sábado, 30 de junho de 2012

Diárreia mental

Jorge Lorenzo fazia um campeonato espetacular, conseguindo 140 pontos em 150 possíveis num certame onde tem que disputar curvas com alguém como Casey Stoner, que tem a Honda por trás e tentará de tudo para ser campeão em sua anunciada última temporada da carreira. Era um campeonato impecável para o espanhol da Yamaha, até encontrar um tresloucado Álvaro Baustista na primeira curva de Assen e ver sua temporada quase perfeita ir ao chão e seu campeonato a perigo.

A cagada mental de Bautista de um molho ao campeonato, já que Stoner capitalizou o zero ponto de Lorenzo para empatar com o espanhol e derrotar o cada vez mais derrotado Daniel Pedrosa dentro da Repsol Honda. Como sempre, Dani largou melhor e liderou a maior parte da corrida em Assen, a Catedral do motociclismo, mas sucumbiu a Stoner já na parte final da prova, levando 5s do rápido companheiro de equipe, que ontem sofreu uma forte queda e sentia dores na mão esquerda no final da prova. Não sei se é psicológico ou mental, mas a verdade é que Pedrosa nunca entregou o que dele prometia, se tornando num dos maiores cheques sem fundo da história do Mundial de Motovelocidade. Já Stoner, que foi bem menos badalado do que Pedrosa ao longo da carreira, conseguiu uma boa vitória psicológica sobre Lorenzo, já que o espanhol ficou muito abalado pela queda logo na primeira curva e como teremos duas corridas em sequencia, a forma como Lorenzo se comportará dirá muita coisa. 

A corrida foi seccionada em brigas pela terceira e quinta posições. Na luta pelo lugar mais baixo do pódio, Ben Spies sofreu outro golpe ao ser derrotado pela Yamaha satélite de Andrea Doviziozo na última volta. O italiano quer a vaga do americano, que não vem apresentando os bons resultados de outras temporadas e dificilmente ficará na Yamaha oficial em 2013. E falando na próxima temporada, a paciência de Valentino Rossi com a desequilibrada Ducati parece ter acabado e ele tentará um lugar numa equipe japonesa ano que vem, sendo que a Honda oficial parece ser o caminho, já que a Honda também perdeu a paciência com Pedrosa e a Repsol já estaria satisfeita com Marc Márquez no time oficial em 2013. Hoje a prova de Rossi beirou o ridículo, com o italiano fazendo um inesperado pit-stop para trocar o pneu traseiro por desgaste, quando era o último entre as motos oficiais. 

Mas como ainda estamos em 2012, a briga será novamente entre Lorenzo e Stoner, com o australiano ganhando um presente dado pela asneira de Baustista.

sexta-feira, 29 de junho de 2012

História: 15 anos do Grande Prêmio da França de 1997

A conturbada corrida em Montreal havia deixado marcas para a prova seguinte em Magny-Cours, na França. Aliando os ótimos resultados de Olivier Panis e o comando do ídolo Alain Prost na equipe que passava a levar o nome do tetracampeão, os franceses tinham muito com que vibrar em seu GP local depois de anos até o forte acidente de Panis no Canadá acabar com as chances dos gauleses verem um compatriota seu vencer, literalmente, no quinta de casa, até por que a fábrica da antiga Ligier ficava próximo a curva 1 de Magny-Cours e Panis, em ótima fase, seria um dos favoritos a vitória na França se não fosse o acidente. Sem nenhum piloto francês à disposição, Prost tirou Jarno Trulli da Minardi, que o substituiu pelo brasileiro Tarso Marques, enquanto a Sauber trazia o mediado Norberto Fontana para o lugar de Gianni Morbidelli, machucado em um teste privado. Fontana tinha bom apoio de patrocinadores do seu país e só por isso ele alinharia com a Sauber, pois seu desempenho como piloto de testes deixava muito a desejar.

O norte europeu estava chuvoso naqueles primeiros dias de verão e a sexta-feira foi debaixo de chuva, onde os usuários da Bridgestone mostraram muita força, com Rubens Barrichello, da Stewart, ficando em primeiro. Porém, o sábado estava quente e claro, fazendo com que a ordem voltasse ao normal e os usuários da Goodyear - das equipes principais - voltassem ao primeiro plano. Schumacher dominou a classificação, algo que ainda não havia feito desde que estreara pela Ferrari em 1996, e ficou com a pole, deixando para trás a Williams, que esteve cambaleante o final de semana inteiro, principalmente Villeneuve, que sofreu um acidente no sábado pela manhã e teve muito trabalho para se classificar em quarto.

Grid:
1) M.Schumacher(Ferrari) - 1:14.548
2) Frentzen(Williams) - 1:14.749
3) R.Schumacher(Jordan) - 1:14.755
4) Villeneuve(Williams) - 1:14.800
5) Irvine(Ferrari) - 1:14.860
6) Trulli(Prost) - 1:14.957
7) Wurz(Benetton) - 1:14.986
8) Alesi(Benetton) - 1:15.228
9) Coulthard(McLaren) - 1:15.270
10) Hakkinen(McLaren) - 1:15.339

O dia 29 de junho de 1997 havia amanhecido chuvoso em Magny-Cours, mas o warm-up havia acontecido com pista praticamente seca no seu final, com a Ferrari continuando com seu domínio, porém, nuvens ameaçadoras pairavam sobre o circuito francês quando a hora da largada se aproximou. Por isso, houve quem apostasse em estratégias diferentes, como foi o caso de Villeneuve, apostando em um set-up para pista molhada. Ele se arrependeria amargamente durante a corrida, com um carro desequilibrado o tempo inteiro. Quando as luzes vermelhas apareceram, a dupla da primeira fila largou bem e Schumacher se manteve na ponta à frente de Frentzen. Já o pessoal da segunda fila não fez o mesmo e foram ultrapassados por Irvine, em seu melhor final de semana em muito tempo pela Ferrari.

Schumacher fazia uma corrida magistral com sua Ferrari, abrindo vantagem sobre Frentzen, que por sua vez não era ameaçado pela segunda Ferrari de Irvine. O alemão da Ferrari abria 1s por volta sobre o compatriota da Williams, enquanto Villeneuve pressionava Irvine, que fazia o irlandês encostar em Frentzen, mas como Magny-Cours não era muito favorável a ultrapassagens, os três pilotos andavam em trenzinho, mas sem ameaçar o rival à frente, enquanto Ralf Schumacher não repetia a ótima exibição do sábado e claramente segurava as duas McLarens. As primeiras paradas ocorreram sem nenhum problema e os quatro primeiros colocados, ambos com Ferrari e Williams, permaneceram nas mesmas posições, o que denotava uma corrida chata. Porém, a esperança de momentos melhores viam do céu. Nuvens escuras circundavam o circuito de Magny-Cours na medida em que o segundo round de paradas se aproximava. Schumacher já tinha 22s de vantagem sobre Frentzen quando as primeiras gotas começaram a cair em Magny-Cours, deixando a corrida, monótona até o momento, emocionante para saber quem pararia e quais pneus utilizaria.

Irvine fez sua parada e colocou pneus slicks, mas para azar do irlandês, logo depois a chuva aumentou de intensidade, porém, quando foi a vez de Schumacher, o alemão resolveu escolher também os pneus slicks! Além de um piloto excepcional, Schummy percebeu que a chuva seria pouca e mesmo com a pista escorregadia, preferiu arriscar os pneus para piso seco, o que fizeram o restante dos pilotos fazerem o mesmo, menos Trulli, que botou intermediários. E se arrependeria por isso! A chuva não veio da intensidade esperada do italiano da Prost e seus pneus se desgastaram rapidamente. Contudo, quando faltavam exatamente dez voltas, uma pancada de chuva se abateu em Magny-Cours e vários pilotos foram aos boxes, menos Schumacher e Frentzen, que permaneceram na pista com pneus slicks, mesmo com a pista claramente molhada. Foi um show de pilotagem de ambos, que lhe garantiram uma incrível dobradinha alemã. Mais atrás, uma confusão generalizada de pilotos entrando e saindo dos boxes bagunçou a ordem da corrida, fazendo dessas dez voltas muito mais emocionantes do que as demais sessenta! Villeneuve foi aos boxes e caiu para sexto, pressionando Ralf Schumacher e Coulthard, que resolveram arriscar com pneus slicks. O canadense da Williams ultrapassou ambos de forma agressiva e ainda teve tempo de atacar Irvine nas últimas curvas, mas Villeneuve acabaria rodando e quase perdendo o quarto lugar para Alesi, que uma volta antes tinha colocado Coulthard para fora da pista numa manobra polêmica. Porém, o grande personagem do dia foi Michael Schumacher, que venceu de forma espetacular em Magny-Cours, fazendo um hat-trick empolgante e aumentava sua vantagem no campeonato.

