quinta-feira, 24 de dezembro de 2020

Até a próxima!

 


Poucas vezes na história se teve um sentimento tão forte e unido de que 2020 foi um ano para esquecer e que felizmente ele está terminando. Foi um ano completamente atípico e que daqui a cem anos lembraremos dele como o 'Ano da Pandemia'. No plano pessoal não posso reclamar de nada, mas foi um ano tenso e intenso, que não deixará tantas saudades. 2021 será a décima quinta temporada do blog e o desejo é que seja um ano mais tranquilo, de paz e, principalmente, SAÚDE.

segunda-feira, 21 de dezembro de 2020

Figura(2020): Lewis Hamilton

 Heptacampeão. Recorde de vitórias quebrado. Quase cem poles na carreira. Lewis Carl Davidson Hamilton teve um ano realmente consagrador em 2020, onde dominou a temporada com seu Mercedes devidamente negro, mostrando outra faceta do inglês. Único piloto negro da F1, Hamilton se tornou um cidadão altamente ativo contra o racismo e várias vezes se manifestou contra isso, trazendo algumas críticas a ele, mas Lewis usou o seu tamanho para dar voz às suas reivindicações sociais. Falando em tamanho, muito se falou qual o tamanho de Lewis Hamilton dentro da história da F1. Tendo desde 2014 o melhor carro da F1 e inflando seus números contra nenhum adversário com um equipamento equivalente ao seu, Hamilton vai batendo recordes em cima de recordes, mas estaríamos vendo o melhor de Hamilton? Afinal, é mesmo necessário Lewis mostrar o seu melhor para derrotar um opaco Valtteri Bottas para vencer corridas? É nítido que a reserva técnica de Hamilton é gigantesca e minimizar um piloto que tem exibições como na Turquia, quando venceu com pneus intermediários praticamente carecas, pode ser apenas despeito com o que Hamilton está fazendo nas pistas. E não é pouco e podemos estar felizes de estar vendo um gênio das pistas a cada quinze dias. Sorte a nossa!

Figurão(2020): Ferrari

 Nessa parte da coluna, houve uma 'disputa' acirrada entre Ferrari e Sebastian Vettel, com uma vantagem (4x2) em favor da equipe italiana. E as nominações de Vettel tinha muito a ver com o equipamento que tinha em mãos. No final de 2019 a Ferrari tinha o melhor motor da F1, mas aqui e ali se falava que o propulsor italiano continha alguma irregularidade. Ainda antes dos cancelamentos das corridas devido à pandemia, soube-se de uma investigação da FIA e que um acordo secreto havia sido feito com a Ferrari, algo que gerou muitas reclamações das demais equipes. Porém, logo ficou claro do que se tratava esse acordo. A Ferrari tinha, sim, um motor com irregularidades, mas para não ter maiores problemas, esse 'detalhe' seria retirado do motor 2020. E não é que o motor Ferrari se tornou, de longe, o pior da F1? Coincidência, não? Contudo, além da falta de velocidade flagrante, a Ferrari construiu um carro tão ruim, que não muito raro Leclerc e Vettel, dois pilotos acima de qualquer suspeita, brigaram ferozmente contra... Haas e Alfa Romeo, suas clientes, por posições fora da zona de pontuação. Foi um ano patético da Ferrari, onde somente o talento de Leclerc o fez conseguir alguns resultados acima do potencial verdadeiro do carro. Desmotivado, demitido antes das corridas começarem e em rota de colisão com a cúpula da equipe, Vettel teve um ano abaixo da crítica. No entanto o alemão poderia facilmente acusar o péssimo carro que teve em mãos. Nem precisa dizer que Mattia Binotto está na marca do pênalti e terá muito trabalho, se conseguir, para reconstruir a Ferrari.

domingo, 20 de dezembro de 2020

Domínio animado

 


A F1 está sendo dominada pela Mercedes desde 2014 e a temporada de 2020 apenas confirmou o que foi visto na pré-temporada. Lewis Hamilton conquistou onze vitórias em dezessete corridas, não dando a mínima chance a um apático Valtteri Bottas. Chato, não? Olhando o contexto do que foi essa temporada e saindo um pouco dos frios números, não foi bem assim. Talvez de todos os anos em que a Mercedes dominou a F1, o ano de 2020 tenha sido o melhor em termos de corridas emocionantes e histórias para contar. Além do que, quase nem tivemos temporada.


Um ano atrás falava-se de uma gripe surgida na China que estava assustando as autoridades locais e a OMS, pois tratava-se de uma doença nova e muito contagiosa. No entanto, nossa vida seguia tranquila e normal no resto do planeta, porém, esse vírus foi se espalhando aos poucos, aumentando seus tentáculos com uma velocidade alarmante a ponto de se tornar uma pandemia mundial. A F1 completou sua pré-temporada normalmente, mas quando partiu para Melbourne, todos estavam assustados. Eventos esportivos eram discutidos diariamente, além de que o público era proibido nas competições em andamento. Com a F1 a milhares de quilômetros de distância de sua base, o Coronavírus atingiu a categoria quando um membro da McLaren, já em Melbourne, foi contagiado pela perigosa doença, fazendo a equipe desistir da primeira corrida do ano. No outro lado do mundo, uma rodada da NBA era adiado quando se soube que um jogador estava contaminado e horas depois a NBA anunciou que a sua temporada estava suspensa. Mais cancelamentos ocorriam em todo mundo, enquanto a F1 se reunia para definir o óbvio. Com todas as pessoas envolvidas com o evento e viajaram horas (arriscando-se) com a sensação 'o que estou fazendo aqui', veio a notícia um pouco antes do primeiro treino livre: o GP da Austrália estava cancelado. Ainda nos Estados Unidos, uma confusão ainda maior afetou a abertura da Indy, com vários comunicados atabalhoados em sequência até cancelar a prova. Porém, a F1 vivia outro drama. Por se tratar de um evento global, as próximas corridas não seriam em cidades ou estados diferentes, mas em países diferentes, com formas de lidar com a doença distintas. Sem contar que a F1 iria viajar para a China em poucos dias.


