A última passagem da F1 pelos Estados Unidos em 1991 não tinha sido das mais felizes, com Ayrton Senna vencendo uma corrida com arquibancadas vazias em Phoenix. Bernie Ecclestone adoraria conquistar o difícil mercado americano e por isso teve a idéia de voltar à 'America' através da Capital Mundial das Corridas novamente. Indianápolis respita automobilismo em sua forma mais pura e em 1998 o veterano dirigente entrou em contato com Tony George, dono do circuito, para levar a F1 para o tradicionalíssimo circuito. Foi feito um circuito misto improvisado no gigantesco infield, mas o grande destaque seria a utilização da Curva 1 do Oval e praticamente toda a reta dos boxes. Mesmo que no sentido inverso. Após um ano e meio de reformas, o circuito ficou pronto e no final do século 20, dois nomes importantes do automobilismo se juntariam novamente: F1 e Indianápolis.
Apesar da festa pela corrida no estado de Indiana, havia um campeonato a ser decidido e Michael Schumacher e Mika Hakkinen polarizavam a disputa. O piloto da Ferrari se recuperara de uma fase menos boa, onde perdeu a liderança para Hakkinen, com uma vitória categórica no triste Grande Prêmio da Itália, marcado pela morte do bombeiro Paolo Ghilinsberti. Com Schumacher e Hakkinen com boa vantagem sobre Rubens Barrichello e David Coulthard, ordens de equipes eram esperadas, mas era a Ferrari que vinha em melhor forma, porém Rubens não acompanhou o ritmo dos líderes e deixou Schumacher praticamente sozinho, na pole, contra as duas McLarens na hora da largada.
Grid:
1) M.Schumacher (Ferrari) - 1:14.266
2) Coulthard (McLaren) - 1:14.392
3) Hakkinen (McLaren) - 1:14.428
4) Barrichello (Ferrari) - 1:14.600
5) Trulli (Jordan) - 1:15.006
6) Button (Williams) - 1:15.017
7) Frentzen (Jordan) - 1:15.067
8) Villeneuve (BAR) - 1:15.317
9) Diniz (Sauber) - 1:15.418
10) R.Schumacher (Williams) - 1:15.484
O dia 24 de setembro de 2000 trazia um adicional a mais para fazer daquele Grande Prêmio dos Estados Unidos ainda mais especial. Estava chuvendo. Milhares de pessoas compraram ingressos no domingo para assistir a corrida, pois simplesmente nunca haviam visto um prova debaixo d'água em Indianápolis. Como resultado, aproximadamente 250.000 pessoas encheram as arquibancadas no Indianapolis Motor Speedway, dissipando todas as dúvidas de sucesso da prova. Porém, havia outro problema. A tradicional linha de tijolos estava muito molhada e com isso Schumacher teria problemas na largada. Jean Todt foi reclamar do fato com a FIA e conseguiu que a primeira fila fosse deslocada para a terceira fila, 16m adiante. "Ferrari Inconditional Aid"?
A largada foi um pouco confusa quando as luzes vermelhas demoraram um pouco para se apagarem e a emoção deve ter sido demais para Coulthard, que queimou a largada de forma clamorosa. O escocês imediatamente assumiu a ponta da corrida, seguido por Schumacher, Hakkinen e Barrichello. Em último lugar, ficava Johnny Herbert, o único que largara com pneus slicks. Os outros 21 pilotos largaram com pneus intermediários. Na briga para saber quem era o melhor do resto, Jenson Button e Jarno Trulli vinham lado a lado na longa reta dos boxes e acabaram se tocando. Era o segundo toque entre eles em três corridas, fazendo com que Trulli chamasse Button de idiota. Schumacher não se preocupou muito em atacar Coulthard, pois sabia que o piloto da McLaren receberia sua punição a qualquer momento, mas então as ordens de equipe entraram em cena e Coulthard diminuiu drasticamente seu ritmo para segurar Schumacher e trazer Hakkinen para a briga. Schumacher sabia que precisava deixar rapidamente o escocês para trás e ataca Coulthard, que lhe fechava a porta com decisão, permitindo a aproximação de Hakkinen. Porém, na volta 7, Schumacher efetua uma bela e corajosa ultrapassagem sobre Coulthard na Curva 1, com os dois pilotos chegando a se tocar e cruzar a chicane lado a lado, mas com o alemão assumindo a primeira posição.
Porém, nesse momento, a pista já estava praticamente seca e vários pilotos vão aos boxes colocar pneus slicks. Há uma verdadeira mistura de pilotos retardando suas paradas (inclusive Schumacher) e outros parando logo, se encontrando na pista e brigando por melhores posições, proporcionando um belo show para os americanos. Schumacher é o último a fazer sua parada, retornando ainda na ponta da corrida, mas Mika Hakkinen vinha num ritmo alucinante, marcando volta mais rápida em cima de volta mais rápida. O finlandês tirava 1s por volta com relação ao grande rival e quando todos se preparavam para uma briga titânica entre os dois líderes do Mundial, algo inesperado praticamente definiu o título do Campeonato Mundial de Pilotos de 2000. Hakkinen vinha pontuado de forma ininterrupa por doze corridas, com seu McLaren mostrando uma confiabilidade espantosa, mas na volta 26 o motor Mercedes estourou bem na entrada dos boxes e a corrida de Hakkinen estava terminada, quando o piloto da McLaren já tinha a traseira da Ferrari de Schumacher na sua alça de mira.
Schumacher tinha uma vantagem monstruosa com relação ao novo segundo colocado, o seu irmão Ralf. Na verdade, o alemão tinha a faca e o queijo na mão. Barrichello e Coulthard se recuperavam na corrida e quando Ralf Schumacher tem problemas em seu motor BMW, o brasileiro assumia a terceira posição, mas bem próximo de Frentzen. Quando ocorre a segunda rodada de paradas, o brasileiro assumia o segundo posto, enquanto Frentzen tinha que lhe dar com a pressão de Jacques Villeneuve, talvez o nome mais conhecido da multidão por ter vencido as 500 Milhas de Indianápolis em 1995. O canadense partiu para cima de Frentzen, mas o alemão se defendia muito bem, principalmente na freada para a Curva 1. Numa dessas tentativas, Villeneuve acaba perdendo o ponto de freada e passa reto, praticamente se conformando com a 4º posição. Mais na frente, a vantagem de Schumacher era tamanha que o alemão acaba se desconcentrando e roda sozinho na parte mais lenta do circuito quando faltavam apenas cinco voltas. Schumacher 'acorda' e parte para sua mais decisiva vitória naquela temporada. Com oito pontos de vantagem sobre Hakkinen, o alemão tinha chances de finalmente tirar a Ferrari da fila de 21 anos. já na próxima corrida no Japão. Após ser considerado culpado pelo acidente fatal em Monza, Frentzen retornava ao pódio e a Ferrari conseguia algo inédito em sua longa tradição de corridas. Em mais de 50 anos nas pistas, o time de Maranello conseguia sua primeira vitória em Indianápolis, com direito a dobradinha, colaborando para o sucesso da associação F1-Indianápolis. Por enquanto...
Chegada:
1) M.Schumacher
2) Barrichello
3) Frentzen
4) Villeneuve
5) Coulthard
6) Zonta
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