quinta-feira, 30 de abril de 2009

O outro lado de Ímola


Toda vez que se chega essa época do ano, todos só falam de uma coisa: dia primeiro de maio está fazendo tantos anos da morte de Ayrton Senna. Há quem pense que é feriado no Brasil por causa disso! Porém, além da morte do ídolo, houve vários fatores naquele final de semana negro em Ímola. Na sexta-feira houve o gravíssimo acidente de Rubens Barrichello. Na largada, o forte acidente entre Pedro Lamy e J.J. Lehto, onde um pneu voou em direção ao público e feriu alguns espectadores. E durante a prova, o atropelamento de alguns mecânicos da Lotus pela Minardi de Michele Alboreto. Além desses fatos, poucos se lembram que a morte de Senna foi precedida pela morte de Roland Ratzenberger, piloto austríaco que fazia sua estreia na F1 e era praticamente um anônimo até mesmo para o mundo do automobilismo, mas para quem o conheceu de perto, sabem que, além de um ótimo piloto, Roland foi uma excelente pessoa, do qual todos gostavam. Fazendo quinze anos de sua trágica morte, iremos conhecer um pouco mais da parte menos conhecida daquele terrível final de semana de 1994.

Roland Ratzenberger nasceu no dia 4 de julho de 1960 na cidade de Salzburg, na Áustria, apesar de que, anos mais tarde, quando procurava patrocínio, Roland dizia aos empresários de que havia nascido em 1962. Aos cinco anos ele foi levado pela avó para assistir uma corrida de subida de montanha e como a Áustria via o surgimento do talento de Jochen Rindt, Roland botou na cabeça que seria piloto, mesmo não tendo nenhum tradição automobilística na família. Mesmo assim, Ratzenberger demorou a iniciar sua carreira no esporte a motor e ainda assim foi na marra. Quando estava terminando seus estudos, o patriarca da família Ratzenberger mandou Roland para Graz, ainda na Áustria, para estudar numa escola técnica, mas o aspirante pegou todo o dinheiro que havia recebido e partiu para Monza, na Itália, para participar de uma escola de pilotagem. Aquilo foi uma cisma entre Roland e sua família, pois ele decidiu tentar a vida como piloto sem o mínimo de apoio familiar, inclusive tendo ficado com a relação estremecida com seu pai por vários anos.

Para tentar financiar sua carreira, Ratzenberger trabalhava como mecânico de Walter Lechner e treinava com um F-Ford quando havia um carro disponível. Porém, o talento de Roland ficou cada vez mais aparente e mesmo sem fortes patrocinadores, Lechner elevou seu antigo mecânico a categoria de piloto oficial da equipe e não se arrependeu da escolha, com Ratzenberger conquistando o Campeonato Austríaco e Centro-Europeu de F-Ford, sendo vice-campeão alemão da categoria e ainda arrebatando o quarto posto no certame inglês de F-Ford em 1985. Isso sem contar com um lugar no pódio no Festival Mundial de F-Ford em Brands Hatch, um evento que contava, muitas vezes, com mais de cem carros! Apesar de todos esses resultados, Ratzenberger não conseguiu um lugar na F3, caminho natural para um piloto iniciante, e fez outro ano na F-Ford, conquistando o Festival de F-Ford em Brands Hatch numa chegada apertada com Eddie Irvine, abrindo os olhos dos chefes de equipe de F3 para 1987. E Ratzenberger não poderia começar melhor! A famosa equipe West Surrey, a mesma que deu o título inglês de F3 a Senna em 1983, se interessou em Roland e o contratou para aquela temporada. No entanto, a estrela do austríaco não brilhou no tradicional certame inglês e o máximo que Ratzenberger conseguiu foi um pódio em Spa, terminando o campeonato em 12º lugar, além de ter faturado um quinto lugar no Campeonato Europeu de F3.

No ano seguinte Roland participou novamente da F3 Inglesa, repetindo a 12º posição no campeonato, desta vez na equipe Madgwick, e foi exatamente nesta temporada que o austríaco começou a se aventurar em outras categorias, até mesmo uma forma de se manter como piloto profissional. Em 1987 ele foi contratado pela equipe Schnitzer para pilotar um BMW M3 no Campeonato Mundial de Turismo, terminando o certame em décimo lugar. Após um ano no Campeonato Inglês de F3000 em 1989, Ratzenberger partiu para o Campeonato Mundial de Esporte-Protótipo, no carro oficial da Toyota da equipe do suíço Walter Brun, onde Roland pôde estrear nas 24 Horas de Le Mans, ao lado do argentino Oscar Larrauri. Ratzenberger ainda sonhava com a F1, mas não havia nenhuma oferta para se correr em monopostos e como havia andado bem nos bólidos da Toyota, a marca japonesa convidou o austríaco a se mudar para o Japão e disputar o forte Campeonato Japonês de Turismo. Roland sabia que sua ida ao oriente o distanciava do sonho da F1, mas não titubeou em se morar em Tóquio com vários outros jovens pilotos vindos da Europa, conquistados pelos ienes dos japoneses, que investiam forte no automobilismo graças ao sucesso da Honda na F1. Além de Ratzenberger, outros pilotos se mandaram para ilha e alguns conseguiram muito sucesso na carreira, como foi o caso de Heinz-Harald Frentzen, Eddie Irvine, Mika Salo, Andrew Gilbert-Scott e o americano Jeff Krosnoff. Como moravam praticamente juntos, eles formaram uma espécie de fraternidade e ficaram muito amigos, apesar da forte disputa nas pistas japonesas.

Pessoa muito afável, Ratzenberger era o mais querido do grupo e houve uma história curiosa na passagem da trupe no Japão. Quando eles foram a uma boate japonesa, um sheik árabe se desentendeu com uma garota local e Frentzen interviu a favor da pobre moça. O que o alemão não sabia era que o esquentado rapaz tinha uma faca e se não fosse a ação rápida de Ratzenberger em segurar o homem, Frentzen não poderia ter chegado à F1 anos mais tarde... Foi nessa passagem pelo Japão que Ratzenberger se casou com uma aeromoça noruega chamada Bente em 1991, mas um ano depois eles já estavam divorciados. Nas pistas, Ratzenberger participava de vários campeonatos de turismo pelo Japão, até voltar aos monopostos em 1992 na F3000 Japonesa, onde conseguiu uma vitória dominadora em Suzuka. O austríaco conseguia bons resultados na forte categoria nipônica, mas parecia parado no tempo. Seus amigos começavam a sair do Japão e evoluir na carreira, voltando à Europa, mais especificamente na F1. O primeiro foi Eddie Irvine, que estreou no Grande Prêmio do Japão de 1993 pela Jordan, sendo seguido por Salo, que estreou na corrida seguinte, na Austrália, pela Lotus. Frentzen foi contratado pela Sauber no início de 1994 e Krosnoff voltava aos Estados Unidos para iniciar o projeto da Toyota na F-Indy. Dois anos depois, Krosnoff morreria durante o Grande Prêmio de Toronto da CART.

Ratzenberger se sentiu confiante para voltar à Europa e realizar o sonho de correr na F1 e no início de 1994 ele entrou em contato com Nick Wirth, que estrearia como chefe de equipe na F1 pela Simtek. Mesmo nunca tendo pilotado um F1, Ratzenberger já tinha 33 anos e muita experiência em carros rápidos, enquanto Wirth precisava de um piloto que levasse o carro rumo a bandeirada, já que a equipe tinha recursos bastante limitados. Roland foi contratado para 1994, mas não conseguiu tempo para o Grande Prêmio do Brasil daquele ano, tendo vários problemas naquele final de semana. Quando a F1 foi a Aida, no Japão, para o primeiro Grande Prêmio do Pacífico, Roland pôde usar sua vasta experiência na pista japonesa e conseguiu a 26º e última posição do grid. Sabendo que tinha um carro lento, Ratzenberger apenas levou o seu carro da forma mais segura possível rumo à bandeirada, terminando a prova em décimo primeiro, a cinco voltas do vencedor e amigo Michael Schumacher. Na volta ao velho continente, Ratzenberger pôde conhecer mais o glamour do mundo da F1, se aproximando do compatriota Gerhard Berger e relembrando os bons tempos com Frentzen e Irvine. Antes de viajar a Ímola, o austríaco foi a sua cidade natal e após uma longa conversa com seu pai, Roland finalmente se reconciliou com ele.

No sábado, Roland Ratzenberger continuava sua determinada luta em conseguir uma vaga no grid para o Grande Prêmio de San Marino, quando foi fechado pela Pacific de Bertrand Gachot, principal rival da Simtek pelos últimos lugares do grid, na chicane Acque Minerali e para evitar o acidente, o austríaco saiu da pista, tocando sua asa dianteira na zebra. Na volta seguinte, Ratzenberger tentou mais uma volta rápida na Classificação e após deixar a rápida curva Tamburello, a asa dianteira do Simtek se desprendeu e Roland foi reto na curva Villeneuve a mais 300 km/h. Quando o carro parou, havia um rombo no lado esquerdo do cockpit do Simtek e sangue acima da viseira de Ratzenberger. O piloto estava profundamente desacordado e logo após ser retirado do carro, foi uma feita uma tentativa de reanimação cardíaca, mas oito minutos depois que o helicóptero desceu no Hospital Maggiore de Bolonha, Roland Ratzenberger foi declarado morto, com fraturas múltiplas no crânio e no pescoço. Investigações posteriores indicaram que o austríaco acertou em cheio o muro com a cabeça e houve a suspeita de que Roland teve morte instantânea. Segundo as leis italianas, se um esportista morre dentro de um evento esportivo, o mesmo tem que ser cancelado. Os organizadores da corrida alegaram que Ratzenberger foi levado com vida ao hospital, mas as autoridades afirmaram que tanto a FIA como os organizadores retardaram o anúncio da morte para evitar o cancelamento do evento e o enorme prejuízo que isso iria causar.

