domingo, 26 de junho de 2022

O primeiro erro

 


Até Assen Fabio Quartararo vinha de uma temporada 2022 próxima da perfeição na MotoGP. O francês da Yamaha quase não renova seu contrato com a montadora por causa da falta de desempenho e desenvolvimento da moto nipônica. Contudo, confiante com o título do ano passado e contanto com um pelotão muito forte e equilibrado, mas um degrau abaixo dele, Quartararo tratou de fazer corridas magníficas para liderar o campeonato longe de ter a melhor moto. Porém, os grandes também erram. Em algum momento não acordamos no nosso dia e esse domingo não foi o dia de Quartararo. Fabio cometeu não um, mas dois erros hoje e ainda sofreu uma queda desnecessária, que poderia ter lhe machucado e complicado sua situação no campeonato, ainda confortável, mesmo com a vitória do seu mais perigoso rival, Francesco Bagnaia, que ao contrário de Quartararo, está numa temporada irregular.

A corrida em Assen foi envolta pela ameaça da chuva e as temidas bandeiras brancas com um 'xis' vermelho chegaram a ser mostradas, indicando que a precipitação tinha chegado e que os pilotos estavam autorizados a trocar de motos, se quisessem. À essa altura, pouco depois da metade da corrida, o fato decisivo da corrida já tinha acontecido. Sabedor da deficiência de sua moto, principalmente em linha reta, Quartararo sempre trata de largar de forma agressiva e liderar a corrida para aproveitar seu talento, particularmente nas curvas, ponto forte de sua Yamaha. Apesar de não ser um grande piloto em termos de talento, Aleix Espargaró está no auge de sua confiança e sua Aprilia é hoje uma moto de ponta, certamente superior à Yamaha de Quartararo. Aleix está numa situação parecida com a de Nicky Hayden em 2006, quando o americano ganhou o campeonato, mesmo não sendo o piloto mais talentoso e rápido do pelotão de dezesseis anos atrás. Hayden tinha uma grande moto e a confiança em alta. Mesma mistura do irmão mais velho dos Espargaró. Mais de noventa pontos atrás, Bagnaia confirmou sua pole e liderava a corrida, segurando os ataques de Quartararo, que para piorar, foi ultrapassado por Esparagaró, segundo colocado no campeonato.

Com uma boa vantagem no campeonato, Quartararo poderia apenas comboiar Aleix e perder poucos pontos ou até mesmo atacar o espanhol da Aprilia de forma segura. Fabio não fez nem uma coisa, nem outra. Entrando na lenta curva 5, ainda no começo da corrida, Quartararo colocou por dentro de Espargaró de forma agressiva e acabou no chão, levando Aleix junto, mas o espanhol permaneceu de pé e voltou à corrida bastante atrasado. Quartararo levantou sua moto, foi aos boxes dando pinta de abandono, mas resolveu retornar já uma volta atrasado para todo mundo. A esperada chuva estava no horizonte e uma troca de moto poderia ajudar Fabio a ganhar alguns pontos, mas tudo resultou numa perigosa segunda queda na mesma curva que o vitimara antes, onde o francês tomou um highside e sua cara de dor assustou a todos, mas aparentemente Fabio saiu apenas com a dor do primeiro erro de 2022. Com seus dois perseguidores mais belicosos fora da briga pela vitória, Bagnaia relaxou. Vindo de duas quedas quando tinha tudo para vencer, Pecco apenas levou sua Ducati até o final, mesmo com alguns pingos terem alarmado o italiano. Foi a terceira vitória de Bagnaia no ano, se igualando à Quartararo e Bastianini como os maiores vencedores do ano, mas devido à sua irregularidade, Bagnaia ainda está mais de sessenta pontos atrás de Quartararo na quarta posição no campeonato.

Outro fator que ajudou a acalmar os nervos de Bagnaia era que o segundo colocado era o novato Marco Bezzecchi. O jovem italiano da equipe de Valentino Rossi fez uma corrida estrondosa na difícil pista de Assen e chegou num seguro segundo lugar, dando a melhor posição para a sua equipe, que vibrou bastante. Após sua conturbada saída da Yamaha, Maverick Viñales voltou ao pódio hoje, logo à frente de... Aleix Espargaró. Usando a força de sua moto e uma confiança altíssima, Aleix saiu da décima quinta posição para quarto, numa ultrapassagem antológica em cima de Miller e Binder na última curva da última volta, mostrando muito bem como o piloto da Aprilia está forte em 2022.

