terça-feira, 31 de agosto de 2010

Enquanto isso no domingo...


Para muitos, a foto acima significa emoção e ousadia de grandes pilotos. Siceramente, para mim isso significa a iminência de uma tragédia. Não tenho nada contra corridas em ovais e até gosto de pistas como Indianápolis e as históricas pistas de uma milha de Milwakee e Nazareth. Esses ovais em formato em D (os D-Shape, como os americanos chamam) são terríveis para monopostos e até mesmo para os pilotos. Primeiramente, não mostra habilidade nenhuma do piloto, pois a volta é 100% com pé embaixo e para vencer uma prova desta, basta estar no lugar certo, na hora certa. Outro problema, mais sério, na minha opinião, é sobre a segurança. Este tipo de circuito se popularizou muito na esteira do crescimento da Nascar, onde a imagem de dois stock lado a lado nas curvas o tornaram tão conhecido no mundo. Por isso, sempre chamo circuitos como o de Chicago de Ovais-Nascar.

O problema reside num toque. Na Nascar normalmente não acontece nada, pois é porta com porta, mas em monopostos, é uma verdadeira temeridade. No sábado à noite, mais de vinte carros passaram quase duas horas lado a lado, na iminência de um toque que poderia ser até mesmo fatal para eles e até mesmo para o público, que lotava o autódromo. Os próprios pilotos saíram da corrida reclamando do que eles mesmos fizeram, pois o espírito competitivo deles fazem com que eles tentem ganhar, não importando muito o perigo. Afinal, você teria coragem de ficar lado a lado com a Milka Duno? Apesar do pesares, Dario Franchitti mostrou o porquê de ser bicampeão e venceu na base da esperteza de sua equipe e pelo talento que tem em conservar bem o carro e levá-lo até a bandeirada. Para sorte do escocês, Will Power, que vinha em segundo e provava que podia andar bem em ovais, teve um problema na sua máquina de reabastecimento no seu último pit-stop e teve que fazer um sphash-and-go nas últimas voltas, perdendo uma volta. Com isso, o australiano perdeu mais de trinta pontos que tinha de vantagem no campeonato sobre Franchitti, sendo que ainda faltam três corridas para o final do certame. Todos em ovais. Duas em Ovais-Nascar. Graças a Deus não houve nenhum acidente digno de nota, mas sempre quando vejo corridas assim, me lembro de uma declaração de Cristiano da Matta.

Quando a CART dava seus últimos suspiros, ele foi perguntado sobre uma mudança para a IRL, que na época só corria em ovais. Não me lembro ao certos as palavras exatas, mas o mineiro disse que não sentia prazer em correr em Michigan ou no Texas. Por isso que Da Matta nunca se animou muito para ir a Indy, mesmo ela voltando a ser popular.

Ainda nos Estados Unidos, a MotoGP foi a Indianápolis e com arquibancadas praticamente vazias, mostrou o descaso da organização com a tradicional corrida de motos, com um asfalto ruim e que provocou várias quedas em todas as categorias, inclusive com uma bandeira vermelha na Moto2. Jorge Lorenzo teve seu pior resultado do ano, mas o lugar mais baixo do pódio não lhe tira em nada seu favoritismo ao título deste ano. Daniel Pedrosa conseguiu se manter de pé, não exagerou na dose e venceu pela terceira vez no ano, um recorde pessoal do espanhol da Honda. Ben Spies fez a alegria da torcida americana ao ficar entre os dois espanhois e conseguir um lugar no pódio, algo que poderá ter que se acostumar, pois irá para a Yamaha oficial em 2011. Por sinal, a Espanha dominou a Moto2 e a 125cc, mas o marcante nas corridas de apoio em Indianápolis foi a morte de um piloto de 13 anos numa prova nacional, sendo atropelado por outro menino de 12 anos! Trágico demais, ainda mais se tratando de duas crianças envolvidas!

segunda-feira, 30 de agosto de 2010

Figura(BEL): Lewis Hamilton

Colocar o vencedor da corrida nessa parte da sessão é, com o perdão do trocadilho com relação a corrida desta domingo, chover no molhado. Porém, a atuação de Lewis Hamilton nas dificéis condições de pista, onde o asfalto nunca estava inteiramente igual em todas as voltas, fez o inglês ficar com este posto mais uma vez. Muito rápido em todos os treinos, Hamilton já havia impressionado no sábado, quando melhorou seu tempo mesmo com uma chuva ter se abatido na La Source e ninguém poderia, teoricamente, fazer isso. Mas Lewis (e também Jenson Button) foi capaz e quase tirou a pole de Mark Webber, que parecia certa naquele instante. Falando no australiano, Hamilton se aproveitou da má largada do piloto da Red Bull e assumiu a ponta da corrida para não mais perde-la. Mesmo tendo saído duas vezes da pista em razão da pista molhada, o domínio de Hamilton foi tal, que ninguém parecia em condições de tomar a sua vitória, que lhe devolveu a ponta do campeonato, sendo que agora o inglês da McLaren só tem que se preocupar com Webber, um piloto tão forte quanto ele, mesmo não tendo a mesma habilidade. Em sua quarta temporada na F1, Lewis Hamilton vem amadurecendo a cada corrida e caminha a passos largos para se tornar um piloto ainda mais completo!

Figurão(BEL): Fernando Alonso

Ele chegou a Spa falando alto, dizendo que tinha 50% de chances de ser campeão, praticamente ignorando seus outros rivais, que diviriam entre eles os outros 50%. O carro da Ferrari parecia superior aos demais, principalmente nas longas retas de Spa-Francorchamps e ele venceria, com certeza, aumentando suas chances de título, onde pularia de quinto para as primeiras posições. Fernando Alonso chegou à Bélgica com um ar de superioridade que chegava as raias da arrogância e quem se porta como tal, a queda costuma ser feia. Primeiramente, a Ferrari só andou bem nas condições mutáveis de sexta-feira, onde o talento de Alonso, e isso é inegável, se sobressaiu, mas no sábado, a equipe vermelha ficou claramente atrás de McLaren e Red Bull, com o agravante do espanhol ter ficado atrás de outros carros, inclusive Felipe Massa, seu companheiro de equipe. Porém, mesmo largando em décimo, Alonso ainda dizia que tinha chances de vitória. Contudo, tudo foi por água abaixo, literalmente, quando uma leve chuva se abateu na última chicane na primeira volta e vários carros saíram da pista. Por um total acaso, Alonso foi atingido por Barrichello, que abandonou na sua 300º corrida. Fernando permaneceu na corrida, apostou (errado) nos pneus intermediários, caiu para o final do pelotão e quando abandonou após rodar sozinho, já no final da prova, muito provavelmente o espanhol já não pensava na vitória, que parecia tão certa, na sua boca. Agora muito mais distante do sonho do tricampeonato, talvez Fernando Alonso caía na real e coloque as sandálias da humildade.

domingo, 29 de agosto de 2010

Isto é Spa, meu filho!



A famosa frase de Muricy Ramalho cai muito bem para o que vimos no Grande Prêmio da Bélgica, terminado poucos minutos atrás. Tão famosa quando a fabulosa pista de estrada ligando Spa a Francorchamps, o clima instável trás emoção de sobra a uma corrida que já tendia a ser eletrizante. Mestre em condições variáveis, a McLaren venceu mais uma corrida com chuva e desta vez quem se aproveitou de uma corrida longe de ser normal foi Lewis Hamilton, cada vez mais maduro e domando seu estilo forte e agressivo de pilotagem. Em sua quarta temporada, o inglês parte rumo ao bicampeonato cada vez melhor, se tornando um piloto completo e com poucos erros. Bem ao contrário do outro grande talento dessa geração...

Muito provavelmente, as equipes deixaram os quatro tipos de pneus (moles, duros, intermediários e chuva forte) preparado para serem usados a qualquer momento e já na volta de apresentação se via pingos de chuva enquanto os engenheiros e pilotos quebravam a cabeça com a situação. Mark Webber não soube aproveitar sua pole e foi engolido pelo pelotão, com Hamilton à frente, com Button tendo feito uma ótima largada. Lembrando o treino de ontem e a épica edição de 1966, os pilotos foram surpreendidos pela chuva que caía na antiga chicane da Bus Stop. Simplesmente todos passaram reto e isso destruiu a 300º corrida de Rubens Barrichello e iniciou o pesadelo de Alonso. Para colocar ainda mais pulgas atrás das orelhas dos pilotos, a chuva era exatamente no final da volta e ficava a dúvida se trocasse ou não os pneus. O safety-car, causado pelo carro parado de Barrichello, ajudou a todos. O asfalto de Spa tem a tendência de secar rapidamente e como a chuva foi leve, rapidamente a verdade foi estabelecida com Hamilton disparado na frente. No melé que se tornou as duas primeiras voltas, um piloto tranquilo como Button se sobressaiu, seguido por Vettel, Kubica, Webber e Massa. E foi aí que começou o início da derrocada de Vettel.