Apesar de tudo isso, a Simtek correu normalmente com David Brabham no domingo e ao longo da temporada Ratzenberger seria substituído por Andrea Montermini, que sofreria um sério acidente durante o ano. A Simtek teve vida curta e no meio de 1995 ela fechou as portas. Ayrton Senna ficou tremendamente abalado com a morte de Ratzenberger, mas isso não teve nada a ver com a morte do brasileiro no dia seguinte. Vários pilotos ficaram arrasados com a morte de Roland, inclusive Schumacher e Damon Hill, que correram na mesma época com o austríaco, além dos pilotos com que conviveram no Japão. Berger voltou à pista quando a Classificação reiniciou e disse que, se não voltasse à pista naquele dia, abandonaria o automobilismo. A morte de Roland foi a primeira em oito anos na F1 e isso, somado a morte de Senna, acarretou em mudanças drásticas na segurança dos carros de F1 a partir daquela temporada. Roland Ratzenberger percorreu um longo caminho sozinho para conseguir seu sonho e durante esse percurso, deixou muitas amizades e o carinho de todos com que conviveram com ele. Porém, quando conseguiu seu objetivo, Roland viveu muito pouco seu sonho, mas o amor com que fazia corria pelas pistas no mundo, mostra que ele viveu intensamente estes escassos momentos.

quarta-feira, 29 de abril de 2009

História: 25 anos do Grande Prêmio da Bélgica de 1984


Após a volta triunfal de Spa-Francorchamps à F1, todos esperavam que o Grande Prêmio da Bélgica fosse realizado na pista que cortava a floresta das Ardennes, mas por razões políticas, os organizadores fariam a corrida em Zolder, de triste lembrança pela última passagem por lá. Dois anos após a morte de Gilles Villeneuve, não faltaram homenagens ao canadense, apesar do clima ruim pela perda do ídolo. A guerra de pneus entre Goodyear, Michelin e Pirelli seria um fator essencial para toda a temporada e em Zolder não seria diferente. Se nas duas primeiras corridas os pilotos com pneus Michelin se sobressaíram, principalmente as McLarens, em Zolder a vantagem foi toda dos pneus Goodyear, em especial a Ferrari, que mal tinha aparecido durante o ano.

Como numa homenagem póstuma a Gilles, a Ferrari completou uma dobradinha na primeira fila, liderado por Michele Alboreto, que começava a superar constantemente René Arnoux, outrora conhecido como um excelente piloto em treinos. Ainda se aproveitando dos pneus, Keke Rosberg consegue uma boa terceira posição, com Derek Warwick sendo o melhor piloto da Michelin em quarto e Elio de Angelis sendo o melhor piloto da Pirelli em quinto. A vantagem dos pneus Goodyear era tal, que Manfred Winkelhock, com um ATS, e Riccardo Patrese, num Alfa Romeo, ficaram entre os dez primeiros. O contigente de motores BMW estavam tendo muitas dificuldades durante o final de semana, com várias quebras de motor acontecendo de forma espetacular. Os engenheiros de Munique acharam que o problema estava no combustível e foi um feito um enorme esforço de logística para trazer um grupo novo de motores da Alemanha, fazendo com que Piquet colocasse seu Brabham entre os dez primeiros. E a McLaren? De grande dominadora nas primeiras etapas, a equipe de Ron Dennis amargou posições intermediárias, com Niki Lauda largando apenas em 14º.

Grid:
1) Alboreto (Ferrari) - 1:14.846
2) Arnoux (Ferrari) - 1:15.398
3) Rosberg (Williams) - 1:15.414
4) Warwick (Renault) - 1:15.611
5) De Angelis (Lotus) - 1:15.979
6) Winkelhock (ATS) - 1:16.130
7) Patrese (Alfa Romeo) - 1:16.431
8) Prost (McLaren) - 1:16.587
9) Piquet (Brabham) - 1:16.604
10) Mansell (Lotus) - 1:16.720

O dia 29 de abril de 1984 estava bom e tranquilo para uma corrida de F1. O circuito de Zolder tinha uma reta muito estreita e isso já havia ocorrido pequenos problemas ao longo dos anos. As duas Ferraris largam forte, trazendo consigo Warwick, mas Rosberg larga muito mal, quase deixando seu Williams-Honda morrer. Vários carros passam próximo do finlandês, inclusive com Nelson Piquet tendo que passar pela grama, mas todos passaram incólumes rumo a primeira curva. Warwick consegue a ultrapassagem sobre Arnoux e mesmo com o francês pressionando muito, o piloto da Renault se sustenta na segunda posição, enquanto Alboreto começava a disparar na frente. Na quinta volta, o então líder do campeonato Alain Prost vinha numa sólida quinta posição, mas após ultrapassar a Lotus de Elio de Angelis, o piloto da McLaren deixava a prova com um problema no distribuidor.

Mais atrás, Rosberg entretia o público com uma corrida de recuperação espetacular, chegando a ultrapassar até dois carros numa mesma volta! Manfred Winkelhock estava impressionando com a quarta colocação que mantinha, o fazendo ficar à frente de vários carros apoiados por montadoras, inclusive o Brabham-BMW de Piquet, que tinha o mesmo motor da pequena equipe do alemão. Enquanto isso, Alboreto e Warwick estavam destacados na frente, enquanto Arnoux tinha ficado para trás na terceira posição, sendo perseguido de perto por Winkelhock e Piquet, que tinha ultrapassado De Angelis e partia para cima do piloto da ATS, efetuando a ultrapassagem na volta 23. Quando Piquet se aproximava de Arnoux, o francês foi aos boxes trocar seus pneus, o mesmo fazendo Alboreto após o italiano ter exagerado na curva 1 e Warwick, com os dois primeiros mantendo suas posições. Após uma corrida avassaladora de recuperação, Rosberg já aparecia em segundo quando foi aos boxes trocar seus pneus. O pit-stop foi demorado demais e o finlandês perdeu várias das posições conquistadas.

Com isso, Wawick voltava à segunda posição, seguido por Piquet, De Angelis e um impressionante Stefan Bellof. Virtuose no Campeonato Europeu de F2 e do Mundial de Esporte-Protótipo, o alemão começava a impressionar o mundo da F1 com seu talento num raquítico Tyrrell, único carro a usar o antiquado motor Cosworth aspirado. Porém, num circuito apertado como Zolder, Bellof podia tirar um algo mais do seu carro e de forma surpreendente pressionava De Angelis pela quarta posição. No entanto, os dois não se atentaram para a aproximação de Arnoux e Rosberg. Com carros bem melhores, ambos se aproximaram rapidamente dos carros à frente, mas Rosberg não teve tanta paciência e acabou ultrapassado pelo Ferraris, que logo deixou De Angelis e Bellof para trás. Furioso com o erro, Rosberg partiu para cima de ambos com mais gana do que o normal e efetuou a ultrapassagem da corrida. Com o forte motor Honda, Rosberg não tomou conhecimento do carro de Bellof e ainda antes da metade da reta dos boxes efetuou a ultrapassagem, mas o finlandês não estava satisfeito e como se fizesse uma chicane virtual, cortou na frente de Bellof e colocou por dentro de Elio e efetuou a ultrapassagem em cima da Lotus. Sensacional!

Mesmo com todos os problemas no final de semana, Piquet se mantinha num honroso terceiro lugar, quando o motor BMW começou a falhar e o brasileiro foi facilmente ultrapassado por Arnoux e Rosberg, com o finlandês efetuando a ultrapassagem sobre a Ferrari na volta seguinte em que deixou Piquet para trás. As suspeitas de problemas no motor de Piquet se confirmaram momentos depois quando este explodiu, deixando o então campeão mundial zerado na pontuação do campeonato. A corrida de Rosberg foi cheia de lances espetaculares e grandes recuperações, mas num tempo em que economizar combustível estava na ordem do dia, este tipo de pilotagem não costumava dar certo e Keke acabou sofrendo uma pane seca na última volta, deixando o terceiro lugar para Arnoux, fazendo com que a Ferrari ficasse com duas posições no pódio. Alboreto desfilou pelo circuito de Zolder e recebeu a bandeirada com 40s de vantagem sobre a Renault de Warwick. Era a primeira vitória de um italiano pela Ferrari desde 1966 com Ludovico Scarfiotti no Grande Prêmio da Itália daquele ano. Alboreto ficou tão entusiasmado com o desempenho da Ferrari que afirmou que estaria brigando pelo campeonato, mas o tempo provou que aquela prova em Zolder, que receberia pela última vez a F1, seria apenas um erro de percurso da dominante McLaren.