O quarto lugar diminuiu bastante a desvantagem que Aleix tinha para Quartararo, baixando para menos de uma corrida a liderança de Quartararo. Com Bagnaia tentando se recompor de uma temporada de altos e baixos, a Ducati tem a incrível sensação de ter a melhor moto do grid, mas que talvez falte um piloto para brigar de verdade pelo Mundial de Pilotos. Johan Zarco, melhor piloto da Ducati no campeonato, hoje sequer conseguiu um top-10 na bandeirada em Assen. Yamaha e Aprilia investem tudo em um único piloto e isso leva uma briga polarizada entre o talentoso Quartararo e o trabalhador Espargaró. O talento está vencendo, mas hoje errou feio.

sexta-feira, 24 de junho de 2022

Corrida para nunca esquecer

 Há corridas que para sempre serão lembradas. Para mim, essa foi uma das melhores corridas que assisti na minha vida e que completou 25 anos essa semana. Primeira vitória de Mark Blundell na Indy e uma chegada de arrepiar na reta de Portland.


segunda-feira, 20 de junho de 2022

Figura(CAN): Fernando Alonso

Apesar do sexto lugar na bandeirada, que se transformou em nono com uma punição na última volta por uma defesa irregular frente à Valtteri Bottas, não diminuiu o brilho de Fernando Alonso no final de semana canadense, principalmente no chuvoso sábado. Alonso já tinha feito um bom trabalho na sexta-feira, mesmo que isso não seja necessariamente um novidade para a turma da Alpine, contudo, com a pista molhada se apresentando no sábado, Alonso deu um verdadeiro show, só superado por Max Verstappen. A primeira fila do espanhol era a primeira dele em dez anos e nos lembrou a magia de Fernando Alonso.

Figurão(CAN): Sergio Pérez

 Após a vitória consagradora em Mônaco, Sérgio Pérez caiu de produção assustadoramente e em Montreal, em particular, Pérez teve um final de semana simplesmente esquecível. Durante os treinos livres o piloto da Red Bull esteve muito distante do seu companheiro de equipe, lembrando alguns momentos desagradáveis do ano passado, quando Pérez não conseguia ficar próximo de Max Verstappen em ritmo de classificação. Por sinal, a classificação em Montreal foi simplesmente horrorosa para Checo. Num piso bastante molhado, Pérez passou risco no Q1, se garantindo para a fase seguinte em sua última volta e no Q2 foi ainda pior, com o mexicano saindo da pista na curva 3 e tendo que voltar aos pits sabendo que largaria no meio do pelotão. O abandono no começo da corrida não teve o dedo de Sergio Pérez, mas o mexicano precisa voltar ao ritmo de Monte Carlo se não quiser ser um mero segundo piloto da Red Bull.

domingo, 19 de junho de 2022

Domínio à vista?


 Muitos reclamavam de quando Lewis Hamilton matava a pau seus rivais com sua imbatível Mercedes. "Ah, é o carro", "Ah, não tem graça". Essa eram as expressões das pessoas ávidas por mais emoção na F1, além dos haters do inglês, que ao invés de apreciar o notável talento dele, preferem critica-lo em qualquer ação de Lewis. Pois bem, passados dois anos, podemos estar vendo o início de mais um domínio na F1. Max Verstappen sempre foi um talento nato, talvez um dos mais incríveis da história recente da F1 e tendo chegado muito novo na categoria e no auge do domínio do conjunto Mercedes/Hamilton, Max demorou para conquistar seu esperado título, contudo, isso fez com que o neerlandês crescesse como piloto e em Montreal o piloto da Red Bull deu outra amostra de sua enorme capacidade e seu amadurecimento, onde teve uma corrida perfeita no Canadá mesmo com SC aparecendo na hora errada e tendo a Ferrari de Sainz lhe fungando o cangote. No momento, são cinco vitórias em seis corridas, com a vantagem para Leclerc chegando aos 49 pontos, quase duas corridas. 


