segunda-feira, 20 de dezembro de 2021
Boas festas!
Figura(2021): Max Verstappen
Pensam que somente no campeonato da F1 Max e Lewis estavam empatados antes da última etapa? Pois aqui eles também estavam com quatro indicações, incluindo um empate técnico em Austin, quando Verstappen e Hamilton deram um show de pilotagem de alto nível. O que esses dois grandes pilotos fizeram ao longo de 2021 foi histórico e será tema de discussão por muitos e muitos anos, principalmente nos pontos baixos ocorridos em Silverstone, Monza e Jedá. Se não fosse o incidente com Latifi no final da prova em Abu Dhabi, provavelmente Hamilton estaria na parte de cima da coluna e seria campeão na F1 e aqui, mas todo o imbróglio ocorrido nas voltas causado por Michael Masi fez com que o vencedor e o campeão mudassem de nome. Qualquer um dos dois mereciam vencer o título, mas há a sensação de que Max Verstappen estava levando o seu carro nas costas, enquanto Hamilton recebeu um foguete da Mercedes a partir de Interlagos para dominar as quatro últimas corridas, mesmo que não tenha significado quatro vitórias. Moldado como futura estrela da F1 desde a mais tenra idade, Max Verstappen bateu inúmeros recordes de precocidade em sua carreira e a sua velocidade inerente indicava que um título estaria por vir para o neerlandês. Com as sutis mudanças de regulamento para esse ano favorecendo a Red Bull, além do novo motor da Honda, preparado com esmero na (mais uma) despedida dos japoneses da F1, Max Verstappen focou em conseguir seu primeiro título em 2021, andando muitas vezes no modo 'Full Attack' e tirando Lewis Hamilton da zona de conforto, causando muitas situações polêmicas e tensas ao longo do ano. Com dez vitórias no ano e correndo num nível que seria assinado por qualquer um dos gênios da história da F1, Max Verstappen mereceu o título desse ano e com mais confiança, quem sabe ele não reapareça aqui novamente em 2022?
Figurão(2021): Valtteri Bottas
A contagem dessa parte da coluna no apanhado do ano revelou um curioso empate. Mesmo tendo Mazepin em todo o seu 'esplendor', Ricciardo decepcionando enormemente em sua estreia na McLaren, o mesmo acontecendo com a Aston Martin e Alpine, duas montadoras que, tudo bem, 'estrearam' com esse nome nesse ano, mas tiveram uma temporada bem abaixo das expectativas, os mais votados, com quatro votos cada, foram os segundos pilotos de Red Bull e Mercedes. Sergio Pérez e Valtteri Bottas tiveram finais de semanas esquecíveis ao longo da temporada, onde ambos não foram capazes de acompanhar seus companheiros de equipe ou até mesmo ajuda-los. Ok, Verstappen e Hamilton estiveram verdadeiramente em outro nível em 2021 e quem estivesse ao lado deles levaria uma verdadeira sova, como realmente aconteceu com eles, mas essa comparação até mesmo injusta influenciou deles estarem tantas vezes aqui. Alguém pode me perguntar o porquê ter colocado Bottas aqui no desempate ao invés de Pérez, já que o nórdico chegou na frente do mexicano no final do campeonato. Após o título o próprio Verstappen falou que não seria campeão se não fosse por Pérez, que o ajudou decisivamente na Turquia e em Abu Dhabi, enquanto Valtteri só conseguiu alguns pontos aqui e ali ao marcar a volta mais rápida da corrida, contudo, houve momentos em que Bottas esteve longe de segurar Max, como foi o caso de Sochi. Além do mais, Pérez estreava esse ano na Red Bull e é de conhecimento público e notório a dificuldade dos pilotos de andarem no mesmo carro de Verstappen. Bottas já estava em sua quinta temporada ao lado de Hamilton e mesmo com alguns bons momentos, como na vitória na Turquia, ficou devendo no geral, apesar dos elogios públicos de Lewis para com ele em sua despedida da Mercedes. Sim, mesmo conseguindo bons pontos que ajudaram a Mercedes conquistar seu oitavo título consecutivo no Mundial de Construtores, a falta de ritmo do finlandês nas corridas pesou bastante, isso sem contar com algumas atuações bisonhas, como na Hungria ou na Rússia. George Russell já está batendo na porta faz algum tempo e Toto Wolff ficou sem maiores alternativas se não trazer o jovem inglês para fazer dupla com Hamilton, mesmo sabendo que o multi-campeão funciona melhor correndo como 'dono' da equipe. Bottas não incomodava Hamilton em termos de campeonato, mas em 2021 o finlandês esteve abaixo dos seus outros anos na Mercedes. Como é empresariado por Wolff, Bottas ainda conseguiu um lugar na Alfa Romeo para substituir seu compatriota Kimi Raikkonen e quem sabe se sobressair correndo sem tanta pressão.
