sexta-feira, 9 de março de 2012

História: 15 anos do Grande Prêmio da Austrália de 1997


Após o título de Damon Hill em 1996, a F1 iniciava a temporada de 1997 cheia de novidades, principalmente no que se refere a nova Guerra de Pneus, com a Bridgestone acabando com o monopólio da Goodyear, mas no momento nenhuma equipe grande se interessou nos pneus japoneses. Por enquanto. Michael Schumacher continuava sua campanha para fazer a Ferrari voltar aos bons tempos e em sua segunda temporada o crescimento poderia fazer o alemão pensar em vôos maiores em 97, agora tendo o irmão mais novo, Ralf, como um dos aliados, mesmo o jovem alemão de 21 anos estreando na Jordan.

A Williams seguia sua estranha tradição de demitir campeões mundiais e deixou Damon Hill ir para a Arrows e o arrojado projeto de Tom Walkinshaw para fazer de a eterna pequena equipe brigar com as grandes no futuro. Para continuar o reinado só interrompido pelo furacão Schumacher nos anos 90, a Williams tinha esperanças em Jacques Villeneuve continuar sua incrível curva ascendente de aprendizado e poder conquistar o título que lhe escapou em sua temporada de estréia. Para o lugar de Hill, chegou Heinz-Harald Frentzen, piloto alemão com fama de ter sido mais rápido do que Schumacher nas categorias de base alemãs e boas campanhas em carros medianos na F1. Com a Williams, a coisa tinha que ser diferente. A McLaren aposentava o lendário lay-out vermelho e branco da Marlboro e estreava o prata e preto da West e da Mercedes, em outro desenho muito bonito. O jovem, mas experiente Rubens Barrichello lideraria a novata Stewart, enquanto outro brasileiro, Ricardo Rosset, fazia o mesmo com a Lola, mas o time inglês, mesmo com o patrocínio da Mastercard, naufragaria logo no início da temporada e não largaria para nenhuma corrida.

A temporada começou com Jacques Villeneuve conseguindo uma esmagadora pole-position, colocando quase 2s sobre o segundo colocado, o companheiro de equipe Frentzen. Isso provava o quanto a Williams estava forte em 1997. Schumacher era o melhor do resto, com McLaren e Benetton logo atrás. Olivier Panis foi o melhor piloto no grid com pneus Bridgestone, num bom top-10.

Grid:
1)      Villeneuve (Williams) – 1:29.369
2)      Frentzen (Williams) – 1:31.123
3)      M.Schumacher (Ferrari) – 1:31.472
4)      Coulthard (McLaren) – 1:31.531
5)      Irvine (Ferrari) – 1:31.881
6)      Hakkinen (McLaren) – 1:31.971
7)      Herbert (Sauber) – 1:32.287
8)      Alesi (Benetton) – 1:32.593
9)      Panis (Prost) – 1:32.842
10)  Berger (Benetton) – 1:32.870

O dia 9 de março de 1997 estava frio e nublado em Melbourne e antes mesmo da largada, já havia um abandono. Damon Hill vinha sofrendo com a parca confiabilidade do seu Arrows desde os testes de pré-temporada e largando em 13º, o inglês encostou seu carro de número um... na volta de apresentação! Pedro Diniz abandonaria ainda nas primeiras voltas, demonstrando o quão mal estava a Arrows naquele início de campeonato. Jacques Villeneuve, que surpreendeu com suas ótimas largadas em 1996, não o fez em sua primeira prova de 1997 como favorito e perdeu várias posições. Mas o pior estava por vir. Eddie Irvine, com o carro pesado e freios frios, arriscou um demasia na primeira curva e acertou Villeneuve e o pobre Johnny Herbert, que havia feito uma ótima largada com a Sauber e já aparecia em quarto. Os três abandonaram quase que imediatamente e Irvine fazia mais uma besteira em sua carreira...

Tudo isso deixou Frentzen liderando a corrida à frente de Coulthard, Schumacher, Hakkinen, Alesi e Berger. O alemão da Williams imprimia um ritmo forte e logo todos pensaram qual a estratégia dos pilotos. O compatriota de Frentzen, Ralf Schumacher, estragou sua estréia na F1 com uma rodada ainda na segunda volta. O ritmo de Frentzen era fortíssimo e logo ficou claro que ele pararia duas vezes, mas havia uma razão para isso. A Williams projetou pastilhas de freios muito finas e com o aumento da aderência com os pneus Goodyear, os freios ficaram sobrecarregados para as freadas fortes de Melbourne e o equipamento poderia sofrer mais do que o imaginado, fazendo com que a Williams corresse o máximo possível com o carro leve. Enquanto Frentzem disparava, Coulthard se distanciava de um trenzinho liderado por Schumacher, mas não havia trocas de posição, com a corrida bem estática.

Como esperado, Frentzen fez sua parada ainda no primeiro terço de prova, mostrando que pararia duas vezes. O que o alemão não esperava era que os demais favoritos fossem parar apenas uma vez e seu ritmo não fosse o mesmo após sua parada. Coulthard aumenta seu ritmo e marca a volta mais rápida da corrida, enquanto a corrida se aproximava de sua metade e os pilotos que iriam parar uma vez se preparavam para ir aos boxes. Após a parada de Berger, a Benetton mostrou uma placa para Alesi fazer sua parada. Com problemas de rádio e colado em Frentzen, o francês acabou se esquecendo de fazer sua parada e abandonou tristemente com uma ridícula pane seca.

Quando Frentzen reassumiu a liderança, a expectativa era a sob a segunda parada do alemão. O piloto da Williams aumentou seu ritmo e chegou a abrir 19s sobre Coulthard, mas a Williams comete um tradicional erro em seu pit-stop, fazendo Frentzen perder 6s com relação a Coulthard e o alemão volta em terceiro, atrás do antigo rival Schumacher. A Ferrari fazia uma corrida discreta e ficaria ainda pior quando Schummy tem que ir aos boxes pela segunda vez. Mesmo com uma estratégia de apenas uma parada, a Ferrari tem um problema na mangueira de reabastecimento e Schumacher tem que voltar aos pits para não ter destino semelhante ao de Alesi. Isso deixou o caminho livre para Frentzen tentar se aproximar de Coulthard. Porém, a cada freada, uma nuvem de pó de fibra de carbono saía dos freios da Williams de Frentzen, flagrando um problema nos freios. Isso se mostraria fatal. Quando a corrida atingia seu clímax, com Frentzen já próximo de Coulthard, o freio do alemão simplesmente explodiu, entregando a vitória de bandeja para o escocês faltando apenas três voltas. Foi um fim no qual a Williams não esperava após dominar o final de semana, mas David Coulthard não tinha do que reclamar, conquistando uma vitória no qual a McLaren não via desde 1993, com Ayrton Senna, além da primeira vitória do motor Mercedes em mais de quarenta anos. Foi uma corrida sem ultrapassagens, mas cheia de alternativas e com um final no qual poucos esperavam. Uma corrida que mostraria bem o que seria o ano de 1997 na F1.

Chegada:
1)      Coulthard
2)      M.Schumacher
3)      Hakkinen
4)      Berger
5)      Panis
6)      Larini

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