A prova em Montreal teve os Safety-Cars de praxe e por isso tivemos algumas movimentações interessantes, inclusive na ponta da corrida. Com Fernando Alonso largando numa surpreendente primeira fila, o espanhol prometeu uma largada agressiva, já que Alonso não tem mais nada a perder em sua carreira. Calejado, Verstappen tratou de executar uma largada perfeita, não dando qualquer chance à Alonso tentar alguma gracinha. Max partia para uma corrida dominadora, mas os referidos SC's, virtuais e o real, acabou por atrapalhar um pouco os planos desse domingo de Verstappen e da Red Bull. E o primeiro problema veio justamente com Pérez, que teve um final de semana esquecível, onde errou na molhada classificação e saindo no meio do pelotão, acabou tendo um aparente problema de câmbio na prova. O SC Virtual apareceu e Max tratou de se livrar dos pneus médios e colocar os duros, mas também se colocando numa situação em que Verstappen dificilmente completaria a corrida sem outra visita aos pits. Veio então o segundo SC causada pelo desafortunado Mick Schumacher e foi a vez de Sainz, maior ameaça à vitória de Max, entrar nos pits para colocar os pneus duros, mas o espanhol ficaria numa situação frágil se arriscasse uma corrida até o fim. Isso deixava os pilotos numa situação de teórica igualdade, mas Sainz contava que pararia mais tarde e teria melhores pneus no fim. Até mesmo arriscar os médios novamente, mas a Ferrari não pensou assim. Tanto Max como Carlos saíram de seus segundas paradas com pneus duros, com Sainz tendo apenas algumas voltas de vantagem, algo que não se mostraria tão decisivo, mas então Yuki Tsunoda teve uma pane mental quando saía dos pits e estatelou seu Alpha Tauri na saída do pit-lane. Mais uma vez fogo amigo para a Red Bull, que viu a corrida ser neutralizada com o SC real e deixar todo mundo junto.


Não se pode acusar de que Sainz não tentou. Ele fustigou, lutou para ficar sempre dentro de 1s de desvantagem para Max e tentar o ataque com a ajuda do DRS, mas Verstappen usou a maior velocidade de ponta do motor Honda/Red Bull para controlar a vantagem sem maiores sustos nas voltas finais. A tensão das últimas voltas foi se diluindo na medida em que Max simplesmente mostrava que todos os anos ganhando casca nos últimos tempos e principalmente na última temporada fez do neerlandês um piloto quase completo, capaz de corridas sem erros como a de hoje. Foi a sexta vitória de Max em 2022 e a quinta nas últimas seis provas dessa temporada. Teoricamente as pistas com mais pressão aerodinâmica seriam melhores para a Ferrari, mas foi justamente aí que a Red Bull deu um show junto com Max Verstappen, mais líder do que nunca e já garantido como o maior favorito ao título, que seria o segundo dele. Com o abandono de Pérez e Leclerc diminuindo os prejuízos pela troca do motor pela Ferrari com um quinto lugar, hoje aparentemente a luta será mais pelo vice do que pelo título em si. Leclerc esperava uma recuperação mais aguda do que a conseguida, mas o monegasco ainda conseguiu fazer duas belas ultrapassagens sobre a dupla da Alpine no grampo quando tinha pneus piores. E ficou a sensação se fosse Leclerc no lugar de Sainz, o resultado poderia muito bem ser outro. Sainz não é um piloto medíocre, bem longe disso, mas seu limite para ser abaixo do que Leclerc pode fazer e a Ferrari já sabe disso. 


Ao contrário da semana passada, Lewis Hamilton saiu do seu Mercedes todo serelepe para subir novamente ao pódio numa corrida sólida do heptacampeão. Historicamente andando muito bem em Montreal, Hamilton fez uma corrida segura, rapidamente superando Alonso (que era a sua briga) quando a Alpine errou na estratégia do espanhol. Dessa vez sem maiores problemas com SC entrando na hora errada, Hamilton superou seu companheiro de equipe sem maiores problemas, mesmo que essa tenha sido a primeira derrota de Russell dentro do seio da Mercedes em sete corridas. Russell fez outra corrida boa, sólida e sem maiores dramas, aumentando sua incrível sequencia de top-5 na F1. A Mercedes se consolida cada vez mais como a terceira força da F1 e com um carro menos 'quicante', seus pilotos agradecem. Alonso fez um ótimo primeiro stint, se mantendo nas posições de pódio, mas a Alpine acabou trocando os pés pelas mãos na estratégia, não trazendo o espanhol para os boxes na hora certa, quando o VSC estava na pista e Alonso perdeu várias posições, ficando atrás até mesmo do seu companheiro de equipe Ocon. No fim, Alonso ainda teve que ouvir sua equipe pedir para não atacar Ocon e ter que segurar um mais rápido Bottas no final da prova. O nórdico não teve o final de semana dos sonhos, mas se recuperou um pouco na corrida e usando a estratégia, ficou à frente de Zhou, estabelecendo a hierarquia dentro da Alfa Romeo, que saiu feliz com seus dois pilotos pontuando.