Chegada:
1) M.Schumacher
2) Frentzen
3) Irvine
4) Villeneuve
5) Alesi
6) R.Schumacher

terça-feira, 26 de junho de 2012

Que pena...

É a primeira vez que falarei de motocross aqui no blog, mesmo gostando bastante do esporte e acompanhar com interesse os campeonatos americano e mundial, mas infelizmente falarei de um tema triste, pois hoje morreu o catarinense João Paulino, mais conhecido como Marronzinho, vítima de um acidente enquanto treinava em sua Florianópolis natal. Campeão brasileiro algumas vezes, Marronzinho era um ícone do motocross nacional na década passada. Mesmo sem grandes chances de atuar em palcos maiores, Marronzinho era ídolo e todos temos a lamentar no dia de hoje.

Fez história

Quando foi demitido da Renault e estourou o escândalo em Cingapura/08 em meados de 2009, Nelsinho Piquet estava definitivamente banido do automobilismo europeu, mesmo não tendo nenhuma punição oficial. Sem espaço no Velho Continente, Piquet cruzou o Atlântico, mas ao contrário do normal, que seria a Indy, Nelsinho preferiu arriscar na Nascar, categoria notoriamente fechada e que nenhum estrangeiro fez sucesso. Neste sábado, correndo no belo e mítico circuito de Elkhart Lake, Nelsinho conseguiu a primeira vitória brasileira na Nascar, mesmo sendo na Nationwide Series, a Série B da Nascar, mas tão forte que chega a ser mais popular que a Indy. Mesmo correndo num circuito misto, pista em que os ianques não são muito chegados, Piquet entrou para a história do automobilismo brasileiro e pode refazer sua promissora carreira desbravando a difícil trajetória da Nascar.

segunda-feira, 25 de junho de 2012

Figura(EUR): Fernando Alonso

Simplesmente monumental! Fernando Alonso fez uma corrida para entrar na história não apenas de sua carreira, como da F1 na Espanha. Se antes do aparecimento de Alonso a F1 era tratado com certo desdém pela Espanha, a Alonsomania fez com que o país ibérico não apenas torcesse, como também se envolvesse com a F1. Porém, nem o mais ferrenho torcedor de Alonso estava otimista após o décimo primeiro lugar do piloto da Ferrari no sábado. Nem o próprio piloto estava confiante, quando disse que esperava apenas diminuir os prejuízos. Porém, Fernando Alonso esteve iluminado neste domingo. Primeiramente ganhou três posições na largada e numa atitude agressiva, ultrapassou a Force India de Nico Hülkenberg. Numa estratégia esperta dele e da Ferrari, Alonso retornou à pista na frente de Kobayashi e Raikkonen, mas com um trânsito incríve na sua frente. Não é segredo que a Ferrari não tem o melhor carro do grid e que Valencia nunca se mostrou um circuito de se passar, mas Alonso não se fez de rogado e fez belíssimas ultrapassagens em cima de Webber e Schumacher praticamente em voltas seguidas. Como todo campeão, Alonso teve sorte algumas vezes. Primeiro, quando Lewis Hamilton sofreu outro problema durante um pit-stop e cedeu sua posição à Alonso. Quando já estava em terceiro, Alonso efetuou uma ótima ultrapassagem sobre Grosjean na mesma volta quando o dominante Vettel abandonava com o seu Red Bull quebrado. A sorte apareceu pela terceira vez com a quebra de Grosjean e uma vitória histórica, não apenas como foi, como também pelo momento de seu país. Alonso parou seu carro na frente da arquibancada, mostrou a bandeira da Espanha e chorou muito no pódio. A Espanha passa por uma crise sem precedentes e a vitória de Alonso fez que o sofrido povo espanhol tenha algum motivo para sorrir. Dezenove anos atrás, Ayrton Senna venceu um épico Grande Prêmio do Brasil e fez seu povo em crise sorrir. Como Alonso agora!

Figurão(EUR): Kamui Kobayashi

Aqui no Brasil, resolveram chamar Kamui Kobayashi de mito. O motivo, eu não sei ao certo, mas esta mitologia está virando mais folclore do que algo excepcional sobre o desempenho do nipônico. Desde a chegada de Sérgio Pérez a Sauber em 2011, o japonês vem sendo obscurecido pelo jovem mexicano e se é muito rápido, talvez até mais do que Pérez, Koba também é muito mais ineficiente em comparação ao companheiro de equipe. Isso se reflete na tabela de pontos, quando está vários pontos atrás de Pérez, que já subiu ao pódio duas vezes em 2012. No sábado do Grande Prêmio da Europa Kobayashi mostrou sua velocidade ao conseguir um ótimo sétimo lugar no grid e o japonês começou muito bem a prova em Valencia, subindo para quarto. Porém, o domingo nos reservou a ineficiência de Koba. Numa ultrapassagem para lá de otimista, Kamui tentou passar Bruno Senna por uma brecha mínima e o resultado foi o muro e a corrida estragada. Retornando à prova lá atrás, o piloto da Sauber ainda teve tempo de atingir o outro brasileiro, Felipe Massa, e destruir definitivamente sua corrida, abandonando a prova, enquanto Pérez, que largou oito posições atrás de Kobayashi, chegou na zona de pontos e abriu ainda mais sobre o piloto oriental no campeonato. Sem bons resultados para mostrar e se mostrando cada vez mais propenso a sofrer acidentes, Kobayashi corre o risco de ser lembrado pelo também mitológico (e atrapalhado) Satoru Nakajima.

domingo, 24 de junho de 2012

Meninos, eu vi


Hoje tive a sensação de ter presenciado uma dos grandes momentos da história da F1 numa corrida de tirar o fôlego do começo ao fim. De grandes pilotos que serão lembrados para sempre como gênios da velocidade se espremendo na difícil e bonita pista de Valencia. Pista essa, que até o ano passado só tinha tido corridas chatas, mas que esse histórico 2012 vem para reverter toda a lógica. Inclusive, fazendo um normalmente frio Fernando Alonso comemorar como nunca vitória improvável em sua casa, após uma corrida monumental do espanhol, saindo da décima primeira posição rumo a um triunfo consagrador e ajudando seu país em crise dar um sorriso frente às dificuldades diárias. Foi uma corrida magnífica, decidida na pista, com homens lutando a todo o momento em manter seu espaço num dia em que a F1 lembrará por muitos anos.