domingo, 19 de dezembro de 2021
O ano ainda não terminou
segunda-feira, 13 de dezembro de 2021
Figura(ABU): Max Verstappen
O neerlandês enfileirou grandes marcas com sua até mesmo inesperada vitória nesse domingo em Abu Dhabi. Numa corrida em que se condensou o que foi essa temporada 2021 (atuações de excelência, brigas, polêmicas e várias situações inesperadas), Max Verstappen também condensou nesse domingo o que foi sua gloriosa temporada 2021. Max conseguiu uma volta estupenda no sábado para ficar com a pole, mesmo a Mercedes nitidamente mais rápida em todo o final de semana em Marina Bay. Na corrida foi super agressivo em momentos onde apenas sua velocidade não era unicamente necessária para bater Hamilton e o fez de forma cirúrgica na ultrapassagem decisiva sobre Lewis. Soube andar no limite do limite para tentar manter contato com Hamilton, que tinha em mãos o carro mais rápido do final de semana, além de utilizar todas as oportunidades que a corrida e sua equipe deixaram durante a prova. A terceira parada durante o Safety Car foi extremamente decisivo. Verstappen foi um digno 34º campeão mundial de F1. Pelo talento, juventude e confiança, pode ser o primeiro de muitos.
Figurão(ABU): Mercedes
Em qualquer tipo de competição, saber perder também é uma virtude, pois são nesses momentos em que lições são aprendidas para que no futuro não se repitam erros e no fim, a vitória aconteça ou se repita. Nos últimos sete anos a Mercedes de Toto Wolff só conheceu vitórias, glórias, títulos e recordes. Só o fato de ter um real desafiante em 2021 nos mostrou uma postura diferente da equipe de Stuttgart ao longo do ano. Nas últimas corridas a Mercedes deu à Lewis Hamilton as ferramentas necessárias para conseguir o oitavo título, que só não foi estabelecido nesse domingo devido ao acaso, com um acidente com Nicholas Latifi, que ironicamente utiliza motor Mercedes, trazendo um tardio Safety-Car. Porém, depois daí a coisa desandou, com o erro do engenheiro de Hamilton em deixa-lo na pista e à mercê dos ataques de Verstappen, que tinha melhores pneus na ocasião ao fazer seu terceiro pit-stop. Contudo, erros podem acontecer em momentos de grande pressão e não é por isso que a Mercedes está nessa parte da coluna. A postura da equipe após a derrota para Max Verstappen e a Red Bull foi de uma arrogância gigantesca, além da tremenda falta de esportividade em fazer dois protestos em que estava na cara que não ia dar em nada, sem contar que ainda ameaçaram apelar. Um atitude mesquinha de uma equipe tão vitoriosa, mas que não soube perder de um rival fortíssimo como a Red Bull.
domingo, 12 de dezembro de 2021
Wereldkampioen, Max!
Toda essa pressão psicológica imposta por Horner (em conjunto com Helmut Marko) e Wolff colocou ainda mais pilha em Verstappen e Hamilton, que tiveram um primeiro round impressionante no sábado e tudo seria decidido nesse domingo. Lewis tinha a seu favor a experiência e talvez isso explique sua melhor largada mesmo tendo pneus médios. O inglês da Mercedes meteu um décimo em cima de Max apenas no tempo de reação do apagar das luzes vermelhas. Uma eternidade falando de uma largada de F1. Hamilton assumiu a ponta, mas com os pneus que tinha em seu carro, era preponderante para Max estar na frente e o neerlandês não esperou meia volta para atacar. E iniciar a primeira polêmica do dia.