Fazendo as honras da casa, Lance Stroll fechou a zona de pontuação com um décimo lugar, numa estratégia de uma parada que acabou se pagando, com o canadense tendo os pneus médios novos contra vários pilotos que tinham pneus duros novos à sua frente. A Aston Martin poderia ter pontuado com Vettel, mas o alemão perdeu ritmo no fim, ao contrário do seu companheiro de equipe. A Haas estava bem feliz com seus dois pilotos na terceira fila no grid, mas tudo começou a desandar com Magnussen tendo problemas na asa dianteira logo na primeira volta e ao entrar nos pits para troca-la, a corrida do danês foi uma negação, com Kevin terminando em último dentre os que chegaram, enquanto Mick nem isso conseguiu, com um problema em seu carro quando estava entre os dez. A Alpha Tauri tinha chances de pontuar com Tsunoda, mas o japonês pôs tudo a perder ao sair da pista com pneus frios como se não tivesse amanhã e acabou pagando o mico de ficar no muro na saída do pit-lane, enquanto Gasly nada fez, talvez pensando no seu futuro, que parece ser eternamente piloto da equipe júnior da Red Bull. Num raro final de semana em que Ricciardo andou na frente de Norris, a McLaren saiu de mãos abanando do Canadá, sendo que a primeira parada de Lando lembrou a famosa (pelo mau sentido...) parada de Eddie Irvine em Nürburgring/1999. Albon fez mais do que o potencial de sua Williams fez tudo dentro do seu fraco potencial.


A F1 vai se aproximando de sua metade com Max Verstappen se consolidando com o maior favorito ao título. Se preparando para esse momento desde antes de entrar precocemente na F1, Max tem todas as armas para conquistar o bicampeonato e a Red Bull, que vem de seis vitórias consecutivas, pode voltar a conquistar o Mundial de Construtores desde 2013. Um domínio como o feito por Hamilton e a Mercedes. Teremos as mesmas reclamações?

Allez le blues

 


Em outra exibição de gala de Fabio Quartararo, a França comemorou na Alemanha uma dobradinha com Johann Zarco terminando em segundo na travada pista de Sachsenring, mas num dia em que a Ducati tem muita a lamentar com outra queda solo de Bagnaia, enquanto os gauleses viram Quartararo abrir ainda mais no campeonato e se consolidar como o melhor piloto do grid da MotoGP.

A tática de Quartararo para vencer na canhota pista de Sachsenring foi bem parecida com as demais vitórias de Fabio em 2022. Uma largada agressiva, segurar o rojão nas primeiras voltas para disparar na frente. Na Alemanha, o piloto da Yamaha cumpriu a primeira parte com maestria e dividiu a primeira curva com Bagnaia para subir para primeiro. Porém, a Ducati de Bagnaia ainda tem a vantagem de potência, mesmo a pista saxônica estar longe de ter longas retas. Pecco atacou no final da primeira volta, mas Quartararo seguia seu plano rumo a segunda parte. Que não foi preciso suar muito para realiza-la. Bagnaia era a maior ameaça à Quartararo, mas o italiano da Ducati caiu ainda no comecinho da corrida, para seu desespero e também da Ducati, que lamentava nos boxes. Bagnaia se caracterizou pelo estilo cerebral de pilotagem, mas a terceira queda em quatro corridas destruiu qualquer consistência que o italiano possa mostrar rumo ao título desse ano. Mesmo com a melhor moto do pelotão e correndo pela equipe oficial, Bagnaia vai jogando suas chances na lata de lixo.

O azarão Aleix Espargaró nem sentiu o gostinho da segunda posição com a queda de Bagnaia, pois tinha sido ultrapassado por Zarco na passagem anterior. O veterano francês ainda tentou ir para cima do compatriota, mas num dia de muito calor na Alemanha, o piloto da Pramac Ducati se isolou na segunda posição, enquanto Quartararo dava show na ponta, usando toda a pista para vencer pela terceira vez em 2022 e abrir uma vantagem interessante no campeonato. Espargaró não cometeu o mesmo erro absurdo de Barcelona, quando errou a conta de voltas na corrida, mas o espanhol da Aprilia não deixou de vacilar ao sair da trajetória quando faltavam três voltas, permitindo a ultrapassagem de Jack Miller, que de saída para a KTM, tentar fazer uma despedida mais digna na Ducati. Fora do pódio e cometendo erros que vão lhe debitando pontos importantes, Espargaró vai mostrando que por mais que seja um ótimo acertador na Aprilia, ele ainda está muito abaixo de Quartararo.