Com a asa dianteira danificada por um toque na largada, Button era claramente mais lento que Hamilton, que disparava, enquanto Vettel pressionava o inglês. Usando o seu difusor dianteiro, a McLaren era incrivelmente rápida nas retas, não dando chances a Vettel, mas o alemão insistia e numa dessas tentativas, Vettel pegou o vácuo da traseira de Button e parecia que garantiria a ultrapassagem, mas Button se defendeu bem e Vettel, tendo que fazer uma manobra brusca, acabou perdendo o controle do seu Red Bull e atingindo a lateral de Button, fazendo com que o atual campeão abandonasse a corrida e Vettel ter que ir aos boxes, onde futuramente visitaria para cumprir uma punição. Hamilton agradeceu penhoradamente pelo erro infantil de Vettel e tinha 11s de vantagem sobre Kubica, que subia a 2º, mas a chuva estava a espreita. Enquanto as nuvens se aproximavam do circuito, Hamilton apenas administrava a corrida, quando foi surpreendido pela chuva e saiu da pista, retornando logo à frente de Kubica. O pit-stop foi feito naquele exato momento, mas Lewis foi novamente ajudado pelo safety-car provocado pelo arqui-rival Fernando Alonso. Com apenas três voltas para o fim, Hamilton apenas levou seu carro rumo a vitória e o retorno a liderança do campeonato. Lewis vibrou como nunca, pois após duas corridas ruins da McLaren, ele sabia que essa vitória lhe traria a confiança necessária para as últimas corridas decisivas do campeonato, além de impor uma boa diferença em cima de Jenson Button que, dependendo da próxima corrida em Monza, possa a correr a favor de Hamilton, se tornando um forte apoio a Lewis em sua luta pelo campeonato.

Sentimento parecido teve Mark Webber. Após sua terrível largada, o australiano fez uma prova inteligente e sólida, onde não errou e se aproveitou de todos os problemas de seus rivais. Mesmo perdendo a ponta do campeonato, Webber tem 28 pontos de vantagem sobre Sebastian Vettel e a Red Bull, que ainda tem o melhor carro da temporada, agora pode ver mais claramente em qual piloto vale mais a pena apostar. O talento de Sebastian Vettel é tão grande que, teimosamente, a maioria das pessoas ainda apostam nele para vencer o campeonato, mas falta ao alemão de 23 anos a maturidade vista em Hamilton e isso ficou claro no acidente com Button, onde não teve paciência para tentar a ultrapassagem em outro local, pois tinha um carro mais rápido. Ao invés disso, tentou tudo naquela manobra, naquela curva e o resultado foi desastrosos em suas aspirações ao título. Após outra penalização por erro totalmente seu, Vettel ainda se envolveu em outro incidente que lhe tirou todas as chances de conquistar ao menos alguns pontos, quando se tocou com Vitantonio Liuzzi e teve que completar os 7 km do circuito de Spa com um pneu furado, levando uma volta como consequencia. Faltando seis corridas para o fim, será difícil uma recuperação de Vettel em detrenimento aos interesses da equipe, pois isso poderá tirar pontos de Webber, que briga mais diretamente com Hamilton pelo título. Se houve um grande perdedor hoje, esse se chama Sebastian Vettel.

Dizer que Robert Kubica merece um carro melhor é, com o perdão do trocadilho com a corrida de hoje, chover no molhado. O polonês fez outra corridaça e só não chegou em segundo por um erro seu durante o segundo pit-stop, quando perdeu o ponto de freada e chegou a atropelar um mecânico. Porém, Kubica foi rápido o tempo inteiro e encarou de igual para igual pilotos com carros melhores do que seu, apesar de que, hoje em dia, a Renault tem o quarto melhor carro do pelotão, vide a bela corrida de recuperação de Vitaly Petrov, quando largou nas últimas posições e marcou mais alguns pontos, com destaque para a belíssima ultrapassagem por fora sobre Nico Rosberg. Se não fosse a barbeiragem de ontem...

Ao contrário dos fogos de artíficios globais, Felipe Massa fez uma corrida discreta e direita hoje, onde esteve longe de aspirar mais do que lhe foi possível. Notório 'cascão' em piso molhado, Felipe não fez feio nas condições mutáveis de tempo e condição de pista e acompanhou a certa distância os líderes se degladiarem pela ponta, tentando uma oportunidade que surgiu com o incidente Button-Vettel. De resto, Massa fez o feijão-com-arroz para trazer o carro para casa e conseguir mais alguns pontos para ele e para a Ferrari. Fernando Alonso teve uma final de semana para esquecer, quando teve uma má classificação, foi atingido por Rubens Barrichello na primeira volta, apostou errado quando colocou pneus intermediários (ele tinha que tentar alguma coisa...) e acabou por sofrer um acidente quando a chuva estava mais forte. Se o espanhol dizia que tinha 50% de chances de título antes de Spa, pode-se dizer que Alonso deve ao menos um décimo disso depois de hoje! Agora, chega a ser hilário a Globo dizer que, se não fosse a prepepada em Hockenheim, Alonso e Massa estariam juntos no campeonato. Realmente 18 pontos é estar bem próximo. Tenha dó!

No mesmo rol de Robert Kubica, Adrian Sutil poderia estar num carro melhor e numa pista onde a Force India anda muito bem, lembrando-se da ótima corrida do ano passado, quando Fisichella quase venceu após largar na pole. Sutil fez uma prova interessante, ultrapassou pilotos como Kobayashi e Schumacher utilizando a potência o motor Mercedes e o bom coeficiente aerodinâmico do seu carro e quando sua habilidade teve que aparecer, quando a chuva caiu no final, Sutil encostou em Massa e talvez em mais algumas voltas o alemão chegasse a ganhar outra posição. Após um início complicado, Sutil vem consolidando seu nome, bem ao contrário do seu companheiro de equipe, que não o acompanha nas Classificações e ainda se mete em confusões durante a prova. Liuzzi foi uma das vítimas de Vettel e numa tentativa desesperada, colocou pneus de chuva forte no final e pressionou com todas as suas forças Jaime Alguersuari na briga pelo ponto final, que acabou nas mãos do espanhol. A Mercedes arriscou tudo e acertou seus carros para piso molhado e juntando com uma boa estratégia, seus carros conseguiram posições bem melhores do que seus lugares no grid. Como vem sendo habitual, Schumacher largou bem e chegou a ultrapassar Rosberg, até mesmo havendo um toque entre eles. Após retardar ao máximo suas paradas, a dupla da Mercedes trocou de pneus bem no momento da chuva e isso fez com que se mantivessem no pelotão da frente e com uma troca de posições, com Rosberg dando o troco em Schumacher, para assumir a 6º posição, com o heptacampeão vindo logo atrás. Para quem largava nas últimas posições, foi uma ótima corrida da equipes das três pontas.

A Sauber marcou mais alguns pontinhos com Kobayashi, também se recuperando de uma má posição de largada, mas também perdeu com Pedro de la Rosa saindo da pista na penúltima volta, quando estava em décimo. Enquanto o japonês é combativo e sempre consegue tirar o máximo do seu carro, o veterano De la Rosa não consegue acompanhar o ímpeto do seu companheiro de equipe. A Toro Rosso voltou a marcar pontos com Alguersuari, após uma prova discreta de ambos. Sempre andando na mesma toada, estes pontos poderiam ter sido conseguidos por Buemi, mas o destino quis que ficassem com Alguersuari. A Williams fez uma baita festa para Barrichello e até mesmo a FOM fez questão de mostrar um resumo da carreira de Rubens. Tudo para o brasileiro encher a traseira de Alonso na primeira volta. Claro que não foi culpa do brasileiro, pois naquele momento todos saíram da pista e o que aconteceu ali foi o puro acaso, mas não deixa de ser um anti-clímax para uma corrida tão especial para Barrichello. A Williams ainda sofreu com as más escolhas de Nico Hulkenberg, sempre querendo dar o pulo do gato, mas acabando se estatelando na calçada... As pequenas fizeram seu papel de ser figurantes e apenas não tentar atrapalhar os adversários mais rápidos. E até que conseguiram.

Com tanta água hoje, o campeonato pode aproveitar e dividi-la e mostrar um final bem menos emocionante do que o imaginado. Lewis Hamilton e Mark Webber deram uma escapulida na tabela de pontos, muito por culpa de Vettel, que teve uma prova horrível e ainda levou consigo Button, enquanto Alonso fez o 'serviço' sozinho. Com dois pilotos tão diferentes brigando pelo título, muito provavelmente sozinhos a partir de agora, a F1 irá ver a luta entre a força de Webber-Red Bull ante a habilidade de Hamilton-McLaren. Façam suas apostas!

sábado, 28 de agosto de 2010

Em todos os climas



Mesmo quando Mark Webber conseguiu o melhor tempo no terceiro treino livre, todos ainda apostavam numa pole de Ferrari e, em menor escala, McLaren. Afinal a Red Bull teria dificuldades nas longas retas de Spa, mas a enorme pista belga causa surpresas e num treino que viu as quatro estações em uma hora, o líder do campeonato conseguiu mais uma pole neste ano, aumentando o incrível cartel da Red Bull em 2010. O irônico, foi que a pole de hoje de Webber pode ser considerada até mesmo uma zebra.

O clima instável em Spa voltou a atrapalhar equipes e pilotos durante a Classificação e por isso a louca procura de todos os pilotos em conseguir logo um tempo competitivo, pois a chuva podia dar as caras a qualquer momento. No Q1, com a ajuda da bandeira vermelha proporcionada pela barbeiragem de Vitaly Petrov, viu a repetição em menor escala de uma cena clássica da F1, durante o Grande Prêmio da Bélgica de 1966. Já próximo ao final da volta, os pilotos foram surpreendidos pela chuva forte e vários carros saíram da pista, em especial Lucas di Grassi, 'ajudado' por Jarno Trulli. Quando tudo parecia definido no Q1, a pista melhorou com a parada da chuva e muitos pilotos melhoraram seus tempos e o grande prejudicado foi a Sauber, com seus dois pilotos, com pneus slicks, indo ao encontro das barreiras de pneus e caindo logo no Q1.