Chegada:
1) Alboreto
2) Warwick
3) Arnoux
4) Rosberg
5) De Angelis
6) Senna

terça-feira, 28 de abril de 2009

Enquanto isso, no domingo...


Dá para dizer que este final de semana foi quase perfeito para quem gosta de esporte a motor. Além da F1, houve muita coisa para ver na TV: MotoGP e suas preliminares, F Indy, F Ftruck, Superbike, GT3 Cup, Nascar... Deu para se entreter bastante neste final de semana, apesar de uma dor no pescoço por ter dormido de mal jeito e uma dor de cotovelo, após o primeiro jogo da final...

Começando pelo o que não assisti. A MotoGP aumentou seu trauma pela chuva com o cancelamento dos treinos oficiais do Grande Prêmio do Japão por causa da forte chuva que assolou o circuito de Motegi no sábado, mas ao contrário dos pessimistas, o domingo amanheceu com sol forte e as corridas transcorreram com uma certa tranquilidade. Nas 125cc, Andrea Ianonne ainda se aproveitou da pista úmida pela chuva que caiu na manhã japonesa e calçou os pneus certos para garantir a segunda vitória na temporada, assumindo a liderança tranquila da categoria. Já nas 250cc, o ídolo local Hiroshi Aoyama conseguiu a proeza de colocar sua limitada Honda entre os primeiros e liderava após um erro do campeão Marco Simoncelli, que voltava às corridas após ter machucado a mão em um acidente de motocross. Quando os japoneses já começavam a comemorar, eis que Álvaro Bautista, grande decepção no Catar e que tinha largado muito mal, resolve passar todo mundo e nas voltas finais conseguiu a ultrapassagem sobre o japonês, conseguindo a vitória na prova de Motegi, para tristeza de Aoyama, que teve que se conformar com a segunda posição.

Já na categoria principal, todos esperavam pela batalha entre Casey Stoner e Valentino Rossi, vencedores dos dois últimos campeonatos e dominadores no Catar. Com ambos largando na ponta, a expectativa era uma repetição das demais corridas, com os dois rivais disparando na briga pela vitória. Porém, as coisas começaram a desandar quando Rossi, notoriamente um mal largador, assume a ponta, enquanto Stoner caía várias posições. O normal era Stoner se recuperar e sair na caça a Yamaha de Rossi, mas eis que Jorge Lorenzo, 3º colocado no grid e no Catar, roubar a cena. O espanhol primeiro teve que brigar com Daniel Pedrosa, velho rival das categorias menores e inimigo fidagal, para partir para cima de Rossi. Outra surpresa foi ver Pedrosa, vindo de várias contusões, se segurando tanto tempo na segunda posição, mas o piloto da Honda não foi páreo para Lorenzo, que não demorou a começar a pressionar o companheiro de equipe. Ao contrário do que se podia imaginar, a Yamaha não utilizou das ordens de equipe e deixou não apenas Lorenzo ultrapassar Rossi, como permitiu ao espanhol conseguir sua segunda vitória na MotoGP em sua carreira. O espanhol da Yamaha, vítima de vários acidentes em 2008, promete ser um fator na briga entre Rossi e Stoner, sendo que o piloto da Ducati ficou numa decepcionante 4º colocação. Com Lorenzo na liderança, mas com Rossi e Stoner logo atrás e Pedrosa se recuperando, uma disputa entre os quatro pode fazer de 2009 um campeonato extremamente disputado.

Cruzando o Pacífico, a F Indy volta às 'origens' com a primeira corrida em circuito oval, após duas passagens pelos circuitos apertados de rua de Saint Petersburg e Long Beach. E foi assim que pilotos que pouco fizeram nas duas primeira etapas, como Ed Carpenter, voltarem a aparecer entre os primeiros colocados, enquanto outros, como Ryan Hunter-Reay, cair para o pelotão intermediário. O que não muda é o domínio do trio de ferro, Penske, Chip Ganassi e Andretti-Green. Com destaque para a primeira, com Helio Castroneves ter passado por todo o pesadelo que conhecemos, sair da última fila, ter um toque com Vitor Meira nas primeiras voltas e ainda conseguir um ótimo segundo lugar, após brigar a corrida toda com Tony Kanaan, que com esses resultados assumiu a liderança na base da regularidade. O vencedor da prova foi o campeão do ano passado Scott Dixon, se recuperandos dos dois mau resultados que ele havia obtido nas duas primeiras provas.

A Formula Truck veio a Fortaleza nesse final de semana, mas por compromissos profissionais e a corrida da F1 pela manhã, acabei assistindo pela TV. Lotado como nas vezes em que fui, Geraldo Piquet venceu numa prova chata, sem muitas ultrapassagens por causa de um circuito extremamente estreito para caminhões daquele tamanho.

Agora, a cena que mais me marcou. A Nascar visitou um dos seus circuitos mais tradicionais, o superoval de Talladega, para dar continuidade ao seu quase infinito campeonato. No sábado, a Nationwide Series, espécie de segunda divisão da Nascar, realizou sua etapa e um acidente impressionante e curioso aconteceu no final da prova, quando Matt Kenseth foi tocado, partiu para o 'infield' começou a capotar e o carro pegar fogo. Sua esposa começou a chorar com a cena e Kenseth teve que sair correndo do seu carro, mas quando percebeu que estava sendo aplaudido, o americano voltou ao restos mortais do seu carro para... pegar um boné e acenar para o público! Se não bastasse essa presença de espírito, no domingo seria ainda maior! Logo no começo da corrida da Sprint Cup, a categoria principal, Kenseth, sã e salvo, voltou a cena ao tocar o líder Jeff Gordon e o veterano foi direto ao muro. Isso seria normal em outras pistas, mas em Talladega os 43 carros andam lado a lado, muitas vezes formando um pelotão de três filas e como Gordon e Kenseth estavam nas primeiras posições, o estrago foi enorme: dezesseis carros foram envolvidos. Porém, o acidente mais espetacular aconteceu na chegada. Dale Earnhadt Jr, Brad Keselowski, Ryan Newman e Carl Edwards brigavam pela ponta na última volta, com Keselowski, estreante este ano, tentar a ultrapassagem sobre Edwards na reta final. O piloto fechou o adversário, mas acabou alçando voo e atingido, ainda voando, por Newman, indo direto para o alambrado. Keselowski venceu, mas todas as atenções estavam no carro destroçado de Edwards. Quando todos esperavam pelo pior, o americano saiu do carro sozinho e caminhou apressadamente rumo... a linha de chegada, pois não havia cruzado por causa do acidente! Apesar dos sete feridos nas arquibancadas, foi a cena do final de semana!

segunda-feira, 27 de abril de 2009

Figura (BAH): Jenson Button

O próprio inglês adimitiu no sábado, após a Classificação, que a Brawn havia sido superada por Red Bull e Toyota e vendo o grid era fácil constatar isso. Após dominar as duas primeiras provas, a equipe perdeu o reinado para a Red Bull na China, quando a equipe austríaca marcou uma dominante dobradinha, e a Toyota conseguiu uma primeira fila no Bahrein. Largando em quarto e com os carros à sua frente nem tão pesados assim, Button sabia que uma vitória seria complicada, mas as coisas começaram a melhorar a medida em que o terceiro no grid Vettel, mais pesado do que ele e aparentemente seu maior rival, fez uma má largada e ficou atrás do inglês. Button ainda foi ultrapassado por Hamilton e deve ter tido um gostinho especial quando deixou o compatriota para trás, pois, mesmo sem Hamilton querer, Button acabou prejudicado pelo piloto da McLaren quando foi ofuscado pelo brilho da incrível estreia de Lewis em 2007. Após se livrar da McLaren, Button manteve um ritmo forte e comboiou à pouca distância as duas Toyotas, que parariam mais cedo do que ele e quando teve pista livre, acelerou mais do que o suficiente para assumir a liderança e não foi mais ameaçado por ninguém, conquistando a sua terceira vitória em quatro corridas. O domínio não esperado de Button cairá na conta do inglês, pois a Brawn não é tão mais superior as demais equipes, mas o inglês mostrou que tem todas as condições de dar a Inglaterra o seu segundo título consecutivo.

Figurão(BAH: BMW

Repetir não é costume dessa coluna, mas não escapatória possível para a BMW. Exatamente um ano atrás, a marca bávara marcava a pole no circuito de Sakhir com Robert Kubica e subia ao pódio com o polonês. Em 2009, a escuderia chefiado por Mario Theissen chegou ao fundo do poço após um final de semana que já havia sido bastante terrível para o time alemão na Malásia, na semana passada, quando Kubica e Heidfeld estiveram longe dos pontos. Como se ainda fosse possível piorar, a BMW se viu em posições meramente intermediárias em todos os treinos e na corrida teve o azar de ver seus dois pilotos se envolvendo em pequenos incidentes que custaram uma passagem prematura nos boxes e tanto Heidfeld como Kubica, anteriormente pilotos que marcavam pontos com frequencia, com pódios cada vez mais constantes, se viram nas últimas posições. O alemão segurou a lanterna com decisão e de lá não saiu, enquanto Kubica ainda tentou algo mais e brigou com unhas e dentes com a Williams de Kazuki Nakajima pela antepenúltima posição, só vencendo a batalha quando o nipônico... abandonou! Após o vexame no Bahrein, a BMW precisa encontrar desesperadamente uma forma de diminuir o prejuízo que começou promissora e agora se revela trágica. A partir da Espanha, são esperadas novidades, mas terá que ser algo totalmente fora do comum para tirar a equipe da lama que se encotra agora e a evolução constante da equipe ficará parada por um ano. Pelo meno. Se serve de consolo, dificilmente a BMW fará pior na Espanha. Afinal, só correrão 20 carros em Barcelona...

domingo, 26 de abril de 2009

Chorões!


