domingo, 13 de dezembro de 2020

Pílulas de uma corrida sem graça

 


A Liberty Media poderia fazer um overview e descobrir que fechar a temporada numa pista como Abu Dhabi é um tremendo tiro no pé. O circuito não tem graça e não proporciona emoção, fazendo com que a última impressão para muitos fãs da F1 seja de uma corrida chata e sonolenta, como a de hoje. Como não falta dinheiro naquelas bandas, uma ampla reforma seria muito bem-vinda. Numa prova sem muito o que falar, colocarei alguns tópicos, que para uma corrida tão sem sal como a de hoje, é mais do que o suficiente.


  • O desempenho de Max Verstappen hoje mostra bem que o posicionamento ainda faz muita diferença na F1. Saindo da pole e largando bem, o neerlandês simplesmente não foi incomodado em nenhum momento, conseguindo uma vitória dominante. Uma incrível evolução da Red Bull para essa última corrida? Não, apenas bastou à Max se manter na frente e no controle de tudo para derrotar as duas Mercedes.
  •  O segundo lugar de Bottas não apaga uma temporada medíocre do nórdico, que por muito pouco não perdeu o vice-campeonato para Verstappen, no que seria um baita vexame pelo carro que Valtteri tem. Se estar garantido para 2021, a vida de Bottas para 2022 está muito complicada. Hamilton teve uma volta recorde (mais um?) após convalescer do Covid-19, mas o inglês estava claramente abaixo do seus altos padrões nesse final de semana, ainda afetado pela perigosa doença.
  • Vettel saiu dos boxes da Ferrari pela última vez aplaudido pelos seus mecânicos, mas é inegável que o alemão fracassou (algo que o próprio Seb admite) na sua passagem pela Ferrari. Mais uma vez Vettel fez uma corrida abaixo da crítica, muito ajudado por um dos piores carros que a Ferrari já fez em sua história.
  • O que é o nepotismo. Lawrence Stroll comprou uma equipe para manter seu filho correndo na F1, além de ganhar um bom dinheiro, claro. Porém, com o abandono precoce de Sergio Pérez, o terceiro lugar no Mundial de Construtores ficou nas mãos de Lance Stroll e como era de se esperar, o canadense pouco ou nada fez para liderar a equipe. Com a McLaren pontuando bem com Norris em quinto e Sainz em sexto, o time inglês, que anunciou nessa manhã que está vendendo parte de suas ações, conseguiu o terceiro lugar e a Racing Point perdeu valiosos quarenta milhões de dólares por Lawrence ainda acreditar que seu filho será um piloto de ponta na F1.
  • Seria muito triste e injusto a carreira de Sergio Pérez acabar ao lado da pista com o motor quebrado. O mexicano venceu uma corrida monstruosa semana passada e ainda luta por um lugar na F1 em 2021. O único assento disponível seria o da Red Bull, mas Albon tem boas chances de ficar, após um sólido quarto lugar na prova de hoje. Seria um desperdício! Que Pérez fique na F1!

  • Kevin Magnussen está se mudando para os Estados Unidos, onde seguirá os passos do seu pai nas corridas de Endurance. Grosjean nem teve esse gostinho de uma despedida formal. A Haas terá Mick Schumacher, atual campeão da F2 e Niki Mazepin, um maluco dentro e fora das pistas, que só estará na F1 pelo pai bilionário.
  • Daniil Kvyat também estaria saindo da F1, mas ele fará falta?
  • Sainz trocará a terceira colocada no Mundial de Construtores pela atual sexta colocada. 
  • A Haas acabou a temporada como a pior equipe da F1, tomando quase um minuto da Nicholas Latifi. Vou nem falar de George Russell, para a humilhação não ficar maior...
  • Ricciardo sairá da Renault rumo à McLaren, que voltará a usar motores Mercedes e terá uma boa injeção de dinheiro. Uma mudança com bom potencial para o australiano, mas ir para a Renault também parecia interessante para Ricciardo e os resultados não saíram como o esperado.
  • Pietro Fittipaldi não fez uma trabalho ruim nas suas duas corridas pela Haas, mas esteve bem longe de chamar a atenção de alguém na F1. Olhando em perspectiva, Pietro poderia fazer como Russell faz na Williams, colocando um carro ruim na frente de uma Alfa Romeo, por exemplo. No entanto, Fittipaldi ficou em último o tempo todo em que esteve na F1. Será bem difícil que Pietro Fittipaldi tenha uma terceira corrida na F1.
  • Quando Fernando Alonso acelerou seu Renault de 2005 por Abu Dhabi, o barulho do V10 ecoou por toda a pista, trazendo suspiros apaixonados para quem ouvia aquele motor com um som ensurdecedor. Os ambientalistas que me perdoem, mas apesar do atual V6 Turbo ser mais potente e moderno, nada como o o enorme barulho de um V10 cortando a reta.

E terminamos mais uma temporada da F1. Como em todas as atividades da vida, um 2020 muito diferente, em que até se duvidou se haveria uma temporada de F1. No fim, a Mercedes dominou o campeonato liderada por Lewis Hamilton. Isso nos remete a outras dominações, como foi o caso da Ferrari no começo dos anos 2000 e percebemos que podemos estar reclamando de barriga cheia. Essa temporada tivemos muitas corridas interessantes, alguns resultados inesperados e muita história boa para contar, ao contrário do domínio ferrarista. 


Recordes foram quebrados aos montes por Hamilton e fica a pergunta: ele é o maior da história? Numericamente, não há argumentos contra fatos, porém, olhando o contexto, Lewis está se aproveitando de um período que lhe é muito favorável para inchar seus números. Primeiramente o inglês está numa das equipes mais fortes montadas na história da F1, que poucas chances dar às rivais. Segundo que a Mercedes tem a política de ter um piloto apenas razoável para conseguir os importante pontos no Mundial de Construtores, enquanto Hamilton ganha os Mundiais de Piloto. Historicamente fica a sensação de que Hamilton estaria batendo recordes por falta de oposição. No entanto, o nível de Hamilton é muito maior do que o visto. Para bater o único piloto que tem condição de lhe tirar a vitória, Hamilton eleva seu sarrafo a um nível médio, mais do que suficiente para bater Bottas, mas se for necessário, Hamilton tem condições de subir esse sarrafo. Esperamos que em 2021 podemos ver esse sarrafo mais alto, com novos rivais na luta pelo título.

Verstappen deu o recado que isso é possível, só faltando que finais de semana como o de Abu Dhabi se repitam mais vezes no próximo ano.

2 comentários:

  1. Curiosidade tosca: essa é a primeira vez que o Verstappen vence uma corrida entendiante, todas as outras foram corridas Boas/Ótimas

    Espanha/2016 (Boa), Malásia/2017 (Boa), México/2017 (Ótima), Áustria/2018 (Ótima), México/2018 (Boa), Áustria/2019 (Ótima), Alemanha/2019 (Ótima), Brasil/2019 (Ótima) e 70 Anos/2020 (Boa)

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    1. Ele disse uma vez que não importaria em ser campeão dominando o campeonato.

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