Apesar de um pingo aqui e outro acolá, o Grande Prêmio da Malásia se desenrolou sem grandes emoções e o esperado domínio da Mercedes aconteceu com a primeira dobradinha desde a década de 1950, com Hamilton vencendo de ponta a ponta e mesmo o instável inglês ter apenas um título, os números de sua carreira já chegam ao patamar de multicampeões, enquanto Nico Rosberg, atual líder do campeonato, precisa de exibições mais constantes se quiser manter essa posição no final do ano, principalmente com seu companheiro de equipe na pista, pois hoje Nico foi totalmente obscurecido por Hamilton. Vettel foi o melhor do resto, sentindo na pele o que Alonso, quarto hoje, sentia quando um terceiro lugar era comemorado como vitória quando havia um time dominante.
Com pista seca em todas as 56 voltas da prova de hoje, o Grande Prêmio da Malásia não empolgou em nenhum momento, mesmo com algumas manobras de ultrapassagens ao longo da prova. A Mercedes dominou a prova e nada leva a crer que isso mude a curto prazo, até porque a próxima corrida será já na próxima semana. Hamilton largou bem e Rosberg, mesmo espremido no muro por Vettel, assumiu a segunda posição ainda antes da primeira curva. Foi o primeiro ato da dominação. Então Hamilton passou a massacrar a concorrência e quando sua vantagem sobre Rosberg chegou aos 10s, passou a economizar combustível, força motriz, pneu e tudo o que tinha direito para receber a bandeirada em primeiro, ainda tendo tempo para conseguir a melhor volta da corrida. Com esse final de semana perfeito em Sepang, Hamilton se tornou o quarto pole-man da história da F1 ao se igualar a Alain Prost e Jim Clark, além de ter emparelhado com o tricampeão Nelson Piquet em número de vitórias. Um fato muito importante para um piloto que tem um grande talento, mas com um cabecinha complicada e que talvez por isso o triunfo de 2008 seja o único de Hamilton até agora. Se em Melbourne Nico Rosberg não teve a concorrência de Hamilton e com isso dominou a prova australiana, com o companheiro de equipe na pista o jovem alemão não teve chance alguma de se aproximar de Lewis e em certos momentos foi acossado por Vettel. O segundo lugar foi importante para que Nico Rosberg conseguisse a liderança momentânea do campeonato, mas mesmo sendo mais sólido mentalmente do que Hamilton, Nico precisará também lidar com a conhecida maior velocidade de Hamilton nessa que pode ser uma disputa de título dentro do seio da Mercedes.
Com a chuva se resumindo a algumas gotas em determinadas curvas neste domingo em Sepang, Sebastian Vettel pouco pôde fazer para evitar o domínio da Mercedes, mas se voltarmos um mês no tempo, havia quem dissesse que Vettel estaria hoje envolvido numa encarniçada briga com Kobayashi nas últimas posições. Mesmo não estando no lugar onde queria, como o próprio Sebastian falou via rádio com a equipe após a bandeirada, o desempenho da Red Bull é para ser comemorado e mesmo ainda longe da Mercedes, o fato de estar como segunda força consolidada já é algo bem melhor do que o esperado após a pré-temporada. Ricciardo, coitado, tudo de ruim aconteceu com o australiano em Sepang e após duas corridas corretas Daniel continua zerado na pontuação devido a problemas que não lhe diz respeito. A posição de Ricciardo era a quarta posição quando a Red Bull errou no seu pit-stop e depois foi um festival de problemas e paradas que fizeram o australiano abandonar no final da corrida. Quem assumiu a quarta posição foi Alonso, que vê 2014 uma situação bem parecida desde 2011, ou seja, aproveitar todas as oportunidades possíveis para pontuar e tirar tudo o que sua Ferrari lhe oferece, mesmo que seja um lugar fora do pódio a longínquos 34s atrás do líder. Prestes a completar 33 anos, Alonso pode entrar numa encruzilhada em sua carreira, pois se não há como negar sua qualidade como piloto, próximo ano fará nove anos desde seu último título. De Kimi Raikkonen é difícil falar algo de uma corrida que foi prejudicada por um furo de pneu ainda nas primeiras voltas e partir de então o finlandês teria que se virar para fazer uma corrida de recuperação, chegando em 12º.