Após não ter dominado como nas duas primeiras provas e ter perdido a terceira, Jenson Button admitiu após a Classificação de hoje que a Brawn já não teria as facilidades de outrém e que já tinha sido, inclusive, superado por Red Bull e Toyota. Pura balela! Numa corrida tranquila, o inglês da Brawn fez uma prova magnífica e não tomou conhecimento dos rivais para conseguir a terceira vitória em quatro provas da temporada e começar a disparar no campeonato. A prova da Brawn só não foi impecável pela tática incompreensível de Rubens Barrichello, que deixou o brasileiro apenas na quinta posição quando tinha condições até mesmo de uma dobradinha.

A corrida no Bahrein foi monótona em comparação as outras, mas nem por isso não deixou de ter disputas e ultrapassagens. A primeira parte da prova teve muita disputa, com destaque para o espetacular pelotão traseiro, com seis ou sete carros brigando curva a curva nas duas primeiras voltas, trocando de posição a cada metro, chegando a ficar três pilotos lado a lado! Como não poderia deixar de ser, houve vítimas nos vários toques, com Kubica, Nakajima e Heidfeld precisando trocar os bicos dos seus carros. Enquanto a disputa se tranquilizava lá na frente, com as Toyotas à frente, a corrida começou a ser decidida ainda na primeira rodada de paradas. E foi nessa hora que Button e Brawn mostrou a todos que tem o melhor conjunto carro-piloto do momento. O inglês superou Hamilton ainda no início da segunda volta e com a parada dos carros japoneses, Button andou mais forte e superou ambos quando parou mais tarde. E não foi mais visto a partir de então. Button passeou pela desértica e quente pista de Sakhir e comemorou mais um triunfo na temporada, colocando seu nome como sério candidato ao título deste ano.

No entanto, a Brawn terá que explicar a Barrichello o porquê de uma mudança de estratégia (a notícia até este momento...) que acabou não dando certo, quando o brasileiro poderia muito bem ter conseguido uma dobradinha, pois vinha mais rápido que o trio que brigava pela segunda posição. Os adeptos da teoria da conspiração entraram em ação com mil e uma ideias sobre esse tipo de mudança, mas a quinta posição prejudicou bastante Rubinho na briga pelo título e até mesmo na soberania dentro da equipe, com Button a mais de uma vitória na frente no campeonato. Vettel perdeu a corrida quando largou mal e cruzou a primeira volta em quinto. Sem velocidade suficiente para superar Hamilton nas longas retas do circuito, o alemão teve que esperar os pit-stops para ganhar posições e foi tão eficiente quanto seu compatriota mais velho e heptacampeão. Na primeira parada, pulou para terceiro, colado em Trulli. Pressionou o italiano na mesma medida em que era pressionado por Hamilton, mas permaneceu no terceiro posto até a segunda parada, quando ultrapassou a Toyota nos boxes, quando parou mais tarde, e segurou o ímpeto do italiano até o fim da prova, mesmo tendo pneus duros contra os moles de Trulli. A segunda posição deixou Vettel numa ótima posição no campeonato, apenas um ponto atrás de Barrichello na briga pela segunda colocação no Campeonato de Pilotos e como seu carro ainda receberá o difusor e o Kers, a perspectiva do alemão é a melhor possível para o resto do campeonato. Foi o primeiro pódio de Vettel em que não esteve no topo, o que mostra o tamanho do fenômeno que é o alemão. Largando nas últimas posições, Mark Webber pouco produziu com o carro que tinha nas mãos e após fazer várias ultrapassagens nas primeiras voltas, empacou atrás de Nelsinho Piquet na décima primeira posição e não saiu da metade de trás do pelotão. Pelo carro que tem em mãos, muito pouco para o australiano.

A primeira vitória da Toyota não veio, apesar da boa perspectiva e da boa largada de ambos. Trulli perdeu a ponta para Glock antes da primeira curva e comboiou o companheiro de equipe até a primeira parada de ambos. Quando se viu livre do alemão, Trulli impôs um bom ritmo de corrida e rapidamente se juntou ao pelotão da frente, liderando o trenzinho que tinha Vettel e Hamilton. Porém, o italiano sabia que pararia depois de Vettel e que precisava abrir uma diferença quando o segundo pit chegou. Como não conseguiu, acabou ultrapassado nos boxes e sua esperança era os pneus moles no seu última stint, mas nem isso foi capaz de fazer com que Trulli conseguisse a ultrapassagem, já que estava numa situação exatamente inversa com relação a Vettel. A nova aparição no pódio colocou Trulli na briga pela vice-liderança do Mundial, mas a primeira vitória da Toyota ainda está para chegar. Após liderar a primeira parte da prova, Glock perdeu rendimento de forma assustadora, ficando até mesmo ameaçado de sair da zona de pontuação. O alemão passou a maior parte da prova batalhando com Raikkonen e acabou perdendo a posição, ficando em sétimo. Existia um problema no carro do alemão durante os treinos e esse pode ser a explicação para uma exibição tão ruim do jovem piloto da Toyota.

Esperando o julgamento que pode definir até mesmo o futuro da equipe, a McLaren vai evoluindo e quem se aproveita disso é Hamilton, que terminou num promissor e sólido quarto lugar, andando no mesmo ritmo de Toyota e Red Bull. O inglês mostrou que é um piloto excelente, mas a ultrapassagem que levou de Button ainda no início da prova pode significar algumas coisas, como a prova de que sua supremacia dentro da Inglaterra não é tão grande assim e que há um piloto tão bom quanto ele na Grã-Bretanha. Heikki Kovalainen fez uma prova abaixo da crítica e o finlandês teve que se preocupar em não ser ultrapassado pelo ameaçado Sebastien Bourdais no final da prova, caindo para a 'honrosa' décima terceira posição. Muito pouco para um piloto McLaren, que já cresce os olhos em cima de Vettel. Após três corridas, a Ferrari finalmente saiu do zero, mas até mesmo numa corrida em que pôde 'comemorar' alguma coisa, a escuderia erra. Quando Massa quebrou a asa dianteira no início da prova, ele poderia ter emtupido o tanque de combustível e tentado a duas paradas, algo bastante plausível. Não para a Ferrari. A equipe de Maranello preferiu arriscar uma estratégia de três paradas e o resultado foi um Felipe Massa em décimo quarto, a uma volta do líder. Essa tática só funciona com um carro muito rápido, sendo que às vezes falha, como aconteceu com Barrichello hoje, e a Ferrari já deveria ter percebido que o F60 está longe de ser um carro veloz hoje em dia. Muitas vezes fica a sensação que o pessoal da Ferrari ainda vive do passado recente, que uma estratégia já servia para ganhar posições com o carro que tinha. Se serve de consolo, ao menos a equipe não errou na estratégia de Raikkonen e como o carro não quebrou, o finlandês fez bem a tarefa de casa para conseguir os primeiros três pontinhos da Ferrari no ano.

A Renault esteve longe de impressionar no final de semana e Alonso fez o máximo que podia: chegar aos pontos. E foi o que o espanhol fez, ao levar seu carro ao oitavo posto. Muito pouco para um piloto do calibre do espanhol, pois quando o talento precisa ser mostrado, Fernando faz a diferença, como na bela ultrapassagem por fora que fez em Trulli. Nelsinho fez sua melhor corrida em muito tempo na F1 e ao menos correrá em Barcelona um pouquinho menos pressionado. Após uma excelente largada, Piquet segurou um Mark Webber com um carro muito melhor, mesmo estando mais pesado e depois protagonizou a melhor disputa da corrida com Rubens Barrichello, segurando o brasileiro por algumas voltas, para desespero do piloto da Brawn, que reclamava ostensivamente com gestos, mas acabou ultrapassando a Renault. Nelsinho acabou num bom décimo lugar. Longe para escapar da pressão, bem o suficiente para acabar com as críticas. A Williams fez uma prova pobre no Bahrein e no mesmo circuito em que estreou arrasando em 2006, Nico Rosberg fez uma corrida discreta e na última parada foi superado por Alonso, ficando de fora da zona de pontuação. Com a velocidade de mostra nas sextas-feiras, Rosberg prova que tem um carro rápido, mas muito inconsistente. Já a vida de Kazuki Nakajima anda tão ruim, que ele foi o único abandono do dia, bem no momento em que brigava para não ser o penúltimo colocado. Posição ocupada com gosto pela BMW, que foi a última colocada com Heidfeld, apagadíssimo, e penúltimo com Kubica, desesperado em conseguir algo de melhor. Um catástrofe para a marca bávara, que pensava em brigar pelo título esse ano e que precisa encontrar algo urgente para tirar o pé da lama.