Assim como todo o grid! Com a aposentadoria de Rossi e os problemas médicos de Marc Márquez, Quartararo assumiu o protagonismo da MotoGP. Com um grid equilibrado em termos de material humano, Quartararo se sobressai sobre os demais pilotos e vai levando a Yamaha, que claramente não tem a melhor moto (talvez nem a segunda...), nas costas rumo a um bicampeonato que o levaria a outro patamar de confiança para se tornar o melhor piloto de sua geração.

segunda-feira, 13 de junho de 2022

Figura(AZE): Red Bull

 Mesmo com a Ferrari dando todas as chances possíveis para que a Red Bull tenha sua vida facilitada, os austríacos foram os destaques no final de semana azeri com uma dobradinha imponente e todos os pontos possíveis conquistados, com Max Verstappen se refazendo da grande decepção do ano passado, quando um pneu furado nas últimas voltas quando liderava estragou a corrida do neerlandês. Nesse ano Max usou melhor os pneus para superar Sergio Pérez (que não brigou...) para voltar a vencer, com Checo completando a dobradinha e chegando ao segundo lugar no Mundial de Construtores. Liderando os dois campeonatos com uma folga cada vez maior, a Red Bull talvez nem precise tanto da Ferrari ficar espalhando a farofa a cada quinzena.

Figurão(AZE): Nicholas Latifi

Para a Ferrari não ficar eternamente nessa parte da coluna, iremos variar um pouco. Apesar de uma carreira de certa forma decente nas categorias de base, Latifi chegou à F1 unicamente por causa do bolso fundo do seu pai, que arrumou dinheiro o suficiente para comprar um lugar na titubeante Williams. Por muitos anos companheiro de equipe do rápido e faminto George Russell, Latifi foi presa fácil para o inglês, mesmo tendo conseguido até marcar pontos no ano passado. Porém, a terceira temporada de Latifi na F1 está sendo tão ruim, que mesmo pagando as contas da Williams, os inúmeros incidentes causados pelo canadense parece ter tirado a paciência de Jost Capito e companhia limitada. No final de semana em Baku Latifi conseguiu uma proeza durante a corrida que deve ter entrado no livro dos recordes: ele desobedeceu bandeiras azuis DOZE vezes, sendo punido por isso, mesmo que no final essa punição não tenha influenciado muita coisa, pois Nicholas não sai da última posição. Para um piloto acostumado a tomar voltas e não sendo mais um novato, é simplesmente vergonhoso que Latifi não consiga nem fazer direito algo que deveria estar acostumado direito. Por essas e outras, principalmente os prejuízos que Latifi dá pelas constantes pancadas que dá nos muros mundo afora, que o lugar do canadense está quase certo para outro piloto ano que vem. Ou até antes!

domingo, 12 de junho de 2022

Mamma mia!

 


A temporada começou com a Ferrari dando a impressão que, no mínimo, brigaria forte pelos títulos de 2022. A vitória de Leclerc em Melbourne foi daquelas que demarcavam território, ainda mais com Verstappen abandonando, num velho fantasma da falta de confiabilidade da Red Bull e dos carros de Adryan Newey em geral. Porém, enquanto a Red Bull evoluía e praticamente não quebrou mais de abril para cá, a Ferrari entrou em parafuso com variados problemas mecânicos e táticos que corroeram o suposto favoritismo italiano. Em Baku, a Ferrari ficou com a pole mais uma vez e mais uma vez saiu derrotada, dessa vez com os dois carros da equipe com problemas, além de dois carros clientes abandonando. Uma sério golpe nas pretensões ferraristas, enquanto a Red Bull aproveitava a situação para conseguir a terceira dobradinha do ano e Max Verstappen se tornar o grande favorito ao título de pilotos.