O Q2 ocorreu sem muitos problemas e a já tradicional queda da Mercedes, sendo que desta vez Schumacher ficou à frente de Rosberg, mesmo com o heptacampeão reclamando do jovem tedesco em ter lhe atrapalhado numa volta rápida. Mas como ambos serão punidos amanhã, a diferença não será muito grande. No Q3, os protagonistas de sempre, mas a chuva voltava a ameaçar novamente e após a primeira tentativa de todos, uma leve garoa deixou a La Source escorregadia e ninguém poderia ameaçar a pole de Mark Webber. Teoricamente! A dupla da McLaren ainda tirou um coelho da cartola e Hamilton ficou bem próximo do australiano, mostrando a força da McLaren neste final de semana. Robert Kubica consegue outro top-3 devido ao talentoso braço, enquanto a Ferrari decepcionava, principalmente com Fernando Alonso, numa obscura 10º posição. Após ter levado meio segundo ontem, Massa superou seu companheiro de equipe com alguma folga hoje.

Coloco essa foto ao lado para provar que, quando a Globo quer demonizar alguém, ela faz todo o possível. Ainda no começo da transmissão, Galvão Bueno disse que o único a não participar da festa dos 300 GPs de Rubens Barrichello no boxe da Williams seria Michael Schumacher. Bom, se alguém não quis tirar foto, está faltando Schumacher, Mark Webber, Robert Kubica, Vitaly Petrov, Adrian Sutil, Vitantonio Liuzzi, Lucas di Grassi, Timo Glock e Jarno Trulli. Ou seja, outros oito pilotos não estavam (ou estariam) na festa da Williams. Mas Galvão fez questão de dizer que apenas Schumacher não estava lá, ainda dizendo que ele era o único...

Não dá para dizer muita coisa sobre a corrida de amanhã. A previsão é chuva ainda mais forte e isso deverá embaralhar ainda mais as coisas. Típico de Spa!

sexta-feira, 27 de agosto de 2010

História: 15 anos do Grande Prêmio da Bélgica de 1995


Para muitos esta típica corrida em Spa mostrou de forma exacerbada o lado bom e o lado ruim de Michael Schumacher. De qualquer jeito, foi uma prova histórica! Aquela temporada via uma disputa ferrenha entre a melhor máquina (Williams) e o melhor piloto (Michael Schumacher), com o homem superando a máquina desta vez, pois Schumacher se aproveitava de todas as oportunidades possíveis para vencer e derrotar Damon Hill e David Coulthard, com suas poderosas Williams. Por causa disso, muita gente passou a desconfiar das habilidades dos pilotos britânicos, mas a verdade era que Schumacher estava dando um show naquele 1995 e em sua pista favorita, Schummy estava pronto de mostrar todo o seu arsenal.

Porém, o final de semana começou de forma desapontadora para o alemão. Spa é tão conhecida pela sua espetacular pista, como também pelo seu clima instável e isso acabou atrapalhando Schumacher, fazendo com que o alemão largasse apenas em 16º, com vários problemas e acidentes. Contudo, a Williams não soube aproveitar a brecha deixada por Schumacher e quem dominou a primeira fila foi a Ferrari, com Berger à frente de Alesi, enquanto Coulthard largava em 5º e Hill numa obscura 8º posição. Com Johnny Herbert largando em 4º, Michael Schumacher era superado por um companheiro de equipe pela primeira vez desde 1991 por Nelson Piquet! E ainda tem pessoas que acham que Schumacher só conseguia essa vantagem no grito...

Grid:
1) Berger (Ferrari) - 1:54.392
2) Alesi (Ferrari) - 1:54.631
3) Hakkinen (McLaren) - 1:55.435
4) Herbert (Benetton) - 1:56.085
5) Coulthard (Williams) - 1:56.254
6) Blundell (McLaren) - 1:56.622
7) Irvine (Jordan) - 1:57.001
8) Hill (Williams) - 1:57.768
9) Panis (Ligier) - 1:58.021
10) Frentzen (Sauber) - 1:58.148

Como é habitual em Spa, o clima é uma incógnita e isso não foi diferente naquela dia 27 de agosto de 1995. Havia sol e a pista estava seca, mas a previsão era de chuva iminente e por isso, nos boxes, as equipes já aqueciam os pneus para chuva. A grande expectativa era ver a reação de Schumacher largando tão de trás e por isso a corrida tendia ser espetacular. Em menor escala, também era esperada a corrida de recuperação de Damon Hill, pois todos conheciam o potencial do seu carro. Porém, todas essas dúvidas seriam tiradas após as luzes verdes aparecerem e Herbert conseguir uma ótima largada. O inglês da Benetton partiu para cima das Ferraris e passou a reta Kemel ao lado de Alesi, enquanto Berger, Hakkinen e as duas Williams oberservavam tudo de perto.

Alesi acabou se sobressaindo, com Herbert já começando a segurar todo o pelotão atrás de si, enquanto Hakkinen abandonava tristemente ainda na primeira volta. Uma das grandes dificuldades da Ferrari na metade da década de 90 era sua terrível confiabilidade e Alesi sentiu isso na pele ainda na quarta volta, com a suspensão quebrada. O francês ficou arrasado, ao lado do seu carro quebrado, logo após a saída dos boxes. Herbert reassumia a ponta, mas era fortemente pressionado pela dupla da Williams, com Coulthard à frente. O inglês resistiu por duas voltas, até rodar diante da pressão e perder várias posições. Não era por outro motivo que a Benetton apostava todas as suas fichas possíveis e imaginárias em Schumacher. Por sinal, aonde estaria o alemão?

Como esperado, Schumacher fazia uma corrida de recuperação agresssiva, que pode ser resumida dessa forma:

Volta 1: Cruza a linha de chegada em 13º, tendo deixado três carros para trás

Volta 2: Ultrapassa Frentzen e Barrichello

Volta 3: Deixa para trás a dupla da Ligier que, diga-se de passagem, tinha o mesmo carro da Benetton, pois Flavio Briatore era um dos acionistas da equipe francesa


Volta 4: Ganha uma posição pela quebra de Alesi

Volta 6: Ultrapassa Blundell e fica à frente de Hebert, que havia acabado de rodar

Volta 10: Deixa Irvine para trás, para assumir a 4º posição. Alguém ainda pode afirmar que Schumacher não sabe ultrapassar?

Enquanto Schummy subia pelo pelotão de forma inexorável, nuvens negras cubriam o circuito de Spa-Francorchamps. A chuva era iminente, mas uma nuvem negra que perseguia David Coulthard fez com que o escocês tivesse mais uma quebra mecânica e Damon Hill assumia a liderança, seguido por Berger e Schumacher, mais afastado dos dois primeiros. Pensando na chuva, as equipes haviam optado por uma estratégia de duas paradas e foi nesse momento que a corrida se decidiu. Na volta 14, Berger foi aos boxes, com Hill o seguindo na passagem seguinte. Então, a chuva começou a cair de forma tímida, mas a ponto de fazer Hill e Berger voltarem aos pits para colocar pneus biscoitos, sendo que o ferrarista ficaria nos boxes mesmo, com problemas eletrônicos.

Tudo levava a crer que Schumacher faria o mesmo, mas o alemão foi aconselhado a ficar na pista escorregadia, com pneus slicks. O representante da Benetton dava um verdadeiro show, mas estava 6s mais lento que Hill, que tinha pneus mais apropriados no momento. E o inglês partiu para cima. Foi nesse momento que vimos o lado menos admirável de Schumacher. No mesmo estilo Hungria/2010, Schumacher fechou várias e várias vezes Damon Hill, fazendo com que o inglês até saísse da pista por alguns momentos. Foram momento perigosos, numa pista molhada, mas só por estar ainda na pista, Schumacher mostrava todo o seu enorme talento, enquanto Hill perdia um tempo precioso atrás do alemão. Absolutamente no limite, Schumacher sai da pista após três emocionantes voltas à frente do rival e Damon Hill reassumia a ponta da corrida, enquanto outro momento apavorante acontecia nos boxes.

Para quem esperava tempestade, Spa nos deu apenas uma chuva a ponto de atrapalhar a cabeça de todos. Eddie Irvine volta aos boxes para colocar pneus slicks e reabastecer, mas a Jordan erra na hora de mandar o irlandês ir embora e o resultado foi um perigoso incêndio no carro de Irvine, que mal sentiu o perigo. "Não vi nada, só senti um calorzinho...", foi tudo o que disse Irvine sobre o incidente. Na pista, era Hill que estava em desvantagem agora e Schumacher demorou poucas voltas para retomar a ponta, disparando na ponta. Então, o clima belga prega outra peça quando a chuva volta com muita força, a ponto do safety-car ir à pista na volta 30. Schumacher aproveita e troca seus pneus de slicks para os de chuva, enquanto Hill tinha problemas com uma penalização e perde a 2º posição para a Ligier de Martin Brundle, mas o piloto da Williams consegue uma recuperação espetacular e retoma o 2º posto na última volta. A partir desta vitória, todos passam a considerar Michael Schumacher um gênio da velocidade, mas Damon Hill ficou irritadíssimo com as manobras do alemão durante a disputa entre os dois e cobra uma penalidade a Schummy. Schumacher seria punido mais tarde, mas ninguém poderia lhe tirar uma vitória maiuscula como aquela!