A Force India fez a melhor corrida de sua vida, ao colocar Fisichella e Sutil em posições intermediárias sem precisar de fatores extra-pista ou da natureza. Fisichella, mais leve, acompanhou de perto a briga entre Webber e Piquet e ainda se estranhou no final da corrida com Massa, mas o italiano superou Sutil com facilidade. E o melhor. Longe da briga pela penúltima posição! Arebaba! Continuando com o ressurgimento de pilotos ameaçados, Bourdais fez uma ótima prova para quem havia largado em último e superou com sobras seu companheiro de equipe. Fico cada dia mais convencido que o francês tem um ótimo ritmo de corrida e que só precisa melhorar nas Classificações, quando sempre fica para trás de Buemi, para então conseguir pontos importantes, principalmente no momento em que vive.

Essa foi a última prova de uma sequencia de quatro corridas em cinco semanas no oriente. No lado leste do planeta, ficou provado que a F1 mudou de cara e que os protagonistas são outros, mas a categoria volta para o seu lar daqui a duas semanas, na Espanha, onde é esperado que McLaren e, principalmente, Ferrari e BMW evoluam e se juntem a Brawn, Red Bull e Toyota na briga pelo título. Após chorar no sábado pelo domínio perdido, Button acaba o domingo sorrindo com uma liderança tranquila.

sábado, 25 de abril de 2009

Fator casa


A Toyota usou o circuito de Sakhir como sede para os testes de pré-temporada, esperando que o forte calor da pista barenita o ajudasse a entender melhor o carro em altas temperaturas. No entanto, a equipe nipo-alemã usou melhor a experiência no circuito árabe e conseguiu uma inédita dobradinha hoje, com Trulli ficando à frente de Glock, algo que sempre acontece, seja velocidade do italiano, seja pela pouca gasolina no tanque do Toyota. Como hoje.

Finalmente a Toyota usou o que seu budget pode lhe dar e colocou seus carros branco e vermelho na primeira fila pela primeira vez na história, com Jarno Trulli superando mais uma vez Glock. Contudo, o italiano estará bem mais leve que o companheiro de equipe e os demais adversário da equipe japonesa na corrida de amanhã. Vencedor na semana passada, Vettel mostrou a ótima fase da Red Bull e será o mais pesado dos primeiros colocados, deixando o alemão como um dos favoritos para a amanhã e conquistar sua primeira vitória no seco, apesar de uma previsão de tempestade de areia na hora da corrida. Webber foi a surpresa negativa do dia ao ser eliminado na Q1, por causa de uma fechada recebida por Adrian Sutil, que perdeu três posições no grid. A Toro Rosso não mostrou o desempenho de outros tempos e sairá nas últimas posições, com Bourdais complicando ainda mais sua situação ao ser o último colocado.

A Brawn pode estar começando a ver seu declínio, com Button ficando "apenas" em quarto, após duas vitórias consecutivas. Essa queda era mais do que esperada, mas o inglês tem a sorte de superar, mesmo estando mais pesado, Rubens Barrichello, nessa semana envolvido em novas especulações de aposentadoria. Leão de treino na sexta, Nico Rosberg sentiu a realidade ao ficar numa obscura nona posição, enquanto outras equipes começam a superar a Williams, Nakajima fazendo mais um papelão.

Falando em papelão, a Ferrari conseguiu se recuperar um pouco da desastrosa performance de ontem e colocou Massa e Raikkonen no Q3 pela primeira vez no ano, mas ainda assim longe da briga pela pole. Mais evoluída em comparação a rival histórica, a McLaren não apenas pôs Hamilton no Q3, como viu o inglês ficar na quinta posição, como o mesmo peso de Button, ou seja, teoricamente, com o mesmo ritmo do carro dominante desse início de temporada. A Renault parece ter somente um carro com Alonso, sempre no Q3, mas ao menos desta vez, Piquetzinho não foi eliminado no Q3. A BMW continua afundada em problemas que parecem ser crônicos e a Force India deu uma melhorada considerável, mas quando parecia livre da última fila, viu Sutil perder três posições por causa da presepada com Webber e o alemão, mais rápido do que Fisichella, largará em 19º.

A corrida tem um favorito para mim: Vettel. Ele sairá mais pesado do que os demais, mas terá que esperar Trulli fazer sua primeira parada, depois os demais para, então, assumir a ponta e tentar permanecer na frente. Para simples e até chato, mas quando eram Ferrari e McLaren como protagonistas. Como esse ano isso será feito por um piloto da Red Bull contra pilotos de Toyota, que correrá em "casa", e Brawn, as coisas ficam mais animadas pelo ineditismo da coisa.

sexta-feira, 24 de abril de 2009

Fiasco vermelho


Quando me perguntam da genialidade de Michael Schumacher, não fico falando apenas dos ótimos momentos, como o heptacampeonato e outros recordes, mas de pequenas coisa que me fizeram admirar o alemão. Ao vermos a Ferrari ocupando as duas últimas posições na sexta-feira barenita, no impulso podemos falar que fazia muito tempo que a equipe de Maranello não ficava nessa posição, mas há quatro anos os vermelhos sofreram com um carro ruim, após anos de conquistas. Michael Schumacher trabalhou numa situação diferente dos anos anteriores, mas não totalmente estranha. Tirar o máximo de um carro inferior, se glorificar de conquistar alguns pontinhos, tudo isso o alemão fez em 2005 e o resultado foi o incrível terceiro lugar no Mundial, mesmo com aquela vitória fajuta em Indianápolis, quando só havia seis carros largando. Felipe Massa e Kimi Raikkonen são ótimos pilotos, apesar da desmotivação do segundo, mas é também nessas horas que a genialidade dos fora-de-série aparecem.

Claro que estamos apenas no final início do quarto Grande Prêmio, mas já vemos que as coisas estão complicadas para a Ferrari e que o título, algo tão próximo após a perda do ano passado, está ficando cada vez mais parecendo uma miragem no deserto.

Falando nisso, o circuito sem graça do Bahrein nos trouxe mais uma vez Nico Rosberg conquistando o melhor tempo da sexta-feira, mas se depender do desempenhos do alemão nos três finais de semana anteriores, o piloto da Williams deverá conquistar apenas alguns pontinhos. Correndo em "casa", pelo tempo que testou no inverno, a Toyota parece ainda mais forte no deserto e Trulli foi terceiro colocado, sendo superado pela surpresa (!) Fernando Alonso, que colocou sua Renault na segunda posição. Provavelmente estancando seu carro quando chegou ao seu pit, o espanhol mostrou que é veloz quando tem condições, mas é algo que só será possível quando o seu bólido estiver com o reservatório de combustível perto de zero.

Outro que surpreendeu (mais ironia...) foi Lewis Hamilton, ao colocar sua McLaren em quarto, mas como Kovalainen foi apenas 18º e o inglês não andou tão forte no segundo treino, talvez a médias das posições dos dois seja algo mais real. A Red Bull continuou no embalo da chuva chinesa e pôs seus dois pilotos no top-seis, com Vettel superando Webber na base dos milésimos. Assim aconteceu na cambaleante BMW e, em menos intensidade, com a Toro Rosso, com Buemi superando um claudicante Bourdais por três décimos, mesmo com ambos ficando em posições consecutivas. Agora juntar cambaleante e claudicante é Nelsinho Piquet, mais uma vez esmagado por Alonso.

A Brawn foi discretíssima hoje, apesar de uma tática visando domingo seja uma explicação mais plausível para o rendimento tão para trás mostrado por eles. Já a Force India mostrou, desculpa o eufemismo, força com o novo difusor traseiro de dois andares e andou, com Adrian Sutil, entre os dez primeiros, mais Fisichella andou mais à frente do que o normal, mostrando uma evolução da pequena equipe hindu. Arebaba!!!

Amanhã veremos a verdadeira cara da F1 no deserto do Bahrein, mas a face dessa F1 indica uma fase bem difícil da Ferrari. Brawn, Toyota e Red Bul agradecem.

quinta-feira, 23 de abril de 2009

História: 20 anos do Grande Prêmio de San Marino de 1989


A F1 voltava à Europa um mês após a inesperada vitória de Nigel Mansell no Grande Prêmio do Brasil, debaixo de muito calor em Jacarepaguá. Todos perguntavam no paddock se o domínio avassalador que a McLaren mostrou em 1988 tinha simplesmente desaparecido, tendo agora a Ferrari com o câmbio semi-automático como principal rival. A resposta veio rápida e seca.

Senna e Prost dominaram os treinos de Classificação com a mesma facilidade de 1988, com o brasileiro superando seu companheiro de equipe em pouco mais de dois décimos, enquanto o piloto mais próximo deles, a Ferrari do vencedor do GP Brasil Nigel Mansell, estava quase 1.5s atrás. Ainda no início da temporada, um bloco compacto de Ferraris e Williams pareciam ser as únicas a desafiar, mesmo que a distância, a McLaren. Benetton e Lotus vinham logo atrás, mas o surpreendente Johnny Herbert, que havia conquistado um ótima quarto lugar no Brasil em sua estréia na F1 e pela benetton, teve que amargar uma 23º posição no grid em Ímola. Anteriormente pilotos de ponta, os antigos companheiros de equipe na Ferrari Michele Alboreto e René Arnoux não conseguiram ser rápidos o bastante para largar e ficaram de fora da corrida no domingo.