Não deixou de ser surpreendente a prova em Valencia ter sido tão boa. O histórico não ajudava a prever uma corrida tão cheia de reviravoltas e ultrapassagens como a de hoje. Sebastian Vettel parecia que ganharia pela terceira vez seguida vindo da pole, mas um problema em seu carro abriu as portas para Fernando Alonso comprovar que está mesmo na história da F1. Assim como Jenson Button ano passado em Montreal, Alonso mostrou hoje uma das melhores apresentações individuais da história da F1 com um começo de corrida arrebatador, com uma ótima largada e várias ultrapassagens. Alonso também soube usar a estratégia, a mesma que o atrapalhou tanto no Canadá, para ganhar posições e aparecer em terceiro lugar na entrada do safety-car. Na relargada, ultrapassou com vigor um grande Romain Grosjean e se foi ajudado pela quebra do dominante Vettel, Fernando controlou a corrida a partir de então com a maestria do grande campeão que é. As imagens após a bandeirada emocionaram a todos, pois apesar de todos os seus defeitos, a F1 ainda é capaz de emocionar a todo um povo sofrido com uma crise histórica e Alonso fez questão de mostrar que vitórias como essas são capazes de alegrar até o mais triste coração. Para melhorar, Alonso pode ter dado um passo enorme rumo ao título. Após a corrida no Canadá, o campeonato se afunilava para uma disputa entre Hamilton, Alonso e Vettel, com o primeiro na liderança. Porém, com o abandono dos seus dois maiores rivais, Alonso agora tem uma folga de vinte pontos para o seu mais próximo perseguidor, Mark Webber. O tricampeonato agora é mais que possível! Felipe Massa vinha mais ou menos na balada de Alonso, mas como ocorria nos tempos da relação conturbada Schumacher-Barrichello, todos os problemas caíram na cabeça do brasileiro e um toque em Kobayashi pôs tudo a perder para o ferrarista. Massa teve que engolir ter que tomar uma volta de Alonso mais uma vez, mas desta vez, foram as circunstâncias que fizeram outro mal resultado de Massa.

Como Alonso acabou com a sequencia histórica de pilotos diferentes vencendo nas primeiras corridas no campeonato, talvez a Lotus tenha menos pressão, mas ainda assim os carros auri-negros são os favoritos para tirar o cabaço (como se diz aqui no Ceará) e vencer pela primeira vez no ano. Favoritos a fazê-lo em Valencia, a Lotus bateu na trave novamente com Kimi Raikkonen tendo outra grande exibição e chegando em segundo, mas o grande piloto da Lotus hoje foi Romain Grosjean. Apesar da Globo secar demais o francês, em nenhum momento Grosjean errou e parecia capaz de estragar a festa dos espanhóis e vencer a corrida nas ruas valencianas. Grosjean largou bem e ultrapassou de forma firme Maldonado na primeira curva, passando a perseguir Hamilton até passa-lo quando já tinha uma enorme desvantagem para o líder Vettel. Com o safety-car, Grosjean pode encostar no líder Vettel e até ataca-lo, mas o francês acabou ultrapassado por Alonso, mas nunca saiu de perto do espanhol e com as lembranças ainda vivas de como economizou pneus em Montreal, a previsão era de um ataque nas voltas finais, mas infelizmente esse ataque não veio por uma quebra mecânica da Lotus de Romain. Porém, Raikkonen diminuiu um pouco a frustração com outra pilotagem segura e sem grandes arroubos de talento, mas com muita eficácia. O finlandês estava claramente atrás de Grosjean a corrida todo, mas quando o companheiro abandonou, soube atacar Hamilton quando este ficou sem pneus e chegou novamente em segundo lugar, levando a Lotus a encostar na McLaren no segundo lugar no Mundial de Construtores. Ainda falta um final de semana em que tudo se encaixe para a Lotus vencer e este momento ainda deverá acontecer este ano.

Outro momento histórico da corrida de hoje foi o primeiro pódio de Michael Schumacher em sua volta à F1. O alemão largou ao lado de Alonso hoje, mas não teve a mesma volúpia do piloto da Ferrari, mas soube utilizar a estratégia que tanto o ajudou a vencer títulos com a Ferrari para ser o piloto mais rápido no final e fazer várias ultrapassagens para garantir um terceiro lugar emocionante. Está claro que Schummy não tem mais o mesmo vigor do seu auge na F1 e que a aposentadoria definitiva está próxima, mas o alemão mostrou que ainda pode vislumbrar os bons tempos. Nico Rosberg mal apareceu na TV e mesmo com uma estratégia parecida com a de Schumcher, o alemão não teve a mesma gana do companheiro de equipe na hora de ultrapassar e por isso ficou para trás. Largando em 19º, marcar pontos era um objetivo até difícil para Mark Webber, mas o australiano fez muito mais e por muito pouco não beliscou um pódio, mas o que ele fez não deixou de ser um ótimo resultado. Na verdade, Webber só não ultrapassou Schumacher na volta final por causa da bandeira amarela provocada pelo incidente entre Hamilton e Maldonado na volta anterior, que lhe garantiu mais duas posições, mas o impediu de ganhar outra. Porém, Webber marcou pontos suficientes para pular ao segundo lugar do campeonato, mesmo estando vinte pontos e não ter repetido, ainda, o brilhantismo de 2010. Vettel era o virtual vencedor da corrida quando abandonou tristemente pouco após a saída do safety-car. O alemão chegou a estar 20s na frente do segundo colocado Grosjean e com dois campeonatos nas costas, a chance de segurar Alonso era grande mesmo correndo na casa do adversário, mas o carro da Red Bull, que tinha se mostrado tão confiável ano passado, deixou a equipe na mão como fez algumas vezes em 2010, irritando Vettel e fazendo Adryan Newey botar as mãos na cabeça. 

As voltas finais teve um Lewis Hamilton perdendo ritmo de forma abrupta, provavelmente por causa dos pneus e isso fez com que Maldonado encostasse no inglês e um polêmico incidente acontecesse. Porém, novamente a McLaren errou num pit-stop de Hamilton, fazendo o inglês sair de sua segunda parada atrás de Alonso. Num momento de renovação de contrato, isso poderá pesar. Hamilton zerou pela primeira vez no ano e a forma como ficou após bater no muro mostrou não apenas a frustração pela batida, como também a chance do bicampeonato estar indo embora lentamente mais uma vez. Button pontuou novamente, o que não deixa de ser uma evolução, mas o inglês esteve longe de brilhar e mais uma vez ficou devendo! Maldonado fazia uma corrida correta até o incidente com Hamilton, que poderá acabar lhe valendo uma punição por tempo. O venezuelano levou várias ultrapassagens de forma até consciente, pois sabia que lutar demais poderia mais prejudicar do que ajuda-lo, mas a forma como bateu em Hamilton acabou estragando não apenas a obtenção de bons pontos, como poderá acabar por puni-lo mais uma vez, que acabou vitimando Bruno Senna, a meu ver, injustamente, em outro arroubo de Kobayashi. O brasileiro vinha fazendo uma prova segura, no mesmo ritmo de Schumacher e Webber, sendo que estava à frente de ambos, e provavelmente pontuaria de forma consistente até encontrar Koba pela frente e ser punido, destruindo sua boa corrida. A Force India foi consistente ao extremo e marcou bons pontos com seus dois pilotos, sendo que Hulkenberg passou a prova praticamente inteira na frente de Paul de Resta, quando o normal era o contrário. A entrada do safety-car pode ter estragado a estratégia do escocês, que provavelmente pararia uma vez menos.

Essa história de mito para Kamui Kobayashi está se tornando mais folclórico do que sério. Que o japonês da Sauber é rápido e agressivo, ninguém duvida, mas a realidade é que ele está sendo amplamente superado por Sérgio Pérez, que é tão rápido e muito mais eficiente, e seus acidentes fazem nos lembrar do também folclórico e simpático Satoru Nakajima. Pérez marcou pontos mais uma vez, mesmo largando lá atrás, enquanto Kobayashi abandonou após tantas pancadas nos brasileiros. A Toro Rosso fez outra corrida para esquecer e mesmo Daniel Ricciardo chegando a ficar em quarto devido a estratégia diferente de pneus na relargada da corrida, o time estava mesmo brigando com a Caterham, mostrando a involução da equipe. Por sinal, Verge fez outra corrida terrível e trouxe a entrada do safety-car ao provocar um acidente bobo com Kovalainen. A Caterham teve uma prova atribulada, mas chegou a ver Petrov em décimo por algumas voltas, até o russo se achar mais tarde com Ricciardo, em outra briga Caterham x Toro Rosso. O time verde já está no mesmo ritmo da filial da Red Bull, o que já é motivo para comemorar. A Marussia teve apenas Charles Pic para enfrentar a ascendente HRT na luta para se livrar da última posição e o francês acabou conseguindo superar os carros espanhóis, mesmo com dificuldades. Glock, coitado, não correu por uma vulgar caganeira!