Após algumas discussões e com mais e mais eventos sendo paralisados, a F1 anunciou o óbvio: a temporada estava suspensa. Todo mundo estava definitivamente afetado. Campeonatos nacionais e internacionais de futebol, Olímpiadas, Eurocopa, Copa América... tudo suspenso, adiado ou simplesmente cancelado. Todo mundo foi para casa. Sem ter o que passar na TV, os mais nostálgicos puderam ver corridas antigas e pensar: teríamos uma boa temporada? Ou sendo mais sincero? Vai haver temporada em 2020? A F1 hoje é um enorme negócio e ficar parado, sem aparecer na TV, é um grande prejuízo na certa, o mesmo acontecendo com a Premier League, Bundesliga e Champions League. Protocolos foram sendo feitos para tentar minimizar os efeitos da doença. Nos Estados Unidos, Nascar e Indy retornavam aos poucos cheios de medidas de proteção. Como falado mais cedo, o desafio da F1 era ainda mais complicado com corridas em diferentes países e cenários. Porém, o show não poderia parar. Conversas foram realizadas e com o ligeiro arrefecimento da pandemia, a temporada pode começar no segundo semestre e com várias novidades. Ímola, Kurtkoy e Nürburgring retornavam ao calendário após anos, além da adição de Portimão e Mugello. Seria uma temporada com apenas dezessete corridas (eram 23 no calendário original).


Poucos lembravam do que acontecera na Espanha em fevereiro, quando a Mercedes matou a pau todas as rivais, incluindo uma inovação para aquecer melhor os pneus. A primeira corrida na Áustria mostrou uma Mercedes negra (um afago em Hamilton, que se tornou um ativista anti-racista e palmas para ele) muito superior às demais. Foram quinze poles em dezessete corridas, além de treze vitórias. Foi um verdadeiro banho! Hamilton esteve simplesmente inspirado por uma nova vida, onde o inglês percebeu o tamanho de si mesmo e passou a lutar por o que ele achava certo, traduzindo em várias formas de protesto ao longo do ano. Se antes isso poderia afetar Hamilton a ponto de atrapalhar sua vida dentro das pistas, aos 35 anos de idade e mais sábio, isso na verdade ajudou-o a se tornar ainda mais forte nas pistas. Hamilton teve um ano de ouro, onde se igualou a Michael Schumacher como o maior campeão da história da F1, além de superar o mítico alemão em número de vitórias, chegando a incríveis 95 triunfos na F1, sem contar a inacreditável marca de 98 poles. 


Porém, fica a pergunta: dentro do contexto histórico, esses números superlativos de Hamilton o colocam em que patamar na comparação à outros pilotos históricos? Hamilton tem atrás de si uma supermáquina chamada Mercedes e comandada por Toto Wolff. O austríaco, juntamente com Niki Lauda, construiu uma das melhores equipes da história da F1. Além de construir carros imbatíveis nas pistas, a Mercedes parece infalível em termos de tática, parecendo sempre ter uma contingência se for necessário. Claro que dentro dessa armadura houve pequenas rachaduras, como em Sakhir, mas de modo geral a Mercedes parece sempre pronta contra qualquer ataque de suas rivais. Hamilton é uma parte importante dessa engrenagem e seu principal objetivo é ser um algo a mais quando é necessário. E Lewis tem o talento para isso. Contudo, o inglês não se vê na necessidade de usar isso no momento. A Mercedes aprendeu a lição de que ter dois galos no mesmo galinheiro pode ser um problema. Somente pela enorme diferença que tinha sobre as demais os alemães não perderam o título em 2014 e 2016, quando a briga Nico Rosberg e Lewis Hamilton esteve no auge. Com a aposentadoria precoce do alemão, Toto Wolff decidiu usar a velha tática da Ferrari nos anos de Schumacher, que é colocar um bom piloto ao lado de Hamilton para marcar os pontos necessários para conquistar o importante Mundial de Construtores, além de estar preparado caso algo aconteça com Hamilton. Valtteri Bottas é bem inferior à Rubens Barrichello, mas não se pode negar que o finlandês não cumpra seu papel em ser segundo piloto da Mercedes. Em condições de classificação Bottas ainda consegue fazer frente à Hamilton, mesmo que em ritmo de corrida isso não se repita. Na primeira corrida do ano na Áustria, Bottas venceu e nas demais corridas conseguiu completar dobradinhas que fez a Mercedes ser heptacampeã de Construtores com muita folga. 


Contudo, Bottas está longe de fazer cócegas em Hamilton e com toda a vantagem da Mercedes, Lewis sabe que não precisa subir o seu sarrafo tão alto como pode, pois para bater unicamente seu companheiro de equipe para empilhar vitórias, isso simplesmente não é necessário. Porém, isso faz com que nós não possamos ver o melhor de Lewis Hamilton o tempo todo, mas quando há a necessidade, Hamilton ainda foi capaz de vencer com três pneus em Silverstone e conseguir uma vitória épica na Turquia, com pneus intermediários quase carecas e ainda manter um ritmo decente. Para completar, Bottas teve um ano abaixo da crítica, onde muitas vezes se meteu em enrascadas que o fizeram perder muito tempo e até sair do pódio. Na mesma corrida turca, Bottas rodou várias vezes e tomou uma volta de Hamilton. Quando Lewis foi acometido da Covid-19 e foi substituído por George Russell, Bottas foi engolido pelo jovem inglês, causando uma série de questionamentos sobre o nórdico na próxima temporada. Desempenhos irregulares deixaram o vice-campeonato de Bottas à perigo, mas o nórdico evitou um vexame maior. No entanto, está claro que Bottas não é piloto para vermos a enorme reserva técnica de Hamilton, fazendo que o contexto histórico seja complicado de entender. Enquanto isso, Hamilton vai se aproveitando da situação atual e capitalizando com números extraordinários, fazendo-o um gigante da F1.


