época da Páscoa, uma chuva não seria surpresa e isso acabou até afetando o público, bem menor do que os últimos anos. Jacques Villeneuve, o grande favorito ao título da temporada, queria uma recuperação urgente em Interlagos e para isso ele não deveria imitar o que aconteceu com ele em 1996, quando rodou sozinho quando estava em segundo lugar na encharcada curva do lago.

O canadense mostrou a força da Williams, mas Villeneuve não se viu livre de problemas em seu carro na classificação, tendo que utilizar o bólido reserva que estava acertado para Frentzen,que por sinal, não conseguiu acompanhar o ritmo do companheiro de equipe. Michael Schumacher ficaria ao lado de Villeneuve na primeira fila, enquanto Berger mostrava uma recuperação da Benetton, ficando em terceiro. Depois de sua brilhante vitória na Austrália, Coulthard esteve apagado, enquanto a Bridgestone mostrava melhora em ritmo de classificação colocando Panis na quinta posição. Os brasileiros ficaram fora do top-10, enquanto que para Ricardo Rosset a sua corrida caseira era ainda mais decepcionante, com sua equipe, a Lola, fechando as portas antes mesmo de ir às pistas. A guerra dos pneus fez do grid para o Grande Prêmio do Brasil bem mais apertado, com 14 pilotos separados por 1.7s, enquanto que em 1996, 11 pilotos estavam separados por 1.9s.

Grid:
       1)      Villeneuve (Williams) – 1:16.004
       2)      M.Schumacher (Ferrari) – 1:16.594
       3)      Berger (Benetton) – 1:16.644
       4)      Hakkinen (McLaren) – 1:16.692
       5)      Panis (Prost) – 1:16.756
       6)      Alesi (Benetton) – 1:16.757
       7)      Fisichella (Jordan) – 1:16.912
       8)      Frentzen (Williams) – 1:16.971
       9)      Hill (Arrows) – 1:17.090
     10)   R.Schumacher (Jordan) – 1:17.175

O dia 30 de março de 1997 estava muito nublado em São Paulo e muitos se lembraram do aguaceiro que marcou o começo da corrida de 1996, mas a previsão era de que não chovesse ao longo do dia, algo que seria confirmado mais tarde. Essas condições eram propícias para quem havia escolhido os pneus moles, como era o caso de Villeneuve. E não era o caso de Schumacher. Porém, quando as cinco luzes apagaram, Schumacher largou muito bem e chegou na entrada do S do Senna ao lado de Villeneuve. Precisando de uma recuperação e na vã esperança de manter a ponta, o piloto da Williams forçou por fora e acabou indo para a grama. Parecia outra largada perdida para Villeneuve, que surpreendeu em 1996 pelas boas largadas após anos largando em movimento. Contudo, em Interlagos seria diferente.

Vários acidentes aconteciam no pelotão intermediário e duas coincidências aconteceram. Primeiro, Irvine e Herbert bateram na primeira curva como havia acontecido em Melbourne e para evitar a confusão, que ainda envolveu Damon Hill e Giancarlo Fisichella, Frentzen saiu da pista, ficando bem atrás de Villeneuve, como se ambos tivesse combinando de sair da pista naquele momento. Porém, o motivo da bandeira vermelha foi o carro parado no grid de Barrichello, que teve problemas no seu acelerador e o carro ficou travado no meio da reta dos boxes. Isso fez com que tudo fosse reiniciado e uma cena cômica acontecesse na Ferrari. Com seu carro titular danificado, Irvine partiu para o carro reserva, que era por contrato de Schumacher. Mais alto do que Schummy, Irvine teve que fazer uma parada insólita nos boxes ainda nas primeiras voltas, pois o cinto de segurança estava apertando suas partes baixas e o pobre do mecânico da Ferrari teve que meter a mão no saco de Irvine para consertar o problema! Se Irvine não teve tanta sorte, Villeneuve vibrou com a decisão da prova, que permitiu uma nova tentativa do canadense, mas o piloto da Williams largou mal mais uma vez, porém Villeneuve foi mais cauteloso na primeira curva e ficou em segundo. Por pouco tempo.

Mostrando a superioridade da Williams, Villeneuve não deixou Schumacher liderar nem a volta de abertura, deixando a Ferrari para trás no final da primeira volta (por 0.001s) e assumindo a liderança para não mais perde-la.  Villeneuve tinha um ritmo 1s mais rápido do que Schumacher, que não conseguia extrair um bom ritmo de sua Ferrari por causa dos pneus e na volta 11 seria ultrapassado por Berger. O austríaco até fazia tempos parecidos com o de Villeneuve, mas a diferença entre os dois era superior a 10s. Na 16º volta, Barrichello e Diniz abandonavam a corrida com o mesmo problema, na suspensão, e deixava a torcida brasileira torcendo apenas por uma boa corrida. Mostrando a evolução dos novos pneus Bridgestone, Panis tentava uma estratégia de uma parada e ficava em segundo, enquanto a maioria dos front-runners estava numa estratégia de duas paradas.

Após a primeira rodada de paradas, Schumacher tinha sua quarta posição sob ameaça da Benetton de Alesi, quando os veteranos encontraram o 11º colocado, Damon Hill. Como estivesse se vingando de todas as presepadas aprontadas por Schumacher nos anos anteriores, o campeão de 1996 segurou o alemão como pôde, atrapalhando Schumacher na sua briga com Alesi. Após a segunda rodada de paradas, Villeneuve ainda estava na frente de Berger, com Panis num ótimo terceiro lugar, mas os freios, que tanta dor de cabeça trouxe para a Williams em Melbourne, voltaram a se manifestar em Interlagos, forçando Villeneuve a diminuir seu ritmo e Berger encostou para perigosos 4s, mas Villeneuve garantiu manter sua diferença e conseguiu sua primeira vitória em 1997. O canadense conseguia colocar a Williams no topo, seu habitat natural, mas a Bridgestone começava a mostrar que não estava para brincadeira e conseguia seu primeiro pódio na F1 com Panis. O primeiro de muitos.
Chegada:
1     1)      Villeneuve
2     2)      Berger
3     3)      Panis
4     4)      Hakkinen
5     5)      M.Schumacher
6     6)      Alesi

terça-feira, 27 de março de 2012

Enquanto isso, no domingo...

Ao mesmo tempo em que a F1 realizava uma espetacular segunda etapa na Malásia, duas importantes categorias voltavam à ativa em 2012, mas com corridas mornas, não chegaram a empolgar o público. F-Indy e Stock Car recomeçaram neste ano com a obrigação de se reinventarem após temporadas ruins em 2011, por motivos bem diferentes. Enquanto a Stock vê suas chatas corridas desagradando seu grande parceiro, a Globo, a Indy ainda se refaz do trágico final de campeonato, quando o carismático Dan Wheldon nos deixou de forma terrível.

A Indy estreou um novo carro, que seria mostrado independentemente da morte de Wheldon, que desenvolveu o modelo, mas com o público clamando por mais segurança por causa do estúpido acidente que vitimou o inglês. O novo chassi se mostrou meio esquisito pelo pára-lama nas rodas traseiras e um pára-choque traseiro. Tudo pela segurança. A entrada de dois motores (Chevrolet e Lotus) para se juntar aos Honda também chegou para animar, mas a eterna briga Penske-Ganassi não terminou e foram dois pilotos das duas equipes que dominaram a corrida em St. Petersburg, pista ondulada e sem pontos de ultrapassagem. Basicamente, Helio Castroneves e Scott Dixon brigaram pela ponta por causa de estratégias erradas de seus adversários, principalmente o pole Will Power, notadamente o melhor piloto da Indy em circuitos mistos. Helio ainda teve o mérito de ultrapassar Dixon por fora enquanto brigavam pela primeira posição e garantiu a vitória sem grandes arroubos de emoção, pois mesmo próximo, Dixon não esboçava reação.

Castroneves passou por uma fase ruim e essa vitória pode fazer com que ele volte aos bons tempos, apesar do que o brasileiro da Penske nunca foi regular o suficiente para conseguir o título em sua longa carreira pela Penske na Indy, o que não deixa de ser desabonador para o piloto paulista que passou mais de dez anos na melhor equipe da América. Porém, o grande chamariz da corrida foi o desempenho de Rubens Barrichello. A Bandeirantes focou em Rubens o tempo todo, até mesmo estragando a transmissão algumas vezes para mostrá-lo, pois suas câmeras exclusivas estavam em péssima posição e mais atrapalhava do que ajudava. Dentro da pista, Barrichello foi discreto e ainda ficou sem combustível no final, tendo que se conformar com a 17º posição, duas voltas atrás de Helio Castroneves. Porém, pelo o que percebi, Barrichello continua o mesmo e já falou em vitória e brigar pelo título. Tem gente que vai na onda, como a própria Bandeirantes, mas o que muitos esquecem é que a equipe de Rubens é média e as corridas americanas tem suas peculiaridades, bem diferente do ritmo mais contínuo da F1 e que se acostumar a isso levará tempo. Barrichello reclamou por ter que economizar combustível, pois não estava acostumado a isso na F1. Talvez por isso ficou sem etanol no final. Mas antes de falar em vitória, tem que se classificar melhor e ter um ritmo mais rápido, o que Rubens esteve longe de fazer em St. Pete.