Valencia hoje viveu momentos de Interlagos em 1993, quando o povo levantou nos braços Ayrton Senna após uma vitória improvável. Hoje, Alonso fez isso e ainda se garantiu como favorito ao título numa campanha marcada pelo talento, inteligência e oportunismo do espanhol, que vem cavando seu nome na história da F1. Para quem duvidava que estamos vendo uma melhores temporada da história da F1, hoje pode ter sido uma resposta, mesmo com Alonso disparando no campeonato. Hoje vimos brigas de altíssimo nível. Valencia nos mostrou uma corrida histórica e poderemos dizer mais tarde, daqui a alguns anos, que vimos um Alonso iluminado, um Raikkonen soberbo, um Schumacher agressivo, um Webber admirável, um Vettel dominante...

sábado, 23 de junho de 2012

Só os pneus?

Antes de falar de mais uma pole devastadora de Sebastian Vettel, desempatando com Nigel Mansell em número de poles na história, é bom retratar o que foi o Q2 do Grande Prêmio da Europa, em Valencia. Foi um marco. Num circuito longo, com o tempo de volta em torno 1:40s, os treze primeiros colocados estarem separados por meros três décimos de segundo mostra o quão boa está a F1 atual. Galvão disse que fazia tempo que isso acontecia. Engano. Isso nunca havia acontecido! O equilíbrio conseguido pela F1 atual é tudo que muita gente queria há anos e estamos acompanhando em in-loco com pilotos de altíssimo nível. Não vejo influência de pneus ou medidas de restrição apenas o motivo de tanto equilíbrio. São ótimos pilotos e equipes fortes lutando por aquele décimo que hoje está fazendo uma enorme diferença. No Brasil vejo um preconceito enorme sobre essa F1 atual e vejo isso unicamente por que, ao contrário dos anos 80, dito e cantado como o auge da F1, não termos nenhum piloto tupiniquim protagonizando a categoria. Se houvesse alguém verde-e-amarelo lutando pela ponta no meio das feras atuais, ah, a F1 era espetacular...

Voltando aos treinos, Vettel destoou dos demais no Q3 e seus três décimos colocados em cima de Hamilton aplacou a tristeza da Red Bull em ver Mark Webber marcando o mico do dia ao ficar no Q1 por problemas na asa móvel. O australiano estava inconsolável. E falando em Red Bull, mas na filial, a batata de Jean-Eric Vergne na Toro Rosso está cada vez mais queimando. A paciência de Helmut Marko, consultor da marca, não é das maiores com os jovens pilotos e o francês ficou, pela segunda corrida consecutiva, atrás de um carro de Caterham. Muito mal para os altos padrões de Marko. Hamilton completa a primeira fila num final de semana em que a McLaren não apareceu muito e quando parecia que Button largaria mais à frente, o inglês vacilou na sua volta final do Q3. A Ferrari ficou de fora do Q3 de forma surpreendente, mas com a pequena diferença que houve no Q2, isso foi um mero detalhe, mas esse detalhe põe os dois carros italianos fora dos dez primeiros e provavelmente brigando por poucos pontos amanhã. Isso tudo proporcionou a Pastor Maldonado renascer após maus momentos depois de sua vitória em Barcelona e a Force India, muito bem em Valencia.

O histórico da pista de Valencia não traz boas lembranças de corridas inesquecíveis. Massa em 2008 e Vettel nos dois anos anteriores venceram sem maiores preocupações após largarem da pole e o alemão da Red Bull já é favorito destacado para amanhã, onde a expectativa é de uma corrida quente.

segunda-feira, 18 de junho de 2012

O voo de Davidson

Le Mans parece ser palco de grande voos. Treze anos atrás, o jovem Mark Webber sofreu dois acidentes em que seu Mercedes saiu voando do nada, fazendo o australiano jurar nunca mais correr num carro da marca de três pontas e voltar aos monopostos. Durante a corrida em 1999, foi a vez de Peter Dumbreck alçar voo com a Flecha Prateada e o vexame foi tamanho, que a Mercedes abandonou o Endurance naquele mesmo instante. Nesse domingo, numa corrida dominada (oh, novidade!) pela Audi, Anthony Davidson provocou o grande susto do ano ao bater numa Ferrari GT com seu Toyota e dar duas piruetas no ar. O inglês machucou as costas pelo impacto no chão, mas estava bem pela imagem da pancada.

domingo, 17 de junho de 2012

Ago


Para muitos, ele é o maior piloto a competir no Mundial de Motovelocidade. Para quem viu, tem certeza. Se Valentino Rossi está para Michael Schumacher na F1, Giacomo Agostini está para Juan Manuel Fangio! Este talentoso e estilista italiano dominou o mundo da motovelocidade nos anos mais mortíferos do Mundial, se tornando um símbolo durante os dezessete anos de sua longa carreira. Após um início de carreira auspicioso, Agostini venceu vários títulos por MV Agusta e Yamaha, se tornando o maioral entre todos os números do Mundial de Motovelocidade nas duas principais categorias (350cc e 500cc). Galã e carismático, Agostini nunca sofreu um sério acidente em sua longa carreira e após uma tentativa frustrada no automobilismo, se tornou um vitorioso chefe de equipe no Mundial de Motovelocidade, seu verdadeiro lar.  Completando 70 anos hoje, vamos ver um pouco da carreira do maior vencedor da história da motovelocidade.

Giacomo Agostino nasceu no dia 16 de junho de 1942 na cidade de Brescia, na Lombardia, mas foi criado em Lovere, próximo a Bérgamo. Filho de um rico industrial italiano, o pequeno Giacomo sempre teve tudo do bom e do melhor, mesmo vivendo nos difíceis tempos do pós-guerra. Quando tinha nove anos de idade, seu pai lhe deu uma pequena moto de 50cc e o que parecia ser uma pequena brincadeira para seu bambino, logo se tornou uma paixão arrebatadora. Quando era adolescente, Giacomo vivia em cima de uma moto, mas seu pai queria vê-lo engenheiro. Porém, o jovem Agostini queria se tornar piloto, mas como ainda era menor de idade, ele necessitava da assinatura do seu pai para se inscrever nas corridas. Sem apoio do pai e da família, Agostini foi a um cartório para se inscrever numa corrida de ciclismo, quando na verdade era uma corrida de moto. O que Giacomo não contava era que o dono do cartório não apenas conhecia seu pai, como sabia da existência dessa corrida e acabou com a farsa. E ajudou a mudar a história do esporte a motor. Comovido pela tenacidade do aspirante a piloto de correr escondido dos pais, o dono do cartório falou com o pai de Giacomo e o convenceu a assinar o documento que permitiria Agostini correr. Assim começava a lenda!

As primeiras corridas de Giacomo Agostini foi em corridas em subida de montanha, muito populares na Europa. A primeira vitória de Agostini foi no autódromo de Saluta em 1961 e agora com apoio da família, que estava em peso presente no circuito italiano. No ano seguinte, Agostini se torna Campeão Italiano de Subida de Montanha. Em 1964, Giacomo se torna piloto oficial da montadora italiana Morini, se tornando Campeão Italiano das 250cc. Giacomo participa de suas primeiras provas do Mundial ainda pela Morini em 1964, na categoria 250cc e o italiano chega impressionando ao conquistar um ótimo quarto lugar no temido circuito de Nürburgring. O início fulminante de Agostini chama a atenção do dono da equipe mais forte do Mundial, o Conde Domenico Agusta, chefe da MV Agusta. O time italiano vinha sendo constantemente campeão na categoria 500cc com o inglês Mike Hailwood, a maior estrela da motovelocidade de então. Agostini é contratado pela MV Agusta em 1965 e participaria das categorias 350cc e 500cc, as mais fortes do Mundial. Mesmo muito jovem e com pouca experiência em pistas fora da Itália, Agostini começa impressionando ao vencer sua primeira corrida nas 350cc em Nürburgring, mas perderia o título da categoria para o piloto da Honda Jim Redman, mas o vice-campeonato não deixava de ser impressionante, assim como o vice nas 500cc, ficando atrás apenas de Hailwood, que dominou o campeonato com oito vitórias, enquanto Agostini ficou com outras duas. Foi uma verdadeira dominação da MV Agusta, mas as coisas não estavam as mil maravilhas na equipe italiana. Hailwood não tinha nada contra Agostini e o ajudou em certos momentos, mas o inglês não se dava muito bem com o Conde Agusta e logo percebeu que Giacomo passou a ser o queridinho do dono da equipe, assinando com contrato milionário com a Honda a partir de 1966. Isso deixava Giacomo Agostini, apenas em sua segunda temporada no Mundial de Motovelocidade, como piloto número um da principal equipe das 500cc.