Olhando para o resto do grid, talvez o piloto mais indicado para fazer o sarrafo de Hamilton subir seria Max Verstappen. O jovem piloto da Red Bull conquistou duas vitórias em 2020, mas pouco pôde fazer contra o poderio da Mercedes, principalmente porque esteve sempre sozinho contra eles, fazendo com que a Mercedes pudesse escolher mais de uma tática para derrotar Verstappen. No entanto, Max fez mais uma temporada sólida e acima das perspectivas do seu carro, enquanto a Red Bull sofria um duro golpe com a saída da Honda ao final de 2021. Os principais motivos de Verstappen ter ficado sozinho contra a Mercedes foi a falta de um bom segundo piloto na Red Bull. Albon é apenas consequência da arrogância de Helmut Marko, consultor da Red Bull e chefe do programa de jovens pilotos da companhia. Ao descobrir Vettel, Ricciardo e Verstappen, Marko passou a usar métodos draconianos para com seus jovens pupilos, os dispensando quando os seus altos requisitos não eram atingidos. O problema é que um jovem piloto talentoso nem sempre evolui com a mesma velocidade de outro e muitas vezes é preciso paciência, algo que falta à Marko, que se descobriu sem pilotos para colocar na sua equipe. Gasly fez uma boa temporada com a Toro Rosso e foi açodadamente para a Red Bull, resultando numa temporada horrível em 2019. Sem pilotos para colocar no seu time júnior, Marko teve que 'ressuscitar' Kvyat e Albon, ambos dispensados do programa Red Bull. Se de Kvyat nada podia esperar mesmo, Albon fez um bom papel e Marko efetuou a troca com Gasly. Para essa temporada, mais maduro, Gasly fez uma temporada sólida, incluindo uma surpreendente vitória em Monza, enquanto Albon desmoronou frente à força de Verstappen. O tailandês ainda conquistou dois pódios, mas em nenhum momento andou no nível de Max e muitas vezes jogou pontos importantes fora, fazendo Alex terminar apenas em sétimo no campeonato. Um rendimento lamentável. Tão lamentável que forçou a Red Bull a rever seus conceitos e pela primeira vez desde 2007 trouxe um piloto de fora do seu programa (até porque lá não tem ninguém pronto...): Sérgio Pérez.


Checo começou o ano sob suspeita. Seu carro, o novo Racing Point, era uma cópia descarada da Mercedes do ano passado, causando a ira das equipes do pelotão intermediário. Após vários recursos e uma multa, o carro foi considerado legal, mas nem assim a temporada de Pérez foi tranquila. No meio da temporada ele foi diagnosticado com Coronavírus e ficou duas provas de fora. Na Turquia, viu seu companheiro de equipe ficar com a pole. Para piorar, a Racing Point anunciou que mudará de nome novamente, se transformando em Aston Martin e com isso, contratou Sebastian Vettel. Como o sobrenome do seu companheiro de equipe e do novo dono eram os mesmos, Pérez foi sacado da equipe que ajudou salvar dois anos antes. Tudo levava a crer que Pérez sairia da F1 por falta de oportunidades, quando fez a corrida de sua vida em Sakhir, ao sair de 18º para primeiro numa das maiores remontadas da história da F1. Com a Red Bull manquitolando com Albon e Pérez, em ótima forma, no mercado, o match foi imediato e Sergio Pérez terá a missão de enfrentar Max Verstappen com a Red Bull, além de finalmente um carro de ponta nas mãos. Já Lance Stroll teve alguns brilharecos, como a pole na Turquia e a liderança em boa parte da prova, além do pódio em Monza e Sakhir, mas no geral, o canadense teve outra temporada fraca, só se mantendo na F1 unicamente por nepotismo.


Uma das equipes que estavam no pelotão intermediário era a Ferrari. Isso mesmo. Os italianos construíram um carro muito ruim em 2020, sem contar a polêmica do motor do ano passado, onde não faltavam suspeitas de que o propulsor italiano de 2019 estava fora do regulamento. Um acordo secreto com a FIA fez com que a Ferrari mudasse seu motor, mesmo que as demais equipes reclamassem dos resultados obtidos ano passado. De uma hora para outra, não apenas a Ferrari, mas suas duas clientes se tornaram os carros mais lentos do pelotão em linha reta. Coincidência, não? A Ferrari passou por vexames históricos, como em Monza e Spa, mas conseguiu pódios pelo talento dos seus pilotos, particularmente Leclerc, que conseguiu colocar a Ferrari várias vezes em posições acima do potencial do carro nas classificações, além de ter feito várias largadas agressivas. No fim o monegasco ainda se destacou bastante, indicando que será o futuro da Ferrari, quando houver recuperação. Já Vettel... O alemão teve uma temporada esquecível, onde não se entendeu com o carro e a cúpula da Ferrari. Dispensado da equipe antes mesma da temporada começar, Vettel achou abrigo na Aston Martin, mas suas atuações pífias ao longo do ano mancharam um pouco a imagem de multi-campeão que tem. Fora do ambiente carregado da Ferrari, Vettel terá sua última chance de se manter competitivo na F1. O lugar de Vettel será ocupado por Carlos Sainz, que vem de ótima temporada com a McLaren, incluindo um segundo lugar em Monza. A McLaren começou o ano em sérias dificuldades financeiras por causa do Coronavírus, mas se recuperou na pista, com Lando Norris e Sainz formando uma dupla muito forte ao longo do ano, colocando o carro entre os dez primeiros de forma constante. Norris conseguiu seu primeiro pódio na Áustria, enquanto Sainz o fez em Monza. Com muito talento, a equipe conseguiu tirar da Racing Point o terceiro lugar do Mundial de Construtores na última corrida do ano, garantindo uma importante injeção de dinheiro, inclusive para pagar os motores Mercedes e o salário do novo piloto, Daniel Ricciardo.