Chegada:
1) Schumacher
2) Hill
3) Brundle
4) Frentzen
5) Blundell
6) Barrichello

quarta-feira, 25 de agosto de 2010

História: 25 anos do Grande Prêmio da Holanda de 1985


A temporada de 1985 entrava definitivamente no seu momento decisivo quando a F1 aportou no velho e tradicional circuito de Zandvoort. Alain Prost e Michele Alboreto estavam empatados em pontos, mas com Prost claramente num melhor momento. Se nos anos 50 Zandvoort era uma referência em termos de autódromo seguro, trinta e cinco anos depois isso era exatamente o inverso. O traçado sinuoso não permitia muitas ultrapassagens, com a única excessão sendo a freada da reta dos boxes, para entrar na famosa curva Tarzan. Em tempos de pit-stops programados, o estreito pit-lane era uma problema sério e a infra-estrutura estava notadamente velha. A FOCA pedia reformas, mas os organizadores holandeses esperavam que a tradição de sua corrida sensibilizassem a F1 para que permanecesse em seu calendário.

De volta às pistas, Nelson Piquet mostrava o crescimento da Brabham na metade final da temporada e conquistava sua primeira pole no ano, mesmo todo mundo sabendo que estava de malas prontas para a Williams. Chegava a ser irônico Piquet conseguir sua primeira pole já no final da temporada, pois em 1984 ele bateu o recorde de poles numa mesma temporada, com nove. Porém, Nelson tinha boas razões de estar feliz, pois Rosberg, também de saída de sua equipe, colocava a Williams na primeira fila, mostrando o quanto a equipe de Frank Williams estava forte para 1986. Na briga pela ponta do campeonato, Prost colocava sua McLaren num bom terceiro lugar, enquanto a Ferrari começava a mostrar sua má fase, com Alboreto apenas em 16º e Johansson logo atrás.

Grid:
1) Piquet (Brabham) - 1:11.074
2) Rosberg (Williams) - 1:11.647
3) Prost (McLaren) - 1:11.801
4) Senna (Lotus) - 1:11.837
5) Fabi (Toleman) - 1:12.310
6) Tambay (Renault) - 1:12.486
7) Mansell (Williams) - 1:12.614
8) Boutsen (Arrows) - 1:12.746
9) Surer (Brabham) - 1:12.856
10) Lauda (McLaren) - 1:13.059

O dia 25 de agosto de 1985 estava ensolarado e com clima ameno, condições perfeitas para uma corrida de F1. Um pouco antes da corrida, Patrick Tambay tem problemas com seu Renault e tem que largar nos boxes, mas esse seria apenas mais um dos vários problemas que acometeriam os pilotos nos momentos iniciais do Grande Prêmio da Holanda. Logo na largada, o pole Nelson Piquet e o sexto colocado Thierry Boutsen ficaram parados no grid, fazendo com que a largada fosse um caos, mas por sorte ninguém foi atingido e todos os carros partiram sem problemas para a primeira curva. Keke Rosberg se aproveita dos problemas de Piquet para assumir a ponta, com Senna fazendo outra de suas ótimas largadas para assumir o segundo posto. Tendo de desviar de Piquet, Prost acaba perdendo tempo e também é ultrapassado por Fabi.

Na corrida anterior, em Zeltweg, Niki Lauda havia anunciado que se aposentaria no final da temporada e quase venceu em casa, mas o austríaco, que fazia uma temporada irreconhecível, estava mais animado do que o normal e queria coroar sua vitoriosa carreira com um triunfo final. Largando apenas em décimo, Lauda desviou bem dos problemas e pulou para quinto, tendo que ultrapassar a Brabham de Marc Surer durante a primeira volta. No início, Rosberg tentava se distanciar de Senna, que era surpreendentemente pressionado por Fabi e Prost, com Lauda um pouco mais atrás, correndo isolado. Porém, Fabi só dura uma volta à frente de Prost e o francês passa a pressionar Senna, que se defendia muito bem na entrada da curva Tarzan, o ponto mais claro de ultrapassagem. Com Senna segurando Prost, não foi surpresa ver Lauda, que já havia ultrapassado Fabi, encostar nos dois.

Numa imagem não mostrada pela TV, as duas McLarens aparecem à frente de Senna e quando começavam a se aproximar de Rosberg, o motor Honda estourou na volta 19, acabando com a corrida do finlandês. Prost assumia a ponta da corrida e muitos devem estar se perguntando: aonde estaria Alboreto? O italiano tentava uma corrida de recuperação e já estava em sétimo, nas portas da zona de pontuação, e pressionava a Williams de Nigel Mansell e os dois Renaults. Lá na frente, os três primeiros passam a andar próximos, mas sem chances de ultrapassagem entre eles. A corrida seria decidida, quem diria, na estratégia de box. O primeiro a parar foi Lauda, ainda na volta 20. Senna fica mais seis voltas na pista até fazer sua parada, mas o brasileiro não se aproveita do tempo em que ficou na pista e volta bem à frente de Lauda, porém o tricampeão faz a curva Tarzan por fora e ultrapassa Senna. Retardando ao máximo sua parada e se aproveitando do abandono dos dois Renault, Alboreto assumia a 2º posição, ficando logo à frente de Lauda, mas quanto o italiano vai aos boxes, a Ferrari demora 12s e Alboreto retorna à pista em sexto, logo atrás de Surer.

Prost foi o último a parar, na volta 33, mas a ultra-profissional McLaren tem problemas no pneu traseiro direito do carro do francês e o pit-stop de Prost dura mais de 20s, com o francês retornando em 3º, 12s atrás de Senna. Prost força o ritmo e em exatas doze voltas estava colado na Lotus de Senna e efetua a ultrapassagem na reta dos boxes. O francês continua em seu ritmo e parte para cima de Lauda. Em tempos de ordens de equipe, seria mais do que normal ver Lauda deixar Prost passar, vide a situação do campeonato naquele momento, mas o austríaco tinha seus próprios objetivos e não tinha engolido muito bem o comportamente de Ron Dennis em 1984, quando ele disputava o título com Prost e o chefe de equipe ficou ao lado do francês. Prost colou em Lauda nas últimas voltas, mas o austríaco não se fez de rogado e fechou a porta em todas as oportunidades em que Prost tentou algo. A última volta foi espetacular, com Prost desesperado em chegar em primeiro e Lauda tentando conseguir sua 24º vitória na carreira e ele sabia que talvez não tivesse outra chance como aquela. Lauda cruzou a linha de chegada 0.242s à frente de Prost e conseguia sua última vitória na F1, na última corrida da categoria em Zandvoort.

Chegada:
1) Lauda
2) Prost
3) Senna
4) Alboreto
5) De Angelis
6) Mansell

segunda-feira, 23 de agosto de 2010

Enquanto isso no domingo...



Somente a inaptidão de Will Power nos ovais pode tirar o título desta temporada do australiano da Penske. Com uma atuação perfeita, Power venceu neste domingo em Sonoma de forma tranqüila, não se importando quem estava em segundo lugar ou com as relargadas. Power simplesmente impunha seu ritmo aos adversários e ignorava quem vinha atrás de si, como que para demonstrar que, nos circuitos mistos, de rua ou permanentes, era ele quem mandava. E realmente mandou! Afinal, foram oito poles (recorde na categoria) e cinco vitórias, colocando uma boa vantagem sobre o segundo colocado no campeonato, Dario Franchitti.

A prova no circuito californiano foi surpreendentemente agitada, tanto na parte boa - com muitas ultrapassagens e disputas -, como na parte má - a perigosa capotagem de Dan Wheldon ainda antes da primeira bandeira verde. Porém, o pole Will Power sempre comandava o pelotão e praticamente não foi incomodado. Inicialmente Helio Castroneves foi seu perseguidor mais próximo, mas o brasileiro da Penske foi vítima do desgaste prematuro dos pneus macios e perdeu algumas posições. Com isso, Dario Franchitti assumiu o segundo posto, que foi perdido durante a primeira rodada de paradas para Ryan Briscoe, o terceiro piloto da Penske. Após algumas bandeiras amarelas provocadas por toques em disputas por posições, quem apareceu forte na corrida foi Scott Dixon, que assumiu a segunda posição e dava pinta que poderia ameaçar Power na última bandeira amarela, mas ficou apenas na ameaça e Power venceu com categoria, mas como as últimas quatro provas da temporada será em ovais, seu calcanhar de aquiles, o australiano terá que manter a calma se quiser conquistar o título sem grandes sobressaltos, mas Power já tem uma mão na taça!

Ainda no sábado, a Nascar viu Kyle Busch entrar para a história da categoria. O americano sempre foi mais conhecido por seu comportamento rebelde dentro e fora das pistas, onde toques e dedos em riste chamam mais atenção do que seu desempenho em pista. Porém, mo mini-minioval de Bristol, Busch conseguiu a proeza de vencer as três corridas programadas da Nascar naquele final de semana (Truck, Nationwide Series e Sprint Cup) e inscreveu seu nome na história como o primeiro a fazer isso. Porém, ainda resta o título para consolidar de vez o nome de Kyle Busch na história da Nascar, mas com 24 anos de idade, o americano ainda tem muita curva à esquerda para isso!