A ida de Hailwood para a Honda também marcou o início da grande rivalidade da motovelocidade nos anos 60. Agora em times diferentes, Hailwood e Agostini disputaram o título das 500cc de 1966 palmo a palmo. Com duas vitórias contra três de Hailwood, Agostini vinha se mantendo na briga na base da consistência, mas com uma vitória em Monza, Giacomo venceria seu primeiro título no Mundial das 500cc, enquanto ficava novamente com o vice nas 350cc, levando o troco de Hailwood. Em 1967, a briga entre Hailwood e Agostini chega ao auge, com ambos os pilotos vencendo cinco corridas cada e empatados em pontos, mas com Agostini levando a melhor nos critérios de desempate. Na Ilha de Man, Giacomo vence pela primeira vez em 1967 nas 350cc, conhecida como corrida Junior, enquanto nas 500cc, a chamada Senior, Hailwood derrota Agostini de forma dramática, fazendo o italiano chorar no final da prova. Porém, Giacomo Agostini venceria a tradicional prova inglesa doze vezes, se tornando um dos maiores vencedores do TT inglês, mas de forma análoga, Agostini ajudaria a tirar a perigosa corrida do calendário do Mundial ao se recusar a correr em 1972 após a morte do seu amigo e pupilo Gilberto Parlotti, já como estrela maior do Mundial. Anos mais tarde, a Ilha de Man sairia do calendário do Mundial e Hailwood venceria mais duas vezes, desempatando com Agostini e se tornando o maior vencedor na Ilha de Man. Porém, a rivalidade entre Agostini e Hailwood, tido como uma das maiores da história do Mundial de Motovelocidade teria um final abrupto no final de 1967, quando a Honda resolveu abandonar o Mundial de forma temporária. A Honda respeitava tanto Mike Hailwood, que simplesmente deixou o inglês em casa, ganhando o maior salário do mundo da motovelocidade, apenas para não vê-lo ser contratado por outra montadora no caso de uma volta da Honda. O problema foi que a Honda só retornou ao Mundial em 1983 e isso fez com que Hailwood nunca mais participasse do Mundial e deixou Agostini reinando sozinho por alguns anos. Entre 1968 e 1972, ninguém foi capaz de superar o duo Giacomo Agostini/MV Agusta. Foram dez títulos em cinco anos nas 350cc e 500cc. Em 1968, 1970 e 1971 nas duas categorias mais fortes do Mundial, Agostini não soube o que era uma derrota, vencendo todas as corridas do calendário. Seu aproveitamento chegava às raias do absurdo, com 94% de vitórias em 88 corridas no período nas duas categorias. Porém, havia quem criticasse que Giacomo Agostini corria praticamente sozinho, pois além de não ter nenhum piloto à sua altura, Ago tinha à disposição a melhor moto do plantel, pois apenas a MV Agusta era representada oficialmente nas 350cc e 500cc. Não era incomum Agostini vencer com vantagem de uma volta sobre o segundo colocado, que utilizava quase sempre motos privadas. Contudo, não faltaram exibições de gala, como em Nürburgring em 1970, quando um nevoeiro baixou no circuito e, segundo a lenda, mal se conseguia enxergar o piloto ao lado no grid, mas Agostini venceu a prova com três minutos de vantagem sobre o segundo colocado.

Contudo, a vida para Agostini iria endurecer bastante a partir de 1973 com a chegada de dois grandes pilotos, que também se tornariam lendas do motociclismo, mesmo tendo destinos tão diferentes. Jarno Saarinen chegou ao Mundial de Motovelocidade em 1971 com uma Yamaha privada e preparada por ele mesmo. Com um estilo inovador e agressivo o finlandês venceu o título das 250cc em 1972, sendo derrotado por pouco por Agostini nas 350cc. Isso animou a Yamaha a entrar no Mundial das 500cc de forma oficial tendo Saarinen como primeiro piloto e o finlandês chegou a vencer duas corridas antes de morrer tragicamente em Monza, na prova das 350cc do Mundial. Saarinen era o grande favorito daquela temporada, mesmo tendo Agostini e Phil Read como adversários. Read era um piloto controvertido, ficando conhecido por ter desobedecido a Yamaha em 1967 na briga pelo título com Bill Ivy nas 125cc, seu companheiro de equipe. Read passou a ser marginalizado pelos demais pilotos e equipes e após esse episódio, passou a correr em motos privadas. Em 1972 ele resolveu participar das 500cc e bravateou que era capaz de derrotar Agostini se tivesse a mesma moto do italiano. Numa corrida, Read chegou a andar na frente de Agostini com uma moto nitidamente inferior e isso chamou a atenção de Conde Agusta, que resolve contratar Read como companheiro de equipe de Agostini em 1973. Read era do tipo irascível e começou a ter problemas de relacionamento com Agostini, que até então era o rei da equipe. Para piorar, Giacomo tem um péssimo início de temporada, não marcando pontos nas seis primeiras provas, enquanto Read, após a morte de Saarinen, venceu várias corridas e liderava o campeonato com folga. Agostini ainda se recuperaria e venceria três provas, mas na penúltima etapa do campeonato, na Suécia, é obrigado a ceder a vitória a Read, para que o inglês se tornasse campeão. Giacomo ficou extremamente irritado com a atitude de sua equipe, que tantas glórias haviam conquistado juntos. Nem mesmo o título das 350cc, derrotando o finlandês Teuvo Lansivuori da Yamaha, fez com que Agostini ficasse menos triste. Além disso, a convivência com Read havia se tornado impossível e no dia 4 de dezembro de 1973, Giacomo Agostini anuncia que sairia da MV Agusta depois nove anos e se transferiria para a Yamaha por um salário milionário.

A primeira corrida de Agostini na Yamaha seria na famosa Daytona 200 em março de 1974, uma prova muito conhecida nos Estados Unidos, mas não muito conhecida no resto do mundo. Ago utilizaria uma grande moto de 750cc e enfrentaria os grandes pilotos americanos, em especial o piloto da Yamaha USA Kenny Roberts, além do promissor inglês Barry Sheene. Agostini, Roberts e Sheene passaram a prova inteira brigando pela ponta, mas o italiano usa toda a sua experiência para vencer a corrida americana e dar um novo status para a prova em Daytona. Agostini não dá chance à concorrência nas 350cc e consegue seu sétimo e último na categoria com cinco vitórias. Porém, nas 500cc a história seria diferente, com Agostini tendo vários problemas mecânicos e, fato raro, sofrendo um acidente que lhe quebrou o ombro e o deixou de molho algumas corridas. Porém, em 1975, a Yamaha e Agostini deixam a 350cc de lado e se concentra unicamente nas 500cc. Para Giacomo, havia o gosto pela vingança pessoal de derrotar Phil Read, que havia lhe destronado de sua amada MV Agusta. Numa briga encarniçada com Read, Agostini conquista seu 15º e último título mundial nas 500cc com quatro vitórias, enquanto a Yamaha se tornava a primeira montadora a vencer com uma moto de dois tempos nas 500cc. Sentindo que tinha cumprido seu dever, a Yamaha deixa o Mundial de forma oficial no final de 1975. Aos 33 anos de idade, Agostini já era uma lenda viva e tinha todos os recordes da motovelocidade mundial, sendo ídolo das estrelas emergentes que surgiam nas 500cc, incluindo Barry Sheene, que venceria os títulos em 1976 e 1977 pela Suzuki. Agostini participaria de algumas corridas nos anos seguintes em motos privadas, conseguindo sua 122º e última vitória em Assen em 1976, nas 350cc. No final de 1977, Giacomo Agostini encerraria sua carreira gloriosa com números superlativos. Muitos não batidos até hoje. Foram 122 vitórias, 159 pódios, 9 poles, 117 voltas mais rápidas e quinze títulos (1968,69,70,71,72,73,74 [350], 1966,67,68,69,70,71,72,75 [500]).