A Renault de um passo à frente em 2020, com seus primeiros pódios nessa nova administração, contudo, a temporada não começou de forma harmônica com a saída de Ricciardo para a McLaren, deixando o chefe de equipe Cyril Abiteboul muito descontente. No entanto, Ricciardo respondeu dentro da pista com ótimas performances e um bom quinto lugar no Mundial de Pilotos, derrotando sistematicamente o eterno promissor Esteban Ocon. Para o ano que vem Fernando Alonso retornará à F1 com seu talento e sua enorme exigência, sem contar o mau humor quando as coisas não acontecem do jeito certo. Renomeada Alpha Tauri, a antiga Toro Rosso aproveitou-se de ter em suas fileiras um mordido Pierre Gasly para conseguir uma boa temporada e sua segunda vitória na F1. Kvyat fez outra temporada ok, mas longe de impressionar e acabou substituído pelo japonês Tsunoda, protegido da Honda. Sofrendo com a falta de potência dos motores Ferrari, Alfa Romeo e Haas fizeram uma temporada muito ruim e com poucos pontos. Porém, a Alfa decidiu manter seus dois pilotos, enquanto a Haas, pressionada por uma crise econômica, trocou seus dois pilotos contratados por dois jovens impostos. Mick Schumacher é protegido pela Ferrari e chega com moral pelo título da F2. Já o sem noção dentro e fora das pistas Nikita Mazepin chegou pela grana do papai bilionário. O ano de 2020 também foi marcado pela saída da família Williams da F1. Foram anos de gestões onde o velho Frank (que está hospitalizado) comandava sua equipe da mesma maneira dos anos 1990, porém, isso ficou tão ultrapassado que sua equipe acabou se tornando a pior da F1. Nem mesmo a chegada de sua filha Claire melhorou a situação, principalmente quando a diferença do motor Mercedes para as demais diminuiu. O time foi vendido por um conglomerado americano. O time teve como destaque Russell, que conseguiu muitas vezes colocar a Williams no Q2, quando o normal seria a última fila, sempre tendo como representante o fraquíssimo Nicholas Latifi. O nome Williams se manteve, assim como seus pilotos. Só se espera que essa situação atual mude. Após três anos o Brasil teve um piloto na F1, com Pietro Fittipaldi substituindo Grosjean na Haas nas duas últimas corridas de 2020. Foi o quarto representante do clã Fittipaldi na F1, além de pela primeira vez na história da categoria três gerações de uma mesma família ter entrado na pista, mas dificilmente Pietro terá uma terceira corrida. Mesmo tendo sabidamente um carro ruim nas mãos, o brasileiro não impressionou a ninguém no Oriente Médio, não saindo da última posição. O trabalho de Pietro não foi ruim, muito pelo contrário, mas não fez algo a mais, como Russell e Leclerc fizeram esse ano.


Sem briga pelo campeonato, a F1 2020 teve com destaques suas corridas sempre agitadas e alguns resultados surpreendentes. Gasly venceu em Monza após uma corrida agitada, com vários acidentes e uma punição à Hamilton. No anel externo de Sakhir, Pérez conseguiu uma recuperação incrível rumo à vitória. Mesmo havendo um abismo entre Mercedes e Red Bull e o resto, onze pilotos diferentes foram ao pódio em 2020, enquanto as novas pistas de Portimão e Mugello foram um sucesso de crítica e público. Houve chuva em algumas corridas que transformaram as provas, além de pneus que estouraram sem aviso em Silverstone e um acidente gravíssimo de Romain Grosjean, marcando essa temporada. Nesse caso, o criticado Halo fez bem o seu papel, salvando a vida do francês, que se despediu da F1 da forma como ficou conhecido: num acidente.


Com tantas equipes em crise por causa do Coronavírus, o novo regulamento foi adiado para 2022, tornando o campeonato do ano que vem com um cenário bem parecido com o atual. A Mercedes surge como grande favorita, principalmente com Hamilton estando numa ótima fase. Bottas terá que se desdobrar para ficar outro ano na Mercedes após 2021, principalmente com Russell se mostrando um piloto confiável para a Mercedes. Tendo agora Pérez, a Red Bull espera ter mais chances de atacar a Mercedes, com Verstappen como piloto principal. No entanto a Red Bull ainda corre atrás de um motor para 2022 em diante. A McLaren terá o motor Mercedes e Daniel Ricciardo como esperança de mais um passo adiante. Já a Ferrari tende a continuar sofrendo com um carro ruim e um motor que precisa fazer nome à sua equipe. Tendo Alonso como principal piloto, a Renault espera se preparar para dar o passo decisivo para 2022, isso, se Alonso tiver paciência para tal. Os rádios da Renault serão divertidos. Agora chamada Aston Martin, a Racing Point receberá Vettel como primeiro piloto ou mais um mentor para Lance Stroll? São muitas perguntas a serem respondidas, mas somente em 2021 saberemos disso. Porém, o principal é que tenhamos em 2021 mais normal não apenas na F1, mas em nossa vida.

sexta-feira, 18 de dezembro de 2020

Viva Checo

 


O grande suspense desse final de ano acabou-se na F1. Sergio Pérez foi o escolhido pela Red Bull para ser companheiro de equipe de Max Verstappen, substituindo Alexander Albon a partir de 2021. 

Checo vinha se destacando dentro do pelotão intermediário desde que lá voltou em 2014, após uma passagem apagada pela McLaren. Conseguindo pódios ocasionais com a Force India, Pérez parecia mais maduro do que o piloto que chegou à equipe de Woking após se destacar na Sauber, mas naufragar num ano que marcou o início do declínio da McLaren. Porém, parecia que as chances de Pérez eram cada vez menores de estar numa equipe de ponta, ainda mais quando foi traído pela própria equipe.

Quando ainda se chamava Force India, a equipe de Pérez estava para fechar as portas e com seu chefe Vijay Mallya a ponto de ser preso, mas o mexicano arregaçou as mangas e conseguiu um negócio para salvar seu emprego e de várias pessoas na equipe. Porém o novo dono, Lawrence Stroll, tem como um dos objetivos na F1 provar que seu filho Lance é um futuro piloto de ponta, algo que vem se provando um tiro n'água. Se transformando em Aston Martin em 2021, Stroll contratou Sebastian Vettel e alguém teria que sobrar. Mesmo claramente mais piloto do que Lance Stroll, Sergio Pérez foi dispensado da equipe que ajudou salvar. No entanto, o mercado de piloto nesses últimos anos fora bem estranho para os lados da Red Bull.

Confiando no programa de jovens pilotos, comandado por Helmut Marko, a Red Bull se confiava que o velho consultor poderia revelar um novo Vettel, Ricciardo ou Verstappen. Com métodos rudes, Marko ia dispensando seus potenciais bons pilotos sem maior cerimônia, deixando o antes fértil programa de jovens pilotos sem praticamente ninguém, a ponto de ter que recontratar Daniil Kvyat, após este ter sido demitido por Marko. Albon surgiu em meio à seca de talentos do programa comandado por Marko e rapidamente ascendeu à Red Bull. Talvez cedo demais. Após um início promissor, Albon foi destruído em 2020 por Verstappen, muitas vezes o tailandês nem fazendo seu papel de segundo piloto na equipe. Além de não marcar pontos importantes para o Mundial de Construtores, Albon sempre deixava Max sozinho contra a Mercedes, dando aos alemães mais opções táticas para derrotar um quase indefeso Verstappen.