Sobre um enorme calor no Azerbaijão, a corrida não teve muitas emoções e até mesmo o SC apareceu apenas virtualmente. Normalmente caótica, a corrida azere foi das mais tranquilas. Claro, se você não tiver vestido de vermelho. Na largada apenas Sergio Maurício enxergou a boa saída de Leclerc, pois foi nítido que o monegasco largou mal, sendo ultrapassado facilmente por Pérez e só não sendo por Verstappen, porque faltou reta. Motivado pela vitória em Mônaco, Checo rapidamente abriu vantagem sobre Leclerc, que segurava Verstappen sem maiores dificuldades. Por mais que seja uma pista de rua, o circuito citadino de Baku tem uma enorme reta que faz com que os carros corram com menos pressão aerodinâmica e o DRS não seja tão efetivo, mesmo num trecho de quase dois quilômetros de pé embaixo. Porém, as coisas para a Ferrari começaram a dar errado quando Sainz, que vinha já longe da briga pelo segundo posto, abandonou seu carro com problemas eletrônicos, trazendo o SC Virtual. Alguns pilotos aproveitaram o ensejo para ir aos pits colocar pneus duros e tentar não parar mais, incluindo aí Leclerc. Estranhamente a Red Bull ficou na pista, no que parecia ser um pulo do gato da Ferrari. Leclerc era muito mais rápido com os dois carros na frente ainda para visitar os pits. Foi então que a Red Bull deu mais uma ordem de equipe e Max assumiu a ponta. De tantas frases emblemáticas via rádio, hoje tivemos mais uma, para tristeza de Pérez: No fighting!


Contudo, era nítido que Verstappen tinha um ritmo melhor e o neerlandês despachou o companheiro de equipe, quando Leclerc já tinha os dois carros azuis no visual. Ambos Red Bull pararam, com Pérez tendo uma parada bem lenta (de propósito?) e Leclerc assumia a ponta. Já se fazia as contas. Leclerc pararia novamente? A Ferrari novamente tinha a faca e o queijo nas mãos, quando o motor de Charles quebrou 'lindamente' e mais uma corrida da Ferrari ia para o espaço, com menos da metade da corrida percorrida. Binotto ficou com cara de quem chupou limão azedo, assim como todos os tifosi ao redor do mundo. A cena da Ferrari desmontando sua estrutura antes da corrida terminar demonstrou bem toda a frustração de uma equipe que começara tão bem o ano e agora vê a Red Bull se distanciar em ambos os campeonatos. A Ferrari não conquista um título já fazem quinze anos e a falta de experiência em estar na luta pelo campeonato pode estar afetando a equipe, apesar do enorme crescimento nos últimos anos. O mesmo não acontece com a Red Bull, que se aproveitou do infortúnio ferrarista para passear em Baku. Verstappen nunca havia subido ao pódio azere e no ano passado teve um pneu furado nas últimas voltas com a corrida na mão. Se havia algum tipo de maldição para o atual campeão mundial em Baku, ele foi completamente extirpado nesse domingo com uma vitória dominante e com o abandono de Leclerc, Pérez assume a vice-liderança do campeonato, mas dificilmente o mexicano terá alguma chance de brigar com Max, pelo demonstrado hoje. As melhores estratégias sempre irão para a Verstappen, isso sem contar com o maior talento, velocidade e, por que não, maior experiência do neerlandês nesse tipo de situação de brigar pelo título. Com a Ferrari ruindo, a Red Bull não provavelmente não irá querer uma situação de luta interna que tanto caos trouxe a outros times do passado. 


Com o abandono de Leclerc, a corrida caiu muito em expectativa, com a dupla da Red Bull abrindo meio minuto para o melhor do resto que foi George Russell, já chamado de rei da consistência. O jovem inglês da Mercedes não faz corridas espetaculares e chamativas, mas ninguém pode negar a eficiência de Russell em ritmo de corrida, com provas sólidas e o terceiro pódio no bolso, além do quarto lugar no campeonato, mesmo com o terceiro carro do grid. Hamilton sofreu mais. Literalmente! Com a Mercedes quicando horrores na reta dos boxes, Lewis deve ter visto todos os seus piercings caindo ou qualquer obturação que tenha colocado. Hamilton teve que deixar os dois carros da Alpha Tauri para conseguir o quarto lugar, mas foi claro que o já veterano piloto irá precisar de boas massagens nas costas depois da corrida. Gasly fez uma prova segura para ser quinto, não se metendo em maiores brigas e conseguindo bons pontos para a sua equipe, enquanto Tsunoda teve um pouco usual problema no DRS, onde apenas um lado funcionava, fazendo o japonês fazer um pit-stop extra que o tirou da zona de pontos. Vettel fez uma corrida agressiva, chegou a sair da pista numa disputa com Ocon, deu o troco voltas mais tarde e garantiu um ótimo sexto lugar pela conjectura atual da Aston Martin, que se mantém com apenas um piloto, pois Lance Stroll foi incógnito a corrida inteira, antes de abandonar.