Quando conquistou seu primeiro título na F1, Hamilton teve a ajuda involuntária de Timo Glock, que perdeu rendimento dos pneus slicks na úmida pista de Interlagos para efetuar uma ultrapassagem lendária na última curva do circuito paulistano e tirar o título de Felipe Massa. Passados treze anos, Hamilton tem o seu 'Glock': Nicholas Latifi. O limitado canadense vinha numa disputa acirrada com Mick Schumacher, que por sinal tem um carro pior do que o de Nicholas, e acabou batendo sozinho num lugar claro que o Safety Car entraria na pista. E foi justamente o que aconteceu. Naqueles segundos em que o SC apareceu nos carros, os movimentos dentro dos boxes de Mercedes e Red Bull se mostraram cruciais. Peter Bonnington, conhecido carinhosamente como Bonno, já tinha deixado Hamilton na pista no VSC e de uma forma questionável, manteve o inglês na pista durante o SC. Sem nada a perder, a Red Bull não apenas trouxe Max, como colocou pneus macios para o que seria uma relargada épica. Mas em tempos de Michael Masi na direção de prova, não poderia faltar uma polêmica final.
sábado, 11 de dezembro de 2021
Primeiro round... Max!
O circuito de Abu Dhabi nunca caiu no gosto da F1, seja pilotos ou torcida, mas como os árabes pagam caro para fechar a temporada e a Liberty gosta de dinheiro tanto como Bernie, tínhamos que se conformar com a insossa pista de Marina Bay terminando o ano. Como ali não falta grana, reformas foram feitas na pista, deixando-a mais fluída ao destruir de forma bem-vinda duas chicanes desnecessárias, porém, a pecha de circuito artificial dificilmente despregará de Marina Bay e muitos se perguntam se Interlagos não seria um palco melhor para uma decisão de campeonato, ainda mais esse ano. Como era de se esperar, todo o foco desse final de semana esteve em cima da Max Verstappen e Lewis Hamilton. Não importa, por exemplo, que Latifi tenha ficado na frente de Russell, que Kimi fez uma última classificação brochante ou se pela primeira vez Tsunoda tenha superado Gasly. Na verdade, nem se todos os pilotos desfilassem nus pela pista chamaria tanta atenção do que a tensa disputa entre os representantes de Mercedes e Red Bull. Com tanta coisa já tendo acontecido e rolado ao longo de nove meses de competição, a disputa culmina nessa corrida e a classificação foi o primeiro round.
No Q1 e no Q2 a Mercedes ainda parecia bem na frente da Red Bull a ponto dos austríacos partirem para uma jogada arriscada para a corrida. Vendo Pérez em dificuldades de ir para o Q3 e Max sempre mais lento do que Lewis, a Red Bull colocou pneus macios nos seus dois carros e com essa borracha largarão amanhã, enquanto a dupla da Mercedes sairá com pneus médios. A maior aderência dos macios fará diferença na largada, mas não resta dúvida de que isso cobrará a conta em ritmo de corrida. Contudo, com todo mundo com pneus macios, a Mercedes ainda teria a vantagem no Q3, certo? Não!
A Red Bull tentou ao máximo não trocar seu motor nas últimas provas para não acontecer uma punição, algo que a Mercedes fez com belos frutos cultivados por Hamilton nas últimas provas. Para se trocar a configuração de um motor basta acoplar um notebook ou até mesmo apertar um botão no volante. O certo foi que a Red Bull surpreendeu com um carro mais rápido no Q3 e Verstappen ficou com a pole de forma tão confortável que até tirou o pé na segunda tentativa. Hamilton não pareceu à vontade nas suas duas voltas do Q3 e no geral a Mercedes sentiu, pois se até o Q2 Bottas estava sempre muito perto de Hamilton, no Q3 o nórdico conseguiu apenas uma pálida sexta posição. Muito pouco para quem quer terminar sua passagem pela Mercedes com estilo, como o próprio Valtteri falou nas redes sociais nessa manhã. A classificação da Red Bull só não foi melhor porque Pérez perdeu a terceira posição no fim para Lando Norris, que não devemos esquecer, é inglês e corre com motor Mercedes.
Com uma pole tão enfática e a estranha queda da Mercedes no Q3, a vitória no primeiro round dessa decisão foi mesmo de Max Verstappen que, numa disputa tão apertada, os fatores psicológicos já entram na jogada e o neerlandês está agora por cima. Contudo, Lewis Hamilton é um multi-campeão com uma enorme bagagem e nessa mesma temporada já saiu de situações críticas. Dessa vez Lewis terá um dia para se recuperar desse golpe e ir para cima de Max sem muito tempo para se pensar. Os fatores externos favorecem Max, que tem Pérez em quarto, isso se a Mercedes não pedir ajuda à sua cliente McLaren com Norris. A última classificação de 2021 teve uma história interessante para contar e isso dá uma amostra do que vem por aí. Amanhã será imperdível, mesmo que Abu Dhabi não tenha um histórico de boas corridas, mas da forma como se comportaram Max e Lewis em toda essa temporada, a tensão de uma renhida disputa pelo título estará garantida.