A Stock mudou algumas regras para tentar convencer a Globo a manter a transmissão das chatas corridas da Stock. Mudou horário, regulamento, mas Cacá Bueno continua vencendo e as corridas continuam chatas, sem a pretensa emoção que os organizadores tentam passar todos. A Stock parece ter seu esquema exaurido e precisa se reinventar, talvez como fez em 2000, para ganhar os tão importantes pontos na audiência.

segunda-feira, 26 de março de 2012

Figura(MAL): Sérgio Pérez

Senhores, podemos estar presenciando o surgimento de uma nova estrela na F1. O que Sérgio Pérez  fez em Sepang neste domingo o colocou como uma das esperanças para o futuro, particularmente na Ferrari, que o mantém em sua escola de jovens pilotos. Pérez se mostrou além de rápido, ter uma maturidade enorme pela sua parca experiência, demonstrando uma inteligência tática que lembra em vários pontos Jenson Button em seus melhores dias. Largando num bom oitavo lugar, Pérez foi astuto em colocar pneus de chuva extrema logo na quarta volta e quando todos fizeram o mesmo, o mexicano da Sauber aparecia em terceiro, logo atrás das McLarens. Quando novamente foi preciso usar a estratégia, Pérez superou as McLarens, mas ficou atrás de Fernando Alonso. Foi neste momento que o piloto da Sauber mostrou sua velocidade em condições mutáveis, não apenas mantendo Lewis Hamilton, que dominou todo o final de semana até domingo, como se aproximou paulatinamente da Ferrari de Alonso. Um erro num pit-stop e uma saída de pista quando Alonso já estava na alça de mira do Pérez (leia-se, já estando 1s atrás do espanhol e podendo abrir a asa traseira na reta dos boxes) não pode eclipsar a magnífica performance do piloto da Sauber, que comemorou muito se primeiro pódio na F1, levando o México de volta à festa dos três primeiros colocados depois de 41 anos. Pelo o que vem mostrando com seu modesto carro, este deve ter sido o primeiro de vários pódio que serão conquistados por Sérgio Pérez. 

Figurão(MAL): Mercedes

Para essa coluna não ter uma cadeira cativa, no caso, a Ferrari de número 6, é bom procurar outros personagens que possam entrar nessa nada gloriosa coluna. Poucos devem lembrar, mas três anos atrás existiu uma equipe chamada Brawn que não tinha dinheiro, mas tinha um gênio à frente e dois bons pilotos, resultando num conto de fadas que deu em título. Com o aporte da Mercedes-Benz e a liderança de Ross Brawn, todos esperavam que a equipe deslanchasse e ficasse de vez entre as grandes, mas o que viu foi apenas dois pódios em dois anos e muita esperança em 2012. O carro para este ano é rápido, mas a Mercedes parece ter esquecido que uma corrida de F1 dura 300 km e não 30! Michael Schumacher e Nico Rosberg estiveram sempre entre os mais rápidos em todos os treinos em Sepang, com o heptacampeão conseguindo seu melhor lugar no grid desde sua volta em 2010. Porém, na corrida, o desastre foi completo. Os carros alemães devoravam os pneus Pirelli de forma incrível, deixando Schummy e Nico descalços em vários momentos da corrida, sendo ultrapassados por quem se aproximasse da traseira prateada dos dois tedescos. E não importava se o pneu era intermediário ou seco, macio ou duro. Os demais carros, com os mesmos pneus, sempre deixavam os representantes da Mercedes para trás em Sepang. O pontinho conquistado por Schumacher, contando com a quebra do motor de Maldonado nas voltas finais, é muito pouco para uma equipe que consegue colocar seus carros nas primeiras filas e vê seus pneus definharem e não ter uma explicação plausível até o momento. A lábia de Norbert Haug tem que ser grande para manter os acionistas da Mercedes interessados na F1.

domingo, 25 de março de 2012

Alonsomagia


Muitos podem não gostar dele e seu olhar arrogante não melhora muito sua imagem, mas é praticamente impossível ficar impassível a Fernando Alonso. Esse espanhol foi trazido para a Ferrari para ser ele o substituto de Michael Schumacher e garantir títulos se a Ferrari assim permitir ou fazer milagre, se os italianos errarem. E como a Ferrari errou redondamente em 2012, Alonso fez um verdadeiro milagre ao conseguir a vitória hoje na Malásia e ainda sair do sudeste asiático com a liderança do campeonato nas mãos com um carro que, com sorte, é a quarta força no campeonato. Porém, todo campeão tem que ter sorte. Esta história de ‘fulano só ganha com sorte’ é pura lorota, pois essas mesmas pessoas nunca apontaram um campeão azarado. E até isso, a sorte, Alonso teve que usar hoje na confusa corrida malaia para segurar o excepcional Sérgio Pérez, que fez uma corrida memorável e colocou seu nome entre os grandes da F1.

Sepang viu hoje ser contada duas belas histórias de superação por parte de Alonso e Perez, começando pela tradicional chuva que aparece toda tarde na capital Kuala Lumpur e fez com que a corrida fosse paralisada. Até então, a McLaren dominava, o que era esperado por todos. Então, a bandeira vermelha se fez presente e mais de uma hora depois, as coisas mudaram radicalmente. Pérez já havia dado o pulo do gato ao colocar pneus de chuva extrema antes de todos, que permaneceram com intermediários. Alonso havia largado muito bem, pulando para quarto e perseguia de perto os líderes. Com a paralisação, a chuva diminuiu, foi preciso trocar os pneus de chuva forte para os intermediários novamente e a mistura fez com que Alonso saísse na frente, seguido por Pérez. A lógica indicava a McLaren de Hamilton, o mais rápido em todo o final de semana, indo para cima de Pérez e chegasse depois em Alonso, tendo sérias dificuldades em ultrapassar o rival espanhol, mas conseguindo seu objetivo pela ruindade do carro da Ferrari. Isso na teoria. A prática mostrou um quadro completamente diferente, com a pista ainda úmida e Alonso se mantendo tranquilo em primeiro, com Pérez se sustentando com extrema solidez o segundo lugar. As ameaças de chuva pipocavam nas orelhas dos pilotos, mas a realidade era que a pista secava e a normalidade poderia ser estabelecida. Só que isso aconteceu em parte. Realmente a ruindade do carro da Ferrari se fez presente, mas Pérez passou a marcar volta mais rápida em cima de volta mais rápida, não deixando Hamilton se aproximar e mais. Estava chegando em Alonso. Um atraso no pit-stop para colocar pneus slicks fez Pérez se atrasar, mas rapidamente o mexicano voltou ao seu ritmo de mais rápido na pista e chegou a abrir a asa traseira para ultrapassar Alonso, mas um erro acabou com os sonhos de Pérez e continuou os de Alonso. A placa MAGICO mostrado para Alonso e o choro do engenheiro do espanhol dava a real sensação do feito que o ferrarista tinha acabado de fazer em Sepang. Era nítida a falta de velocidade da Ferrari tanto em linha reta, como em curva. Alonso fazia das tripas coração para se manter na ponta e se livrar de Pérez, com o F2012 acima do seu limite e a Sauber se aproximando teimosamente, mas Alonso conseguiu o milagre de se sustentar na ponta e vencer logo na segunda corrida do ano, que começou terrível para a Ferrari, mas após duas corridas, lidera o campeonato. São corridas assim que fazem um piloto ser adorado pelos tifosi. E Alonso pode ter conseguido isso hoje pela manhã.

