Uma vitória ferrarista em Monza, não importando quem esteja atrás do volante do carro vermelho é sinal de uma enorme festa na Itália. Foi uma corrida apertada, onde Jenson Button e seu acerto com muita asa deu um enorme trabalho a Fernando Alonso e a Ferrari, mas o espanhol contou com o excelente trabalho de box do time italiano e ganhou a corrida naquele momento, onde teve que dividir a curva com o inglês na primeira curva, após perder a liderança ainda na largada. Além da enorme festa proporcionada pelos tifosi, Fernando Alonso entra definitivamente na briga pelo título, principalmente pelo abandono prematuro de Hamilton e a má performance de Webber. Como o próprio espanhol comentou, os dois erraram e a briga ficou aberta novamente.
A corrida em Monza, rápida e de alta velocidade, não foi das mais emocionantes, mas principalmente tática entre Ferrari e McLaren. Ao contrário do imaginado, Button largou muito bem na parte suja do grid e mesmo com a fechada de Alonso, o inglês assumiu a ponta da corrida. De forma surpreendente, Massa partiu para cima de Alonso e os dois fizeram o Curvão lado a lado. Hamilton se aproveitou e entrou na briga pelo segundo lugar, quando os três carros se aproximaram juntos da Variante della Roggia. Alonso fechou, Massa recuou e achou a suspensão dianteira direita de Hamilton, quebrando-a e o líder do campeonato estava fora da corrida antes que se completasse a primeira volta da corrida. Button, Alonso e Massa partiram para uma corrida tensa, onde trocavam melhores voltas, mas existia um sentimento que as Ferraris estavam melhores do que Button, que se segurava nas grandes retas, enquanto abria enormemente nas duas de Lesmo. A prova seria decidida nas paradas, que ocorreram já no terço final de prova. Button parou primeiro, com Alonso o fazendo na volta seguinte. O problema não foi exatamente de voltas mais rápidas ou lentas antes da parada, mas, sim, o trabalho de pit de McLaren e Ferrari. Os vermelhos foram bem mais rápidos, o suficiente para Alonso sair do box fracionalmente à frente de Button, que ainda tentou uma manobra nas curvas seguintes, mas Alonso logo mostrou a superioridade do seu carro e abriu uma pequena, mas decisiva, diferença sobre seu adversário.
Alonso demonstrou muita força na sua primeira corrida como piloto da Ferrari em Monza e mostra que é mesmo o piloto da Ferrari na briga pelo título, que ficou aberta novamente. O novo líder Mark Webber não marcou os pontos desejados e Alonso agora está num ameaçador terceiro lugar no campeonato, mais empolgado ainda com sua vitória na Itália. Afinal, uma vitória com a Ferrari em Monza sempre é uma motivação a mais e Alonso, já um bicampeão mundial, irá para a parte final do campeonato mais motivado do que nunca! Se houvesse um segundo pit-stop durante a corrida, muito provavelmente Felipe Massa garantiria a dobradinha ferrsrista em casa, aumentando ainda mais a festança. O brasileiro cometeu alguns erros que o distanciaram de Button e Alonso no momento em que as paradas se aproximaram, mas não restam dúvidas que Massa fez uma corrida sólida e mereceu demais o lugar no pódio. Apenas como curiosidade, Carlos Gil perguntou a Emerson Fittipaldi, no alto de sua experiência, o que achava das ordens de equipe na Ferrari. Muito provavelmente, todos esperavam a reprovação do veterano bicampeão mundial as jogadas executadas pela Ferrari, mas Fittipaldi, coerente do que já exigiu no passado, disse que ordens de equipe são normais e que deveriam ser abertas novamente. A saia-justa na transmissão global foi evidente, mas, sendo pragmáticos, os sete pontos que Alonso com a manobra ferrarista em Hockenheim lhe favoreceu bastante para subir ao terceiro lugar no mundial.
A McLaren era cantada e decantada como grande favorita a prova de Monza, mas o time comandado Whitmarsh perdeu a corrida para a Ferrari, um terrível adversário daqui para frente, além de ter perdido a ponta do Mundial de Pilotos. Jenson Button e sua arriscada escolha por mais aderência nas curvas não pode ser culpado pelo fracasso mclariano na Itália. O inglês largou muito bem, assumiu a ponta da corrida, segurou os ataques ferozes de Alonso no final da reta dos boxes e andou sempre no fio da navalha. O problema foi seu pit-stop mais lento, que lhe custou a vitória, mas o inglês também encostou na briga pelo campeonato. Porém, a cara de Button no pódio não era das mais alegres, pois como campeão mundial, ele sabe que perder uma chance como aquela nunca é bom para conquistar um título. É muito fácil criticar Hamilton quando ele atacou com força as Ferraris na primeira volta, mas o inglês foi fiel ao seu estilo e partiu para cima. Era apertado? Era. Era na primeira volta? Era. Porém, Lewis enxergou uma chance e não pensou duas vezes antes de tentar, mas não restam dúvidas que essa tentativa custou caro ao piloto da McLaren. Não apenas por perder a liderança do mundial, como também por ver que o campeonato ficou novamente aberto, com um Alonso empolgado, com toda a força da Ferrari por trás dele, além de um renascido Button. Pior para Hamilton, ótimo para nós!