Para fechar, o DTM realizou mais uma etapa doseu certame no tradicional circuito de Zandvoort, na beira das praias holandesas. Para quem abomina as ordens de equipe, seria bom não ter assistido essa corrida. Apenas Audi e Mercedes disputam o campeonato e como não poderia deixar de ser, cada montadora tem seu escolhido. Timo Scheider, atual bicampeão da categoria, correndo pela Audi, largou na pole, mas teve problemas e caiu para décimo ainda na primeira curva. Precisando se recuperar no campeonato e na corrida, o alemão partiu para o ataque, mas chegava a ser interessante como ele passava com facilidade pelos outros carros Audi. Era tipo, "Fulano, Timo está mais rápido do que você, entendeu a mensagem?". E lá ia Scheider ganhando posições, até dar de cara com o primeiro Mercedes, de Ralf Schumacher. O caçula Schumacher foi também ultrapassado, mas com muito mais trabalho e após o representante da Mercedes errar. Mais à frente, os dois Audis mais bem colocados, Miguel Molina e Mattias Ekström, vinham em terceiro e quarto, mas como Ekström está melhor colocado no campeonato, 'ultrapassou' Molina duas vezes, após um pit-stop mais demorado de Molina. Para aumentar as suspeitas das famosas ordens, Scheider foi o último a relizar o pit-stop derradeiro e Ekström diminuiu seu ritmo... e não é que Scheider saiu dos boxes à sua frente? Coinscidência, não? A Mercedes conseguiu dobradinha com Gary Paffet e Paul di Resta, onde nenhum dos dois se esforçaram atrás de uma briga inútil para os interesses da Mercedes. Ou seja, uma terceira marca no DTM já!

quinta-feira, 19 de agosto de 2010

Mark, are you ok?

Esse vídeo com cenas raríssimas mostram o estrago feito pelo March de Mark Donohue no guard-rail de Zeltweg e mostra seu resgate, onde fica bem claro que o americano estava consciente, quando finalmente o colocaram numa ambulância.

Capitão Nice


Para muitos que acompanham a F1, o nome de Mark Donohue talvez não seja muito relevante, provavelmente entrando como mais uma das vítimas dos mortíferos anos 70. Porém, este simpático americano foi um dos pilotos mais completos e vitoriosos na histórias das pistas dos Estados Unidos e iniciou a tradição de uma das equipes mais importantes da história do automobilismo mundial, quando se juntou ao seu amigo Roger Penske na metade da década de 60. Dono de um conhecimento mecânico impressionante, além de sempre correr no limite, Donohue também era muito carismático dentro e fora das pistas, com sua estúpida morte chocando a todos, mesmo ele não sendo um front-runner na F1. Como essa tragédia ocorreu há 35 anos atrás, vamos conhecer um pouco da breve e vitoriosa carreira de Donohue.

Mark Donohue Neary Jr. nasceu no dia 18 de março de 1937 em Summit, em Nova Jersey. Vindo de uma família com boas condições financeiras, Mark estudou em bons colégios, mas sua paixão pelos carros fez com que cursasse Engenharia Mecânica na Universidade de Providence, daonde se formou em 1959. O que Donohue ganhou de conhecimento nas salas de aula, ele usaria bastante na prática nas corridas, sendo bastante conhecido por isso mais tarde. Quando completou 18 anos, Mark já tinha um Corvette em suas mãos e foi com o mítico carro da Chevrolet que ele fez sua primeira corrida em 1957, participando de provas de subida de montanha. Donohue venceria sua primeira prova neste tipo de corrida em 1959 e por isso já se empenhava em disputar provas mais importantes, principalmente em corridas de Carros-Esporte. Com seus contatos, Donohue entrou em contato com o piloto e futuro chefe de equipe Walt Hansgen, que lhe ajuda em suas primeiras provas. Em 1964, ao lado de Hansgen, Mark vence sua primeira corrida de Carros-Esporte em Bridgehampton e no ano seguinte, Donohue participa de sua primeira grande corrida: as 12 Horas de Sebring. A bordo de uma Ferrari 275, a dupla Donohue/Hansgen consegue terminar a prova em 11º no geral, o que não era pouca coisa.

Ainda em 1965, Mark Donohue tem seus primeiros contatos com os monopostos, participando de algumas corridas americanas, mas naquele momento ele estava mais focado nas provas de turismo. Graças aos contatos de Hansgen, que praticamente adota Donohue como pupilo, Mark se envolve no projeto da Ford em derrotar a Ferrari nas 24 Horas de Le Mans. Em 1966, ao lado do australiano Paul Hawkins, Donohue completa poucas voltas, mas no ano seguinte o americano consegue um excelente 4º lugar, ao lado de Bruce McLaren, mesmo com ambos os pilotos não concordando com o acerto do Ford GT40 Mark IV. Donohue e McLaren eram ótimos acertadores de carros e cada um queria um carro ao seu estilo, mas isso não impediu um ótimo resultado para ambos na famosa corrida francesa. Essas duas participações em Le Mans foram as únicas de Donohue na mítica corrida em Sarthe, pois em 1967 ele havia sido contratado a uma equipe que marcaria não apenas sua vida, mas também do seu chefe. Começava a dobradinha Donohue-Penske.

Ainda em 1966 Roger Penske convida Donohue a participar do Campeonato Americano de Carros Esporte com um Lola T70, com poucos resultados competitivos e muitos acidentes, mas Mark consegue ótimos desempenhos nas duas principais provas de Carros Esporte nos Estados Unidos, quando fica com um 3 º lugar em Daytona e consegue um segundo lugar nas 12 Horas de Sebring. Porém, no ano seguinte, Donohue conquista o Campeonato Americano de Carros Esporte de forma avassaladora, vencendo seis das sete corridas em que competiu. Em 1968, da mesma forma em que conquista o bicampeonato de Carros Esporte, desta vez com um McLaren M6A, Donohue também participava do Campeonato Americano de Trans-Am, com um Chevrolet Camaro de propriedade de Roger Penske. Mark conquista o título após vencer dez das treze provas do campeonato, ainda vencendo a etapa das 12 Horas de Sebring, ao lado de Craig Fisher. Donohue ainda conquistaria os títulos da Trans-Am em 1969 e 1971.

Com seu enorme sucesso em todos os tipos de carros, Mark Donohue começa a se aventurar nas corridas de Indycars e em 1969 participa de sua primeira 500 Milhas de Indianápolis, com a equipe Penske. Logo de cara, Mark conquista o prestigioso título de 'Rookie of the year' ao ficar em sétimo lugar em Indiana e para provar que marcaria sua nome também na Indy, quase vence a prova em 1970, ficando em segundo lugar, atrás de Al Unser. Após uma prova ruim em 1971, Mark Donohue consegue uma vitória arretabatora em 1972, com um McLaren-Offenhauser. A média conseguida por Donohue de mais de 163 milhas por hora foi recorde por vários anos e Roger Penske vencia pela primeira vez no solo sagrado de Indiana, iniciando assim uma trilha de sucesso da equipe Penske nas 500 Milhas de Indianápolis. Mostrando que desbravar novos territórios para Roger Penske era mesmo sua especialidade, Mark Donohue deu ao chefe de equipe a primeira vitória na Nascar, em Riverside, em 1973.

Com seus ótimos resultados nas pistas americanas, não foi surpresa ver o nome de Mark Donohue se envolver com a F1. No final de 1971, a equipe Penske aluga um McLaren de F1 para participar das provas americanas, no final da temporada e Donohue é escolhido para ser o piloto. Correndo em Mosport Park, Mark consegue um impressionante oitavo lugar no grid e termina a prova em terceiro lugar, conseguindo o que seria seu único pódio na F1. Para a corrida em Watkins Glen, Donohue sofre um acidente durante os treinos e é substituído por David Hobbs, mas ele havia deixado sua marca.

Em 1972, a Porsche desiste de participar do Mundial de Marcas e se junta a Penske para participar do Campeonato da Can-Am com o mítico Porsche 917. Donohue usa seus conhecimentos em mecânica para melhorar o carro e derrotar os até então imbatíveis McLarens. Porém, num teste em Road Atlanta com o intuito de melhorar o carro alemão, Mark Donohue sofre seu acidente mais grave. O americano perdeu o controle quando vinha a 240 km/h, saiu da pista, capotou sete vezes e se espatifou contra um posto de fiscalização vazio, num acidente muito parecido que havia tirado a vida de Bruce McLaren dois anos antes. A frente do Porsche foi arrancada, mas Donohue teve sorte em ter apenas as pernas quebradas, porém isso significou o fim da temporada para o americano. Ele voltaria em 1973 ainda mais forte e determinado a melhorar o Porsche 917 e conquistar o campeonato da Can-Am. A essa altura, o carro alemão já atingia inacreditáveis 1.100cv. Em ritmo de corrida! Mark Donohue conquista o campeonato de forma dominadora, mas em 1973 ocorre o primeiro choque do petróleo e os grandes carros, como McLaren e Porsche 917, ficam proibidos de correr no final desta temporada. Porém, esses belos e espetaculares carros entraram para a história do automobilismo.