Então com 36 anos de idade, Giacomo Agostini resolve tentar emular o que fizeram John Surtees e Mike Hailwood e migraram para as quatro rodas. Não sendo mais um garoto e sem a mesma sensibilidade que tinha nas duas rodas, esse acabaria sendo o único fracasso de Agostini no esporte a motor. Giacomo correria sempre em monopostos, principalmente na F-Aurora, uma espécie de campeonato inglês de F1, com carros antigos da categoria, sem obter sucesso o suficiente para chamar a atenção de alguma equipe de F1. Em 1980 Agostini desiste das quatro rodas e dois anos depois retorna à seu habitat natural, mas agora como chefe de equipe da equipe oficial da Yamaha nas 500cc. Giacomo Agostini encabeça uma equipe que tinha como chefe de mecânicos Carl Karruthers e como piloto principal Kenny Roberts, agora um veterano piloto tricampeão mundial e lenda da motovelocidade. Apoiado pela Marlboro, a Yamaha seria derrotada pela Honda de Freddie Spencer em 1983, mas com a aposentadoria de Roberts, o americano Eddie Lawson se tornava o primeiro piloto da Marlboro Yamaha, vencendo três vezes o Mundial das 500cc ao longo dos anos 80. Contudo, Agostini veria Roberts tomar o seu lugar como equipe oficial da Yamaha, além do patrocínio da Marlboro. Magoado, Giacomo passou um tempo com a Cagiva, até abandonar definitivamente o Mundial no início da década de 90. Giacomo Agostini passou pelos anos mais mortíferos do Mundial de Motovelocidade praticamente ileso, sofrendo pouquíssimos acidentes, fazendo com que tivesse uma ótima saúde hoje em dia, participando de vários eventos do Mundial de Motovelocidade. Mesmo tendo ganho a maioria absoluta de seus títulos com a MV Agusta, Agostini ficou muito ligado a Yamaha e na sua festa de aniversário, ganhou uma scooter personalizada. Uma pequena homenagem a um super-campeão!

Parabéns!
Giacomo Agostini 


Campeão?

Um piloto com 93,3% de aproveitamento no campeonato em seis rodadas se torna favorito absoluto para a temporada corrente, mesmo não tendo muito campeonato pela frente, podendo tudo ocorrer nesse processo. Porém, a fase atual de Jorge Lorenzo o faz favorito absoluto ao título deste ano, mesmo ainda faltando muitas corridas para o fim da MotoGP em 2012 e o título parece ser apenas questão de tempo. Se o talento de Lorenzo é inquestionável desde o ano passado, quando a Yamaha era inferior a Honda, com sua moto mais equilibrada com relação a Honda este ano, Lorenzo vem se sobressaindo claramente frente a Casey Stoner e Daniel Pedrosa, respectivamente segundo e terceiro na corrida de hoje e no campeonato.

Lorenzo teve um pouco mais de trabalho para vencer a prova de hoje. Como choveu no sábado, Lorenzo sequer largou na primeira fila e teve que escalar o pelotão para brigar com o líder Stoner. O espanhol da Yamaha deixou rapidamente seus adversário para trás até encontrar Casey Stoner, seu grande rival desde o ano passado, só que ao contrário de 2011, quem tem a melhor moto é Lorenzo, enquanto Stoner se virava com uma moto com muita vibração. O australiano ainda tentou se segurar, mas no melhor momento da prova, Lorenzo assumiu a ponta da corrida de forma definitiva, vencendo pela quarta vez em seis corridas, disparando na ponta do campeonato. Com esse resultado, Lorenzo tem uma folga tal, que mesmo abandonando a próxima prova e Stoner vencendo, ainda se mantém na ponta do campeonato.

Após ser ultrapassado por Lorenzo, Stoner perdeu rendimento e chegou a ser pressionado por Pedrosa e o pole-man Álvaro Bautista, mas o australiano se manteve em segundo. Quando chegou ao parque fechado, Stoner estava claramente insatisfeito e reclamou com sua equipe, principalmente apontando para a traseira de sua Honda. Pedrosa lutou a prova toda com Bautista e conseguiu o seu eterno lugar mais baixo no pódio. Talvez por isso a Honda esteja procurando um piloto realmente número um para 2013, com a aposentadoria de Stoner. Spies chegou a liderar a corrida no início, mas perdeu rendimento durante, porém, seu quinto lugar foi a melhor posição dele em 2012. Cal Crutchlow não treinou ontem por causa de um acidente e largou em último hoje, partindo para uma bela corrida de recuperação, subindo para sexto, incluindo uma ultrapassagem sobre Hayden na volta final. A Ducati continua mal, mas Rossi está ainda pior que Hayden, fechando os pilotos com motos realmente de MotoGP.

Lorenzo venceu a parte rumo ao seu segundo título na MotoGP a passos largos e firmes. A Yamaha renovou seu contrato por dois anos e a sua garra e talento demonstra bem o porquê do esforço dos japoneses.

sábado, 16 de junho de 2012

História: 15 anos do Grande Prêmio do Canadá de 1997


O emocionante campeonato de 1997 cruzava o Atlântico e aportava na aconchegante Montreal para o tradicional Grande Prêmio do Canadá, com algumas novidades. Jacques Villeneuve pintou seu cabelo de amarelo cheguei e chamou bastante atenção, mas criou um mal-estar com o marketing da Williams, que tinha feito toda a publicidade do time para o Canadá com Jacques Villeneuve com cabelos normais. Já na Benetton o problema era mais sério. Gerhard Berger vinha tendo problemas de sinusite desde o início do ano e resolveu operar após a corrida em Barcelona, mas o austríaco sofreu uma infecção durante uma viagem e ficaria de fora não apenas de Montreal, mas de outras corridas. Para o lugar de Berger, seu compatriota Alexander Wurz debutaria na F1. Wurz era um promissor piloto de testes da Benetton, além de piloto oficial da Mercedes no inesquecível FIA-GT daquele ano, quando a marca de três pontas disputava com a McLaren-BMW e a Porsche com lindos carros pela primazia de melhor carro de turismo.

Com a grande corrida de Panis em Barcelona graças aos pneus Bridgestone, a Goodyear resolveu reagir e trouxe pneus novos para o Canadá e isso ajudou Frentzen ser o mais rápido na sexta-feira, mas no sábado o alemão não estava na briga pela pole. Villeneuve liderou boa parte do treino, mas na sua tentativa final, o canadense acabou falhando, enquanto Schumacher foi à pista e conseguiu superar seu rival por meros, mas suficientes, 0.013s. A grande surpresa do dia foi Rubens Barrichello ao colocar seu novo Stewart em terceiro, enquanto seu companheiro de equipe Jan Magnussen era um opaco 21º lugar. Mesmo batendo na Classificação, Wurz conseguiu andar no mesmo ritmo de Alesi, o que não deixava de ser surpreendente, mas mostrava outro bom jovem piloto.

Grid:
1) M.Schumacher(Ferrari) - 1:18.095
2) Villeneuve(Williams) - 1:18.108
3) Barrichello(Stewart) - 1:18.388
4) Frentzen(Williams) - 1:18.464
5) Coulthard(McLaren) - 1:18.466
6) Fisichella(Jordan) - 1:18.750
7) R.Schumacher(Jordan) - 1:18.869
8) Alesi(Benetton) - 1:18.899
9) Hakkinen(McLaren) - 1:18.916
10) Panis(Prost) - 1:19.034

O dia 15 de junho de 1997 estava quente e ensolarado em Montreal, ao contrário do que indicava a previsão de tempo. O tempo quente parecia afetar mais os usuários da Goodyear, pois os pneus duros da marca americana eram bem piores do que os da Bridgestone. Na largada, Schummy e Villeneuve mantiveram suas posições, enquanto Barrichello e Frentzen largavam mal e fazia com que Fisichella subisse para um bom terceiro lugar. Famoso por proporcionar acidentes da primeira curva, Montreal vitimou três pilotos, entre eles Panis, a sensação de Barcelona quinze dias antes e que tinha uma previsão de outro bom resultado. Porém, pior ficou para Irvine, que abandonou ali mesmo.