Além dos dois carros da equipe, a Ferrari ainda viu dois clientes abandonarem com problemas mecânicos. Para piorar, ambos vinham com boas chances de pontuar, com Magnussen e Zhou saindo da corrida com problemas mecânicos quando estavam próximos dos pontos. Por sinal, Zhou estava bem à frente de Bottas, que teve um final de semana ruim em Baku, mostrando a velha inconsistência que tanto lhe atrapalhou nos tempos da Mercedes. Quem se aproveitou de todas essas quebras foi Alonso, que nessa corrida se tornou o piloto com maior tempo entre a primeira e a última corrida na F1. O espanhol usou sua experiência para conseguir um sétimo lugar, segurando o ímpeto das McLarens nas voltas finais, com Ricciardo finalmente fazendo uma prova decente e ficando na frente de Norris. Ocon fechou a zona de pontuação, mas bem longe de Alonso, mostrando que panela velha é que faz comida boa. Por fim, destaques negativos para Mick Schumacher e Nicholas Latifi. A diferença entre o sobrinho de Ralf (melhor do que filho de Michael...) para seu companheiro de equipe sempre foi abissal em Baku e o canadense da Williams não consegue nem fazer o básico do que dele se espera, que é ser um bom retardatário...


Com a Ferrari, como se diz aqui no Ceará, papocando com linha e carretel, a Red Bull se torna a grande protagonista de 2022 e com Max Verstappen conseguindo se garantir como primeiro piloto da equipe, o neerlandês caminha a passos largos rumo ao bicampeonato, talvez já pensando em garantir o caneco com antecipação, bem longe do sufoco do ano passado, enquanto a Red Bull esperar reconquistar o Mundial de Construtores, que não vem desde 2013. Já a Ferrari espera conseguir ganhar experiência para 2023, pois para esse ano, somente uma virada espetacular para superar Red Bull e Max Verstappen.  

sábado, 11 de junho de 2022

Briga particular

 


Quando a FIA anunciou seu revolucionário novo regulamento que era para 2021 e ficou para 2022, muito se falava que a F1 teria uma competitividade maior e até mesmo inédita em sua história septuagenária. Para quem acompanha F1 faz muitos anos e/ou conhece sua história sabe que domínios sempre existiram e que muitas vezes apenas se passa o batão da equipe que irá dominar. Foram oito anos de domínio da Mercedes, que mesmo tendo uma estrutura sólida, se perdeu com os novos regulamentos, mas ainda assim o panorama da F1 está longe de ver um grande equilíbrio. Em Baku, pista de rua longa e cheio de maciotas, ficou evidente a grande distância que Ferrari e Red Bull colocaram sobre as demais, incluindo aí a Mercedes. Leclerc marcou a sexta pole do ano com uma volta voadora, com os outros três carros dominando as duas primeiras filas e Russell tomando mais de 1s na moleira, como o melhor do resto. 

A classificação em Baku foi bem convencional e sem maiores surpresas. Destaque negativo para Lance Stroll, que bateu duas vezes no Q1. Somente ser filho do dono justifica a presença do canadense na F1. A McLaren ficou de fora do Q3, o que gerou bastante reclamações por parte de Norris, que teria sido atrapalhado na volta de aquecimento por Hamilton. Por sinal, o tom de voz de Lewis nos rádios indicam uma melancolia de alguém que talvez não tenha a força mental suficiente para lidar com os problemas da Mercedes, mesmo que Russell não sinta tanto e já abre vantagem sobre o heptacampeão no briga direto no grid entre os pilotos da Mercedes. Outro que reclamou bastante foi Albon, eliminado do Q1 e acusando Alonso de ter andado de forma lenta à sua frente de propósito para atrapalha-lo. 