Mesmo sabendo que não tinha rumo certo para 2021, Pérez fazia uma ótima temporada em 2020, com direito a uma vitória antológica em Sakhir. O quarto lugar que Pérez conquistou no Mundial de Pilotos seria teoricamente de Albon, que amargou apenas um sétimo lugar. Era nítido que o lugar de segundo piloto da Red Bull era de Pérez, porém, os muito investidores tailandeses cobravam por Albon. No fim, a parte esportiva prevaleceu e Sergio Pérez terá uma segunda chance numa equipe grande. Aos 30 anos e no ápice da carreira, Pérez terá apenas um ano para convencer à Red Bull que poderá ajudar Verstappen em situações de corridas, além de elevar o nível do neerlandês. Uma mistura nova e picante dentro da Red Bull, onde muitos estarão vendo com muito interesse.

segunda-feira, 14 de dezembro de 2020

Figura(ABU): Red Bull

 Há informações de que a Mercedes teria diminuído a potência do seu motor por pura precaução, mas ainda assim não se esperava um desempenho tão dominante da Red Bull em Yas Marina, nas mãos de Max Verstappen. Foi um final de semana beirando o perfeito para a equipe, que conquistou sua primeira pole em 2020 e viu Verstappen dominar a corrida bem ao estilo que sua rival Mercedes fez ao longo do ano. Para completar, até mesmo o contestado Alex Albon fez um bom trabalho, ficando longe da perigosa quinta posição ao ultrapassar rapidamente Lando Norris e ficar próxima de um convalescente Lewis Hamilton nas voltas finais. O bom desempenho da Red Bull na última corrida do ano dá esperanças de que o domínio da Mercedes tenha pelo menos um contestação no futuro, mas fica a pergunta: porque a Red Bull não mostrou todo esse desempenho antes?

Figurão(ABU): Racing Point

 A Racing Point chegou à última corrida em terceiro lugar no Mundial de Construtores e com chances reais de conseguir seu melhor ano na história, antes de mudar de nome e virar Aston Martin em 2021. Apesar da pouca diferença para a McLaren, bastava administrar bem a vantagem e comemorar uma boa grana entrando na conta do time no final do ano. A escolha da equipe por Lance Stroll é claramente nepotismo e nada mais, porém, Lawrence sentiu no bolso ter a certeza de que seu filho seja um piloto de ponta na F1 um dia. O confiável motor Mercedes de Sergio Pérez estava por um fio e por isso precisou ser trocado, colocando o mexicano na última fila. Apesar do prejuízo, Pérez mostrou que é bem capaz de sair de uma enrascada como essa e a sua vitória semana ainda está fresca na memória. No entanto, num golpe do destino, o motor Mercedes deixou Pérez na mão mais uma vez ainda no começo da corrida, acabando com a chance de uma boa despedida de Checo da equipe. Por isso, todas as chances da Racing Point caíram nas mãos de Lance. E tudo foi por água abaixo! O canadense fez outra corrida medíocre, onde atolou em brigas no pelotão intermediário que o fizeram terminar a corrida apenas em décimo, que juntando à boa corrida de Norris e Sainz, fez com que a McLaren conseguisse uma grande virada e um bem-vindo terceiro lugar no Mundial de Construtores. Ter um piloto fraco custou caro para Lawrence Stroll. Ao em torno de quarenta milhões de dólares, para ser exato...

domingo, 13 de dezembro de 2020

Pílulas de uma corrida sem graça

 


A Liberty Media poderia fazer um overview e descobrir que fechar a temporada numa pista como Abu Dhabi é um tremendo tiro no pé. O circuito não tem graça e não proporciona emoção, fazendo com que a última impressão para muitos fãs da F1 seja de uma corrida chata e sonolenta, como a de hoje. Como não falta dinheiro naquelas bandas, uma ampla reforma seria muito bem-vinda. Numa prova sem muito o que falar, colocarei alguns tópicos, que para uma corrida tão sem sal como a de hoje, é mais do que o suficiente.


  • O desempenho de Max Verstappen hoje mostra bem que o posicionamento ainda faz muita diferença na F1. Saindo da pole e largando bem, o neerlandês simplesmente não foi incomodado em nenhum momento, conseguindo uma vitória dominante. Uma incrível evolução da Red Bull para essa última corrida? Não, apenas bastou à Max se manter na frente e no controle de tudo para derrotar as duas Mercedes.
  •  O segundo lugar de Bottas não apaga uma temporada medíocre do nórdico, que por muito pouco não perdeu o vice-campeonato para Verstappen, no que seria um baita vexame pelo carro que Valtteri tem. Se estar garantido para 2021, a vida de Bottas para 2022 está muito complicada. Hamilton teve uma volta recorde (mais um?) após convalescer do Covid-19, mas o inglês estava claramente abaixo do seus altos padrões nesse final de semana, ainda afetado pela perigosa doença.
  • Vettel saiu dos boxes da Ferrari pela última vez aplaudido pelos seus mecânicos, mas é inegável que o alemão fracassou (algo que o próprio Seb admite) na sua passagem pela Ferrari. Mais uma vez Vettel fez uma corrida abaixo da crítica, muito ajudado por um dos piores carros que a Ferrari já fez em sua história.
  • O que é o nepotismo. Lawrence Stroll comprou uma equipe para manter seu filho correndo na F1, além de ganhar um bom dinheiro, claro. Porém, com o abandono precoce de Sergio Pérez, o terceiro lugar no Mundial de Construtores ficou nas mãos de Lance Stroll e como era de se esperar, o canadense pouco ou nada fez para liderar a equipe. Com a McLaren pontuando bem com Norris em quinto e Sainz em sexto, o time inglês, que anunciou nessa manhã que está vendendo parte de suas ações, conseguiu o terceiro lugar e a Racing Point perdeu valiosos quarenta milhões de dólares por Lawrence ainda acreditar que seu filho será um piloto de ponta na F1.
  • Seria muito triste e injusto a carreira de Sergio Pérez acabar ao lado da pista com o motor quebrado. O mexicano venceu uma corrida monstruosa semana passada e ainda luta por um lugar na F1 em 2021. O único assento disponível seria o da Red Bull, mas Albon tem boas chances de ficar, após um sólido quarto lugar na prova de hoje. Seria um desperdício! Que Pérez fique na F1!