Se ver um italiano chorando não é uma surpresa pela paixão que esses latinos tem, ver um sisudo suíço, com quase vinte anos de F1, chorando, mostra o quão impressionante foi Sérgio Pérez nesta manhã em Sepang. Senhores, podemos estar vendo o surgimento de um grande piloto na F1, passando por cima de todas as desconfianças em cima do mexicano, que realmente só entrou na categoria por causa dos seus fortes patrocinadores, mas que deverá ficar na F1 por causa do seu talento e velocidade. Pérez não é daqueles espalhafatosos, como seu hoje apagado companheiro de equipe Kamui Kobayashi, mas demonstra uma inteligência tática fora do comum para um piloto jovem como ele, entrando nos boxes mais cedo para colocar pneus de chuva forte antes de todos e permanecendo como um dos mais rápidos a corrida inteira, mesmo enfrentando com seu modesto Sauber carros como McLaren e Red Bull. Seus erros no dia de hoje (a saída de pista quando chovia muito forte, a arrancada lenta no segundo pit-stop e a errada quando estava colado em Alonso) não embotam a sua incrível performance no dia de hoje e Pérez quase acaba com dois tabus antigos. Primeira vitória da Sauber (sem contar o período como BMW) em 19 anos e a primeira vitória de um mexicano em 42 anos. Essa performance de Pérez, mais a vitória de Alonso põe mais gasolina no fogaréu que está a batata de Felipe Massa na Ferrari. Kobayashi também foi muito mal em comparação a Pérez, inclusive com o japonês abandonando, mas a prova de Massa hoje foi constrangedora. Depois de ser chamado de inútil pela flamejante imprensa italiana nessa semana, Massa terá que conviver com a pressão de ter seu possível substituto, Pérez, andar no ritmo do seu companheiro de equipe, que tirou leite de pedra com um ruim e conseguiu uma vitória, enquanto Massa foi um triste 15º colocado, aparecendo no mesmo take da bandeirada de Alonso, só que a ponto de tomar uma volta. Foi alarmante a forma como Massa destruía seus pneus andando em posições intermeidiárias, enquanto Alonso liderava a corrida. Não é segredo que Sérgio Pérez faz parte da Academia Ferrari de jovens pilotos. O sonho de contrato renovado na Ferrari pode ter naufragado hoje em Sepang para Massa e por suas atuações pífias, até mesmo sua permanência na F1 está posta em cheque. Já passou de hora de fazer alguma coisa, restando a Massa tentar reconstruir sua imagem perante ao público da F1.

Com duas história que beiraram ao conto de fadas, o resto dos pilotos ficaram como claros coadjuvantes. Lewis Hamilton mais uma vez largou na pole e teve que se contentar com um amargurado terceiro lugar, ficando com o mico de ter o melhor carro da pista, mas não poder alcançar dois pilotos iluminados no dia de hoje, contudo com carros bem inferiores ao seu. Jenson Button teve um dia de Hamilton em seus piores dias ao se afobar quando ia ultrapassar uma Hispania e quebrar sua asa dianteira e uma vez no pelotão intermediário, não foi capaz de fazer uma corrida de recuperação, do tipo que fez no Canadá, tendo problemas de aderência com seus pneus. Definitivamente, um Button bem diferente do normal. Mark Webber foi outro que conseguiu a mesma posição na Austrália, ficanco com um discreto quarto lugar, após uma boa largada, mas longe de se aproximar de Hamilton e ser atacado por alguém. Porém, o australiano pode se gabar por estar superando Vettel no campeonato, já que o alemão teve um furo de pneu também em um incidente com a Hispania de Karthikeyan, deixando o bicampeão furioso. Contudo, foi feio a Red Bull pedindo para Vettel abandonar a corrida na volta final para se beneficiar para a próxima corrida e poder trocar câmbio e motor. Para uma equipe que se diz uma bem-feitora dos bons modos esportivos, a Red Bull pisou na bola hoje. Kimi Raikkonen fez uma corrida sólida e ainda marcou a volta mais rápida da corrida para marcar um bom quinto lugar, mostrando que seus anos fora da F1 não lhe fizeram tão mal como fez a Schumacher quanto este voltou. Ao contrário da Austrália, Romain Grosjean executou a melhor largada do dia, chegando a ocupar o terceiro lugar, mas na pista molhada, o francês se empolgou e tocou em Schumacher, arruinando a corrida de ambos e para piorar, Grosjean rodou sozinho ainda na terceira volta, deixando o piloto da Renault com apenas cinco voltas em toda a temporada. Ao contrário do Galvão, é bom ter calma na hora de julgar Grosjean, mas foi muito engraçado o narrador global criticar o francês, dizendo que ele roubou o lugar que era de Bruno Senna na Lotus bem no momento em que a TV mostrava Bruno... fazer besteira e bater na traseira do companheiro de equipe Maldonado.

Só que ao contrário do compatriota, Bruno se recuperou durante a corrida e conseguiu seu melhor resultado na F1 com um ótimo sexto lugar, depois de várias ultrapassagens e ter mantido Paul di Resta sobre controle nas voltas finais. Bruno é um piloto centrado e foi um dos destaques da corrida e a Williams mostrou que está de volta, mesmo tendo que lhe dar com o azar de Maldonado nas voltas finais. Desta vez, o venezuelano, que vinha pontuando, quebrou o motor nas voltas finais. A Force India marcou pontos com seus dois pilotos, com Di Resta e Hulkenberg andando próximos e marcando bons tempos. Daniel Ricciardo lutou, ultrapassou, foi ultrapassado, apareceu mais na TV, mas ficou fora dos pontos, enquanto Jean-Eric Vergne parou apenas duas vezes, soube se utilizar de uma pilotagem sólida para marcar seus primeiros pontos na F1. Em duas corridas, a Toro Rosso já mostra que sua jovem dupla de pilotos promete com dois estilos diferentes de pilotagem. Um mais agressivo (Ricciardo) e outro mais cerebral (Vergne). A grande decepção ficou por conta da Mercedes e seu voraz apetite por pneus. Novamente Schumacher não mostrou todo seu potencial ao ser acertado por Grosjean na primeira volta e teve que fazer uma corrida de recuperação, mas estava na cara que o alemão, assim como seu compatriota Nico Rosberg, sofriam com o desgaste dos pneus, sendo algumas vezes os mais lentos na pista. Para quem tem um dos carros mais rápidos em treino, a Mercedes tem que aprender que uma corrida não tem 30 km, mas 300! Caterham e Marussia pouco apareceram, enquanto a Hispania se arrastou durante a prova e ainda rasgou os pneus de Button e Vettel, por cortesia de Karthikeyan. Uma lástima termos um carro tão ruim no grid.

Este foi um dos pódios mais felizes dos últimos tempos. Alonso sabe que uma corrida como a de hoje não ocorre mais do que uma vez por ano e que dificilmente, a não ser que a Ferrari arranje 1.5s na manga, vencerá uma corrida em condições normais. Sérgio Pérez olhava emocionado a bandeira mexicana subir pela haste por causa do seu segundo lugar. O mexicano estava nas nuvens e seu segundo lugar valeu como uma vitória, mesmo que Pérez estivesse próximo disso literalmente. Porém, havia um inspirado Fernando Alonso no caminho. 

sábado, 24 de março de 2012

Cadê a chuva?


A diferença de tempo não foi grande coisa, mas a dobradinha da McLaren mostra o quão o time prateado está à frente neste início de temporada 2012 na F1. E como havia acontecido em Melbourne, Lewis Hamilton ficou à frente de Jenson Button e como aconteceu na Austrália, não será nenhuma surpresa ver os ingleses trocando de lugar durante a prova, seja na largada, seja durante as paradas de boxe. O calor malaio será decisivo e o melhor trato com a borracha de Button poderá fazer a diferença.

Em termos de Classificação, a Red Bull não é mais a mesma e nem mesmo Vettel, que bateu o recorde de poles numa mesma temporada em 2011, não parece ser o mesmo, derrotado mais uma vez por Webber, enquanto a Mercedes, liderado por Michael Schumacher, se mostra a segunda força em termos de Classificação, apesar de que em ritmo de corrida, os alemães caíram demais na Austrália. Falando em campeão retornado, Kimi Raikkonen já vem mostrando um bom desempenho em sua volta e foi mais rápido do que Gosjean e foi o quinto mais rápido, marcando o mesmo tempo de Webber, mas largará cinco posições atrasado por ter trocado o câmbio. Após ser chamado de inútil durante a semana pela imprensa italiana, Felipe Massa viu Alonso passar ao Q3 de forma milagrosa, mas o espanhol não largará tão à frente assim. Massa pode estar indo muito mal e pelo andar da carruagem, seu contrato não será mesmo renovado, mas a crise maior está mesmo no carro da Ferrari.

Era esperado chuva em todo o final de semana na Malásia, mas até agora todas as sessões foram realizadas debaixo de sol fortíssimo, o que poderá causar vários pit-stops, mas nunca devemos descartar a chuva por completo.

sexta-feira, 23 de março de 2012

De luto

Esse final de semana terá o Grande Prêmio da Malásia, Clássico-Rei e estréia da F-Indy em 2012, além da Stock. Um final de semana perfeito para quem gosta de corridas e este blog estaria funcionando alegremente a todo vapor à base dos temas acima, mas a notícia de hoje à tarde passa por cima de qualquer alegria.

Cresci assistindo a Escolinha do Professor Raimundo e do Chico City, este, mais vagamente. Morria de rir de todos os personagens de Chico Anísio, principalmente o Nazareno, com sua mulher feia e a empregada gostosa. "Isso não é uma mulher, isso é a voz do Nelson Piquet!" Porém, tenho com mais carinho as passagens da famosa Escolinha. Rolando Lero, Aldemar Vigário, João Canabrava, Dona Cacilda... Todos regidos pelo professor Raimundo Nonato, que sempre reclamava do seu salário para aguentar tanta presepada.

