Após não ter dominado como nas duas primeiras provas e ter perdido a terceira, Jenson Button admitiu após a Classificação de hoje que a Brawn já não teria as facilidades de outrém e que já tinha sido, inclusive, superado por Red Bull e Toyota. Pura balela! Numa corrida tranquila, o inglês da Brawn fez uma prova magnífica e não tomou conhecimento dos rivais para conseguir a terceira vitória em quatro provas da temporada e começar a disparar no campeonato. A prova da Brawn só não foi impecável pela tática incompreensível de Rubens Barrichello, que deixou o brasileiro apenas na quinta posição quando tinha condições até mesmo de uma dobradinha.
A corrida no Bahrein foi monótona em comparação as outras, mas nem por isso não deixou de ter disputas e ultrapassagens. A primeira parte da prova teve muita disputa, com destaque para o espetacular pelotão traseiro, com seis ou sete carros brigando curva a curva nas duas primeiras voltas, trocando de posição a cada metro, chegando a ficar três pilotos lado a lado! Como não poderia deixar de ser, houve vítimas nos vários toques, com Kubica, Nakajima e Heidfeld precisando trocar os bicos dos seus carros. Enquanto a disputa se tranquilizava lá na frente, com as Toyotas à frente, a corrida começou a ser decidida ainda na primeira rodada de paradas. E foi nessa hora que Button e Brawn mostrou a todos que tem o melhor conjunto carro-piloto do momento. O inglês superou Hamilton ainda no início da segunda volta e com a parada dos carros japoneses, Button andou mais forte e superou ambos quando parou mais tarde. E não foi mais visto a partir de então. Button passeou pela desértica e quente pista de Sakhir e comemorou mais um triunfo na temporada, colocando seu nome como sério candidato ao título deste ano.
No entanto, a Brawn terá que explicar a Barrichello o porquê de uma mudança de estratégia (a notícia até este momento...) que acabou não dando certo, quando o brasileiro poderia muito bem ter conseguido uma dobradinha, pois vinha mais rápido que o trio que brigava pela segunda posição. Os adeptos da teoria da conspiração entraram em ação com mil e uma ideias sobre esse tipo de mudança, mas a quinta posição prejudicou bastante Rubinho na briga pelo título e até mesmo na soberania dentro da equipe, com Button a mais de uma vitória na frente no campeonato. Vettel perdeu a corrida quando largou mal e cruzou a primeira volta em quinto. Sem velocidade suficiente para superar Hamilton nas longas retas do circuito, o alemão teve que esperar os pit-stops para ganhar posições e foi tão eficiente quanto seu compatriota mais velho e heptacampeão. Na primeira parada, pulou para terceiro, colado em Trulli. Pressionou o italiano na mesma medida em que era pressionado por Hamilton, mas permaneceu no terceiro posto até a segunda parada, quando ultrapassou a Toyota nos boxes, quando parou mais tarde, e segurou o ímpeto do italiano até o fim da prova, mesmo tendo pneus duros contra os moles de Trulli. A segunda posição deixou Vettel numa ótima posição no campeonato, apenas um ponto atrás de Barrichello na briga pela segunda colocação no Campeonato de Pilotos e como seu carro ainda receberá o difusor e o Kers, a perspectiva do alemão é a melhor possível para o resto do campeonato. Foi o primeiro pódio de Vettel em que não esteve no topo, o que mostra o tamanho do fenômeno que é o alemão. Largando nas últimas posições, Mark Webber pouco produziu com o carro que tinha nas mãos e após fazer várias ultrapassagens nas primeiras voltas, empacou atrás de Nelsinho Piquet na décima primeira posição e não saiu da metade de trás do pelotão. Pelo carro que tem em mãos, muito pouco para o australiano.
A primeira vitória da Toyota não veio, apesar da boa perspectiva e da boa largada de ambos. Trulli perdeu a ponta para Glock antes da primeira curva e comboiou o companheiro de equipe até a primeira parada de ambos. Quando se viu livre do alemão, Trulli impôs um bom ritmo de corrida e rapidamente se juntou ao pelotão da frente, liderando o trenzinho que tinha Vettel e Hamilton. Porém, o italiano sabia que pararia depois de Vettel e que precisava abrir uma diferença quando o segundo pit chegou. Como não conseguiu, acabou ultrapassado nos boxes e sua esperança era os pneus moles no seu última stint, mas nem isso foi capaz de fazer com que Trulli conseguisse a ultrapassagem, já que estava numa situação exatamente inversa com relação a Vettel. A nova aparição no pódio colocou Trulli na briga pela vice-liderança do Mundial, mas a primeira vitória da Toyota ainda está para chegar. Após liderar a primeira parte da prova, Glock perdeu rendimento de forma assustadora, ficando até mesmo ameaçado de sair da zona de pontuação. O alemão passou a maior parte da prova batalhando com Raikkonen e acabou perdendo a posição, ficando em sétimo. Existia um problema no carro do alemão durante os treinos e esse pode ser a explicação para uma exibição tão ruim do jovem piloto da Toyota.