  • Kevin Magnussen está se mudando para os Estados Unidos, onde seguirá os passos do seu pai nas corridas de Endurance. Grosjean nem teve esse gostinho de uma despedida formal. A Haas terá Mick Schumacher, atual campeão da F2 e Niki Mazepin, um maluco dentro e fora das pistas, que só estará na F1 pelo pai bilionário.
  • Daniil Kvyat também estaria saindo da F1, mas ele fará falta?
  • Sainz trocará a terceira colocada no Mundial de Construtores pela atual sexta colocada. 
  • A Haas acabou a temporada como a pior equipe da F1, tomando quase um minuto da Nicholas Latifi. Vou nem falar de George Russell, para a humilhação não ficar maior...
  • Ricciardo sairá da Renault rumo à McLaren, que voltará a usar motores Mercedes e terá uma boa injeção de dinheiro. Uma mudança com bom potencial para o australiano, mas ir para a Renault também parecia interessante para Ricciardo e os resultados não saíram como o esperado.
  • Pietro Fittipaldi não fez uma trabalho ruim nas suas duas corridas pela Haas, mas esteve bem longe de chamar a atenção de alguém na F1. Olhando em perspectiva, Pietro poderia fazer como Russell faz na Williams, colocando um carro ruim na frente de uma Alfa Romeo, por exemplo. No entanto, Fittipaldi ficou em último o tempo todo em que esteve na F1. Será bem difícil que Pietro Fittipaldi tenha uma terceira corrida na F1.
  • Quando Fernando Alonso acelerou seu Renault de 2005 por Abu Dhabi, o barulho do V10 ecoou por toda a pista, trazendo suspiros apaixonados para quem ouvia aquele motor com um som ensurdecedor. Os ambientalistas que me perdoem, mas apesar do atual V6 Turbo ser mais potente e moderno, nada como o o enorme barulho de um V10 cortando a reta.

E terminamos mais uma temporada da F1. Como em todas as atividades da vida, um 2020 muito diferente, em que até se duvidou se haveria uma temporada de F1. No fim, a Mercedes dominou o campeonato liderada por Lewis Hamilton. Isso nos remete a outras dominações, como foi o caso da Ferrari no começo dos anos 2000 e percebemos que podemos estar reclamando de barriga cheia. Essa temporada tivemos muitas corridas interessantes, alguns resultados inesperados e muita história boa para contar, ao contrário do domínio ferrarista. 


Recordes foram quebrados aos montes por Hamilton e fica a pergunta: ele é o maior da história? Numericamente, não há argumentos contra fatos, porém, olhando o contexto, Lewis está se aproveitando de um período que lhe é muito favorável para inchar seus números. Primeiramente o inglês está numa das equipes mais fortes montadas na história da F1, que poucas chances dar às rivais. Segundo que a Mercedes tem a política de ter um piloto apenas razoável para conseguir os importante pontos no Mundial de Construtores, enquanto Hamilton ganha os Mundiais de Piloto. Historicamente fica a sensação de que Hamilton estaria batendo recordes por falta de oposição. No entanto, o nível de Hamilton é muito maior do que o visto. Para bater o único piloto que tem condição de lhe tirar a vitória, Hamilton eleva seu sarrafo a um nível médio, mais do que suficiente para bater Bottas, mas se for necessário, Hamilton tem condições de subir esse sarrafo. Esperamos que em 2021 podemos ver esse sarrafo mais alto, com novos rivais na luta pelo título.

Verstappen deu o recado que isso é possível, só faltando que finais de semana como o de Abu Dhabi se repitam mais vezes no próximo ano.

sábado, 12 de dezembro de 2020

Coitado do Bottas


 Após um final de semana no mínimo constrangedor, Valtteri Bottas parecia que daria a volta por cima ao derrotar um recuperado Lewis Hamilton na classificação em Abu Dhabi nesse sábado. Na casa dos milésimos, Valtteri derrotou Lewis na volta final do Q3 no que parecia uma primeira fila toda da Mercedes, algo normal em 2020. Então veio Max Verstappen e superou Bottas, tirando a pole do nórdico. É apenas a terceira pole de Max na F1 e a primeira não-Mercedes em 2020, como alfinetou Christian Horner no rádio, já que Racing Point está mais alemã do inglesa. No entanto, Valtteri Bottas tinha tudo para ficar com a pole e até mesmo calar um pouco os críticos, mas veio Verstappen e acabou com o objetivo do finlandês. Mais uma derrota para Bottas...

segunda-feira, 7 de dezembro de 2020

Figura(SAK): Sergio Pérez

Não poderia ser outro! Foi uma atuação para ficar gravada na retina de quem assistiu a corrida nesse domingo. Sergio Pérez fez a corrida de sua vida e o mesmo destino que o tirara um pódio certo semana passada lhe presentou com uma belíssima vitória. Corridas de recuperação acontecem de tempos em tempos, mas normalmente o piloto tem em mãos o melhor ou um dos melhores carros do pelotão. Quando foi tocado por um destrambelhado Charles Leclerc na primeira volta, Pérez caiu para a 18º e última posição, parecendo voltar ao lugar onde estava, na briga pelo pódio, uma missão quase impossível.  Mesmo sendo uma cópia da Mercedes de 2019, a Racing Point estava em quarto no Mundial de Construtores. Contudo, Pérez tinha muito o que provar. Provar que será um erro se ele ficar de fora da F1 em 2021. Motivadíssimo, Checo partiu para cima dos seus rivais com seu Racing Point e foi ultrapassando quem via pela frente, ao mesmo tempo em que cuidava dos pneus. Pérez se viu em terceiro após uma desmoralizante ultrapassagem sobre o seu companheiro de equipe Stroll e depois em cima de Ocon. Isso já o colocava como grande destaque da prova, mas se na semana passada Checo foi pego numa peça dos deuses do automobilismo ao abandonar já no final da corrida com o motor quebrado, dessa vez esses mesmos deuses lhe recompensaram com juros, quando a Mercedes errou completamente na parada dos seus pilotos e Pérez assumiu a ponta para não mais perdê-la. Foi uma atuação de gala do mexicano, que quebrou um jejum de cinquenta anos do seu país e mostrou a todos que tem totais condições de estar na F1 nos próximos anos.