Hoje, morreu Chico Anísio. Mesmo doente e passando dos 80 anos, a gente nunca espera que ele morra. Mas hoje chegou seu dia. Fica a sensação de ter morrido uma parte da minha infância, do meu pai rindo, minha mãe rindo e eu também, na frente da TV. Triste, como se houvesse morrido uma pessoa próxima. O que importa é que seu legado de humor nunca morra e que nos lembramos sempre do mestre que foi esse cearense, cujo pai foi presidente do Ceará Sporting Club, clube para qual torço descaradamente, e que ele esteja em paz, fazendo que o céu tenho muito mais humor.

quarta-feira, 21 de março de 2012

História: 30 anos do Grande Prêmio do Brasil de 1982


Após a greve na África do Sul, a F1 se via envolta em polêmica novamente quando a categoria aportou no Rio de Janeiro para a segunda etapa do campeonato, já que na Argentina se lutava a Guerra das Malvinas e os ingleses não eram muito bem-vindos no país portenho. Por causa de um regulamento mal feito, as equipes inglesas, lideradas por Brabham e Williams, decidem aproveitar uma brecha das regras para mandar carros mais leves para treinos e corridas, mas com uma caixa de água na lateral do carro. Como a pesagem dos carros era feita sem combustível e com reservatórios de líquidos lubrificantes e refrigeração cheios, os times esvaziavam essa caixa e mandavam os carros 80 quilos mais leves, mas quando eram pesados pelos comissários desportivos, as equipes simplesmente enchiam a caixa novamente, normalmente argumentando que era um ‘reservatório do sistema de refrigeração dos freios’.

Essa diferença fez com que os carros aspirados, incluindo aí a Brabham, que no Brasil trocava o problemático BMW turbo pelo confiável Cosworth aspirado, ficassem bem próximos dos carros como motor turbo, trazendo revolta à Ferrari e Renault, que eram apoiados pela FISA de Jean-Marie Balestre.  Alain Prost conseguia a pole com Villeneuve ao seu lado, mas Keke Rosberg colocava a Williams aspirada em terceiro, sendo o melhor não-turbo do dia. René Arnoux alinhava em quarto, mas o francês estaria ameaçado dentro da Renault, inclusive com Jan Lammers sendo um possível substituto, já que a Renault estava interessada no mercado holandês. Mais atrás, a Ligier, que fez Laffite brigar pelo título em 1981, fazia uma classificação medonha, com o francês em 26º e o jovem companheiro de equipe Eddie Cheever duas posições à frente.
Grid:
11)      Prost(Renault) – 1:28.808
22)      Villeneuve(Ferrari) – 1:29.173
33)      Rosberg(Williams) – 1:29.358
44)      Arnoux(Ferrari) – 1:30.121
55)      Lauda(McLaren) – 1:30.152
66)      Reutemann(Williams) – 1:30.183
77)      Piquet(Brabham) – 1:30.281
88)      Pironi(Ferrari) – 1:30.655
99)      Patrese(Brabham) – 1:30.967
110)   De Cesaris(Alfa Romeo) – 1:31.229

O dia 21 de março de 1982 estava extremamente quente no Rio de Janeiro e isso acabaria trazendo problemas aos pilotos no final da prova. Nelson Piquet estreava um capacete novo, baseado nos utilizados pelos pilotos do Mundial de Motovelocidade, mais leve e aberto do que o normal, mas isso faria o brasileiro ter que respirar o ar quente dentro do capacete. Os carros com motores turbo tinha um já tradicional retardo em baixas rotações, fazendo das largadas um tormento para eles, mas Gilles Villeneuve era notório por desfazer regras e largou de forma perfeita, assumindo a primeira posição, seguido por Rosberg, Arnoux e Prost. Mais atrás, Petrese consegue uma largada espetacular, pulando de nono para quinto, enquanto Piquet era sétimo.

Keke Rosberg fazia uma primeira volta sensacional e após ultrapassar Arnoux, o piloto da Williams partiu em persguição a Villeneuve, mas o canadense soube fechar a porta do finlandês na entrada da reta oposta e como Rosberg não tinha o turbo para lhe garantir potência extra, ele acabou sendo ultrapassado pelas Renaults de Arnoux e Prost. Nelson Piquet fazia uma corrida tática, sem forçar muito, até por que tinha uma forte dor nas costas, mas o brasileiro ganharia uma posição na 3º volta quando Didier Pironi rodou à sua frente, garantindo o sexto lugar ao campeão de 1981. Os cinco primeiros corriam próximos uns aos outros e de forma sólida, mas Nelson Piquet os alcançavam. Os dois carros da Brabham vinham forte e na curva Sul, na frente da torcida, o duo de comandados por Bernie Ecclestone deixaram Rosberg para trás, partindo para cima de Prost. Na volta seguinte, a sexta, Prost comete um erro na curva Norte e permite a dupla da Brabham avançar mais uma posição, os deixando em posição de atacar Arnoux e, porteriormente, Villeneuve. Querendo tomar as rédeas do espetáculo, Piquet ultrapassa Patrese na Curva Sul e parte em perseguição a Arnoux, enquanto Rosberg começa uma recuperação e assume o quinto lugar de Prost.
No momento em que Raul Boesel abandonava tristemente a sua corrida caseira com um pneu furado, Piquet pressionava Arnoux pelo segundo lugar, enquanto Villeneuve já tinha 4s de vantagem na ponta. O piloto da Renault segurava claramente Piquet e isso fez que uma fila se formasse atrás de Arnoux, com Piquet, Patrese, Rosberg, Prost, Reutemann, Lauda e Watson. Só fera! Depois de muito pressionar, finalmente Piquet ultrapassa Arnoux na Curva Sul, sua preferida para ultrapassar, e partia em perseguição a Villeneuve, enquanto Rosberg também ultrapassava Patrese. Quando o piloto da Williams deixa Arnoux para trás, ele se junta a Piquet na caçada a Ferrari de Gilles. Começava neste momento a melhor  parte da corrida. Juntar tres pilotos do naipe de Gilles Villeneuve, Nelson Piquet e Keke Rosberg na luta pela primeira posição era de esperar nada menos que um show destes três pilotos abençoados.

O público carioca de aproximadamente 50.000 pessoas foi agraciado por um disputa espetacular entre os três, mas com Villeneuve sempre na frente, segurando Piquet e Rosberg, que trocaram de posição mais de uma vez. Na volta 30, Piquet tenta forçar a ultrapassagem na Curva Norte, mas Villeneuve, usando sua usual agressividade e na tentativa de fechar a porta para Piquet, acaba freando com os pneus do lado esquerdo na grama e sai da pista. Piquet tem que travar seu Brabham para não bater, o mesmo fazendo Rosberg. Nelson Piquet assumia a liderança da corrida, mas tendo sempre Rosberg no seu cangote. A corrida tinha causado várias quebras, mas o calor faria suas vítimas. Correndo em terceiro, Patrese erra sozinho e cede sua posição para Prost e Watson. Na volta seguinte, o italiano erra novamente e no final do giro ele encosta seu Brabham nos pits. Patrese havia passado mal dentro do Brabham e tem que ser carregado para fora do carro.

Piquet e Rosberg andavam na frente com 5s de vantagem sobre Prost, que marca a volta mais rápida da corrida, mas não dava pinta que iria ameaçar o domínio dos carros aspirados. Nas voltas finais, todo mundo diminui o ritmo e Piquet não conseguia fazer a Curva Sul apoiando sua cabeça para dentro, sofrendo de dores no pescoço. Após a bandeirada, Piquet tinha quase 10s de vantagem sobre Rosberg e surpreendentes 30s sobre Prost, o primeiro dos carros turbos. Ao chegar ao pódio, Piquet estava entre Rosberg e Prost, mas de repente se apóia nos ombros dos companheiros de pódio e acaba desmaindo por causa do forte calor. Restabelecido, Piquet estoura o champanhe sentado no alto do pódio, para delírio do público presente, que comemorava a primeira vitória do campeão. Ou não? Na hora da pesagem dos carros, houve uma discussão acalorada, pois Jean Sage, dirigente da Renault, não se conformava com a maladragem das equipes inglesas, apoiadas pela FOCA. Os mecânicos da Williams começaram a bombear a água contida num enorme galão de 50 litros dentro da caixa no carro de Rosberg, enquanto colocavam 7,5l de óleo no motor (quando a capacidade máxima era de 5l) e 12l de óleo de transmissão (quando o máximo era de 2l!). Mecânicos de Brabham, McLaren e Lotus faziam artimanhas parecidas para que seus carros tivessem os 580 kg regulamentares no final da pesagem. E todos conseguiram, sendo que Watson escapou por apenas 1 kg. As equipes da FISA ficaram furiosas e recorreram a Balestre, que desclassificou, de forma esquisita, apenas Nelson Piquet e Keke Rosberg quase um mês depois da corrida. Tendo a FOCA como aliada, Brabham e Williams lideraram um boicote, mas essa já é outra história.