Com a saída do seu carro favorito das pistas e já contando com 36 anos, Mark Donohue anuncia sua aposentadoria no final de 1973, ficando apenas como conselheiro da equipe Penske. Porém, Roger Penske inicia seu projeto para participar do Campeonato de F1 ainda em 1974 e convence Donohue a sair de sua aposentadoria e tocar o projeto como principal piloto. O Penske PC1 fica pronto apenas no final de 1974 e Donohue volta a participar de uma corrida de F1 no Grande Prêmio do Canadá daquele ano, mas o carro apresenta vários problemas e o americano larga nas últimas posições, com Donohue ainda completando a prova em 12º lugar. Apesar dos resultados nada animadores, a Penske resolve participar do Campeonato completo em 1975 com Mark Donohue como seu único piloto. Porém, Roger Penske sabia que o problema não era de piloto e bastava apenas dar um bom carro a Donohue para ele obter sucesso na F1 e isso foi provado no final de 1974, com a temporada da IROC. Esse mini-torneio de quatro corridas em pistas americanas reunia todos os principais campeões de automobilismo do mundo, com Porsche 911 iguais. Donohue foi convidado como último campeão da Can-Am, e se juntaria a pilotos como Emerson Fittipaldi (que havia acabado de conquistar o bicampeonato de F1), A.J. Foyt, Richard Petty e companhia bela. Em meio a tantas feras, Mark Donohue venceu três das quatro provas e conquistou o campeonato!

Porém, a temporada na F1 seria bastante complicada para a Penske e Mark Donohue. O modelo PC1 não conseguia grandes resultados nas Classificações e a melhor posição de grid conseguido por Mark foi um 15º lugar em Interlagos. Porém, usando sua experiência e talento, Donohue conseguia grandes resultados durante as corridas, onde normalmente levava o carro até o fim e no Grande Prêmio da Suécia, consegue um milagroso 5º lugar. Sabendo que o carro próprio ainda necessitava de melhoramentos, Penske decide usar um March até o final da temporada e Donohue mostra que bastava um carro melhor para conseguir um bom resultado, quando conquista outro 5º lugar logo em sua estréia com o carro, em Silverstone. Após a prova na Inglaterra, Mark Donohue volta aos Estados Unidos para bater o recorde mundial em um circuito fechado e para isso ele não utiliza um monoposto. O velho Porsche 917 estava parado e a Penske resolve modificá-lo para conseguir o feito, aumentando a pressão do turbo, fazendo com que a potência do carro chegasse a astronômicos 1.500 cv! Na pista de Talladega, no dia 9 de agosto de 1975, Donohue chegou a 382 km/h na reta principal, mas sua média de 355,858 km/h lhe garantiu o recorde, que duraria vários anos. Após estar com o recorde nas mãos, Donohue volta suas atenções para a F1 e a próxima etapa do campeonato, na Áustria. Mark ainda tentava melhorar o acerto do seu March durante o warm-up, no domingo pela manhã, quando se aproximava da veloz curva Hella Licht e então seu pneu dianteiro estourou sem aviso. Mark perdeu o controle do seu March, atravessou as grades de segurança e acertou com muito violencia o guard-rail e um suporte de cimento de um outdoor. Milagrosamente, Donohue sai do carro sozinho, mas dois comissários de pista foram atingidos e um deles acabaria morrendo. Numa emocionante entrevista no começo desse ano, Emerson Fittipaldi disse que parou seu McLaren no local do acidente e procurou o piloto envolvido. Quando encontrou Donohue, perguntou: Mark, are you ok? (Mark, você está ok?). O americano respondeu que sim, mas infelizmente não era a verdade. Quando Mark Donohue chegou aos boxes, andando, reclamou de fortes dores de cabeça e então foi levado ao centro médico. Como as dores só aumentavam, foi levado de helicóptero para um hospital de Graz. Chegando ao hospital, foi constatado um forte hematoma cerebral e Donohue entrou em coma na segunda-feira. Uma operação de emergência foi feita para diminuir a pressão do cérebro, mas Mark Donohue acabaria falecendo na madrugada do dia 19 de agosto de 1975, aos 38 anos de idade. Mesmo com poucas corridas no currículo, o mundo da F1 ficou devastasdo com a morte do simpático americano, mas a dor foi muito maior no outro lado do Atlântico. Visto como um ídolo nos Estados Unidos, Donohue recebeu várias homenagens durante aquele ano. No curso das investigações do acidente, foi descoberto um problema na construção do pneu estourado, fazendo com que a viúva de Donohue conseguisse ganhar uma milionária indenização da Goodyear. Até os dias de hoje, a Penske sempre que pode homenageia Mark Donohue, um dos grandes pilotos na sua história. E também do automobilismo americano!

quarta-feira, 18 de agosto de 2010

A demissão de De Cesaris

Há exatos 25 anos atrás, Andrea de Cesaris se envolvia no seu acidente mais famoso e também um dos mais célebres da história da F1. Após ter sobrevivido ileso (mas bem sujo...) ao incidente, De Cesaris pensava que teria apenas mais uma história desastrada para contar a Guy Ligier, seu chefe de equipe. Porém, o francês já estava cansado dos prejuízos provocados por De Cesaris e o demitiu após o Grande Prêmio de Zeltweg. Será que por justa causa?

terça-feira, 17 de agosto de 2010

História: 35 anos do Grande Prêmio da Áustria de 1975


Chegando a sua corrida natal, Niki Lauda estava com a faca e o queijo na mão. O austríaco vinha numa fase exuberante e naquele momento, todos esperavam apenas a confirmação de quando Lauda confirmaria seu primeiro título na F1. A Ferrari parecia um relógio e Lauda conquistava ótimos resultados, mesmo quando não vencia. Para melhorar, muitos dos seus principais adversários tiveram todos os tipos de problemas, inclusive seu companheiro de equipe Clay Regazzoni, que não conseguia mais acompanhar Lauda em todas as corridas.

Toda a Áustria parecia que havia invadido as suas montanhas, em direção a Zeltweg ver Niki Lauda vencer em casa. E o anfitrião fez bem o dever de casa ao conseguir mais uma pole, mas com uma pequena vantagem sobre James Hunt, na já decadente Hesketh, que, por falta de dinheiro, alugava o carro reserva de Hunt a cada corrida a quem tivesse dinheiro. Apesar de Emerson ter conseguido um bom terceiro lugar no grid, o sábado não foi de felicidade para a família Fittipaldi, pois Wilsinho bateu forte seu Copersucar num guard-rail e o brasileiro acabou quebrando a mão. O susto foi grande, mas o pior ainda estava por vir...

Grid:
1) Lauda (Ferrari) - 1:34.85
2) Hunt (Hesketh) - 1:34.97
3) E.Fittipaldi (McLaren) - 1:35.21
4) Stuck (March) - 1:35.38
5) Regazzoni (Ferrari) - 1:35.41
6) Pace (Brabham) - 1:35.71
7) Depailler (Tyrrell) - 1:35.78
8) Brambilla (March) - 1:35.80
9) Mass (McLaren) - 1:36.12
10) Scheckter (Tyrrell) - 1:36.14

O dia 17 de agosto de 1975 começou com um belo dia de sol, mas havia a previsão de chuva para a hora da corrida. Durante o warm-up, o americano Mark Donohue, um piloto multi-campeão do outro lado do Atlântico, perdeu o controle do seu March-Penske quando teve um pneu furado. A batida foi muito violenta, destruindo o guard-rail e atingindo dois comissários de pista. Os dois ficaram seriamente feridos e um deles viria a falecer mais tarde. Donohue saiu sozinho do seu carro, tendo que se desfazer das cercas que tentaram, em vão, diminuir a velocidade do seu carro. Alguns pilotos, ao verem a cena do acidente, chegaram a parar seus carros e falaram com Donohue, que se dizia bem. Porém, quando chegou aos boxes, o americano começou a sentir fortes dores de cabeça e foi levado imediatamente a Graz, onde se constatou um sério traumatismo craniano.

Com o guard-rail destruído pelo acidente de Donohue, a largada foi atrasada, proporcionando a esperada virada do tempo e a chegada da chuva, fazendo da largada, sempre um momento difícil em Zeltweg, ainda mais dramática com a pista molhada. O moral dos pilotos estava baixo quando a bandeira austríaca foi mostrada e Lauda largou muito bem, seguido de perto por Hunt. Cansado de tragédias, os pilotos não queriam ainda mais acidentes. Porém, Depailler, um notório piloto muito bom de chuva, pula para terceiro, trazendo consigo as duas Marchs de Hans-Joachim Stuck e Vittorio Brambilla.

Mesmo em condições traiçoeiras, Lauda tratou de imprimir um ritmo forte, mas Hunt era sempre uma sombra perigosa atrás do austríaco. Mais atrás, Brambilla fazia uma corrida extremamente forte e em seis voltas ultrapassa seu companheiro de equipe Stuck e também Depailler. Uma corrida assim do italiano era extremamente perigosa por outros motivos. Conhecido como o 'Gorila de Monza', Vittorio Brambilla era, por assim dizer, uma versão anterior de Andrea de Cesaris e seus acidentes eram conhecidos. Apesar de simpático e até mesmo simplório, poucos apostavam que Brambilla pudesse algo de bom na F1, mesmo o italiano tendo mostrado alguma velocidade. Em Zeltweg, Brambilla fazia sua melhor corrida na carreira e se aproximava de Hunt, outro piloto conhecido por ser propenso a acidentes. A corrida era tensa e, para piorar, a chuva aumentava de intensidade. Cauteloso com a nova situação, Lauda diminui o seu ritmo e é alcançado por Hunt e Brambilla.

