Essa semana se falou muito do famoso Grande Prêmio do Japão de 1989, uma das corridas mais tensas da história do automobilismo, que completou 23 anos no último dia 23. Pois hoje está completando uma data fechada da decisão mais tensa desde aquele final de semana em Suzuka. Quinze anos atrás, Jerez de la Frontera sediava a sua última corrida de F1 num clima carregado e que teve um final parecido com o de Suzuka.
A temporada de 1997 foi a clara disputa entre a máquina (Williams de Jacques Villeneuve) e o homem (Michael Schumacher levando sua Ferrari nas costas). A Williams vinha em sua toada vitoriosa iniciada em 1992 e Villeneuve era o grande favorito para 1997, mas Schumacher teimava em tirar proveito dos (muitos) erros do canadense e da própria Williams. Em Suzuka, Villeneuve acabaria suspenso por desrespeitar uma bandeira amarela num treino livre e acabaria suspenso daquela prova, onde correu por causa de uma liminar. Schumacher venceu em Suzuka e tinha um ponto de vantagem sobre Villeneuve quando a F1 aportou em Jerez.
Jacques Villeneuve nunca foi um piloto com papas na língua, enquanto Schumacher estava desesperado para tirar a Ferrari da fila que já chegava a 18 anos sem títulos de pilotos. Até mesmo os coadjuvantes tinham seus motivos para meter o bedelho na briga. Eddie Irvine participou ativamente do plano para elevar Schumacher ao primeiro lugar em Suzuka e demonstrava estar disposto a tudo, tudo mesmo, para ajudar seu companheiro de equipe ser campeão. Villeneuve criticou muito Irvine e ganhava um inimigo. Já Frentzen, piloto número 2 da Williams, tinha contas antigas a pagar com Schumacher. Em 1990 ele foi derrotado por Michael por apenas um ponto no campeonato alemão de F3 e ainda viu sua namorada procurar os braços de Schumacher no final da temporada.
Os quatro pilotos passaram os dias anteriores ao Grande Prêmio cutucando seus adversários. Na sexta-feira, Irvine e Villeneuve se encontraram na pista e um fez questão de atrapalhar ao outro. Quando chegaram aos boxes, Jacques saiu do seu carro e partiu para cima de Irvine. Mas o melhor estava para o sábado. Villeneuve saiu da pista e fez 1:21.072. Minutos depois, Schumacher foi à pista e fez... 1:21.072. E eis que Frentzen levou seu carro ao asfalto espanhol e marcou... 1:21.072. Era o primeiro e único empate triplo na pole-position da F1!
Villeneuve amanhece febril para a decisão do título. Isso não deve ter influenciado a sua má largada, fazendo com que Schumacher ficasse em primeiro, com Frentzen logo atrás. Em nenhum momento o alemão foi páreo ao compatriota da Ferrari e logo a Williams inverteu a posição dos seus pilotos. Começaria um histórico jogo de xadrez a 300 km/h, onde cada movimento era acompanhado com atenção e seria decisivo, seja em Frentzen antecipar sua parada para tentar atrapalhar Schumacher na volta do ferrarista à pista, seja em Norberto Fontana, piloto da Sauber-Ferrari, ter bloqueado Villeneuve por algumas curvas.
A tensão chegou ao seu clímax na volta 47, na freada da Dry Sack. Villeneuve vinha mais rápido após a segunda rodada de paradas e já ensaiava a ultrapassagem no local. Um dos motivos da tensão da prova era a reação de Schumacher. O alemão sabia que ambos fora da corrida, o campeonato acabaria em seu colo e Schumacher não tinha bons antecedentes. Villeneuve diria depois que tinha total consciência de que Michael faria o que fez no final da reta oposta durante a 48º volta. O mundo inteiro condenou a atitude de Schumacher, enquanto Villeneuve se tornava o mocinho do circuito e todos comemoraram muito o título de Jacques, talvez como se fosse uma homenagem ao seu pai Gilles Villeneuve.
Schumacher mais uma vez se envolvia num lance polêmico e sem muita defesa. Se em 1989 Prost, o bandido, se deu bem, oito anos depois o bandido se daria mal e acabaria punido ao ver seu vice-campeonato cassado. Villeneuve vencia seu primeiro título logo em seu segundo ano na F1. Mas seria o último. A F1 passaria por uma revolução em 1998 e com carros totalmente diferentes, além de Adryan Newey se debandando para a McLaren, a Williams nunca mais teria seus momentos de glória repetidos, o mesmo acontecendo com Jacques, que tomou decisões erradas na sua carreira, mesmo que seu talento nunca tenha entrado em discussão.
Foi uma batalha épica de uma final de tensa de um campeonato espetacular. Essa foto demonstra bem o que foi aquela corrida histórica corrida em Jerez.
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