Chegada:
1  1)      Prost
2  2)      Watson
3  3)      Mansell
4  4)      Alboreto
5  5)      Winkelhock
6  6)      Pironi

segunda-feira, 19 de março de 2012

Figura(AUS): McLaren

O time comandado por Martin Whitmarch não foi o mais rápido em nenhuma das sessões de testes na Espanha, mas para quem acompanhou os testes e viu o ritmo da McLaren em simulações de corrida, diziam que os carros prateados seriam fortes no início de temporada. O quanto, isso seria respondido em Melbourne. E a resposta foi a melhor possível. Quando foi para valer, Jenson Button e Lewis Hamilton foram os mais rápidos na sexta-feira e Lewis conseguiu a primeira pole de 2012, com Button completando a primeira fila. Na largada, Button assumiu a liderança e rapidamente abriram uma diferença para os demais carros, não importando quem estava em terceiro. Button fez uma corrida soberba e venceu sem maiores problemas, enquanto Hamilton teve azar quando o safety-car entrou já na parte final da corrida e perdeu a chance de completar a dobradinha mclariana ao perder o segundo lugar para Vettel. Mesmo com o alemão próximo de Button no final, soube-se que a McLaren não andou no seu limite durante a prova por precaução por causa de combustível. Ou seja, a diferença de 10s que Button chegou a impor sobre o segundo colocado poderia ser ainda maior e quando Vettel estava colado na traseiro do inglês no momento da relargada, ficou claro que Button forçou o suficiente para abrir 2,5s sobre o piloto da Red Bull e o manteve até o final, mostrando que tinha reserva técnica. Esse início de temporada da McLaren demonstra que o time não apenas alcançou a Red Bull, como a ultrapassou neste início de ano e poderá ser a equipe a ser batida no momento.

Figurão(AUS): Brasileiros

Poucos dos vinte e quatro pilotos que largaram neste domingo em Melbourne estão tão pressionados como os dois pilotos tupiniquins. Cada um de uma forma, Felipe Massa e Bruno Senna precisam mostrar a que veio em 2012 para até mesmo permanecer na F1. Porém, essa primeira corrida do ano foi desastrosa para os dois compatriotas. Felipe Massa e Bruno Senna foram derrotados de forma clamorosa pelos seus respectivos companheiros de equipe nos treinos de sábado e a corrida foi ainda pior. Massa largou de forma espetacular e ganhou várias posições, mas logo começou a perder rendimento por causa dos seus pneus que se desgastavam de forma rápida e atrapalhava a corrida de vários pilotos, os segurando por algumas voltas até ser ultrapassado ou tomar o caminho dos boxes. Já no final da prova, Massa encontrou Bruno Senna e acabaram se enroscando enquanto brigavam pela 13º posição, enquanto Fernando Alonso e Pastor Maldonado batalhavam pelo 5º lugar no mesmo momento. Bruno Senna ainda teve a desculpa pelo incidente ocorrido com ele na primeira volta, mas o piloto da Williams só esteve envolvido no problema por ter largado no meio do pelotão, bem suscetível a enroscos. O paddock da F1 ainda se pergunto o porquê de Massa permanecer ainda na Ferrari mesmo com desempenhos tão pífios, enquanto Bruno Senna, que já havia mostrado velocidade em outras ocasiões, foi eclipsado por Pastor Maldonado, mais conhecido por ser um pay-driver, e ficou devendo em sua briga para mostrar que está na F1 mais por seus meios do que pelo sobrenome famoso. Foi um início terrível para os brasileiros, que abandonaram após sofrerem um acidente e proporcionou piadas sobre o patrocínio do Banco Santander, que apóia a ambos: Juntos. E juntos abandonaram tristemente este primeiro GP.

domingo, 18 de março de 2012

A vitória do belo. Carro...


Foi uma longa espera e depois de muito diz que me diz, a Formula 1 teve seu início nesta madrugada com uma corrida que não foi das mais emocionantes, como normalmente ocorre em Melbourne, mas também não foi das mais chatas e trouxe algumas respostas as muitas dúvidas criadas ao longo dos três meses de pré-temporada. Jenson Button fez uma corridassa e dominou por completo o Grande Prêmio da Austrália, vencendo como quis desde a largada e não se importou muito com os possíveis ataques de Vettel na única entrada do safety-car durante a prova. A McLaren não dominou como a Red Bull fez ano passado, mas mostrou que tem o melhor carro deste início de ano e os próprios bicampeões do mundo mostraram que não estão muito atrás da McLaren, com Vettel se metendo entre os dois carros da McLaren, para aumentar ainda mais o desespero de Hamilton. Ferrari e Mercedes mostraram desempenhos em treino e corrida totalmente opostos, com os italianos andando melhor durante a prova, enquanto os germânicos caíram demais durante a prova. Porém, ambas parecem muito atrás de McLaren e Red Bull.

A prova foi decidida a favor de Jenson Button na largada, quando o inglês largou melhor do que o pole Lewis Hamilton e já tangenciou a primeira curva em primeiro, imediatamente disparando rumo a uma vitória consagradora. Atual vice campeão e numa fase esplendorosa, Jenson mostra que não tem a mesma velocidade de Hamilton ou a genialidade de Vettel, mas sua regularidade é tamanha, que o põe entre esses dois grandes pilotos, juntamente com Alonso e Schumacher. Menosprezado mesmo quando foi campeão em 2009, Button começa a cavar seu lugar dentro da McLaren e a cara de enterro de Lewis Hamilton no pódio mostra bem isso. O jovem inglês ainda perdeu o segundo lugar que daria uma dobradinha a McLaren por um golpe de sorte de Vettel durante o safety-car e ainda teve que se defender dos ataques Mark Webber no final. Hamilton já mostrou em 2011 que seu psicológico é frágil, que se os fatos não acontecerem a seu contento, as coisas degringolam e Lewis começa a fazer besteira. O fato de ter perdido a corrida de estréia da temporada largando na pole pode causar danos a já abalado auto-confiança de Hamilton.
 
Sebastian Vettel parece não ter mais o melhor carro do ano, mas nem por isso demonstrou menos vontade de ganhar e ir para cima, saindo do sexto lugar para o segundo numa pilotagem sólida e segura, chegando próximo de Button, esperando o menor dos erros do inglês no final. Vettel largou bem e estava na cola de Schumacher quando este quebrou, partindo para cima da então dominante McLaren, que tinha mais de 10s de vantagem sobre ele. O jovem alemão tirou a diferença para Hamilton e já estava próximo do rival quando deu a sorte do sefaty-car aparecer logo depois da dupla da McLaren ter feito suas paradas. Isso deu a Vettel o segundo lugar e pressionar Button pela primeira posição, já que Hamilton acabou não sendo um adversário nas primeiras voltas. Num domínio momentâneo da McLaren, ter se colocado entre os dois carros prateados foi um bom resultado de Vettel, que demonstrou muita felicidade no pódio, exibindo o mesmo sorriso que mostra quando vence. Webber demonstrou mais uma vez que precisa urgentemente melhorar suas largadas, algo que já tinha sido seu calcanhar de Aquiles em 2011. Em sua casa, onde nunca se deu muito bem, Webber foi ultrapassado por vários carros no apagar das cinco luzes e cruzou a primeira volta em nono, tendo que se recuperar até chegar no seu verdadeira pelotão, brigando com Vettel e as McLarens. O australiano ainda chegou a tentar alguma coisa com Hamilton, mas teve que se conformar com o quarto lugar e ficar de fora do pódio em Melbourne, exatamente dez anos após sua estréia.