Figurão(SAK): Mercedes

 Para Valtteri Bottas não estar nessa parte da coluna, foi preciso caprichar. O finlandês teve um final de semana constrangedor no Bahrein, consumando numa corrida abaixo do medíocre. Porém, talvez a Mercedes quisesse dar uma 'moral' para o seu piloto e aprontou uma que a faz entrar aqui no lugar de Valtteri. O time chefiado por Toto Wolff se notabilizou por um entrosamento fora do comum em todos quesitos, parecendo estar à prova de erros. Contudo, no Bahrein, a Mercedes cometer um erro crasso e bisonho com seus pilotos que a fez perder uma dobradinha certa. Quando Jack Aitken deixou no meio da pista sua asa dianteira, trazendo o Safety-Car, a Mercedes estava com a corrida nas mãos e liderava soberana sobre as demais, mas sentiu uma incrível necessidade de trazer seus dois pilotos para um segundo pit-stop de segurança, tamanha era a diferença para os demais. Até aí, nada demais. O porém foi que um problema no rádio dos mecânicos fez com que o líder Russell saísse dos pits... com os pneus de Bottas! O finlandês já estava perdendo muito tempo quando um mecânico percebeu o erro e no desespero, colocaram os antigos pneus no carro de Bottas, o deixando indefeso quando carros piores que o dele, mas melhor 'calçados' quando foi dada a relargada. Russell teve que retornar aos pits para colocar os pneus corretos, mas um furo destruiu qualquer chance de vitória para o jovem inglês, porém, tudo começou numa tática que se mostrou errada e que culminou num engano básico de regulamento. Perguntado depois da corrida sobre o problema na sua equipe, Toto Wolff foi bem sucinto: foi uma grande cagada!

domingo, 6 de dezembro de 2020

Viva México!

 


Em mais um capítulo desse ano completamente atípico, a F1 nos brindou com uma corrida sensacional, um resultado completamente surpreendente e uma atuação histórica de Sérgio Pérez. O traçado no anel externo do circuito de Sakhir tornou as 87 voltas da corrida numa completa bagunça que afetou até mesmo os homens da Mercedes, que estragaram as corridas dos seus pilotos, contudo, se não fosse o erro mercediano, a incrível corrida de recuperação de Sergio Pérez não seria premiada com uma primeira vitória emocionante e cheia de lágrimas do piloto do México, que não vencia uma corrida faziam mais de cinquenta anos.


Corridas de recuperação já aconteceram aos montes na F1, mas normalmente o piloto está montado, se não no melhor carro do grid, num dos melhores. Apesar das acusações de ter copiado de forma deslavada o carro da Mercedes do ano passado, a Racing Point estava apenas em quarto no Mundial de Construtores e tinha apenas um pódio com Lance Stroll, numa corrida confusa em Monza. Logo na primeira volta Pérez foi atingido por um destrambelhado Charles Leclerc e com o abandono deste e também de Max Verstappen, Checo caía para 18º lugar, o famoso fona. Se Pérez contasse com uma Mercedes ou um Red Bull, era normal uma remontada de Sergio rumo ao pódio, porém, o mexicano contava hoje com seu Racing Point e foi com ele, não nos esqueçamos, atingido com força por Leclerc na primeira volta, que Pérez escalou o pelotão com ferocidade, ao mesmo tempo em que cuidava dos seus pneus. Pérez ia ultrapassando um a um seus rivais do meio do pelotão, muitos com carros do mesmo nível do que o seu. Nas voltas finais, ultrapassou seu companheiro de equipe Stroll e Ocon para assumir a terceira posição. Isso já o faria ser o grande destaque do dia, mas então o destino, que fora tão cruel com Pérez semana passada, quando abandonou com o motor quebrado nas últimas voltas, lhe ajudasse a conquistar uma vitória emocionante.


Como acontecera em toda a temporada, a Mercedes matava à pau a concorrência, ainda mais com seu mais forte rival, Max Verstappen, fora de combate logo na primeira volta. Contudo, ainda haviam surpresas acontecendo nos boxes liderados por Toto Wolff. Mesmo largando do lado sujo, George Russell largou melhor do que Bottas e apontou na primeira curva na frente. Ter um cara que nunca guiara aquele carro ao seu lado seria um fator de pressão para Bottas, que quando se viu superado, passou a trancar a todos que vinham atrás dele. De forma involuntária, Bottas acabou proporcionando a carambola da primeira volta entre Pérez, Max e Leclerc. "Ele conhece o carro e está mais acostumado com um forte ritmo de corrida", falavam todos que esperavam Bottas ir para cima de Russell. Que nada! Russell administrou como se guiasse o W11 desde a primeira corrida e não deu chances à Bottas. Quando o nórdico ganharia fácil o lugar como destaque negativo da corrida, a Mercedes cometeu um erro crasso, que mudou toda a história da corrida. O novato Jack Aitken rodou seu Williams na entrada dos boxes e deixou na última curva sua asa dianteira. Safety-car na pista. Mesmo com ninguém ameaçando, a Mercedes resolveu chamar seus dois pilotos para colocar pneus médios para as últimas voltas. Russell fez sua parada normalmente, mas Bottas demorou mais do que devia. E aparentemente um mecânico viu a caca que haviam feito. Simplesmente colocaram os pneus de Bottas no carro de Russell! O desespero foi tanto que colocaram os pneus antigos no carro de Bottas e mandaram-no de volta à pista, mas o estrago estava feito. Russell teve que retornar aos pits para colocar os pneus certos e tentar uma remontada histórica. E estava no caminho para isso. Primeiro, ultrapassou Bottas após erro do finlandês, colocando outra mácula no final de semana de Valtteri. Russell ultrapassou facilmente Ocon e Stroll, com algumas voltas para o fim, mas com tempo para um ataque em cima de Pérez. Porém, o dia não era de George Russell. Um pneu furado fez com que o inglês retornasse aos boxes por uma quarta vez, sepultando qualquer chance de vitória de George.

Contudo, essa atuação de George Russell indica que o futuro da Mercedes está bem encaminhado, com um ótimo piloto debaixo de sua asa. Já o presente de Bottas não é dos mais agradáveis. Mesmo com mais experiência com o carro e com a equipe, foi totalmente dominado por Russell, incluindo uma ultrapassagem desmoralizante na única parte lenta do circuito. Por mais que Hamilton elogie Bottas, fica cada vez mais difícil justificar o finlandês na Mercedes após 2021. Quiçá, após essa temporada!