Como bem falou Luciano Burti, é inacreditável ver um piloto da qualidade de Nico Hulkenberg ainda numa equipe média, mesmo o alemão mostrando muito serviço ao longo dos últimos anos. O quinto lugar conquistado em Sepang é mais um exemplo do quão Hulkenberg é um piloto cerebral sem perder a velocidade. Quem deve estar preocupado em ser comparado com Hulk é Sérgio Pérez, pois o mexicano não consegue andar no mesmo ritmo do alemão com o mesmo carro e nesse domingo esse sentido foi ainda mais literal, pois Pérez nem largou com problemas em seu Force India. Mais atrás, a polêmica da corrida aconteceu com a desobediência de Felipe Massa em uma ordem de equipe da Williams em deixar Bottas passar no final da corrida. Os primeiros pontos pela Williams não foram comemorados e o desenrolar da atitude de Massa ainda são imprevisíveis no momento, já que a Williams tem um histórico ruim no que tange seu comportamento com pilotos desobedientes (Reutemann/81 e Piquet/86&87). Porém, mais importante notar é que a festa de parte da imprensa, principalmente a global e seus apêndices, pelo bom desempenho da Williams na pré-temporada foi exagerado. Houve quem dissesse que Felipe era candidato ao título. A Williams evoluiu muito, muito mesmo em comparação a 2013, mas sair da nona posição do Mundial de Construtores rumo ao título é algo que acontece muito raramente e só não de forma impossível, por que a Brawn fez algo parecido em 2009. E agora, com a equipe tendo um clima de bastidor efervescente, ninguém saberá direito como será 2014 da Williams, Massa e Bottas, companheiro de equipe de Felipe e que não deve ter gostado muito da atitude do brasileiro hoje.
A McLaren saiu do delírio de um duplo pódio em Melbourne para uma corrida discretíssima em Sepang, um circuito mais convencional e onde surpresas dificilmente ocorrem. Vindo de sua pior temporada em mais de trinta anos, da mesmo forma do que a Williams era difícil imaginar a McLaren lutando pelo campeonato este ano, ainda mais num momento de transição, com a saída da parceira histórica Mercedes e a vinda da Honda em 2015. Button fez uma corrida bem ao seu estilo para ser sexto colocado, enquanto Kevin Magnussen, sensação na Austrália, ficou em nono, depois de bater em Raikkonen e ser punido por isso. Outro estreante que se destacou na Austrália, mas que manteve o nível na Malásia foi Kvyat, marcando ponto novamente, enquanto Vergne, que abandonou com problemas mecânicos, parece fadado a ter um destino parecido com o de Alguersuari, Buemi e Klien. Num momento difícil técnica e financeiramente, a Lotus pode comemorar Grosjean terminar a corrida e ainda na beira da zona de pontuação, com o francês segurando seu antigo companheiro de equipe Raikkonen nas últimas voltas, enquanto Maldonado abandonou no início, o que faz pensar que sua vitória há quase dois anos foi fruto de algum aborto da natureza. A Sauber abandonou quase que ao mesmo tempo com seus dois pilotos, mas nem Sutil, nem Gutierrez fizeram uma corrida para marcar pontos, mostrando outro início de campeonato difícil para a Sauber. Kobayashi fez uma corrida interessante pela Caterham, algumas vezes ficando na zona de pontuação enquanto alguns pilotos paravam e não sendo tão facilmente ultrapassado por outros carros que o faziam facilmente antes. Era nítido que os carros verdes andavam mais próximos do que em 2013, o que poderá sugerir pontos em algum momento da temporada para a Caterham, particularmente com Koba, pois Ericsson não parece ter condições e tudo o que fez foi brigar com a Marussia de Chilton.
Passadas duas corridas e a emoção esperada não veio da F1 até o momento. A Mercedes tomou o lugar da Red Bull como equipe dominante e as quebras aos montes previstas por todos até agora não aconteceram. Mesmo numa prova quente e cansativa, os abandonos foram normais e até mesmo os clientes da Renault, que pareciam em pânico há bem pouco tempo atrás, estão completando as corridas sem maiores dramas, enquanto o consumo de combustível está sob controle. Hamilton mostrou que sua velocidade inata pode lhe levar ao título com mais algumas atuações como a de hoje e mesmo com a força de Red Bull e Ferrari, não devemos esquecer da força que a Mercedes, com vários engenheiros conceituados e muita grana envolvida. Se era esperado mais carros embaralhados em 2014, a realidade pode ser outro domínio a caminho.
Uma piada besta: pintaram a Red Bull de prata e o Vettel de preto.
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