Grid:
1) Senna (McLaren) - 1:26.010
2) Prost (McLaren) - 1:26.235
3) Mansell (Ferrari) - 1:27.652
4) Patrese (Williams) - 1:27.920
5) Berger (Ferrari) - 1:28.089
6) Boutsen (Williams) - 1:28.308
7) Nannini (Benetton) - 1:28.854
8) Piquet (Lotus) -1:29.057
9) Caffi (Dallara) - 1:29.069
10) Grouillard (Ligier) - 1:29.104

O dia 23 de abril de 1989 amanheceu com tempo bom e a expectativa era para uma corrida tão boa como havia sido em Jacarepaguá. A largada ocorreu de forma normal, com Senna saindo melhor do que Prost e o francês chegando a ser atacado por Patrese, que havia feito uma ótima largada, mas acabaria sendo ultrapassado por Mansell no decorrer da primeira volta. A corrida seguia seu curso normal, quando o grande susto do final de semana ocorreu. Gerhard Berger vinha na quinta colocação quando sua Ferrari perdeu a asa dianteira de forma repentina bem no momento em que o austríaco fazia o apronche da perigosa curva Tamburello. Berger foi reto e bateu de frente no muro de concreto a 260 km/h. A Ferrari se arrastou pelo muro até explodir em chamas. Os bombeiros demoraram menos de 10s para chegar ao local do acidente e poucos segundos depois o fogo estava apagado, mas Berger estava imóvel dentro do carro. Todos pensaram o pior e nenhum torcedor italiano queria ver um piloto Ferrari morrendo dentro de casa, mas demonstrando a boa construção dos carros de F1, Berger teve apenas um costela quebrada e queimaduras nas mãos. O piloto da Ferrari voltaria à F1 duas corridas depois e os comissários seriam elogiados pela eficiência de como entraram rapidamente em ação e salvaram Berger. Bem diferente de cinco anos depois...

Após o susto, a polêmica. Com o acidente de Berger, a corrida foi interrompida e os 22 carros restantes fariam a relargada minutos depois. Senna e Prost conviviam muito bem dentro da McLaren, apesar do francês sempre deixar nas entrelinhas que o companheiro de equipe era beneficiado com a boa relação que tinha com a Honda. Desde 1988, os pilotos da McLaren, que normalmente largavam na primeira fila, tinham feito um acordo verbal em que eles não se atacariam até a primeira curva, com a parada sendo decidida para quem largasse melhor e para evitar acidentes, a disputa continuaria quando a corrida estivesse mais assentada. Em Ímola, Senna havia largado melhor na primeira largada, mas na segunda, Prost saí muito melhor e liderava o pelotão na curva Tamburello. Na prática, a Tamburello não era uma primeira curva propriamente dita, mas se fazia ela de pé embaixo. A "primeira curva", após passarem com pé na tábua pela Villeneuve, era a forte freada para a Tosa, a curva de número três do circuito. Senna pegou o vácuo de Prost após a Tamburello e colocou por dentro da Tosa, efetuando a ultrapassagem e iniciando um dos períodos mais tensos da história da F1.

Enquanto as McLarens disparavam na frente, a briga pelo terceiro lugar era entre a Williams de Patrese e a Ferrari de Mansell, mas o inglês segurava Patrese sem grandes sobressaltos, para a alegria dos tifosi, felizes com o desempenho da Ferrari, mesmo que um italiano ficasse para trás. A batalha durou até a volta 21, quando Patrese abandonou com o motor quebrado, mas a torcida italiana ficou decepcionada quando Mansell encostou sua Ferrari quatro voltas depois com problemas no delicado câmbio semi-automático do seu carro. Nannini assumia a terceira posição, seguido por Boutsen, se aproveitando do abandono de Nelson Piquet na metade da prova. Prost era muito mais lento do que Senna e ainda teve uma rodada, em que o francês cortou caminho para voltar à pista e receber a bandeirada em segundo lugar. Senna vencia pela primeira vez após se sagrar Campeão do Mundo e demonstrava que o incidente no Brasil foi passageiro, mas o clima no pódio era péssimo. Prost parecia extremamente irritado e Senna parecia um pouco sem ânimo para comemorar.

Após a prova, Prost desancou a criticar Senna, dizendo que o brasileiro havia quebrado o acordo que eles mantinham desde o ano anterior, duvidando até mesmo da questão moral do companheiro de equipe. "Eu me senti... nem sei dizer o nome...", falaria um inconformado Prost duas semanas depois. Senna falava que o acordo tinha sido cumprido na primeira largada e que na relargada, eles poderiam dar tudo e assim o brasileiro fez. Apesar do ritmo bem mais lento, Prost disse que venceria aquela corrida e que foi surpreendido com a ultrapassagem de Senna. O relacionamento deles nunca mais foi o mesmo e a McLaren viveu uma verdadeira guerra civil até o final do ano.

Chegada:
1) Senna
2) Prost
3) Nannini
4) Boutsen
5) Warwick
6) Palmer

segunda-feira, 20 de abril de 2009

Enquanto isso no domingo...


A Indy voltou à suas origens nesse domingo. Ver os carros vermelhos e brancos da Penske, os interamente vermelhos da Chip Ganassi, a família Andretti e Rahal em Long Beach pode ser considerado o início da recuperação davelha Indy, dos tempos anteriores a separação e quando a categoria chegou a rivalizar, mesmo que timidamente, com a F1. A corridas nas ruas californianas tem um charme digno de Monte Carlo com relação a F1, inclusive com a chatice de algumas corridas. Como a de ontem.

O sol de 36°C deu um clima especial para a prova, que contou com a surpreendente volta de Helio Castroneves às pistas com seu Penske de número 3. Na mesma pista em que tinha vencido em 2001, ainda na CART, o brasileiro conseguiu uma ótima oitava colocação no grid após seis meses sem entrar no cockpit de um carro de corridas e poucas horas após receber o veredicto de inocente pela corte de Miami. O pole foi o piloto que o substituiu, o australiano Will Power que foi rebaixado a um terceiro carro negro de número 12. Power, desculpem o trocadilho, mostrou força logo na largada ao fazer a primeira curva tranquilamente, enquanto Franchitti caía para quarto superado por Raphael Matos e Justin Wilson. O escocês da Chip Ganassi recuperou a segunda posição ao longo da prova, mas suas duas ultrapassagens foram as únicas daquele início de prova, em que se via apenas uma fila indiana, do primeiro ao vigésimo primeiro colocado, apenas com o péssimo Ed Carpenter ficando para trás, à frente do braço-duro Stanton Barrett. Somente uma bandeira amarela faria que algo mudasse e ela veio quando Power errou e quando ia sendo ultrapassado pelos seus adversário, o desastrado Ernesto Viso tentou forçar passagem e acabou quebrando a suspensão após bater com Scott Dixon.

Foi então o início das primeiras paradas para uns, e o início de uma mudança drástica de estratégia para outros. Foi assim que Tony Kanaan, apagadíssimo até então, Ryan Briscoe, vencedor da corrida em Saint Peterburg, Marco Andretti, companheiro de Tony e também apagado, e Danica Patrick, reconhecidamente ruim em circuitos mistos, aparecerem lá na frente. E assim a corrida virou um jogo de xadrez, com vários pilotos tentando dar o pulo do gato tentando estratégias novas. No incidente mais curioso da prova, logo após uma relargada fez com que vários carros se amontoassem no conhecido e apertado hairpin antes da reta dos boxes. Em outra intervenção do pace-car, Briscoe teve uma pane mental e atingiu o carro de Scott Dixon sobre bandeira amarela, fazendo com que o atual campeão da Indy ficasse virado ao contrário e perdesse uma volta.

Após mais setenta voltas sobre forte calor, Franchitti usou melhor a estratégia e assumiu a liderança à frente de Power, que o seguia de perto, mas sem pressionar. E assim vinha Kanaan e a Danica logo atrás, colocados ali devido a estratégia da Andretti-Green, pois ambos não tinha desempenho para estar ali. Tony, por que não tem carro. Danica, por que não tem carro e talento. Como as ultrapassagens são praticamente impossíveis na pista californiana, por lá ficaram e Franchitti venceu logo em sua segunda corrida após sua volta de uma frustrante temporada na Nascar. Power, que parecia fadado a correr em algumas corridas no resto do ano, coloca a Penske numa situação difícil ao ficar em segundo na classificação do campeonato, liderado por Franchitti. Castroneves numa tranquila sétima posição, longe dos acidentes, mas longe também da boa forma. Para encerrar, gostaria de agradecer a várias mensagens carinhosas dos demais blogueiros pelo meu aniversário. Vocês estão no meu coração!