sexta-feira, 10 de dezembro de 2021
Que pena...
segunda-feira, 6 de dezembro de 2021
Figura(ARS): Mercedes
A terceira vitória seguida de Lewis Hamilton nesse domingo após a dolorosa derrota no México não apenas colocou o inglês numa situação boa para a última corrida do ano, como praticamente garantiu o oitavo Mundial de Construtores para os alemães. Mesmo tendo dito que não traria grandes desenvolvimentos ao longo do ano por causa no investimento para o novo carro de 2022, a Mercedes conseguiu achar uma potência extra no seu motor que está fazendo Hamilton voar nas três últimas etapas, destruindo a desvantagem que o inglês tinha para Max Verstappen. Mesmo sem maiores desenvolvimentos (pelo menos declarado), a Mercedes soube trabalhar forte para dar à Hamilton um ótimo equipamento e chegar com muita força, além de garantir o que seria o recorde de oito títulos seguidos de Construtores. A forma como trabalhou nesse segundo semestre mostra bem o motivo de todos esses títulos para a estrela de três pontas.
Figurão(ARS): FIA
Por muitos anos a FIA foi criticada por destruir circuitos lendários em nome da segurança. Não faltam exemplos de pistas que foram modificadas por imposições da FIA, como foram os casos de Nürbrurgring, Hockenheim, Paul Ricard e por aí vai. A fome por dinheiro de Bernie Ecclestone passou para a Liberty, que foi seduzida pelos petrodólares vindos da Arábia Saudita e resolveu incluir o reino no calendário da F1, mesmo com todas as críticas pelas constantes violações aos direitos humanos do local. Como sempre, o escritório de Hermann Tilke foi contratado para projetar e construir a pista em Jedá, num belíssimo cenário e tudo parecia certo, pois se o alemão sempre foi criticado por seus traçados sem sal, pelo menos eles sempre foram seguros. A pista de Corniche foi construída em tempo recorde e pelas simulações ganhou a fama de velocíssima. Talvez um pouco demais. Quando a teoria foi para a prática, a alta velocidade se confirmou, mas ninguém esperava uma pista tão estreita, sem basicamente nenhuma área de escape e recheada de curvas cegas, transformando a pista de Jedá numa das mais inseguras que a F1 já aportou nos últimos trinta anos. Os pilotos adoraram correr lá, mas os fatores de segurança trouxe enormes críticas de todos. Naturalmente pressionada para não acabar com o show, a FIA liberou a pista um dia antes do primeiro treino livre, fornecendo um final de semana tenso, que ainda viu Enzo Fittipaldi fraturar o tornozelo na corrida de F2. Na F1 a corrida teve duas bandeiras vermelhas, vários sustos e inúmeras decisões esquisitas dos comissários da FIA, personalizada em Michael Masi. Em meio à várias polêmicas entre os protagonistas do campeonato de 2021, a F1 respirou aliviada por nada de mais grave tenha ocorrido e espera que a FIA tenha aprendido a lição, antes de liberar um circuito tão perigoso, lembrando seu passado de preocupação com a segurança, mas que na frente dos petrodólares, se contradisse.
domingo, 5 de dezembro de 2021
Guerra aberta
sábado, 4 de dezembro de 2021
No fio da navalha
Para começa, o novo circuito à beira do Mar Vermelho. O circuito de rua de Jedá foi construído em tempo recorde e até se falou que ele não estaria pronto nesse primeiro final de semana de dezembro, mas não importando a qual custo, ele ficou pronto, com a assinatura do onipresente escritório de arquitetura de Hermann Tilke. Como ficou bem claro dentro do prazo e o circuito não tem nada de rua simplesmente porque não existia nenhuma rua no local, mas como o local era restrito, optou-se por criar um pseudo-circuito de rua. O pessoal do Tilke criou um circuito de altíssima velocidade, onde os pilotos passam mais de 80% da volta com o pé embaixo. Tudo muito belo e os pilotos adoraram o desafio, mas há um perigoso porém. Como se trata de um 'circuito de rua', os muros ficam colados na pista, representando um risco para pilotos numa sucessão de curvas cegas em alta velocidade. Não faltaram cenas potencialmente perigosas, com os pilotos tendo encontros nada 'amistosos' nas estreitas curvas de Jedá, mas até o momento sem nenhum incidente mais grave. Por enquanto. A verdade é que há um acidente esperando para acontecer lá...
