Após duas corridas com dinâmicas bem diferentes, a F1 chegava ao seu berço para o começo da chamada temporada europeia naquele abril de 1983, mas ao contrário de outros anos, a F1 iria visitar primeiro a França. Normalmente alocado no início do verão, antes do Grande Prêmio da Inglaterra, os gauleses sediariam seu Grande Prêmio em Paul Ricard ainda na primavera, local onde todas as equipes fazem muitos testes, principalmente a Renault, que estrearia seu novo modelo, o RE40. O time de Alain Prost começara a temporada com o RE30 modificado para as novas regras de 1983 e o time sofrera um bocado, com Prost, piloto principal da equipe, não aparecendo como o favorito que era para este ano. O campeão de 1980 Alan Jones não participaria da prova em Paul Ricard, após um retorno discreto na Califórnia, por causa de um patrocinador que abandonara o barco e seria substituído pelo antigo piloto da Arrows, o brasileiro Chico Serra.
Com um grande know-how da pista francesa, a Renault dizimou os concorrentes, ficando com a totalidade da primeira fila. Porém, o que assombrou foi a diferença que Prost colocou sobre seu companheiro de equipe. O francês conquistou sua oitava pole na carreira com impressionantes 2.308s de vantagem sobre Cheever, que largaria sem ninguém a sua frente pela primeira vez na F1. A Brabham teve vários problemas nos treinos, com direitos a vários motores quebrados, mas seus dois pilotos ainda conseguiram um top-10. Com uma enorme reta como a Mistral, as equipes com motores turbo sobraram e os onze primeiros colocados eram empurrados por motores sobrealimentados, enquanto Niki Lauda era o primeiro carro aspirado. Mais atrás Nigel Mansell sofreu um pequeno acidente que lhe machucou o dedo do pé e atrapalhando o desempenho do inglês da Lotus para o resto do final de semana.
Grid:
1) Prost (Renault) - 1:36.672
2) Cheever (Renault) - 1:38.980
3) Patrese (Brabham) - 1:39.104
4) Arnoux (Ferrari) - 1:39.115
5) De Angelis (Lotus) - 1:39.312
6) Piquet (Brabham) - 1:39.601
7) De Cesaris (Alfa Romeo) - 1:39.611
8) Baldi (Alfa Romeo) - 1:39.618
9) Warwick (Toleman) - 1:39.881
10) Winkelhock (ATS) - 1:40.233
O dia 17 de abril de 1983 estava nublado em Le Castellet, mas isso não impediu que os franceses lotassem o circuito de Paul Ricard torcer para que a Renault vencesse em casa. Ciente da grande superioridade da Renault, Bernie Ecclestone fez com que os dois carros da Brabham largassem com pneus macios para que Patrese e Piquet largassem bem e tentassem andar no mesmo ritmo da Renault, que largariam com pneus duros. Lembrando que há trinta anos atrás não existia essa de usar dois compostos de pneus diferentes durante a corrida. As equipes utilizavam os pneus que queriam. Na largada, a tática da Brabham parecia dar certo e Patrese ultrapassou Cheever, porém, Prost permaneceu intocável e ficou na ponta. Piquet também larga bem e sobe para quarto, mas quem havia feito a melhor largada daquele domingo cinzento foi Patrick Tambay, que pulou de 11º para sexto.
Rapidamente ficava claro a superioridade da Renault quando Prost imprimia um ritmo muito forte e mesmo com pneus macios, Patrese era fortemente pressionado por Cheever, com pneus duros. O italiano da Brabham só segurou duas voltas a segunda posição e Cheever recobrava a dobradinha da Renault em Paul Ricard, para delírio da torcida, enquanto Prost já tinha uma boa vantagem de 4s sobre o companheiro de equipe. Mais atrás, a melhor briga era entre Keke Rosberg e Elio de Angelis pela sétima posição. Os dois pilotos, que batalharam pela primeira posição até a bandeirada no Grande Prêmio da Áustria de 1982, lutaram ferozmente pela posição de espera a pontuar com vantagem do finlandês após ambos saírem da pista várias vezes. Ambos teriam destinos diferentes. Então campeão, Rosberg seria o melhor piloto aspirado do dia e do campeonato, enquanto De Angelis perderia rendimento até abandonar com problemas mecânicos e o dia da Lotus só pioraria quando Mansell, com dores no pé, abandona cedo.
Ainda na sexta volta Piquet ultrapassou Patrese e passava a perseguir Cheever. Patrese continuava com sua maré de azar e abandonaria na volta 20 com o motor BMW superaquecido. Numa grande exibição do campeão de 1981, Piquet deixou Cheever para trás na volta 18, mas o brasileiro estava longos 9s atrás de Prost, que tinha a corrida nas mãos. Ou não. O reabastecimento estava ficando na moda e muitas equipes passaram a fazer paradas programadas naquele início de 1983 seguindo os pioneiros da Brabham e a Renault faria isso pela primeira vez em Paul Ricard. Com a voz da inexperiência, os franceses quase colocaram a corrida a perder. Primeiro, Cheever vai aos pits na volta 25 com um tranquilo terceiro lugar, mas os mecânicos da Renault acabaram errando ao não apertarem um dos pneus e o americano perdeu longos 18s no processo. Mas o pior seria com Prost. Na volta 29, o francês foi aos boxes e cometeu um erro. "No momento da parada eu simplesmente me esqueci de pisar no freio. Desse modo, as rodas giravam, atrapalhando os mecânicos na hora de apertar as porcas. Tínhamos ensaiado tudo e cinco voltas antes de parar eu já vinha repetindo mentalmente tudo o que ia fazer. Pois não é que na hora eu esqueci?"
Esse raro erro de Prost que lhe custou 24s parados no boxes e a liderança para Piquet, mas o piloto da Brabham só ficaria em primeiro por quatro voltas, quando fez sua parada. Montado com pneus macios, Prost imediatamente marcou a volta mais rápida da corrida e seu ritmo, já inalcançável antes da rodada de paradas, aumentou ainda mais. O francês disparou para sua sexta vitória na F1 e primeira após um ano. Prost comemorou bastante, mas ele não era o único satisfeito no pódio francês. Após tantos problemas nos treinos, um confortável segundo lugar garantia a Nelson Piquet a liderança do campeonato, enquanto Eddie Cheever conquistava seu primeiro pódio por uma equipe grande, mesmo com sua diferença para Prost seja enorme naquele momento. Com essa vitória, Prost entrava de vez na luta pelo título e confirmava o favoritismo que dele se esperava para o campeonato de 1983.
Chegada:
1) Prost
2) Piquet
3) Cheever
4) Tambay
5) Rosberg
6) Laffite
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