Com tudo isso acontecendo, as portas para Pérez estavam abertas para uma vitória consagradora. O mexicano esteve perto da vitória em Sepang/2011, mas saiu da pista nas voltas finais quando estava nos calcanhares de Alonso. Depois muita coisa aconteceu na carreira de Pérez, que chegou à F1 como pay-driver e hoje é um piloto consolidado da categoria. Faltava uma corrida como a de hoje. Após 189 GP's, Sergio Pérez se tornou o piloto mais corridas antes de vencer na F1. E o fez em grande estilo. No entanto, o futuro do mexicano ainda é uma grande incógnita. Mesmo sendo muito mais piloto do que Stroll (a ultrapassagem de Pérez sobre o canadense foi bem parecida com o que Russell fez sobre Bottas), o sobrenome do dono da equipe também é Stroll e Pérez acabou dispensado da equipe. Seu único lugar para estar na F1 seria a Red Bull, mas a equipe teima em não divulgar seus planos para 2021. Verstappen leva a equipe nas costas praticamente sozinho, enquanto Albon (outro ultrapassado na pista por Pérez...) faz outra corrida medíocre a cada semana, demonstrando que não tem estofo para ocupar o lugar que está. Outro detalhe é que Lawrence Stroll dispensou um piloto que acabou de vencer uma prova num desempenho monstruoso e contratou um piloto que não vai ao Q3 fazem doze corridas. E nas corridas a performance de Vettel não melhora muito ultimamente...


Completando um pódio completamente aleatório, Esteban Ocon conseguiu seu primeiro pódio com o segundo lugar. Piloto de origem humilde, Ocon sempre precisou mostrar serviço para estar associado a alguma academia e ter chance de ascender à F1. Nesse ano ele foi constantemente superado por Daniel Ricciardo na Renault, mas utilizando uma estratégia diferente, Ocon conseguiu a melhor posição da Renault no ano, ultrapassando Stroll após sua única parada. Carlos Sainz era terceiro no primeiro stint, mas com uma estratégia de duas paradas, terminou apenas em quarto, colado em Stroll. Pietro Fittipaldi fez uma estreia decente num carro ruim e que não conhecia. O brasileiro teve sérias dificuldades de adaptação, principalmente em ritmo de corrida, mas fez o essencial: não errou.


O ano de 2020 ficará marcado por outro dominante da Mercedes e de Lewis Hamilton, mas não se pode acusar da F1 de não ter histórias boas para contar e ótimas corridas para se assistir. Ao contrário do que ocorreu no domínio da Ferrari no começo dos anos 2000, essa temporada foi pródiga em histórias para se lembrar. Hoje vimos mais uma. Como um piloto desempregado teve a exibição de sua vida, se aproveitou dos erros de uma equipe tida como infalível, levou uma equipe que, contando outras encarnações, não vencia desde 2003 e quebrou um tabu de cinquenta anos sem vitória do seu país. Sérgio Pérez merece um lugar na F1 em 2021, enquanto o México deve estar em festa com muita taco e tequila. E por resultados como esse, que eu digo: F1, eu te amo sua linda!   

sábado, 5 de dezembro de 2020

Novidades com aperto

 


Os sete dias em que a F1 ficou no Bahrein foi marcado por a categoria recuperar o fôlego do susto de Grosjean no domingo, mas com várias mudanças forçadas entre as equipes. A primeira era lógica. Com Grosjean ainda se recuperando do seu dramático acidente, a Haas convocou seu piloto reserva Pietro Fittipaldi para a prova desse final de semana, com o brasileiro fazendo sua estreia na F1 cheia de simbolismos. Primeiro, após mais de mil dias, a F1 teria um piloto brasileiro no grid. Segundo é que Pietro será o quarto Fittipaldi a largar na F1 e finalmente, pela primeira vez na história da F1, uma terceira geração de um clã correrá na categoria. Correndo num carro ruim, sem muita experiência prévia e entrando de supetão na corrida, Pietro amargou a última posição, algo mais do que esperado com o equipamento que tem em mãos.

As outras novidades é que não eram esperadas. Lewis Hamilton deu positivo para o Covid19 e ficará de fora da corrida de amanhã e provavelmente da semana que vem também. A pergunta que fica é: e se o campeonato não estivesse definido? Felizmente Lewis só lamentará que suas marcas centenárias demorarão um pouco mais a aparecer, mas a Mercedes não poderia lamentar muito por Lewis e numa rápida negociação com a Williams, trouxe seu piloto George Russell para finalmente estrear pela Mercedes. E o jovem inglês esteve longe de fazer feio! Líder nos dois treinos livres, mesmo com quase nenhuma experiência com o carro, Russell deu um enorme calor em Bottas na classificação, ficando em segundo lugar no grid na casa dos milésimos. Por curiosidade, essa foi a primeira derrota de Russell na F1 numa classificação, mas não deixa de ser uma vitória para o inglês, que provou seu alto nível, pelo menos em nível de classificação. Bottas parecia mais aliviado do que feliz por ter superado Russell, pois pegaria extremamente mal ao nórdico ser superado por um piloto que nunca correu com o carro. Valtteri é o piloto mais pressionado no grid amanhã. É o caso de vencer ou vencer.

Com a saída de Russell, a Williams recrutou Jack Aitken, seu piloto reserva e que estava na F2. Sem experiência nenhuma, Aitken andou muito próximo de Nicholas Latifi, demonstrando a qualidade (ou a falta dela) do canadense. Verstappen ficou com o terceiro tempo, mas menos de seis centésimos do tempo de Bottas, o que poderá ser uma briga apertada pela liderança amanhã. Mais atrás, Albon ficava de fora do Q3, enquanto a câmera flagrava Horner balançando a cabeça. Se ficar na equipe em 2021, a Red Bull terá que ter boas explicações para manter Albon. Leclerc surpreendeu ao colocar a Ferrari em quarto numa pista onde o motor está fazendo muita diferença.

A última novidade será o traçado no anel externo de Sakhir. Para quem esperava um oval, se decepcionou deveras com um segundo setor cheio de chicanes e bem ondulado, mas o pouco cumprimento fez com que os tempos ficassem bem abaixo de um minuto e o top10 tenha sido coberto por menos de 1s. Será interessante ver como será a corrida num circuito tão diferente do que a F1 viu nos últimos anos.

sexta-feira, 4 de dezembro de 2020

Um relato extraordinário

 

Romain Grosjean sempre foi muito sacaneado por seus erros, que o fizeram ficar marcado no folclore da F1. Porém, o francês de 34 anos entrou na história da F1 de outra forma, como um sobrevivente de um acidente potencialmente fatal. Nessa sexta, dois dias depois de sair do hospital, Grosjean contou sua incrível jornada onde esteve frente a frente com a morte e todo o pensamento que teve naquela situação.

Bravo, Grosjean! Bravo!