Mesmo tendo toda a torcida a seu favor, Lauda praticamente entrega a posição para Hunt e Brambilla na mesma volta, a décima quinta. E vão embora! Os austríacos ficam chateados quando vêem Lauda sendo deixado para trás por dois pilotos considerados piores, mas ainda havia corrida pela frente. De forma surpreendente, Brambilla ainda não havia provocado um acidente e pressionava fortemente Hunt, que se segurava como dava. Na volta 19, ambos se aproximaram de colocar uma volta no retardatário Brett Lunger, que usava um carro da Hesketh alugado. O americano tenta dar espaço para os líderes, mas Brambilla enxerga uma chance de assumir a liderança da corrida e numa brilhante manobra, deixa os dois carros para trás no mesmo instante. Para supresa geral, Brambilla abre uma boa diferença para Hunt, enquanto a chuva já ganhava ares de temporal. Com medo de novos acidentes, ainda traumatizados pelo o que viram de manhã, os organizadores resolveram mostrar a bandeira quadriculada na volta 29. Quando enxerga a bandeira xadrez à sua frente, Brambilla se emociona e larga o volante, fazendo com que perdesse o controle do seu March e vancesse a corrida no seu melhor estilo: sofrendo um acidente!

Porém, o italiano ainda teve tempo de colocar uma ré e comemorar a vitória com a frente do seu carro toda arrebentada. Após cinco anos, finalmente a March vencia uma corrida de F1, mesmo que só valesse somente a metade dos pontos. Ao chegar aos boxes, Brambilla foi recebido com festa pela equipe, mas como a cerimônia de pódio era diferente e mais demorada, a chuva cessou e alguns times protestaram, pedindo que a corrida fosse reiniciada. Porém, o resultado foi homologado e Brambilla guardou em sua oficina, em Monza, o bico laranja todo arrebentado do seu March até a sua morte, em 2001.

Chegada:
1) Brambilla
2) Hunt
3) Pryce
4) Mass
5) Peterson
6) Lauda

segunda-feira, 16 de agosto de 2010

História: 30 anos do Grande Prêmio da Áustria de 1980


A F1 chegava ao seu circuito mais veloz e como Zeltweg ficava quase 800 metros de altitude, tudo levava a crer que a Renault dominaria a corrida, pois seu motor turbo funciona muito bem em condições rarefeitas. Como Zeltweg era um autódromo para motores, a perspectiva era ainda melhor. Na Lotus, Mario Andretti demonstrava sinais de desmotivação e os maus resultados do time fariam crer que o americano abandonaria a equipe no final do ano e por isso Colin Chapman precisava de um substituto para 1981. Querendo dar uma chance ao seu jovem piloto de testes, Chapman inscreve um terceiro carro para um obscuro inglês chamado Nigel Mansell.

Como era esperado, a Renault esmagou a concorrência com o recorde da pista quebrado por muito por ambos seus pilotos, mas com Arnoux se sobressaindo ainda mais, colocando mais de 1s em cima do companheiro de equipe Jabouille. Demonstrando o equilíbrio dos seus carros, a Williams ficou logo atrás e completou a segunda fila, enquanto a Ligier não ficava muito atrás completava a terceira fila. Nelson Piquet havia tido um acidente na sexta-feira e treinou com o carro reserva e isso só lhe permitiu a sétima posição no grid. Muito pouco para quem ainda aspirava brigar pelo título, mas era o melhor que o brasileiro podia fazer no momento.
Grid:
1) Arnoux (Renault) - 1:30.27
2) Jabouille (Renault) - 1:31.48
3) Jones (Williams) - 1:32.95
4) Reutemann (Williams) - 1:33.07
5) Laffite (Ligier) - 1:33.16
6) Pironi (Ligier) - 1:33.22
7) Piquet (Brabham) - 1:33.39
8) Giacomelli (Alfa Romeo) - 1:33.64
9) De Angelis (Lotus) - 1:33.76
10) Daly (Tyrrell) - 1:34.17

O dia 17 de agosto de 1980 via um tempo nebuloso, mas as chances de chuvas eram remotas. Porém, quem se beneficiava com o tempo mais frio era a Renault, pois poderia trabalhar com toda a potência do seu turbo, mas o que a equipe francesa ainda pouco poderia fazer era com relação ao seu já famoso retardo do turbo nas baixas rotações, ficando esse fator ainda mais claro nas largadas. Por isso, não foi surpresa ver Alan Jones conseguindo sair da segunda fila para a ponta, mesmo na estreita reta de Zeltweg. Mais surpreendente ainda foi ver Pironi pular de 6º para 2º ainda antes da primeira curva! As Renaults caíram para 3º (Arnoux) e 5º (Jabouille).

Porém, durante o decorrer da primeira volta, a superioridade da Renault naquele dia fica claro quando Arnoux ultrapassa Pironi e Jabouille acompanha o ritmo do companheiro de equipe e completa a primeira volta em 3º! A Renault simplesmente ignorava as rivais na Áustria e na quarta volta o time francês já corria em dobradinha, com Arnoux sendo sempre acompanhado de perto por Jabouille. Sabendo de sua inferioridade com relação a apenas uma equipe, Jones se preocupa apenas em se preservar na terceira posição, pois o australiano sabia dos problemas de confiabilidade da Renault. Quem surpreendia era Bruno Giacomelli, colocando a Alfa Romeo na 4º posição. O italiano corria sozinho na equipe, ainda de luto pela morte de Patrick Depailler e aproveitando algumas evoluções testadas pelo francês, Giacomelli fazia sua melhor corrida no ano. Em nome de Depailler.
Além da pouca confiabilidade do carro da Renault, outro problema era o enorme desgaste de pneus, percebido pelos times ainda durantes os treinos. Mesmo o dia estando frio, os pilotos rapidamente sentiram problemas na sua borracha e alguns fizeram algo tão comum hoje, mas extremamente raro naquela época: pit-stops. Sem o treinamento que há hoje, não foi surpresa ver algumas equipes se atrapalharem e uma delas foi justamente a Renault, que viu Arnoux entrar nos boxes para trocar pneus, mas o francês também tem problemas mecânicos e perde algumas voltas no processo. Não deixava de ser uma justiça poética, pois em Interlagos e Kyalami, Jabouille havia perdido corridas ganhas por causa de defeitos no Renault e Arnoux acabara vencendo. Agora, era a vez de Jabouille capitalizar os problemas de Arnoux, mas a corrida não havia terminado ainda!

Giacomelli também sofria com seus pneus e era ultrapassado por Piquet e Reutemann, forçando o italiano ir aos boxes trocar seus Goodyears. Porém, a equipe tem problemas na hora de apertar a porca e Giacomelli viu a roda traseira saindo do seu carro e também viu voar seu sonho de uma bom resultado. Piquet também tem problemas quando perde a quarta marcha e é ultrapassado por Reutemann e Laffite, ainda se recuperando de uma péssima largada. Mais na frente, Jabouille aposta em ficar na pista, mesmo com os pneus desgastados. Alan Jones havia feito uma corrida inteligente, onde tocou seu carro com calma e sem desgastar os pneus. Jabouille não havia marcado sequer um ponto até então e para evitar surpresas desagradáveis, diminui bastante seu ritmo. Porém, ainda com seu Goodyears em bom estado, Jones passa descontar 1s por volta e o que parecia uma vitória garantida, se torna um final de corrida tenso. Quando faltavam três voltas, a diferença entre Jabouille e Jones era de 3s, mas o piloto da Renault ainda consegue uma volta boa na penúltima passagem e praticamente garante sua segunda vitória na carreira por meros oito décimos! Mesmo em segundo lugar, Alan Jones não tinha muito do que reclamar, pois seu principal rival no campeonato, Nelson Piquet, chegara apenas em 5º, mesmo com o piloto da Brabham sofrendo com problemas no câmbio desde metade da corrida. Jabouille comemorou muito sua vitória, mas ele não sabia que essa seria sua última alegria na F1!

Chegada:
1) Jabouille
2) Jones
3) Reutemann
4) Laffite
5) Piquet
6) De Angelis

domingo, 15 de agosto de 2010

Não tem quem segure!


Hoje em dia, a MotoGP vive uma crise parecida com que assolou a F1 no ano de 2002, quando haviam poucos carros e corridas monótonas. Com um grid de 17 motos, a FIM e a Dorna, respectivamente as promotoras técnicas e comerciais do Mundial de Moto, tentam achar meios de melhorar seu campeonato, mas quem não tem nada a ver com isso é Jorge Lorenzo. Como Michael Schumacher em 2002, o jovem espanhol da Yamaha nada a braçadas rumo ao seu primeiro título mundial da MotoGP e neste domingo conseguiu sua sétima vitória em dez provas desta temporada. O detalhe é que nas três corridas onde não ganhou, Lorenzo chegou em segundo...

A prova de hoje foi pouco disputada, com a fatura sendo decidida ainda na primeira volta. O pole Daniel Pedrosa conseguiu outra de suas largadas-relâmpagos, mas na primeira freada forte, foi ultrapassado por Lorenzo e Ben Spies, o surpreendente segundo colocado no grid. Se deixou Spies rapidamente para trás, Pedrosa nada pôde fazer para se aproximar de Lorenzo, que dominou a corrida de ponta a ponta e com 77 pontos de vantagem sobre Pedrosa no Mundial, pode ficar conquistar o título com até três corridas de antecipação. Pedrosa também não foi ameaçado em sua posição, mesmo com Casey Stoner ultrapassando ainda no início da prova Spies, contudo, o australiano, de malas prontas para a Honda, não se esforçou muito para se aproximar de Pedrosa e de se distanciar de Spies.