Schumacher imediatamente abriu para Villeneuve, com o canadense querendo se aproximar do rival da Ferrari. No ano anterior, Jacques decepcionou seus fãs ao perder a vitória para Damon Hill, mas 1997 seria ainda pior. Ainda na segunda volta, o canadense errou na chicane que antecede a reta dos boxes e bateu no muro que até então não tinha nome. Anos mais tarde, seria conhecido como Muro dos Campeões, pelo apetite daquela parede branca em trazer para si pilotos campeões. Villeneuve ficou arrasado e iniciava uma espécie de maldição, onde nunca conseguia andar bem no circuito que leva o nome do seu pai. Porém, a corrida seria interrompida na sétima volta quando Ukyo Katayama bateu no muro e trouxe o safety-car, promovendo uma patacoada da Williams, que trouxe Frentzen, com pneus em frangalhos, para os boxes bem no momento da relargada, fazendo o alemão perder ainda mais tempo.

A gestão dos pneus seria crucial na quente tarde de Montreal. Schumacher liderava com boa vantagem sobre Fisichella, Alesi e Coulthard, enquanto seu companheiro de equipe Ralf Schumacher batia forte no final da reta dos boxes, mas sem problemas para o irmão mais novo do líder da prova no momento. Quando os pilotos procuraram os boxes para uma primeira parada a partir da volta 24, ficava claro que a grande maioria dos pilotos iria parar duas vezes, mas David Coulthard, até então em quarto, postergou sua parada por algumas voltas, sugerindo que pararia apenas uma vez. O escocês mantinha um bom ritmo após seu pit-stop e quando Schumacher fez sua segunda parada na volta 44, Coulthard assumia a ponta da corrida e parecia rumar para uma vitória tranquila e até mesmo surpreendente. Como cautela não faz mal a ninguém, a McLaren resolveu fazer uma parada de precaução, pois Coulthard teria vantagem suficiente para voltar à frente de Schumacher. Teria...

A parada ocorreu de forma perfeita, mas Coulthard deixou o motor morrer. Duas vezes. A corrida do piloto da McLaren estava praticamente terminada, mas o pior ainda estava por vir. Panis fazia uma ótima corrida vinda de trás. Após perder o bico do seu carro na primeira volta, o francês imprimia um ritmo similar aos ponteiros da prova, chegando a ultrapassar Schumacher para descontar uma volta. Todos imaginavam o que Panis seria capaz de fazer, quando seu carro apareceu enfiado numa parede de pneus. O impacto foi muito violento. Imediatamente o safety-car foi à pista e duas voltas depois a bandeira vermelha deu as caras, assustando ainda mais para quem assistia a prova. A última vez que o pano vermelho aparecera numa corrida de F1 fora no GP de San Marino de 1994, para a extração de Ayrton Senna. O clima ficou muito pesado entre todos e Schumacher não teve o mínimo ânimo de celebrar a vitória que lhe devolvia a liderança do campeonato, ao lado de Alesi e Fisichella. Olivier Panis foi resgatado e foi constatado que suas duas pernas estavam quebradas. O francês retornaria à F1 ainda em 1997, mas sua ótima fase mostrada até aquele momento nunca mais voltaria e Olivier Panis, mesmo correndo até 2004, não mais o mesmo.

Chegada:
1) M.Schumacher
2) Alesi
3) Fisichella
4) Frentzen
5) Herbert
6) Nakano

terça-feira, 12 de junho de 2012

Enquanto isso no sábado...

No sábado à noite, estava comemorando in loco a primeira (e tomara que muitas!) vitórias do Vozão na Série B e por isso perdi a corrida do Texas da Indy. Sinceramente não gosto dessa pista e do modo como correm nela, com carros andando colados e logo me vem a mente o acidente que matou Dan Wheldon. Aquele acidente poderia ter ocorrido muitos anos antes no Texas, mas o destino assim não o quis, pois tantos carros andando juntos, eram favas contadas um acidente daquela magnitude acontecer num oval de 1,5 milha. Porém, com as mudanças nos carros em 2012, a prova teve uma característica bem distinta dos outros anos e pelo o que li, foi muito boa. Quando cheguei do estádio, faltavam dez voltas e Graham Rahal vencia no momento. A imagem do seu pai Bobby acompanhando o final da prova foi muito legal, pois o americano era um dos meus ídolos no auge da Indy. Pensava que o velho Bobby suspirava: Esse é meu filho. Então, veio a penúltima volta...

segunda-feira, 11 de junho de 2012

Figura(CAN): F1

Sete vencedores diferentes nas primeiras sete corridas do ano. Corridas emocionantes e decididas nas voltas finais. Equipes médias conseguindo pódios com inédita frequência. Um campeonato espetacular, com cinco pilotos separados por uma vitória e um nível espetacular no seu grid. A Formula 1 vive um momento especial em 2012 com um equilíbrio nunca visto nos últimos trinta anos e para melhorar, um equilíbrio de altíssimo nível. Um exemplo aconteceu no Q2, com dezesseis carros separados por nove décimos de segundo e os dez primeiros da corrida separados por meros 25s. Ao invés de ficar se lamuriando por pilotos do passado que não iremos ver mais nas pistas, é muito melhor curtir esse campeonato com Hamilton, Alonso, Vettel, Webber e outros se digladiando pelas primeiras posições em todas as corridas do ano.

Figurão(CAN): Jenson Button

Pela segunda vez consecutiva se faz essa pergunta: O que passa com Jenson? O britânico saiu da aura de favorito ao título e de encantador de pneus no começo do ano, acessório esse fundamental para as corridas em 2012, a um triste coadjuvante e que é derrotado inapelavelmente pelo companheiro de equipe, que lhe colocou uma volta enquanto vencia a corrida em Montreal. A repentina má fase de Jenson Button não tem uma explicação aparente e o inglês parece já estar desesperado pelas declarações que deu a imprensa após outra corrida tenebrosa. A atuação de Button foi tão ridícula, que o inglês foi um dos primeiros a parar nos boxes para trocar seus pneus, mas o detalhe foi que o inglês da McLaren era um dos poucos a estar com pneus macios, enquanto seus adversários diretos utilizavam pneus super-macios! E ficaram na pista por muito mais tempo! Um ano após sua épica vitória em Montreal, Jenson Button necessita urgentemente de um outro resultado como aquele que faça sua auto-confiança aumentar novamente e fazer frente a um Lewis Hamilton super animado por sua vitória no Canadá.

domingo, 10 de junho de 2012

Valendo a pena


Para quem não sabe, entrei nessa de facebook no começo do ano e recentemente recebi uma foto com a pose histórica do Big-4 no pit-wall de Estoril em 1986 e embaixo tinha a legenda: Nessa época valia a pena acordar mais cedo. Desculpem os saudosistas, mas 2012 está no proporcionando uma temporada tão incrível como a de 26 anos atrás. Ou até melhor! O nível está altíssimo, o equilíbrio é ainda maior e as surpresas acontecem aos montes. Claro que Lewis Hamilton ser o sétimo piloto diferente a vencer nesta temporada este longe de ser zebra, mas quem poderia supor ver Romain Grosjean e Sérgio Pérez no pódio com Sebastian Vettel e Fernando Alonso na ponta a corrida inteira? Pois Grosjean ganhou seis posições e Pérez incríveis doze postos numa corrida normal, onde os jovens pilotos usaram a estratégia como se fossem pilotos experientes. E a F1 via outro pódio diferente e 25s separando os dez primeiros colocados na bandeirada.

