segunda-feira, 28 de abril de 2014

História: 40 anos do Grande Prêmio da Espanha de 1974

As três primeiras corridas da temporada de F1 de 1974 viu um domínio de McLaren e Ferrari, com Carlos Reutemann em seu Brabham correndo por fora. Após a prova em Kyalami, houve a tradicional corrida fora do campeonato em Brands Hatch, a Tourist Throphy, que foi vencida de forma surpreendente por James Hunt no seu Hesketh. A chegada da F1 à Europa através do reformado circuito de Jarama promoveu algumas estreias, como o novo Tyrrell 007, que seria guiado na Espanha apenas por Jody Scheckter, enquanto Patrick Depailler teria que guiar o antiquado 006. O novo Lotus 76 havia decepcionado deveras Ronnie Peterson e Jacky Ickx nos testes a ponto da experiente dupla ter suplicado a Colin Chapman para voltar ao veterano Lotus 72. Em Jarama, a Lotus levaria os dois modelos. Mesmo tendo uma boa temporada com Reutemann, a Brabham ainda corria atrás de investimentos e apenas por isso Bernie Ecclestone demitiu Richard Robarts, que tinha havia se mostrado um piloto fraco de qualquer maneira, e promoveu a estreia de Rikky van Opel, herdeiro da marca de carros Opel e milionário. Porém, tão fraco quanto Robarts. A Shadow contrata Brian Redman para o lugar do falecido Peter Revson. 

Correndo com o Lotus 76, Peterson fica com o tempo mais rápido na sexta-feira, mas o sueco reclamava de problemas crônicos no câmbio do seu novo carro e não melhora seu tempo no dia seguinte. No sábado, Niki Lauda mostra sua ótima fase e consegue o que seria sua segunda pole na F1, superando Peterson por apenas três centésimos de segundo. As três primeiras filas são inteiramente dominadas por Ferrari, Lotus e McLaren, enquanto Merzario mostrava a boa forma do Iso-Marlboro ao ficar entre os dez primeiros, enquanto Von Opel largaria na última fila. 

Grid:
1) Lauda (Ferrari) - 1:18.44
2) Peterson (Lotus) - 1:18.47
3) Regazzoni (Ferrari) - 1:18.78
4) E.Fittipaldi (McLaren) - 1:19.25
5) Ickx (Lotus) - 1:19.28
6) Reutemann (Brabham) - 1:19.37
7) Merzario (Iso-Marlboro) - 1:19.54
8) Hulme (McLaren) - 1:19.66
9) Brambilla (March) - 1:19.81
10) Scheckter (Tyrrell) - 1:19.86

O dia 28 de abril de 1974 estava chuvoso e isso seria um desafio a mais aos pilotos e equipes, pois até aquele momento todos os treinos foram com pista seca. Antes da largada, o diretor de prova Conde Villapadierna foi conversar com todos os pilotos sobre os procedimentos de largada, enquanto o Rei Juan Carlos passeava pelo grid tendo Jackie Stewart como anfitrião. A largada se deu sem maiores problemas e mesmo tendo erguido muita fumaça na primeira fila, Peterson foi quem largou melhor e assumiu a ponta da corrida, ficando à frente das duas Ferraris, com Lauda ainda na frente de Regazzoni. Apesar das reclamações, a dupla da Lotus correu naquele dia com o modelo 76.

A pista estava bem encharcada e um forte spray prejudicava a visibilidade dos pilotos, fazendo-os terem bastante cuidado nas primeiras voltas. Peterson liderava com 1s de vantagem sobre seu antigo companheiro de equipe na F2 Lauda, enquanto Ickx, considerado o Rei da Chuva, vinha em quarto, à frente de Emerson Fittipaldi. Os cinco primeiros colocados andavam próximos, mas sem ataques entre si. Na décima volta a chuva cessa e nesse momento Emerson Fittipaldi tinha problemas em seu McLaren, cujo motor falhava em certas rotações e por isso o brasileiro da McLaren era acossado por Scheckter. Com a pista melhorando, Peterson começa a abrir uma certa vantagem para as duas Ferraris, enquanto Fittipaldi era ultrapassado por Scheckter. Mais atrás, Hans Stuck mostrava seus bons dotes em piso molhado e ganhava muitas posições após largar em 14º. 

Na décima oitava volta, com a pista cada vez mais seca, pilotos e equipe teriam que fazer algo que só ocorria nas corridas dos anos 70 quando era estritamente necessário: pit-stops. Stuck foi o primeiro a faze-lo e logo todos os pilotos correram aos seus boxes para colocar pneus slicks em pit-stops rudimentares e que vendo hoje, tem até uma certa dose de comédia, mas que definiu os rumos da corrida espanhola. Antes de sua parada, Peterson já era assediado por Lauda graças a problemas de motor no novo Lotus 76 e o tempo parado nos pits pioraria o problema, mas o piloto da Ferrari tem problemas em sua parada, que dura longos 35s. Peterson abandona logo depois com o seu motor superaquecido e com todos os pilotos com pneus slicks, quem liderava no final da volta 24 era Ickx, seguido por Lauda, Regazzoni, Redman, Schenken e Stuck. Porém, a alegria do veterano belga dura apenas uma volta, pois Ickx retorna aos boxes devido a um vazamento de óleo em seu motor que ocasionou o seu abandono. Lauda liderava com 20s de vantagem sobre Regazzoni e quando Redman e Schenken retornaram aos boxes, Stuck estava num sólido terceiro lugar.

Na volta 38 Merzario sai da pista e bate forte no guard-rail, ferindo levemente quatro fotógrafos que estavam no local. Lauda aumentava sua vantagem sobre Regazzoni, enquanto mais atrás Emerson Fittipaldi via sua McLaren melhorar de desempenho com pista seca e o brasileiro se aproximava de Stuck. Após marcar a volta mais rápida da corrida, Emerson ultrapassa Stuck para garantir um lugar no pódio, mas à essa altura o paulistano estava uma volta atrás de Lauda, que fazia uma corrida soberba e apenas a outra Ferrari estava na volta do líder. Faltando seis voltas para as noventa programadas, o limite de duas horas foi estourado e com isso Niki Lauda recebeu a bandeirada do que foi sua primeira vitória na F1. Luca di Montezemolo acenava para os seus dois pilotos ao lado do diretor de prova, comemorando uma dobradinha impressionante da Ferrari em Jarama após quase dois anos sem vitória para a casa de Maranello, mas quem viu aquela conturbada prova de quarenta anos atrás tinha a certeza que um novo campeão havia surgido: Niki Lauda.

Chegada:
1) Lauda
2) Regazzoni
3) E.Fittipaldi
4) Stuck
5) Scheckter
6) Hulme

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