Sem nenhum teste anterior e com a pista sendo liberada pela FIA na quinta-feira anterior aos treinos livres, a pista comprovou ser de alta velocidade, mas há um problemático adjetivo nele: perigosa. Felizmente (e tomara que seja assim por todo sempre), nada demais aconteceu. Os treinos aconteceram sem maiores dramas. A Aston Martin ficou com sua dupla de pilotos ainda no Q1, indicando um final de ano ruim para um time que se diz querer o título no futuro. Após a pancada forte de Charles Leclerc na sexta, a Ferrari demonstrou um grande poder de recuperação e o monegasco (monegato é meus o...) ficou na segunda fila, deixando Sergio Pérez em quinto, mas ao contrário de outras oportunidades, o mexicano sempre andou na mesma balada de Verstappen, indicando que esse resultado foi muito mais mérito de Leclerc, mas nem tudo para a Ferrari foi flores, com Sainz rodando no Q2 e nem marcando tempo nessa sessão. Giovinazzi, de malas prontas para a F-E, demonstrou mais uma vez sua velocidade ao ir para o Q3. Se ele repetisse a dose nas corridas, talvez o italiano tivesse uma chance de ficar na F1.
Num final de semana de muito aprendizado, equipes e pilotos tiveram dificuldades em tirar temperatura dos pneus, mas na hora do 'vamos ver', Verstappen e Hamilton foram os protagonistas de sempre. Max fez uma volta que parecia definitiva no meio do Q3, mas Lewis foi lá e superou o piloto da Red Bull. No último momento, Verstappen saiu para uma segunda tentativa absolutamente no limite. Ele quase bateu na saída da curva 2 e estava mais rápido do que Hamilton. Então veio a última curva e um toque do pneu traseiro direito no muro que pôs tudo a perder para Verstappen, que para piorar, Bottas também melhorou seu tempo e a Mercedes tem toda a primeira fila amanhã. Porém, nada que esteja ruim possa piorar. O acidente de Max foi parecido com o de Leclerc em Mônaco e quando a Ferrari resolveu não trocar o câmbio após a classificação, vimos bem o que aconteceu na corrida. Ou antes dela... Provavelmente a Red Bull não correrá nenhum risco, mas isso pode colocar Max numa preocupante oitava posição, num circuito que pelas provas de F2, será de ultrapassagens complicadíssimas. Isso, sem contar a apertada curva um, onde a largada no meio do pelotão poderá ser um pandemônio.
O primeiro match-point de Max Verstappen pelo título da F1 vai se tornando um pesadelo com o neerlandês podendo ver Hamilton vencer e abrir bons pontos para ele antes da última etapa do ano. Jedá nos trouxe um circuito perigoso e até mesmo meio artificial, mas já com histórias para contar. Esse ligeiro toque de Max na última curva pode lhe custar muito, muito caro no final.
domingo, 28 de novembro de 2021
Godspeed, sir Frank
Inicialmente ele conheceu um contemporâneo bem mais talentoso do que ele e com dinheiro para começarem uma equipe de F2, chamado Piers Courage. O inglês era um dos pilotos mais promissores na segunda metade dos anos 1960 e em 1969 estreou na F1 pela equipe de Frank Williams com um Brabham cliente, onde conseguiu dois segundos lugares. Porém, tudo parecia ir abaixo quando Courage morreu em 1970, bem no dia da final da Copa do Mundo daquele ano. Frank Williams ficou arrasado e falam que a morte do seu amigo Courage fez com que Frank tivesse um tratamento tão frio com seus pilotos posteriormente. Frank nunca teria um bicampeão e isso não é uma simples coincidência. Ele não queria ficar tão próximo do seus pilotos. No entanto Frank ainda tinha um sonho a realizar e foi atrás dele, não importando quão custoso isso seria. As histórias de Frank Williams para permanecer na F1 chegaram a entrar no folclore da categoria, como o conto onde pagou um mecânico que estava com o salário atrasado com um relógio que usava. Foram tempos difíceis, onde até mesmo correr com Frank Williams era sinônimo de cilada. Em 1976 ele se juntou ao milionário Walter Wolf e o que parecia ser a garantia de bons tempos se transformou em pesadelo quando os dois brigaram e Frank teve que sair da própria equipe. Sem pestanejar, Frank criou outra equipe em 1977, que a chamou de Williams Grand Prix Engineering.