E 2012 vem sendo tão incrível, que Montreal teve uma corrida normal, sem safety-car ou chuvas torrenciais que pudessem atrapalhar o andamento normal da corrida. Vettel, Hamilton e Alonso dominaram a corrida inteira e como disse Jacques Villeneuve, a corrida realmente estava chata até a estratégia definir a corrida nas voltas finais. Disparado na frente, Hamilton fez sua segunda parada nas voltas finais, ao contrário de Alonso e, inicialmente, Vettel. Quando parou nos boxes, o inglês retornou à pista em terceiro e andando 1s mais rápido do que os líderes, foi para cima como manda seu ímpeto e efetuou as ultrapassagens nas voltas finais, conseguindo a vitória que merecia ser sua desde o momento em que assumiu a ponta da prova na primeira rodada de paradas e dominou a prova. Lewis venceu e tirou a ponta do campeonato de Alonso, ultrapassado nas voltas finais completamente sem pneus. Porém, a McLaren deve estar perguntando nesse momento: O que passa com Jenson Button? Único piloto a largar com pneus macios dentre os dez primeiros, Button fez outra corrida ridícula, terminando a prova em 15º, à uma volta do companheiro de equipe. De postulante ao título, Button passou a ter exibições de Felipe Massa em seus piores momentos no começo desta temporada.

O pódio de Grosjean e Pérez serviu para responder aos críticos de ambos nas últimas provas. Parece haver certa má-vontade com Grosjean, pois mesmo campeão da GP2 e tendo conquistado outros bons resultados em 2012, os seus críticos preferem lembrar seus acidentes nas primeiras voltas e vira e mexe aparecem notícias sobre mudanças envolvendo Grosjean na Lotus. Porém, todos parecem esquecer (principalmente a transmissão Global, ainda chateada por Grosjean ter ‘tomado’ o lugar de Bruno Senna na Lotus) que Grosjean vem superando com regularidade Raikkonen em treinos e na corrida mais uma vez não tomou conhecimento do seu ilustre companheiro de equipe e fez uma prova cerebral, onde conseguiu resguardar seus pneus para fazer uma única parada e ainda assim não ficar sem pneus como outros que tentaram estratégia parecida. Foi um pódio redentou para Grosjean e também para a Lotus, pois a equipe não vinha exibindo a mesma performance de antes. Raikkonen marcou pontos e teve a mesma estratégia de Grosjean, mas a boa posição no grid do francês foi determinante no final. Após sua estupenda corrida em Sepang, Sérgio Pérez não marcou mais pontos e não faltou quem dissesse que ele teve apenas um deslumbre de um ótimo resultado na Malásia e pronto. Até mesmo Luca di Montezemolo havia declarado que Pérez ainda precisava mostrar melhores resultados se quisesse se tornar piloto Ferrari. Pois o mexicano fez isso hoje. Largando fora do top-10, Pérez fez outra corridaça e aproveitando o bom trato com os pneus da Sauber, Sérgio fez uma única parada e ainda assim era um dos mais rápidos no final da corrida com os pneus supermacios. Esse pódio pode mostrar que Pérez já pode, sim, requerer um lugar melhor que tem hoje. Kobayashi só apareceu brigando com Schumacher, marcou pontos em Montreal, mas foi totalmente ofuscado pelo companheiro de equipe. Chamado de mito, Koba precisa de resultados para compensar a espetacularidade de sua pilotagem.

Quando a F1 estava sem muitas emoções, Alain Prost, um dos que estava sentado no muro do Estoril 26 anos atrás, disse que a emoção dos anos 80 eram os erros que pilotos e equipes cometiam, proporcionando ultrapassagens, quebras e surpresas. O nível dos pilotos da atualidade é bem alto, mas as equipes ainda fazem apostas arriscadas e como dizia o treinador Oto Glória, se acertar é bestial, se errar é uma besta. Hoje, os estrategistas de Ferrari e Red Bull ficaram com a alcunha de bestas! Líderes junto com Hamilton a corrida toda, Alonso e Vettel resolveram arriscar e ficar na pista até o final, mesmo com os pneus desgastados e cada vez piores. A facilidade com que foi ultrapassado por Hamilton fez Vettel perceber a besteira que havia feito e tentou diminuir o prejuízo indo aos boxes nas voltas finais, enquanto Alonso investiu na aposta de sua equipe e acabou se dando mal, andando 3 ou 4s mais lento que os demais pilotos nas voltas finais, terminando em quinto, mas com Rosberg e Webber colados nele. Porém, a ultrapassagem de Vettel nas voltas finais lhe tirou a liderança do campeonato e mostrar que nem sempre uma aposta arriscada sempre vale a pena. Os segundos pilotos de Ferrari e Red Bull tiveram uma tarde para esquecer, com Webber muito abaixo da ótima exibição de Monte Carlo duas semanas atrás e ficando apenas em sétimo, enquanto Felipe Massa destruindo o que poderia ter sido seu melhor final de semana do ano ao rodar bisonhamente ainda no começo da corrida, após uma boa ultrapassagem sobre Nico Rosberg, ficando apenas em décimo, mas apenas 25s atrás do líder.

Nico Rosberg mais uma vez fez uma corrida decente, onde marcou pontos mais uma vez e por muito pouco não ultrapassou Alonso na volta final, enquanto Schumacher parece concentrar todo tipo de problema que pode afetar a Mercedes. Até mesmo falhas simplórias, como a asa traseira móvel travar e o alemão ter que abandonar por causa disso. Paul di Resta chegou a andar em quinto, mas perdeu muito rendimento durante a prova e ficou fora dos pontos, enquanto Hülkenberg fez uma corrida apagada e sempre fora dos pontos. Assim como fez a Toro Rosso com seus dois pilotos, mas é de impressionar como a Williams perdeu rendimento desde a vitória de Maldonado em Barcelona. O time entrou na descendente a tal ponto de Bruno Senna ter ficado boa parte da corrida atrás de um carro da Caterham! Claro que isso significou festa para o time malaio, enquanto a Marussia ficou em último, já que a HRT abandonou com seus dois carros ainda no início da prova.

Foi uma corrida que teve um final empolgante, mas de maneira geral, normal para os padrões loucos de Montreal. Por isso mesmo, é surpreendente ver um pódio contendo Grosjean e Pérez numa prova sem maiores problemas. Esse vem sendo o segredo dessa F1 equilibrada e cheia de surpresas. Tirando Sepang, todas as corridas foram normais e ainda assim equipes ditas médias conseguiram se sobressair e se colocar junto às grandes, fazendo desse campeonato de 2012 um dos melhores da história e fazendo valer a pena ficar na frente da TV e assistir a F1.

sábado, 9 de junho de 2012

Sem zebra


Após ver a Dinamarca marcar a primeira grande zebra da Eurocopa, Sebastian Vettel não quis saber de surpresas e após ser o mais rápido no terceiro treino livre de hoje pela manhã, dominou a Classificação como normalmente dominava no ano passado, quando foi bicampeão de forma esmagadora, colocando muito tempo no seu mais próximo perseguidor, o mais rápido da sexta-feira, Lewis Hamilton.

Numa F1 extremamente equilibrada como a desse ano, o tempo conseguido por Vettel em suas duas voltas voadoras no Q3 chegou a surpreender, deixando Hamilton e Fernando Alonso, com cara de filme repetido. A performance de Vettel em uma volta única e com o melhor carro é exuberante e o alemão voltou a ter um bom carro em mãos e Seb conquistou a 32º pole em sua carreira, um número incrível para alguém tão novo e com futuro ainda vasto como ele. Mark Webber, vencedor em Monte Carlo na quinzena passada, tomou meio segundo de Vettel e foi o quarto, à frente de Rosberg e Massa, que vem se recuperando de um início de temporada desastroso. Bruno Senna superou Maldonado, mas por que este provocou o único incidente no famoso Muro dos Campeões, local onde Bruno bateu ontem.

O treino foi sem muitas surpresas, com Vettel se tornando favorito absoluto para a corrida de amanhã, que tende a ter um clima parecido com o de hoje. E nessas condições, a combinação Vettel-Red Bull parece imbatível.