Figura (CHN): Sebastian Vettel

Não podia ser outro! O jovem alemão da Red Bull mostrou mesmo que poderá ser um dos grandes nomes da F1 num futuro muito próximo e com as duas vitórias nas duas equipes de Dietrich Matechitz, ele já entrou para a história da Red Bull. Vettel não começou o final de semana bem, tendo problemas mecânicos na sexta, quando foi até superado por Mark Webber, e no sábado pela manhã, mas na hora que precisava, na Classificação, Vettel mostrou toda a sua velocidade exuberante e usando o potencial do seu carro, conquistou sua primeira pole pela Red Bull e a segunda de sua curta carreira. Todos sabiam que o alemão estava largando com pouco combustível e que a sua pole poderia ser apenas um efemeridade, mas o domingo em Xangai amanheceu com muita chuva e Vettel deve ter se lembrado da sua primeira vitória em Monza, no ano passado, conquistado nas mesmas condições. Pois o alemãozinho não apenas lembrou, como também executou uma performance parecida com o Grande Prêmio da Itália, sendo perfeito na condução do seu carro mesmo em condições longe das ideais. Num dia em que todos os grandes (e pequenos...) pilotos erraram ao menos uma vez, a TV não mostrou Vettel colocar uma roda fora do lugar e ele não se afobou em nenhum momento mais crítico, quando perdeu a ponta quando parou mais cedo (algo esperado) ou quando foi tocado por Buemi durante o safety-car (algo bem inesperado!). Foi uma prova perfeita e Vettel vai entrando, aos poucos, no rol dos pilotos de ponta da F1 e como seu carros ainda receberá várias novidades durante o ano, como o Kers e o difusor traseiro de dois andares, a perspectiva de Vettel é cada vez melhor. Agora, para confirmar o que se espera dele, basta uma vitória no seco!

Figurão (CHN): BMW

Um caso de perder rendimento abruptamente de um ano para o outro ainda é aceitável e ainda há tempo para melhorias, mas o caso da BMW deve ser um dos recordes dos últimos tempos. Após brigar pelo pódio na Austrália, a marca bávara entrou em parafuso e mesmo com o pódio na Malásia com Nick Heidfeld, a equipe já mostrado algumas dificuldades que desembocaram no péssimo final de semana chinês. Os carros brancos e azuis não foram capazes de brigar, minimamente, para ficarem, sequer, entre os dez primeiros nos três dias de competição no circuito de Xangai. A tentativa de usar o Kers com Robert Kubica, um dos pilotos mais pesados da F1, se mostrou ruim na sexta-feira e naquela mesmo noite já fora decidido que o polaco não usaria o instrumento, porém, isso deve ter mexido em toda a programação da equipe, pois Kubica, costumaz participante do Q3 não teve velocidade suficiente para passar... pro Q2! Heidfeld fez seu costumeiro final de semana medíocre e ficou na posição de sempre, nunca entre os mais lentos, mas longe dos mais rápidos. Na corrida, a marca só apareceu quando Kubica, literalmente, atropelou o carro de Jarno Trulli e depois apareceu com o bico todo torto. Na décima terceira posição, o posto de Kubica só não foi pior por que foi precedido por Heidfeld, que chegou a frequentar a zona de pontuação, mas seu carro era tão lento no final da prova que foi ultrapassado por vários carros em poucas voltas. Sempre em evolução desde comprou a Sauber no final de 2005, a BMW precisa urgentemente fazer alguma coisa para reverter o quadro e evitar o passo para trás que está dando até agora e acalmar Kubica, que é bem cotado no mercado e sua cara feia (quanta redundância...) nos boxes indica insatisfação.

domingo, 19 de abril de 2009

Força Jovem


Se nas duas primeiras corridas a novata Brawn cosneguiu duas incríveis vitórias, a Red Bull, de apenas cinco anos de idade, confirmou que a F1 está sendo dominada em 2009 pelas equipes novas, em contraste com as veteranas Ferrari, McLaren e Williams. Para coroar essa força jovem, Sebatian Vettel, de 21 anos de idade, conquistou sua segunda vitória na curta carreira e deu a Dietrich Mateschitz o prazer de ver suas duas equipes com uma vitória cada, sempre conquistada por Vettel. E nesse domingo ainda teve o gostinho da dobradinha de Mark Webber, o que coloca a equipe como uma rival direta a Brawn, que fez uma corrida para marcar pontos e veio logo em seguida.

Após dois dias de sol, o domingo amanheceu com muita chuva em Xangai e as equipes teriam que enfrentar condições novas e que não tinham sido treinadas nos dias anteriores. A largada atrás do safety-car, para tentar formar um trilho na pista encharcada, foi tranqüila e a prova não teve uma grande profusão de ultrapassagens como visto nas corridas anteriores. Estaríamos ficando mal acostumados? Provavelmente, pois uma corrida debaixo de muita chuva sempre nos traz a ansiedade de um erro que pode acontecer a qualquer momento e com qualquer piloto. E houve vários na China. Lewis Hamilton mostrou que é um dos melhores pilotos em pista molhada, mas essa situação extrema fez com que o piloto inglês errasse em vários momentos e o resultado foi um possível pódio jogado no lixo. Mas Lewis não esteve mal acompanhado. Webber, Button, Alonso, Barrichello todos saíram da pista, algo até normal na situação do asfalto chinês. Porém, Vettel foi perfeito em todas as voltas da corrida e o único susto foi toque recebido por Sebastian Buemi quando o safety-car entrou pela primeira vez. Sem se afobar quando perdeu a primeira posição por causa da estratégia ou quando encontou o lento Brawn de Jenson Button, Vettel dá mostras que será um nome de destaque na F1 e o será mais cedo do que o imaginado. Para o alemão da Red Bull, só resta uma vitória em piso seco para consolidar como um verdadeiro piloto de ponta. Só para constar e sem comparar, mas as duas primeiras vitórias de Senna também foram debaixo de muita chuva...


Webber fez uma corrida com alguns altos e baixos, como nas vezes em que saiu da pista, mas utilizou muito bem o potencial do seu carro para conseguir um ótimo segundo lugar, voltando ao pódio após quase dois anos. O australiano tem muita velocidade e vem aumentando sua constância em corridas, mas ele tem um quê de Rubens Barrichello. Na melhor corrida da Williams em 2005, ele foi superado por Nick Heidfeld. Os dois primeiros anos na Red Bull - sem contar a primeira passagem de Mark na Jaguar, antecessora da Red Bull - viram Webber ser muito mais rápido, mas foi Coulthard que subiu ao pódio ano passado. Agora tem um bom carro em mãos, Webber vê Vettel conquistar a primeira vitória da equipe... Já na Toro Rosso, que utiliza o mesmo carro da Red Bull, o destaque ficou para Buemi, que fez uma ótima largada, brigou de igual para igual com Hamilton e no fim conquistou um pontinho com o oitavo lugar, deixando uma impressão inicial de que anda muito bem no molhado. Já Bourdais perdeu uma grande oportunidade de marcar pontos e se complica cada vez mais dentro da equipe. Duas rodadas jogaram fora a corrida do francês, que chegou em décimo primeiro, mas pela estratégia que tinha, com apenas uma parada, tinha tudo para chegar, e bem, na zona de pontuação. É por essas e outras que o nome de Bruno Senna começa a ser ventilado para substitui-lo.

A Brawn fez uma prova discreta e ao perceber a superioridade da Red Bull, procurou apenas se livrar das demais para marcar o maior número de pontos possíveis. E conseguiu! Button se aproveitou de um erro de Barrichello ainda no início da corrida e partir daí passou a comboiar os carros da Red Bull, assumindo a liderança quando Webber e Vettel fizeram suas paradas programadas. O inglês teve dificuldades com seu carro no meio da prova em diante e foi presa fácil dos carros do Touro Vermelho, mas ainda conseguiu um bom terceiro lugar, vide as circunstâncias da prova. Barrichello foi outro que perdeu uma chance de sobrejulgar o companheiro de equipe ao sair da pista e o brasileiro, considerado um dos grandes especialistas em pista molhada, não teve ritmo para acompanhar Button e foi ficando para trás, terminando em quarto lugar, mais de um minuto atrás do vencedor. Num momento em que a Red Bull parece se aproximar perigosamente da Brawn, a equipe inglesa terá que escolher um dos seus pilotos para apostar no campeonato, principalmente quando as demais equipes começarem a evoluírem, algo que, pela falta de orçamento, a Brawn não fará tanto. E nessa hora Ross Brawn escolherá o pilotos mais bem colocado e nesse momento é Jenson Button. E com sobras. Para azar do Rubinho.

A McLaren evoluiu bastante das duas desastrosas corridas, mas Hamilton errou tanto, que ficou atrás até mesmo de Kovalainen, que sequer tinha completado uma volta nas duas primeiras provas. O finlandês trabalhou quietamente e num ritmo constante, logo de ser espetacular, marcou os seus primeiros pontos no ano e ainda deu a McLaren a melhor posição de 2009, com o quinto lugar, chegando muito próximo de Barrichello. Hamilton foi o inverso. Espetacular, mas bastante inconstante. Ao realizar várias ultrapassagens durante a prova, o inglês tinha uma boa chance de conquistar até mesmo um pódio, mas suas rodadas em profusão macularam sua prova e o sexto lugar foi o máximo que dava para conquistar. Quando colocar a cabeça no lugar e criar um limite, Hamilton será imbatível na chuva. A Ferrari teve outra corrida para esquecer, com Felipe Massa brilhante, mas sem confiabilidade, e um Kimi Raikkonen opaco, mas ao menos chegando ao fim. O brasileiro saiu de suas características e fazia uma ótima prova na chuva e os pontos eram praticamente certos, mas um problema eletrônico, quando Massa estava em uma ótima posição na relargada atrás do safety-car, pôs tudo a perder e o descontentamento do brasileiro tem muito mais a ver com a ruindade do carro do que qualquer outra coisa. Se no ano passado contava com um ótimo carro e pôde começar sua espetacular recuperação após a corrida no Bahrein, a chance de Massa repetir isso na corrida barenita marcada para a próxima semana é bastante escassa, ainda mais com o pouco tempo de trabalho que a Ferrari tem em mãos. Raikkonen foi um arremendo do piloto combativo que era até 2007 e o finlandês pouco fez numa corrida em que foi ultrapassado várias vezes. Parece que o título fez mal a Kimi e será pouco provável a Ferrari segurar um piloto tão sem raça como Raikkonen.