Esperando o julgamento que pode definir até mesmo o futuro da equipe, a McLaren vai evoluindo e quem se aproveita disso é Hamilton, que terminou num promissor e sólido quarto lugar, andando no mesmo ritmo de Toyota e Red Bull. O inglês mostrou que é um piloto excelente, mas a ultrapassagem que levou de Button ainda no início da prova pode significar algumas coisas, como a prova de que sua supremacia dentro da Inglaterra não é tão grande assim e que há um piloto tão bom quanto ele na Grã-Bretanha. Heikki Kovalainen fez uma prova abaixo da crítica e o finlandês teve que se preocupar em não ser ultrapassado pelo ameaçado Sebastien Bourdais no final da prova, caindo para a 'honrosa' décima terceira posição. Muito pouco para um piloto McLaren, que já cresce os olhos em cima de Vettel. Após três corridas, a Ferrari finalmente saiu do zero, mas até mesmo numa corrida em que pôde 'comemorar' alguma coisa, a escuderia erra. Quando Massa quebrou a asa dianteira no início da prova, ele poderia ter emtupido o tanque de combustível e tentado a duas paradas, algo bastante plausível. Não para a Ferrari. A equipe de Maranello preferiu arriscar uma estratégia de três paradas e o resultado foi um Felipe Massa em décimo quarto, a uma volta do líder. Essa tática só funciona com um carro muito rápido, sendo que às vezes falha, como aconteceu com Barrichello hoje, e a Ferrari já deveria ter percebido que o F60 está longe de ser um carro veloz hoje em dia. Muitas vezes fica a sensação que o pessoal da Ferrari ainda vive do passado recente, que uma estratégia já servia para ganhar posições com o carro que tinha. Se serve de consolo, ao menos a equipe não errou na estratégia de Raikkonen e como o carro não quebrou, o finlandês fez bem a tarefa de casa para conseguir os primeiros três pontinhos da Ferrari no ano.
A Renault esteve longe de impressionar no final de semana e Alonso fez o máximo que podia: chegar aos pontos. E foi o que o espanhol fez, ao levar seu carro ao oitavo posto. Muito pouco para um piloto do calibre do espanhol, pois quando o talento precisa ser mostrado, Fernando faz a diferença, como na bela ultrapassagem por fora que fez em Trulli. Nelsinho fez sua melhor corrida em muito tempo na F1 e ao menos correrá em Barcelona um pouquinho menos pressionado. Após uma excelente largada, Piquet segurou um Mark Webber com um carro muito melhor, mesmo estando mais pesado e depois protagonizou a melhor disputa da corrida com Rubens Barrichello, segurando o brasileiro por algumas voltas, para desespero do piloto da Brawn, que reclamava ostensivamente com gestos, mas acabou ultrapassando a Renault. Nelsinho acabou num bom décimo lugar. Longe para escapar da pressão, bem o suficiente para acabar com as críticas. A Williams fez uma prova pobre no Bahrein e no mesmo circuito em que estreou arrasando em 2006, Nico Rosberg fez uma corrida discreta e na última parada foi superado por Alonso, ficando de fora da zona de pontuação. Com a velocidade de mostra nas sextas-feiras, Rosberg prova que tem um carro rápido, mas muito inconsistente. Já a vida de Kazuki Nakajima anda tão ruim, que ele foi o único abandono do dia, bem no momento em que brigava para não ser o penúltimo colocado. Posição ocupada com gosto pela BMW, que foi a última colocada com Heidfeld, apagadíssimo, e penúltimo com Kubica, desesperado em conseguir algo de melhor. Um catástrofe para a marca bávara, que pensava em brigar pelo título esse ano e que precisa encontrar algo urgente para tirar o pé da lama.
A Force India fez a melhor corrida de sua vida, ao colocar Fisichella e Sutil em posições intermediárias sem precisar de fatores extra-pista ou da natureza. Fisichella, mais leve, acompanhou de perto a briga entre Webber e Piquet e ainda se estranhou no final da corrida com Massa, mas o italiano superou Sutil com facilidade. E o melhor. Longe da briga pela penúltima posição! Arebaba! Continuando com o ressurgimento de pilotos ameaçados, Bourdais fez uma ótima prova para quem havia largado em último e superou com sobras seu companheiro de equipe. Fico cada dia mais convencido que o francês tem um ótimo ritmo de corrida e que só precisa melhorar nas Classificações, quando sempre fica para trás de Buemi, para então conseguir pontos importantes, principalmente no momento em que vive.
Essa foi a última prova de uma sequencia de quatro corridas em cinco semanas no oriente. No lado leste do planeta, ficou provado que a F1 mudou de cara e que os protagonistas são outros, mas a categoria volta para o seu lar daqui a duas semanas, na Espanha, onde é esperado que McLaren e, principalmente, Ferrari e BMW evoluam e se juntem a Brawn, Red Bull e Toyota na briga pelo título. Após chorar no sábado pelo domínio perdido, Button acaba o domingo sorrindo com uma liderança tranquila.
JC,
ResponderExcluirEm equipe do esperto Ross, o choro antecipado sempre deve ser colocado em dúvida. Também não entendi a estratégia para Massa. Felipe relatou problemas com o KERS e a telemetria. Confiabilidade é qualidade esquecida na Ferrari. O problema parece crônico.
1abraço