Se os treinos foram terríveis para a Ferrari, a corrida não foi tão ruim assim, com Alonso chegando a andar no mesmo nível de Red Bull. Porém, isso aconteceu mais pelo monstro sagrado que é esse tal de Fernando Alonso. Dono de uma enorme capacidade de levar o carro nas costas, o espanhol conseguiu uma largada espetacular e estava em quarto, brigando com Mercedes e Red Bull, quando ninguém imaginava isso. Na medida em que a corrida foi se desenrolando, Alonso não pôde acompanhar o ritmo de Webber e Vettel, tendo que se conformar com o quinto lugar, mas tendo a sombra permanente de Pastor Maldonado, a grande surpresa do final de semana. A Ferrari demonstrou ser um voraz destruidor de pneus e por isso Alonso teve que se virar para segurar um inspirado Maldonado atrás de si, só ficando aliviado quando este bateu sozinho na última volta. Uma verdadeira lástima para o venezuelano, que sempre que está fazendo a corrida de sua vida, como em Mônaco ano passado, acontece alguma coisa com ele. Porém, Maldonado deu seu recado. Muitas vezes menosprezado por estar na F1 pelos dólares bolivarianos-ditatoriais do seu país, o campeão da GP2 em 2010 fez uma grande prova neste domingo, mas seu acidente fez com que a Williams, que necessita de dinheiro para ontem, perdesse pontos que podem lhe fazer falta mais tarde. Em outra briga Ferrari-Williams, Bruno Senna e Felipe Massa fecharam um final de semana para esquecer e muito danoso para alguém como eles que necessitam se provar em 2012. Bruno Senna foi a principal vítima da sempre complicada largada de Melbourne e caiu para último quase que imediatamente, mas a verdade foi que Senna só se envolveu na confusão porque estava no meio da muvuca, enquanto Maldonado largava seis posições à sua frente. Massa, ao contrário, fez uma belíssima largada, pulando sete posições, mas depois sempre segurou carros mais rápidos do que ele, gastando muito os pneus por causa disso. Enquanto Alonso se mantinha num milagroso quinto lugar, Massa estava fora dos pontos e levando ultrapassagem de quem se aproximasse. Isso fez com que Bruno Senna, que era o último na mesma volta do líder, encostasse nele e os dois brasileiros bateram, causando o abandono de ambos. Um abandono muito ruim para ambos, que levaram um banho dos seus respectivos companheiros de equipes e ficaram no zero.

A Mercedes começou o ano envolto em polêmica por causa de outro aparato aerodinâmico (todo ano terá isso meu Deus?), mas se nos treinos os alemães prometiam brigar no pelotão da frente, na corrida o time foi perdendo rendimento de forma repentina e espantosa. Michael Schumacher largou bem e estava em terceiro quando abandonou com problemas mecânicos, mas o heptacampeão já era muito pressionado por Vettel. Já Rosberg se perdeu completamente após sua primeira parada e ficou atrás da claudicante Ferrari de Alonso e se acomodou com isso. Como castigo, se viu ultrapassado por vários carros quando o safety-car entrou e se envolveu em um incidente que ninguém viu na última volta, fazendo com que a Mercedes, de quem se esperava muito, ficar no zero na primeira corrida do ano. A Sauber, que foi bem na pré-temporada e nem tanto no sábado, se recuperou na corrida e Kobayashi se aproveitou dos incidentes da última volta para conseguir um ótimo sexto lugar, com direito as suas famosas ultrapassagens de volta. Sergio Pérez largou em último e repetiu a estratégia do ano passado, quando fez apenas uma parada e se deu bem. Só não se deu melhor hoje, por que se envolveu no incidente com Rosberg e perdeu posições na volta final, mas ainda conseguindo pontos valiosos, principalmente pela posição que largou. A Sauber tem uma dupla de pilotos jovens e extremamente promissora. Sempre achei que houve certo preconceito com os pilotos japoneses e talvez por isso Kobayashi ainda não conseguisse um lugar merecido entre as equipes grande, enquanto Pérez, com o forte apoio dos seus patrocinadores, parece ter uma carreira mais sólida, mas assim como Koba, há um certo preconceito por ser um pay-driver.

Romain Grosjean largou com muita cautela em sua reestréia na F1 e isso acabou sendo fatal, pois perdeu posições na largada e acabou sendo atingido por Maldonado no momento em que tentava uma recuperação. Uma verdadeira pena para o francês. Raikkonen saiu das últimas posições para conseguir bons pontos com o sétimo lugar, com o finlandês ainda se acostumando com uma corrida de F1, não sendo tão agressivo como ele costumava ser, mas mostrando velocidade e consistência quando foi necessário, como ele estava para fazer sua parada, já tardia, e era o mais rápido da pista. Toro Rosso e Force Índia tiveram corridas difíceis, mas ainda foram capazes de marcar pontos. Hulkenberg abandonou na primeira volta na confusão que envolveu ele, Bruno Senna e Daniel Ricciardo, enquanto Paul di Resta fez uma corrida invisível, mas se aproveitando dos acontecimentos da última volta, o escocês conseguiu arrancar um pontinho na bacia das almas ao ultrapassar Jean-Eric Vergne. O novato francês fazia uma corrida sem muitos arroubos, afora uma saída de pista, mas sem comprometer. Contudo, se todos falam muito em Vergne, prefiro olhar mais para Ricciardo, um piloto que me chama muito mais atenção. O australiano se envolveu no acidente da primeira volta e iniciou uma boa corrida de recuperação, culminando com seus primeiros pontos na F1. Talvez Ricciardo seja o nome que a Red Bull esteja esperando e não achou em Buemi e Alguersuari. As pequenas fizeram o papel de sempre, com Petrov trazendo o único safety-car do dia, quando quebrou no meio da reta dos boxes, enquanto Kovalainen quebrou no lado de dentro dos boxes. Ambos corriam apenas à frente da Marussia, com um carro tão ruim como dos outros anos. A transmissão da Globo trouxe um Galvão Bueno rouco nas voltas finais, mas o que queria falar era sobre a homenagem da emissora a José Carlos Pace, cuja morte ocorreu 35 anos atrás. Foi muito legal.


A diferença entre os quatro primeiros colocados foi de apenas 4s. Isso demonstra que à primeira vista, não haverá domínio de uma única equipe, mas que quatro pilotos de duas equipes diferentes poderão vencer este ano. Button saiu na frente e já coleciona uma impressionante carreira em Melbourne, com três vitórias nas últimas quatro corridas na Austrália, saindo na frente de uma briga que promete ser bem mais forte e animada do que aconteceu ano passado.

sábado, 17 de março de 2012

Primeira impressão

Vou falar dos treinos baseado apenas nos resultados, pois me esqueci de me acordar cedo e ver os treinos no SporTV, mas isso não vem ao caso agora. Desde os primeiros treinos ficou claro que a preocupação ferrarista nos testes na Espanha era mais real do que imaginávamos e a primeira Classificação foi extremamente preocupante. Desde que a Classificação dos treinos se tornou trifásica, não me lembro da Ferrari ter ficado de fora com seus dois carros do Q3 em condições normais de pista. Pois isso aconteceu hoje. A Ferrari tem se mostrado um carro muito nervoso e desequilibrado, a ponto dos dois pilotos rossos terem rodado durante o final de semana. E a temporada não começou nada bem para Massa, pois mesmo Alonso tendo rodado durante o Q2 e completado menos voltas, o brasileiro tomou 1s no quengo, mostrando que a diferença para o espanhol está crescendo, ao invés de diminuir.

Quem começou bem foi a McLaren, com sua dupla de pilotos marcando a dobradinha com Hamilton à frente, sendo que no ano passado isso aconteceu várias vezes e Button acabou na frente. À conferir esta madrugada. O surpreendente foi quem estava ao lado dos dois pilotos da McLaren. Enchotado pela mesma Renault (agora Lotus) no final de 2009, Romain Grosjean reestreava na F1 sobscurecido pelo retorno de Kimi Raikkonen, mas o jovem francês colocou seu carro em terceiro, enquanto Kimi amargava o vexame de ter sido o fona do Q1, fazendo companhia as habituais equipes pequenas, mesmo a Caterham (antiga Lotus) estando cada vez mais próxima das demais.

A Red Bull, que sempre andava mal na sexta-feira para dominar o resto do final de semana, pode estar armando para fazer isso só no domingo, pois o time taurino foi discreto também no sábado e ficaram em quinto e sexto, com Webber à frente de Vettel, que chegou a rodar no terceiro treino livre. Queda da Red Bull e Vettel? À conferir nesta madrugada. A Mercedes mostrou que deu mesmo um passo à frente e quem se aproveitou disso foi Schumacher, ficando à frente de Rosberg, mas essa briga promete muito ao longo do ano. O dia não foi mesmo dos brasileiros, pois Pastor Maldonado conseguiu um ótimo oitavo lugar, figurando como o melhor das equipes intermediárias no grid, enquanto Bruno Senna, que se destacava justamente nos treinos, teve que amargar um decepcionante 14º lugar. 

Desfeitas algumas dúvidas, resta-nos saber se essa cara será a F1 2012 ou foi apenas o circuito urbano e específico de Melbourne que causou tantas surpresas boas e decepções enormes. Como dito anteriormente, veremos nessa madrugada!

quinta-feira, 15 de março de 2012

Um por todos, todos contra ele!


Depois de muita informação e, principalmente, desinformação, a temporada 2012 da F1 irá iniciar-se oficialmente esta noite, com o primeiro treino livre em Melbourne. Foi um curtíssimo período de testes, onde em apenas três sessões as equipes andaram milhares de quilômetros para tentar acertar seus carros e potencializar em tempo recorde um carro que, em sua maioria, nasceu feio pacas com o bico dianteiro mais esquisito dos últimos tempos.

