A Alemanha pré-Schumacher teve grandes pilotos, mas quase sempre se destacando no Mundial de Esporte-Protótipos e conseguindo resultados medianos na F1. Rolf Stommelen não fugiu a regra e mesmo sendo um dos melhores pilotos de Endurance nos anos 60 e 70, não teve grande sucesso na F1 e seu nome é mais associado a uma das maiores tragédias da categoria. Por sinal, esse acidente teve algumas semelhanças com o acidente que acabou o matando alguns anos depois. Se estivesse vivo, Stommelen estaria completando 65 anos no dia de hoje e por isso iremos acompanhar um pouco mais a sua trajetória.
Rolf-Johann Stommelen nasceu no dia 11 de julho de 1943 na cidade de Siegen, durante a Segunda Guerra Mundial. Vindo de uma família com posses, a carreira de Stommelen começou relativamente tarde, quando ele ganhou do pai um presente sonhado por qualquer garoto de 21 anos como ele: um Porsche 904 GT. Animado com o mimo, Rolf pegou o seu presente e participou da sua primeira corrida em 1964, em uma corrida de subida de montanha nas montanhas de Eifel. O terceiro lugar animou Stommelen e ele passou a participar deste tipo de corrida muito popular na Europa até a década de 60. Foi exatamente numa destas provas que Huschke von Hanstein, diretor de corridas da Porsche, se impressionou com Stommelen e o convidou a participar de provas pela marca alemã. Seria o início de uma parceria duradoura.
Em 1965, Stommelen participou pela primeira vez de uma corrida fora da fronteira germânica e ao lado do francês Robert Poirot disputou sua primeira 24 Horas de Le Mans, mas o seu Porsche não foi até o fim. Um ano depois, Rolf venceu em sua classe em Le Mans e foi contratado em tempo integral pela Porsche para 1967, onde terminou o Campeonato Europeu de Subida de Montanha empatado com seu companheiro de equipe Gerhard Mitter. Contudo, o maior feito de Stommelen nesse ano foi ter ganho a tradicional Targa Florio, que, mesmo já não desfrutando dos seus momentos de glória, ainda era muito popular na Itália.
Depois de ter sofrido um sério acidente em 1968 durante uma prova de Subida de Montanha, Stommelen começa a flertar com os monopostos, enquanto participava ativamente do Mundial de Esporte-Protótipo. Em 1969, Stommelen estréia no Campeonato Europeu de F2 pela equipe Roy Winkelmann com um Lotus, enquanto conseguia a pole-position das 24 Horas de Le Mans em um Porsche 917, um ano depois de ter chegado em terceiro lugar na legendária corrida francesa. Rolf se tornou o primeiro piloto a superar a marca de 350 km/h nas longas retas de Le Mans.
Mesmo não tendo conquistado grandes resultados na F2, no início de 1970 Rolf Stommelen anunciou sua entrada na F1 pela equipe Brabham, onde atuaria ao lado do Sir. Jack Brabham, que faria sua última temporada na F1. Rolf se tornaria o primeiro piloto alemão a disputar uma temporada completa de F1 desde Wolfgang von Trips em 1961. Stommelen tinha o apoio de Günther Henerici, um entusiasta alemão por corridas, que era dono de uma empresa que fabricava traillers, chamada Eifelland. Uma característica interessante em Stommelen, é que ele se tornou um dos primeiros pilotos a correr de óculos. Contudo, sua miopia não o impede de conseguir bons resultados em sua primeira temporada na F1, conquistando seus primeiros pontos em sua terceira prova, no Grande Prêmio da Bélgica, e ter conquistado seu primeiro, e único, pódio com um terceiro lugar no Grande Prêmio da Áustria.
Com a aposentadoria de Jack Brabham, a equipe que levava seu nome passou por uma pequena reformulação e mesmo após uma bela temporada de estréia, Stommelen não ficou na equipe em 1971, se mudando para a equipe Surtees, que na época era apoiada pelo tradicional chefe de equipe, Rob Walker. Surtees e Walker não se entendiam muito bem e o resultado foi uma temporada apagada de Stommelen, com o alemão só conquistando três pontos no campeonato. Enquanto sofria na F1, Rolf participava de outros campeonatos na Europa e também no outro lado do Oceano Atlântico. Já considerado um grande piloto de turismo, Stommelen aceita o desafio de participar de uma corrida da Nascar, no Super-oval de Talladega. O alemão usaria um Ford Holman, mesmo carro que Mario Andretti usou para vencer a Daytona 500 de 1967. Mesmo não conseguindo vencer, o interessante foi o destino do carro. O então desconhecido Darrell Waltrip comprou o Ford de Marcury Cyclone, então dono do carro, e com ele fez sua estréia na Winston Cup em 1972, abrindo caminho para uma das carreiras mais vitoriosas da história da Nascar.
Após patrocinar a carreira de Stommelen, Henerici resolveu montar sua própria equipe e no final de 1971 comprou um March 721 e o entregou para o desenhista Luigi Colani, formando a equipe Eifelland. O resultado foi um dos carros mais esquisitos e fracassados da história da F1. Rolf Stommelen foi o encarregado de levar o monstrengo às pistas e após oito provas, Henrici teve que vender a sua empresa de traillers e acabou a brincadeira para Stommelen. Pelo para aquele ano. Em 1973 o alemão voltou à Brabham, mas sem conseguir bons resultados. Antes do Grande Prêmio da Áustria de 1974, Guy Edwards tinha se machucado e a equipe Hill convidou Stommelen para participar da prova e do resto da temporada. Como resultado, Rolf acabaria contratado pela equipe para 1975. O novo carro da equipe, o Hill-Lola GH1, melhorava aos poucos e um bom resultado era algo possível.