Quando Doviziozo caiu, viu-se um grande buraco para o segundo pelotão, que continha Valentino Rossi. O italiano ficou preso numa briga com os americanos Nicky Hayden e Colin Edwards, mas quando se livrou destes, já estava demasiadamente longe de Spies, seu provável substituto na equipe Yamaha. Rossi prometeu para hoje o anúncio do que irá fazer em 2011, mas tudo levar a crer que irá mesmo para a Ducati, no lugar de Stoner, fazendo a alegria dos italianos com um duo piloto-moto inesquecível. E ainda vermelha!

Na Moto2, Toni Elias usa sua experiência para se consolidar como principal candidato ao título deste ano. O espanhol vê seus adversários oscilando, enquanto se mantém entre os primeiros. Em Brno, foi ainda melhor e venceu com boa vantagem sobre Yuki Takahashi, que não briga pelo título, enquanto Luthi, antigo vice-líder, foi apenas 10º. Nicolas Terol acabou com a incrível sequencia de Marc Marques e venceu hoje, mas o título dificilmente sai entre esses dois, mais Pol Espargaró. Com isso, a Espanha tem a oportunidade inédita de conquistar os três títulos mundiais, mostrando que o momento é totalmente espanhol!

sexta-feira, 13 de agosto de 2010

História: 20 anos do Grande Prêmio da Hungria de 1990


Em 1989, a Ferrari havia conseguido uma vitória surpreendente e histórica com Nigel Mansell e por esse histórico recente, a equipe italiana esperava conseguir reverter a esmagadora vitória de Senna em Hockenheim, onde os carros vermelhos não brigaram pela vitória. No apertado Hungaroring, Prost esperava voltar a vencer, esquentando ainda mais a briga com seu arqui-rival Ayrton Senna, líder do campeonato.

Porém, contra todos os prognósticos, Thierry Boutsen conseguiu uma volta excepcional na sexta-feira e não foi mais alcançado no sábado. Porém, a surpresa foi ter visto Riccardo Patrese ter conseguido um lugar na primeira fila, completando uma dobradinha da Williams no grid, algo que não era visto de 1987! Provando o quanto a Classificação na Hungria foi esquisita, o principal piloto da McLaren na briga pela pole não foi Senna, mas Berger, com o austríaco chegando a ficar muito tempo com a melhor volta do sábado, até ser superado por Patrese. A Ferrari não mostrou a que veio e Prost ficou apenas em oitavo. Se servia de consolo, Mansell largou ainda pior, em 12º, em 1989 e venceu a prova...

Grid:
1) Boutsen (Williams) - 1:17.919
2) Patrese (Williams) - 1:17.955
3) Berger (McLaren) - 1:18.127
4) Senna (McLaren) - 1:18.162
5) Mansell (Ferrari) - 1:18.719
6) Alesi (Tyrrell) - 1:18.726
7) Nannini (Benetton) - 1:18.901
8) Prost (Ferrari) - 1:19.029
9) Piquet (Benetton) - 1:19.453
10) De Cesaris (Dallara) - 1:19.675

O dia 12 de agosto de 1990 estava quente e ensolarado nas proximidades de Budapeste e isso significava condições extremamente normais para uma corrida de F1. Mesmo há vinte anos atrás, quando as ultrapassagens nem eram tão difíceis como hoje, já se falava que Hungaroring não favorecia as ultrapassagens e que um bom lugar no grid era essencial. Porém, essa corrida seria diferente. Como os pilotos tinham a idéia das dificuldades de se passar na cabeça, todos tentaram uma largada agressiva, atrás de ganhar posições. As Williams não largaram tão bem, mas Boutsen e Patrese fizeram um interessante jogo de equipe, fechando as passagens pela estreita reta. Mais atrás, Berger tentava forçar a barra e colava em Boutsen, deixando Patrese para trás ainda antes da primeira curva, enquanto Senna tentava o ataque em cima de Patrese e o companheiro de equipe. Ao contrário do que poderia se imaginar, a largada foi sem incidentes, mas houveram algumas mudanças.

Boutsen manteve a ponta, mas perdia seu 'escudo' quando Berger pulou para segundo, enquanto Patrese caía para terceiro. Quando foi fechado por Patrese, Senna perdeu impulso para a curva seguinte e foi ultrapassado por Mansell, numa ótima largada do inglês e para piorar as coisas para o brasileiro, Alesi também ataca Senna por fora da curva 2 e assumia a 5º posição, deixando o representante da McLaren em 6º, mas Senna não poderia reclamar muito, pois Prost havia feito uma péssima largada e ainda era atrasado por Andrea de Cesaris. Os quatro primeiros colocados partiram para uma tensa corrida pela liderança, mas não houveram trocas de posição entre Boutsen, Berger, Patrese e Mansell. Mais atrás, Alesi segurava o segundo pelotão, que tinha Senna e Nannini, que havia acabado de ultrapassar De Cesaris, enquanto os multi-campeões Piquet e Prost se engalfinhavam com o atrapalhado italiano da Dallara.

Na volta 21, Senna tem que ir aos boxes por causa de uma roda quebrada, lhe ocasionando um furo lento. A sorte do brasileiro foi que ele sentiu o problema um pouco antes da entrada dos boxes e por isso não perdeu tanto tempo assim, mas o melhor estava por vir. Prost fazia uma corrida apagada, onde não figurou em nenhum momento na zona de pontuação e na volta 36, o piloto da Ferrari abandonou tristemente com a transmissão quebrada. Após ter segurado por mais de vinte voltas Senna, Alesi não teve o mesmo ímpeto com as duas Benettons, fazendo com que Nannini e Piquet alcançassem as 5º e 6º posições, respectivamente. E se aproximando do pelotão dianteiro!

Não havia perspectivas de pit-stops para a prova na Hungria e por isso a maioria dos pilotos tinham cuidados com seus pneus, em especial os pilotos da frente, mas como Senna havia acabado de trocar seus pneus, o brasileiro começou uma boa prova de recuperação e era o mais rápido da pista quando ultrapassou Piquet na volta 37. A corrida fica bem estática, mas também muito tensa, pois Nannini já se enxergava a traseira de Mansell, o 4º colocado, e Senna já colava no primeiro pelotão formado de cinco carros. Até sua metade, o Grande Prêmio da Hungria de 1990 era um jogo de xadrez, mas a paciência dos pilotos não tardaria a acabar e as emoções aumentar!

Informado do ótimo desempenho do companheiro de equipe com pneus novos e cansado de ver o nome Canon na sua frente, Berger foi aos boxes colocar pneus novos, algo que Piquet também faria. A Williams voltava a ter dobradinha, mas Nannini colava definitivamente em Mansell e quando o inglês errou na entrada da reta dos boxes ao tentar ultrapassar Patrese, o italiano da Benetton se aproveitou para dar o bote e assumir o 3º lugar. Sempre atento as oportunidades, Senna também consegue uma belíssima ultrapassagem sobre o velho rival, deixando Mansell em 5º. Patrese também tentar dar o pulo do gato e vai aos boxes na volta 55, mas retorna à pista atrás de Berger, que voava nesse momento e já se aproximava de Mansell. Porém, o que estragou a corrida de Patrese foi ter ficado atrás também de Piquet, que havia acabado de trocar seus pneus e não sofria com o desgaste da borracha. Novamente sem seu 'escudo', Boutsen aumenta o ritmo, mas o belga aposta em não parar nos boxes, enquanto Nannini fazia o possível para segurar Senna atrás de si. Demonstrando que Hungaroring é mesmo palco de manobras poucos inspiradas de lendas do automobilismo, Senna praticamente joga o carro em cima de Nannini numa tentativa de ultrapassagem nos esses e o italiano quase capota o carro. Apesar do toque, Senna continua na prova, enquanto Nannini estava de fora. Os italianos devem ter chamado isso de 'tentativa de homícidio'...

A prova na Hungria já era considerada a melhor do ano (irônico, não?), mas ainda não havia acabado as emoções. Berger se aproximava rapidamente de Mansell para brigar pelo 3º lugar e com o austríaco com pneus em melhor estado, a ultrapassagem parecia iminente. Porém, Berger se afobou e no mesmo local em que Senna jogou Nannini para fora, o piloto da McLaren foi igualmente otimista e fez Mansell rodar. Porém, Berger não tinha a mesma estrela de Senna e abandonaria também. Por falar em Senna, o brasileiro se aproximava de Boutsen e as últimas voltas foi um mano a mano entre os dois pilotos, que eram muito amigos fora da pista, mas como Boutsen conhecia muito bem Senna, esse fato não impediria o brasileiro de tentar algo. Mesmo com os pneus em péssimas condições, Boutsen conseguiu se segurar e venceu sua terceira corrida de F1 na carreira. O Brasil teve muito o que comemorar, pois Senna e Piquet completaram o pódio. Apesar da alegria, Boutsen sabia que a Williams tentava convencer Mansell a desistir de se aposentar e que seu lugar estava a perigo. Poucas semanas depois, o boato se confirmou e o emocionante Grande Prêmio da Hungria de 1990 foi a última vitória de Thierry Boutsen na F1.

Chegada:
1) Boutsen
2) Senna
3) Piquet
4) Patrese
5) Warwick
6) Brundle