Todo esse treinamento por parte das equipes será para ver quem irá desbancar Sebastian Vettel e acabar precocemente com uma Era. O jovem alemão de apenas 24 anos já é bicampeão mundial e com a mesma receita demolidora de 2011, Vettel e a Red Bull são os grandes favoritos para o campeonato que começará logo mais. O novo carro de Adryan Newey não mostrou muita confiabilidade, mas para quem acompanhou os treinos de perto, dizem que o novo carro da Red Bull é muito equilibrado, tanto quanto o dominante RB7 do ano passado. No caso de outro domínio da Red Bull, resta a Mark Webber destruir os sonhos do tricampeonato de Vettel, mas o australiano é um dos pilotos mais pressionados deste ano. Com o fim do seu contrato no crepúsculo de 2012, Webber vê sua vaga disputada a tapa e terá que andar muito se quiser permanecer na Red Bull. E na própria F1.

Outro que tentará provar que merece uma vaga é Felipe Massa, mas o caso do brasileiro parece ser ainda mais complicado. Nelson Piquet sempre falou nunca mais foi o mesmo piloto após sua pancada em Ímola/87 e provavelmente, mesmo o paulista negando, isso vem acontecendo com Massa. Para dificultar, Massa estará lhe dando com um piloto do naipe de Fernando Alonso, louquinho para reconquistar o título que não vê desde o já longínquo 2006. O porém é a pretensa limitação da Ferrari, principalmente em ritmo de corrida. Stefano Domenicalli não deve estar dormindo bem com essa perspectiva de outro ano ruim na Ferrari. A McLaren foi outra que conseguiu resultados discretos na Espanha, mas também conseguiu grandes sorrisos dos seus dois pilotos, com Hamilton se coçando inteiro por ter sido derrotado por Jenson Button ano passado.

Está cada dia mais difícil para a Mercedes arranjar desculpas pelos seguidos tropeços de sua equipe desde que a montadora comprou a vitoriosa Brawn e nem Schumacher deu jeito. O hepcampeão é outro que precisa se provar frente a um motivado Nico Rosberg, que já tem um incômodo jejum de vitórias. Ou a falta delas. Quem precisa se provar são os novos pilotos da Toro Rosso, time júnior da Red Bull que tem em Helmut Marko um dirigente cruel frente aos jovens pilotos da marca. Saíram Sebastien Buemi e Jaime Alguersuari para a entrada de Daniel Ricciardo e Jean-Eric Vergne. Os dois novatos sabem muito bem o destino que terão caso decepcionem...

A Sauber e Force Índia lideraram alguns dias na pré-temporada, mas dizer que irão brigar por vitórias já seria demais, porém as duas equipes médias podem surgir fortes no meio do pelotão, principalmente com seus jovens pilotos. Porém, é a Lotus (ex-Renault) que vem forte no pelotão do meio liderado por Kimi Raikkonen, em melhor forma do que o esperado após seus anos brincando de rally. Romain Grosjean terá a tarefa inglória de superar um bom Raikkonen, enquanto a Lotus tentará se aproximar das quatro equipes grandes e se afastar das médias. Fechando as equipes intermediárias (ou não?) vem a outrora campeão Williams, cada dia que passa com um futuro sombrio em um carro praticamente sem patrocínios e com dois pay-drivers. Pastor Maldonado é muito bom em corridas e nem tanto em treinos, enquanto Bruno Senna é o contrário. Quem sabe um meio termo seria a solução da Williams, se o motor Renault der mesmo o upgrade necessário ao time. A Caterham (ex-Lotus) se mostrou muito próximo da Williams, marcando tempos consistentes na Espanha, mas o time malaio não se fugiu da crise e teve que aposentar o praticamente aposentado Jarno Trulli e trouxe Vitaly Petrov e seus rublos. Kovalainen lidera o time, enquanto HRT e Marussia não andaram com seus carros novos na pré-temporada e brigarão pela penúltima fila.

Como se viu, é difícil dizer alguma coisa após uma pré-temporada curta e sem os times principais liderando os treinos. Sempre havia uma Lotus (essa pode surpreender), Sauber ou Force Índia na frente de Red Bull, McLaren, Ferrari e Mercedes. Algo que não deverá ocorrer este ano.  

segunda-feira, 12 de março de 2012

Tragédia de Pryce

Para quem viu, não há de se impressionar. Para quem ainda não viu o acidente que matou Tom Pryce, bom prestar atenção para não se assustar com tamanha violência...

sábado, 10 de março de 2012

O piloto do F1-Fantasma


Na década de 70, a Grã-Bretanha tinha três pilotos que entraram para a história como a ‘Geração Perdida’, pois eram pilotos britânicos extremamente promissores, mas morreram de forma trágica bem próximos de atingir o ápice da carreira. Para muitos, Roger Williamson, Tony Brise e o personagem de hoje, Tom Pryce, eram bem melhores do que James Hunt, que conquistou um título mundial em 1976 e se tornou bastante popular. Tom Pryce é de longe o melhor piloto galês de todos os tempos na F1 e foi o único a vencer uma corrida, mesmo sendo ela extra-oficial. Dono de um estilo agressivo e vistoso, Pryce levou muitas vezes seu modesto carro a posições mais altas do que o verdadeiro potencial da equipe e por isso ele era visto como uma estrela em ascensão e muitos imaginavam do que seria capaz Pryce quando ele estivesse guiando um bom carro de F1. Infelizmente isso não nunca pôde acontecer por causa de um dos acidentes mais horríveis e bizarros da história da F1, acontecida há 35 anos e por isso iremos conhecer a rápida carreira de Pryce, o terceiro vértice de uma geração que deveria ter sido vitoriosa, mas não o foi pelas circunstâncias.

Thomas Maldwyn Pryce nasceu no dia 11 de junho de 1949 na cidade galesa de Ruthin, em Denbighshire. Filho de Jack Pryce, artilheiro em um bombardeiro Lancaster durante a Segunda Guerra Mundial, Tom se interessou primeiramente por aviões, tentando seguir a carreira do seu pai, mas aos dez anos de idade a vida do pequeno Thomas toma um curso diferente. Quando um padeiro próximo a sua casa lhe oferece um pequeno caminhão para guiar, Pryce decide que ao invés de ser piloto de aviões, seria piloto de corridas! Conta a lenda que Tom fez esta escolha também por não se achar inteligente o suficiente para comandar um avião. Como se correr num bólido fosse muito fácil... Sua mãe não gostou nada da decisão do seu único filho (Tom teve um irmão, mas este faleceu aos três anos) e o matriculou numa escola de mecânica de tratores quando Pryce tinha 16 anos para ele esquecer a idéia de se tornar piloto. Não funcionou. O fato foi que Pryce tinha dois ídolos em sua adolescência e os viu morrer (Jim Clark e Jochen Rindt) antes de começar sua carreira de piloto. Das duas lendas, Pryce tomou como exemplo o arrojo e a pilotagem espetacular, que lhe seria característica mais tarde. As primeiras corridas do galês ocorreram em 1970 na F-Ford Inglesa e logo de cara se tornou campeão, numa prova decidida na chuva, uma de suas especialidades. No ano seguinte Pryce subiu para a F3 pela construtora novata Royale e o galês começou a demonstrar outra característica que lhe marcaria para sempre: o de elevar o desempenho dos seus modestos carros.

Em 1972, os grandes carros da F3 eram GRD e March, mas Pryce derrotou Roger Williamson, James Hunt e Jochen Mass com esses carros em Brands Hatch de uma forma arrebatadora, chegando a gerar desconfianças dos rivais. Porém, durante o tradicional Grande Prêmio de Mônaco de F3, Tom Pryce sofreria um baque quando sofreu um acidente bizarro. Algo nada anormal na carreira do galês. Pryce tem problemas com seu carro na Praça do Cassino e ao estacionar seu Royale, ele desce do carro para averiguar o problema. Só que enquanto isso, o obscuro Peter Lamplough perde o controle do seu carro e atinge Pryce, que foi jogado em uma vitrine de loja e quebra a perna, praticamente destruindo a promissora temporada do galês. Ainda em 1972 Tom participa da F-Atlantic, uma categoria meio-termo entre F3 e F2, onde conquista três poles seguidas e uma vitória nas provas finais do campeonato. Pryce já tinha um bom nome no mercado de jovens pilotos e todos imaginavam o galês subindo rapidamente para a F2, o próximo passo natural de um jovem piloto na Europa. Primeiramente, Pryce correria pela Royale, por quem ficou fiel até quando a equipe fechou as portas no início de 1973. Mesmo com esse revés, Pryce foi contratado pela equipe Rondel Motul, de Ron Dennis, no Campeonato Europeu de F2 onde conquista um bom segundo lugar no circuito alemão de Norisring, no qual liderou a maior parte da prova, mas cedeu a posição para seu companheiro de equipe Tom Schenken no final da prova por problemas de freio.  