No Grande Prêmio da Espanha de 1975, os pilotos reclamaram bastante das péssimas condições do circuito de rua em Montjuich, nos arredores de Barcelona. Uma greve de pilotos chegou a ser cogitada, capitaneada por Emerson Fittipaldi e Graham Hill. Os organizadores foram à loucura e fizeram reformas de última hora, tentando garantir a corrida. Os pilotos ainda não se deram por satisfeitos com os "arranjos técnicos" feitos de improviso e ainda clamavam por segurança. Então, o ditador Franco entrou na parada e prometeu prender todos os carros na Espanha, caso não corressem. Mesmo a contra gosto, os pilotos foram para a pista no sábado, menos Fittipaldi que mal entrou na pista ainda contrariado com a decisão de se correr. No dia da corrida, Emerson deu apenas uma volta e recolheu sua McLaren. Parecia uma premonição. Largando apenas em nono, Stommelen se aproveitava dos abandonos alheios e na primeira volta já aparecia na quarta posição! Num tremendo golpe de sorte, os pilotos à sua frente foram abandonando um a um e na volta 16 Stommelen liderava pela primeira vez na F1! Então, José Carlos Pace começou a pressionar o alemão, numa disputa emocionante e inesperada pela liderança da corrida.
No entanto, na volta 25, a tragédia acontece. Após uma pequena reta, a asa traseira de Stommelen se quebra sem aviso e o alemão perde o controle do carro. Rolf bateu no guard-rail e voltou à pista, fazendo com que Pace, que vinha colado, também batesse. Porém, o carro de Stommelen ainda bate no outro lado do guard-rail e acaba passando por cima da proteção da pista, matando cinco pessoas que estavam assistindo a prova. Stommelen ficou seriamente ferido, mas milagrosamente não morreu. Por ironia do destino, o vencedor acabou sendo Jochen Mass, o outro alemão que disputava a F1 na época. Rolf voltaria à F1 no final do ano, mas ele nunca mais conquistaria grandes resultados na categoria, terminando sua passagem pela F1 sendo superado pelo jovem Riccardo Patrese em 1978 pela novata equipe Arrows, onde só entrou por que a Wasteiner, cervejaria alemã, patrocinava a equipe e queria um piloto alemão. Rolf Stommelen tinha um cartel de 53 corridas, um pódio e apenas 14 pontos.
Com a saída definitiva da F1, Stommelen passou a se dedicar novamente ao Mundial de Esporte-Protótipos, vencendo corridas pela Alfa Romeo e conquistando o Campeonato Alemão Rennsport Meisterschaft, com um Porsche. Stommelen venceu por três vezes as 24 Horas de Daytona (1978, 1980 e 1982) e juntando com sua vitória em 1968, se tornou o maior vencedor da tradicional prova até então. Em 1979 ele esteve próximo de vencer as 24 Horas de Le Mans ao lado de Dick Barbour e do ator Paul Newman. Com um Porsche 935, Stommelen liderava a prova até que um problema em um pit-stop fez com que a equipe perdesse 23 minutos no box e a chance de vencer.
A carreira de Stommelen seguia firme nas corridas de Endurance, até que foi chamado às pressas pelo seu amigo John Flitzpatrick para participar das Seis Horas de Riverside. Flitzpatrick tinha dois Porsches 935 para essa corrida e originalmente Jochen Mass participaria dessa prova, mas como o alemão teve problemas particulares, o chefe de equipe chamou Stommelen, já que se conheciam desde 1965 e juntos tinham vencido as Seis Horas de Nürburgring. Mesmo muito experiente, Stommelen nunca tinha andado em Riverside, mas isso não o impediu de largar na primeira fila, na segunda posição. Rolf correria ao lado de outro grande piloto de Endurance, o inglês Justin Bell.
A dupla vinha bem na corrida, mas na volta 94, minutos depois de Bell entregar o Porsche para Stommelen, a tragédia acontece. Correndo em segundo lugar, o Porsche perdeu a cobertura do motor e a asa traseira a quase 320 km/h. O carro deu uma forte guinada para a direita, fazendo com que o carro batesse no muro de concreto bem de frente. O impacto foi tão forte que o muro se deslocou dois metros! O carro voou e se arrastou por cem metros, até ficar parado no meio da pista e pegar fogo. Os comissários demoraram a extinguir o incêndio, mas a pior parte do acidente tinha sido no momento do impacto. Stommelen ainda foi levado ao hospital em estado muito grave, mas ele acabou falecendo poucas horas depois com o tórax esmagado pelo cinto de segurança. Ele tinha 39 anos. Stommelen pode não ter sido brilhante na F1, mas, com certeza, foi um dos grandes pilotos do Mundial de Esporte-Protótipo.
Realmente... Poucos pilotos alçemães se notabilizaram antes de shumy e Rolf foi um deles... nada muito especial... mas bacaninha...
ResponderExcluirBoa lembrança.