Agora na sessão "injustiça" da corrida, fica para Adrian Sutil. O alemão da Force India fazia uma corrida impressionante em seu limitado carro e debaixo de muita chuva, tinha tudo para marcar os primeiros pontos da equipe hindu. Como já tinha feito em outras ocasiões de piso molhado, Sutil estava facilmente à frente de carros bem melhores do que o seu e o sexto posto eram favas contadas, mas uma aquaplanagem pôs tudo a perder e o alemão acabou sua prova no guard-rail. Se não chorou como no ano passado quando foi atropelado pateticamente por Raikkonen, pelo menos Sutil mostrou que pista molhada é com ele mesmo. Será que a Alemanha treina seus pilotos com o asfalto molhado? Ao contrário de Sutil, Fisichella fez uma corrida anônima e dificilmente não terá a reforma como destino no final do ano. Anônina também ficou a Toyota e a Williams, duas das equipes que tinham o difusor de dois andares e não fizeram nada durante a prova. Rosberg foi o único que tentou colocar pneus intermediários, mas sua aposta se mostrou completamente errada e ele chegou nas últimas posoções, enquanto Nakajima nem isso conseguiu, em mais uma péssima exibição do japonês, recheada de saídas de pista. A Toyota ainda salvou dois pontinhos com Glock, que fez uma prova tumultuada vinda de trás, mas a lentidão de Trulli no início da corrida, chegando a ser atropelado tamanha a sua baixa velocidade chegou a assustar!

A BMW caiu de forma vestirginosa com relação a excelente primeira corrida na Austrália e já nem tão boa corrida na Malásia, sempre andando entre os últimos, o momento que chamou mais atenção na prova de Kubica foi quando ele passou (literalmente!) por cima de Trulli numa falta de atenção do polonês. Mais uma vez por causa da estratégia, Heidfeld esteve em condições de marcar alguns pontos, mas o alemão estava tão lento que acabou ultrapassado por vários carros no final da prova, a ponto de cair de sétimo para décimo segundo em poucas voltas, ficando à frente... Kubica! Ou seja, uma prova em que a BMW terá que refletir sobre o que fará nas próximas semanas para melhorar um carro que tinha tudo para ser vitorioso. Outra a refletir é a Renault. Após uma escolha estranha de trazer Alonso aos pits uma volta antes do Safety-Car deixar a pista e deixar o espanhol em último, a Renault viu Fernando fazer uma corrida recheada de ultrapassagens e de muita paciência, mas quando tinha tudo para pontuar, uma rodada colocou tudo a perder e Alonso amargou a segunda corrida consecutiva fora dos pontos. No entanto, quem deve refletir mesmo é Nelsinho Piquet. Se não bastasse ser muito mais lento que o companheiro de equipe, Piquet rodou várias vezes e trocou o bico do carro duas vezes em duas saídas de pista em que ele foi o único culpado. A forma desleixada de como a Renault trocou o terceiro bico de Piquet e a forma como Briatore balançou a cabeça nagativamente o replay de mais uma saída de pista do brasileiro, nem a presença de Nelson Piquet pai fará com que Nelsinho se sustente na F1... até a metade do ano!

A corrida desse ano foi a que teve menos emoção, o que já significa uma mudança significativa com relação aos outros anos, pois uma corrida com chuva era sempre celebrada para que houvesse uma mudança no status quo da categoria. Hoje a chuva trouxe erros e ultrapassagens, mas isso também vimos nas duas primeiras corridas no seco e a expectativa é de um campeonato assim, cheio de alternativas e supresas. As três primeiras corridas não trouxe um panorama definitivo da temporada, mas muitos pilotos já estão sendo chamuscados pela comparação com seus companheiros de equipe ou pelas circunstâncias das provas. A única certeza até agora é que esse Vettel é simplesmente bom demais!

sábado, 18 de abril de 2009

O melhor do resto é o melhor de todos


Não assisti aos treinos dessa madrugada, mas a pole de Vettel mostrou que o domínio da Brawn, Williams e Toyota não provinha apenas dos difusores de dois andares. A Red Bull tem um carro com a assinatura de Adryan Newey e a beleza do bólido já tinha ficado nítida desde o lançamento, mas a competitividade, que não foi mostrada nos treinos de Pré-temporada, está aparecendo no momento que importa e a equipe é, sem sombras de dúvidas, uma das mais fortes deste ano de caras novas e cheia de novidades. Inclusive com um bicampeão do mundo na primeira fila...
O talento de Vettel é conhecido de todos e a forma como conquistou todos os recorde de precocidade nem impressionam tanto, mas o alemão parece sempre disposto a nos surpreender e neste sábado, ele tirou outro coelho da cartola ao levar a Red Bull a primeira pole da curta história da equipe, superando as rivais com uma única volta rápida no treino decisivo, o Q3. Corroborando com a boa fase da equipe, por muito pouco Mark Webber não completou uma primeira fila toda dos touros vermelhos, sendo superado por muito pouco por Fernando Alonso, fazendo uma tripleta da Renault no grid da China. Nas primeiras corridas, Vettel sempre foi um dos mais leves no grid e isso pode ter influenciado na sua pole, mas sua velocidade foi inerente neste sábado.

Alonso é, para mim, o melhor piloto em atividade e seu resultado na China mostra bem isso. A Renault ficou bem aquém do esperado em todos os treinos, mas o espanhol mostrou toda a sua habilidade na Classificação e colocou o carro francês numa improvável segunda posição, apesar de ter ficado nessa posição, só que ao inverso, na sexta-feira. A probabilidade de Alonso ter o carro mais leve do grid é muito grande, mas Nano mostra que ele é um dos poucos que fazem a diferença hoje em dia. Muito ao contrário de Nelsinho Piquet. Essa semana o brasileiro reclamou do tratamento recebido pela Renault e isso pode ser uma das causa da pífia passagem do filho do tricampeão Nelson Piquet na F1 até agora. Sempre a léguas de distância de Alonso, Piquetzinho amargou mais um nocaute no Q1, mostrando que a raiva Briatore, totalmente canalizada na Brawn, deveria ser focada em assuntos internos da própria equipe.

Até este momento, a Brawn fez um final de semana que, se não foi discreto, foi abaixo do que vinha mostrando até agora. Relaxamento? Estratégia? Escondendo o jogo? Essa resposta só será respondida amanhã, mas um dado a ser destacado neste sábado foi Rubens Barrichello ter superado Button na Classificação na base dos milésimos de segundo, algo que poderá lhe ajudar na tentativa de não ser prematuramente jogado a segundo piloto da equipe. A Toyota não brigou seriamente pela pole e desta vez não teve seus dois pilotos entre os dez mais rápidos. Timo Glock sofreu com um problema de câmbio nos treinos e como teve que trocá-lo, largará na última fila amanhã. Parecido com o que houve com a Williams, mas numa situação diferente. Rosberg não brigou pela pole, mas se manteve entre os dez primeiros, enquanto Nakajima se complicou mais uma vez ao ficar longe do Q3, objetivo do japonês desde que chegou na China. Outro que se complica é Sébastien Bourdais, com o francês superado, e por muito, pelo novato Sebastien Buemi na Toro Rosso. Tento ainda acreditar em Bourdais, mas me decepciono a cada dia mais.

Já as grandes (de 2008), McLaren e Ferrari, andaram praticamente juntas, com cada uma colocando um carro no Q3 e outro amargando um nocaute no Q2. A McLaren já trouxe um difusor genérico para a China e os resultados já melhoraram um pouco, com Hamilton indo para o Q3 pela primeira vez no ano. Quanta ironia... Enquanto Kimi conseguiu passar pelo Q2, Massa ficou por lá num erro admitido pelo próprio, mas como sempre há algo a se comemorar, pelo menos o brasileiro não ficou no Q1... A BMW é a grande decepção do final de semana, com Kubica ficando numa horripilante décima oitava posição em sua primeira prova com o Kers. Se Heidfeld ainda se safou ao ser o primeiro eliminado do Q2, o polonês deverá aposentar o aparato rapidamente.

A perspectiva para a corrida é de que os três primeiros estejam bem leves e que iniciem a corrida de forma fulminante. Se a Brawn conseguir acompanhar de perto, está mais do que na briga. É favorita a prova. Alonso é o mais experiente na arte de brigar pela vitória e pode surpreender, mas nunca é bom subestimar Sebastian Vettel.