 Porém, não demoraria a Pryce conseguir seu objetivo de chegar a F1. Assim como Pryce, Ron Dennis tinha um objetivo de chegar à principal categoria do automobilismo mundial e não poupava esforços para isso. Ainda em 1973 foi criada a pequena equipe Token na F1, mas o time não saía do papel por falta de patrocinadores, quando Dennis assumiu o projeto em 1974 e construiu o primeiro carro da equipe. Porém, empresário sagaz, Dennis percebeu que o novo carro poderia lhe prejudicar em sua chegada a F1 e abandonou o barco bem na boca do time estrear na categoria, mas a equipe foi assumida por dois empresários ingleses, que colocou o carro na pista. Ainda pelas mãos de Dennis, Pryce fez sua estréia pela equipe em um evento não-campeonato em Silverstone, com o carro apresentando vários problemas, mas normais para uma máquina tão nova. O primeiro evento oficial de Tom seria no Grande Prêmio da Bélgica de 1974, onde largaria em 20º e abandonaria após um toque quando levava uma volta de Jody Scheckter. Para o Grande Prêmio de Mônaco, Tom Pryce tem sua inscrição negada por ser considerado inexperiente. Aos 25 anos de idade, idade de Pryce em maio de 1974, Sebastian Vettel é considerado principal favorito ao tricampeonato mundial de F1 este ano...

Contudo, Pryce faz uma corrida na tradicional prova de F3 no principado e mesmo sem correr nos pequenos carros há algum tempo, o galês consegue uma importante vitória que marcaria sua carreira. A Shadow vinha surpreendendo desde sua estréia com seus carros negros e bem feitos, mas o time americano tinha sofrido um enorme baque no início do ano com a morte de Peter Revson, principal piloto da equipe e líder natural do desenvolvimento do carro, em treinos no circuito de Kyalami. A equipe tinha um bom carro e os bons resultados de Jean-Pierre Jarier eram a prova disso, mas o time de Don Nichols precisava de um bom segundo piloto e impressionado com o bom desempenho de Pryce em Monte Carlo, o americano contrata Tom ainda no meio da temporada de 1974. Pryce estréia na sua nova equipe já na oitava etapa em Zandvoort e na corrida seguinte consegue um espetacular terceiro lugar no grid em Dijon-Prenois. Era apenas sua terceira corrida na F1 e na quinta prova, consegue seu primeiro ponto com um sexto lugar no perigoso circuito de Nürburgring. Mesmo ficando apenas em 18º lugar no Mundial de Pilotos, todos se impressionam com Tom Pryce e o galês permanece na Shadow para 1975, com uma boa expectativa para sua primeira temporada completa. Após um início claudicante, quando Pryce usou apenas uma versão do modelo do ano anterior, Tom consegue bons resultados seguidos quando recebe o carro novo. Na sua quarta corrida com o carro, Pryce vence a Corrida dos Campeões em Brands Hatch, se tornando o primeiro e único piloto do País de Gales a vencer uma corrida de F1. Em Silverstone, Tom consegue o que seria a sua única pole position e esses bons resultados acabaram consumando com o seu primeiro pódio em Zeltweg, em terceiro lugar.

A F1 se impressionava cada vez mais com o crescimento da carreira de Tom Pryce, com algumas especulações o levando a Lotus de Colin Chapman. Porém, Pryce tinha alguns senões, como seu estilo agressivo e saídas de traseira espetaculares levando seu Shadow ter um apetite voraz por pneus traseiros, muitas vezes estragando boas corridas do galês. Novamente com um carro do ano anterior, já que a Shadow começava a ter problemas de orçamento com a saída do patrocínio da UOP, Pryce consegue um verdadeiro feito ao conseguir um bom terceiro lugar em Interlagos, numa prova com vários abandonos e Tom chegando com os pneus no bagaço. Porém, o regulamento da F1 previa uma mudança significativa nos carros em 1976 e isso afetou a Shadow em cheio, permitindo a Pryce apenas dois quartos lugares no Grande Prêmio da Grã-Bretanha e da Holanda como resultado de relevo. O que ninguém sabia naquele momento, foi que os três pontos conquistados por Pryce em Zandvoort seriam seus últimos na F1.

A Shadow necessitava de dinheiro para 1977 e por isso teve que dispensar Jarier e trazer o pay-driver Renzo Zorzi, trazendo consigo bem-vindos patrocínios italianos. Pryce seria uma espécie de piloto a conseguir os resultados, enquanto Zorzi seria o piloto para assinar os cheques e pagar as contas. Mesmo em um carro que não estava ao nível do seu talento, Tom fez ótimas corridas na Argentina e, principalmente, no Brasil. Em uma prova marcada pelo asfalto ruim na curva 3, Pryce deu show em Interlagos, mas seu ritmo era tão acima do que poderia render seu Shadow, que todos no autódromo podiam ver que o carro não suportaria o ritmo alucinante do galês e o Shadow acabou quebrando já no fim da prova, quando Pryce estava num surpreendente segundo lugar. A próxima corrida seria em Kyalami e nos primeiros treinos, debaixo de muita chuva, Tom mostrava suas credenciais ao conseguir ficar em primeiro lugar, mas quando a pista secou, a Shadow mostrou suas fragilidades e Pryce teve que largar em 15º lugar. No dia 5 de março de 1977, a largada foi dada em Kyalami, mas Pryce não sai bem e cai para último. Iniciando uma espetacular recuperação, o piloto da Shadow rapidamente recuperava posições. Na volta 18, Tom já havia ultrapassado nove carros, mas a tragédia estava apenas se aproximando, num dos acidentes mais tristes e medonhos da história da F1. Tudo começou na vigésima volta, quando Zorzi tem problemas em seu Shadow bem na reta dos boxes. O italiano encosta seu carro no outro lado do pit-wall e quando se preparava para sair do seu veículo, Zorzi tem dificuldades em se livrar dos tubos de oxigênio que estavam ligados ao seu capacete e para piorar, combustível que vazava pela bomba de gasolina começava a cair no motor, iniciando um pequeno incêndio. Isso causou a atitude precipitada de dois comissários de pista, que estavam no pit-wall, no outro lado da pista. Vendo Zorzi tendo dificuldades em sair do carro e um incêndio acontecer, Bill e Jansen Van Vuuren, de 19 anos, saíram correndo pela pista com os extintores na mão. O problema era que vários carros passavam naquele momento a mais de 250 km/h! Isso não podia dar certo...

Enquanto o primeiro comissário atravessava a pista, Jacques Laffite, Gunnar Nilsson, Hans-Joachim Stuck e Tom Pryce contornavam a última curva, muito próximos uns dos outros. Van Vuuren vinha correndo logo atrás do primeiro comissário quando quase foi acertado por Stuck, mas o alemão desviou a tempo, contudo Pryce, que vinha colado no carro de Stuck, não teve a mesma sorte. Tom Pryce acertou Van Vuuren em cheio, destroçando o corpo do sul-africano e o matando na hora. Conta a lenda que o corpo do comissário ficou tão irreconhecível, que a direção de prova teve que fazer uma chamada para saber quem havia acabado de morrer. Mas a tragédia não havia acabado ainda. Se Felipe Massa quase morreu ao ser atingido por uma mola de 300g em 2009, Tom Pryce foi acertado na cabeça pelo extintor de 20 kg que Van Vuuren tinha nas mãos. O galês teve morte imediata e segundo relatos, seu capacete, arrancado pela violência do impacto, voou alto, destruindo o pára-brisa de um carro que estava no paddock. A esposa de Patrick Depailler, que viu tudo acontecendo na sua frente, ficou tão traumatizada que se separou do francês. Porém, o acidente não tinha terminado ainda. Com Pryce morto dentro do Shadow com a dianteira destruída e sem controle, o carro seguiu pela reta como um F1-fantasma, acelerando até atingir a Ligier de Jacques Laffite no final do retão. Apesar do susto, o francês não sofreu um único arranhão, porém, a cena ao lado era terrível. O carro branco da Shadow tinha uma enorme poça de sangue no cockpit, com o rosto de Tom Pryce desfigurado ainda amarrado ao carro. Ele tinha 27 anos. A terrível morte de Pryce chocou a F1 não apenas pela sua violência, mas também por todos saberem do potencial que o jovem galês tinha e pelo futuro promissor que o paddock via naquela jovem piloto que forçava seu carro ao limite. Foi uma perda inestimável para a F1 e para a Grã-Bretanha, que via, em menos de quatro anos, seu terceiro promissor piloto morrer de forma trágica. Era o último vértice que havia se iniciado com Roger Williamson, passou por Tony Brise e terminou tristemente pelo formidável Tom Pryce.