Quando se inicia uma temporada da F1, sempre os olhos se voltam para a Ferrari e do que a equipe italiana é capaz de fazer e em 2014, ainda havia o raro fator de haver dois campeões mundiais juntos. Kimi Raikkonen se juntaria a Fernando Alonso para tentar tirar os vermelhos do jejum de títulos, cujo o último campeão tinha sido o próprio finlandês em 2007. A vinda de Kimi para a Ferrari havia sido uma tapa de luva de pelica em Alonso, que chegou à Maranello em 2010 pensando em construir toda a Ferrari e seu enorme potencial em torno de si, imitando o que fez Schumacher há quase vinte anos atrás com os resultados que todos conhecemos. Porém, nem Alonso, nem Raikkonen, nem o então chefe de equipe Stefano Domenicalli esperavam por uma Mercedes tão dominante, principalmente no quesito motor. Os italianos entraram em desespero com a diferença gigantesca entre o motor híbrido da Mercedes e o da Ferrari. Havia uma promessa que a aerodinâmica do chassi da Ferrari compensaria a falta de potência, mas a Mercedes também havia construído um baita carro e a Ferrari viu de binóculos a Mercedes esmagar a concorrência. Para completar, Kimi Raikkonen teve sérios problemas de adaptação aos freios eletrônicos e ao comportamento do carro, construído para o estilo de Alonso, fazendo com que o finlandês tivesse uma temporada medonha, onde o máximo que conseguiu foi um quarto lugar em sua amada Spa, mas Kimi em nenhum momento andou no ritmo de Alonso, que mesmo tendo o último campeão pela Ferrari ao seu lado, dominou a Ferrari. Porém, Alonso tinha seus próprios planos. O espanhol, prestes a completar 33 anos e com o décimo aniversário do seu primeiro título se avizinhando, viu que a Ferrari não lhe daria o esperado título, quanto mais domínio, que ele esperava quando desembarcou em Maranello em 2010. Para completar, a falta de resultados fez com que Domenicalli perdesse seu cargo em abril, substituído por Marco Mattiacci, um reconhecido vendedor de carros nos Estados Unidos, mas que nunca trabalhou em autódromos. Pragmático, Mattiacci tentou organizar a equipe através de um gestão ordeira, batendo de frente com o estilo feudal de Alonso, que rapidamente se indispôs com o novo chefe, abrindo novamente negociação com todo o grid da F1. O eterno presidente Luca di Montezemolo parecia mais preocupado em criticar os novos regulamentos, que num primeiro momento não auxiliou a causa ferrarista, mas se esqueceu dos problemas políticos internos da Ferrari-Fiat e após 23 anos, foi defenestrado do cargo de presidente da Ferrari. Com tantos problemas extra-pista, a Ferrari sofreu dentro dela, com Alonso conseguindo apenas dois pódios no ano, deixando a Ferrari apenas na quarta posição no Mundial de Construtores, pior posição da equipe desde 1993 quando, coincidentemente, foi a última temporada também que a Ferrari ficou sem vitórias. Cansado da política ferrarista e atrás de um terceiro título de forma desesperada, Alonso abandonou o barco ferrarista e deve aportar na McLaren e engolir o orgulho de ter que trabalhar com seu desafeto Ron Dennis. Mattiacci ainda conseguiu um substituto à altura, ao trazer Vettel à peso de ouro, mas suas desavenças com Alonso também custou o emprego de Mattiaci, substituído por Maurizio Arrivabene, outro que nunca trabalhou com corridas. Com tantos problemas em 2014, a Ferrari recebeu três indicações de 'Figurão' ao longo do ano, com Pastor Maldonado ficando com o 'vice', com duas indicações. O pior é que com tanta confusão, a Ferrari não tem muita perspectiva de melhora, mesmo tendo todas as condições humanas para fazê-lo. Mas como nos anos 80 e início dos 90, a confusão impera pelos lados de Maranello!
Nenhum comentário:
Postar um comentário