Frank tinha ficado impressionado com um jovem engenheiro chamado Patrick Head e o contratou para a sua 'nova' equipe. Sim, Frank Williams já chefiou a Iso Marlboro, a Politoys, a De Tomaso. Todas fracassaram. Muitas pensavam que esse 'novo' empreendimento seria outro furo n'água na história de Frank. Ledo engano. Após anos de luta, Frank conseguiu o chamado bilhete da loteria quando conseguiu o contato com empresários sauditas, que passaram a patrocina-lo. A Williams se tornava uma das equipes com mais dinheiro na F1, mas ainda existia a desconfiança de todos. Frank daria conta? Além de Head, Frank Williams contratou um piloto, assim como ele, considerado marginalizado dentro do paddock: Alan Jones. Os primeiros resultados iriam começar a aparecer. Jones conseguiu o primeiro pódio em 1978 e para a temporada seguinte, Frank teria dinheiro suficiente para ter um segundo carro, contratando o veterano Clay Regazzoni. O novo carro da Williams demoraria a ficar pronto pelas mudanças ocorridas na época, com a consolidação do carro-asa, mas quando o FW07 ficou pronto, as vitórias não demoraram a aparecer. Ao contrário do esperado, o primeiro vencedor não foi Jones, mas Regazzoni no GP da Inglaterra de 1979 em Silverstone. Jones venceria outras quatro corridas e a Williams se tornava favorita para 1980, contudo, haveria uma pedra no caminho da Williams que logo se juntaria ao time: Nelson Piquet. Jones e Piquet brigaram o campeonato todo, mas em Montreal Jones apareceu com um intimidador macacão verde escuro e deu um chega pra lá em Piquet na largada que praticamente decidiu o campeonato para ele. Após dez anos de lutas inglórias, Frank Williams conquistaria seu primeiro título na F1.
Os anos seguintes seriam de consolidação para Frank e seu time. A Williams se tornaria uma gigante na F1 e o sonho de Frank parecia realizado, mas tudo poderia ter chegado ao fim abrupto em fevereiro de 1986. Voltando de um teste em Paul Ricard, Frank sai da estrada com seu carro e o capota, comprimindo seu pescoço. Sua situação era tão desesperadora, que chegou-se a sondar que desligassem seus aparelhos. Sua família foi contra e alguns meses depois, Frank Williams entrava em Silverstone de cadeira de rodas para liderar sua equipe. Pela briga entre Piquet e Mansell, o título de pilotos foi perdido em 1986, mas o de Construtores foi ganho e no ano seguinte a dobradinha foi conquistada. A Williams continuava na F1 e ainda seria forte por bons anos.
Frank Williams permaneceu mais 25 anos no comando da sua equipe, conquistando outros quatro títulos de pilotos (Mansell, Prost, Hill e Villeneuve), seguindo os campeonatos conquistados por Jones, Rosberg e Piquet. O baque pela morte de Ayrton Senna foi grande, mas não diminuiu a gana de Frank, que se manteve competitivo até 2003, ano em que Juan Pablo Montoya esteve na luta pelo título. Com o fim da parceria com a BMW no final de 2005, a Williams iniciou um caminho até o momento sem volta para o final do pelotão, retornando aos tempos em que a Williams lutava não por vitórias, mas por alguns pontos. No GP da Espanha de 2012 Pastor Maldonado conquistou a 114º e última vitória da Williams na F1. Frank deixou a equipe aos cuidados de sua filha Claire, mas após vários anos de declínio, ela vendeu o time em 2020.
A equipe Williams aprendeu com seu fundador em nunca desistir. Nesse ano contou com o talento de George Russell para conseguir resultados acima do potencial do carro. Quem, como eu, começou a acompanhar a F1 no final dos anos 1980, ver Frank Williams na sua cadeira de rodas acompanhando as corridas se transformou em sinônimo da F1 e perseverança em como uma pessoa pode liderar uma equipe mesmo com limitações. Frank Williams foi um dos últimos garagistas, terminando uma era belíssima da F1, que encaminhou a categoria para o que ela é hoje. Respeitado por sua história, sua determinação, sua tenacidade e seu amor pelas corridas, sir Frank Williams estará para sempre nos corações de todos que acompanham a F1.
Vá com Deus, sr Frank!