A Red Bull foi claramente a Monza marcar pontos e diminuir o possível prejuízo que teria com sua clara desvantagem que teria frente aos rivais diretos. De certa forma, a equipe conseguiu, mas levou outro susto com mais uma péssima largada dos seus dois pilotos, principalmente Webber, que engasgou logo após o apagar das luzes vermelhas. O australiano fez uma ótima corrida de recuperação, ultrapassando, na marra, Schumacher, Kubica e Hulkenberg, mas Mark não deve acabar o dia muito feliz. A ordem de equipe feita a Vettel foi clara, com o alemão deixando Webber ultrapassá-lo devido a um 'problema de motor'. Faltando mais de 30 voltas, com um motor ruim, dificilmente um piloto sobreviveria em Monza, mas após Webber passá-lo, Vettel voltou a ter um bom ritmo (coinscidência, não?) e arquitetar sua estratégia. O alemão ficou várias e várias voltas na pista, postergando ao máximo sua única parada. Vettel o fez na penúltima volta e com uma trabalho sensacional da Red Bull, ele voltou não apenas à frente de Webber, como também de Rosberg, colocando um carro entre ele e seu companheiro de equipe, evitando ordens de equipe e também encostando na briga pelo título, pois alguns pontos foram descontados frente ao novo líder do Mundial, Webber. Assim como Webber fez em Silverstone, Vettel desafiou os desejos da equipe para se manter vivo na briga pelo título, nem que para isso tirasse pontos do companheiro de equipe mais bem colocado no mundial. A briga interna da Red Bull ainda terá mais desdobramentos até o final da temporada, sem sombra de dúvidas, causando grande impacto na briga pelo título.
A Mercedes fez uma corrida discreta como a melhor do resto, mas Rosberg deve ter ficado com uma ponta de decepção por ter perdido o quarto lugar, que ocupou a prova inteira após uma ótima largada, já no finalzinho da corrida. O alemão fez uma prova solitária, onde não atacou e também não foi atacado, apesar de que Webber tenha encostado no final da corrida. Seguindo o que fez sua equipe, Schumacher largou bem, levou uma bela ultrapassagem de Webber, tentou dar o troco, mas após esses dois lances, o heptacampeão desapareceu do mapa, ficando desaparecido a maior parte do tempo, onde nem atacava e nem era atacado, ficando em nono com segurança. A Renault esteve longe de repetir o ótimo desempenho em Spa e Kubica ainda fez um péssimo pit-stop, quando teve problemas na roda dianteira esquerda, sucumbindo mais tarde a Webber, numa manobra bem oportunista do australiano. Longe dos seus melhores dias, Kubica apenas 'levou a criança para casa.' Tentando imitar a manobra de Vettel, Petrov fez sua única parada na antepenúltima volta, mas não ganhou as posição que desejava e esteve longe de marcar pontos numa corrida de pouquíssimos abandonos.
Hülkenberg mostrou sua evolução ao longo do ano, quando não conseguia responder ao ótimo desempenho de Barrichello e agora o supera com alguma frequencia. O jovem alemão da Williams fez uma ótima prova, andando sempre no limite, mesmo que para isso saísse da pista três vezes, mas contando com a benevolência dos comissários, não foi punido. Por enquanto. Sua luta com Webber foi um dos pontos da prova e mesmo com o australiano reclamando bastante, Hulk foi duro, sem ser desleal. Mais pontos para Hülkenberg, enquanto Barrichello sofria com mais uma largada ruim, mas ao menos garantiu o último pontinho. A Sauber começou o dia com problemas, com Kobayashi largando dos boxes e abandonando ainda no seu início, incógnito. Se for para depender do veterano e decadente Pedro de la Rosa, a Sauber talvez já soubesse do resultado e saiu de Monza com as mãos abanando. Situação parecida viveu a Force India, com Adrian Sutil tendo problemas que a TV não mostrou e lutar com os carros das equipes pequenas para evoluir na corrida, mas quando o alemão encontrou o primeiro carro de uma equipe 'veterana', Sutil ficou empacado atrás da Toro Rosso de Jaime Alguersuari. Mesmo correndo em casa, Vitantonio Liuzzi não fez praticamente nada e a Force India decepcionou numa pista que andou incrivelmente bem um ano antes. A Toro Rosso teve problemas com Alguersuari, pois o espanhol ficou muitas voltas atrás de Jarno Trulli e esteve longe dos pontos. Mas também tem que dar os méritos a Lotus, que proporcionou a Trulli uma corrida muito boa em casa, mesmo com o italiano abandonasse no final. Virgin e Kovalainen só apareceram para levar voltas, enquanto a Hispania continuava com seu calvário com Senna abandonando (de novo!) e Yamamoto atropelando um mecânico, fazendo com que os pits ficassem fechados enquanto uma ambulância o socorria.
Se a corrida não foi das mais emocionantes, seu resultado deixou o campeonato mais aberto do que nunca. Se após Spa era esperado um mano a mano entre Hamilton e Webber até o fim do campeonato para se decidir o campeão, agora vemos novamente uma disputa pelo título novamente aberta, com o diferencial de ter agora um piloto motivadíssimo (Fernando Alonso) e uma equipe em ascenção (Ferrari) chegando junto, regados a uma festa inesquecível no santuário de Monza.
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