No fim, a velha briga entre os pilotos de Ferrari e Red Bull de 2022 teve início com Sainz marcando a volta mais rápida no primeiro round do Q3. O espanhol é um bom piloto, mas ainda falta a Sainz um algo a mais e na sua segunda volta Sainz errou duas vezes, sequer brigando pela pole. Ao contrário fez Leclerc, que conseguiu uma volta voadora no final e ficou com a pole de forma enfática. Os dois carros da Red Bull ficaram entre as duas Ferraris, mas com Pérez novamente superando Verstappen, que pareceu nada feliz depois da classificação. Fazia muito tempo que o neerlandês não levava duas seguidas de um companheiro de equipe e Max não esperava ter trabalho com Checo, que pareceu ter renascido com a polêmica em Barcelona. Apesar da única bandeira vermelha trazido por Stroll, não faltaram toques nos muros e não seria impossível SC's amanhã, mas ninguém espera outro resultado do que outra briga particular entre Ferrari e Red Bull. 

domingo, 5 de junho de 2022

Redenção

 


Ano passado Will Power liderava tranquilo rumo à vitória em Detroit quando uma bandeira vermelha interrompeu a corrida nas voltas finais. O piloto da Penske puxava a fila, quando seu carro simplesmente não religou e Power perdia uma vitória que estava nas suas mãos e não tinha sido culpa do australiano, dando a primeira vitória à Marcus Ericsson na Indy. Um ano depois, Power largou apenas em 16º na última prova realizada em Belle Isle e aparentemente teria uma corrida difícil pela frente, contudo, o concreto que reveste a maior parte do traçado da pista de rua de Detroit sempre tratou mal os pneus e a tática entrou em cena nesse domingo, com a Penske acertando em cheio a estratégia e Power voltou a vencer, deixando para trás a amarga derrota do ano passado.

Pela primeira vez na história a corrida em Detroit aconteceu sem bandeiras amarelas, ao contrário do que normalmente ocorre na ondulada pista de Belle Isle, que se despede esse ano da Indy, com Detroit retornando ao 'downtown' em 2023, lugar onde ocorriam as corridas de F1 na década de 1980. Mesmo sem bandeiras amarelas, a estratégia foi primordial para definir os rumos da prova. Boa parte do grid largou com os pneus macios, enquanto alguns pilotos que estavam mais atrás no grid largariam com pneus duros, incluídos nessa turma, Power, Scott Dixon e Alex Palou. O pole Newgarden e a dupla da Meyer Shank largaram bem e ponteavam a corrida sem maiores arroubos, quando alguns pilotos do pelotão intermediário já visitavam os pits para colocar pneus duros. Entre eles, Alexander Rossi. O americano da Andretti anunciou sua saída da equipe e a ida para o time McLaren em 2023 nessa semana, após anos de resultados ruins de Rossi. O anúncio pareceu fazer bem à Rossi, que vinha muito bem em Detroit, mas acabou atrapalhado por Grosjean na classificação e Rossi largou apenas em 11º.

Quando colocou os pneus duros, Rossi se tornou imediatamente o piloto mais rápido da pista, virando 3s mais rápido do que os líderes, que teimosamente ficavam na pista com um pneu que se desfazia a olhos vistos. Largando com os pneus corretos, Power, Dixon e Palou escalaram o pelotão até chegar à ponta. Além do perigo de uma bandeira amarela iminente (e que não viria), havia o risco de chuva (que também não deu as caras). Power liderava à frente dos pilotos da Ganassi, enquanto Newgarden, Pagenaud (Castroneves abandonou com problemas elétricos) e O'Ward saíam da luta pela vitória, após liderarem as primeiras voltas. Menos mal que também não saíram do top-10 com a tática errada de suas respectivas equipes. Na primeira parada, Dixon e Palou colocaram pneus macios por obrigação do regulamento, enquanto Power permanecia com os duros. No segundo stint de corrida, mesmo parando uma vez mais, Rossi usou seus pneus duros para deixar a dupla da Ganassi para trás e esperar Power colocar pneus macios para atacar o piloto da Penske.

Quando Power fez sua última parada e colocou os pneus macios, começou uma contagem regressiva de quando Rossi o alcançaria. Enquanto os pneus macios funcionaram, Power manteve uma vantagem superior a 10s, mas Rossi foi tirando a vantagem e encostou em Power no meio da última volta, porém, não havia muito mais a ser feito e Power conseguiu sua redenção pela derrota sofrida ano passado em Detroit, além de reassumir a ponta do campeonato. O vencedor das 500 Milhas de Indianápolis Marcus Ericsson fez uma corrida opaca e ficou no seu habitual lugar de terceiro piloto da Ganassi, com Dixon indo pela primeira vez ao pódio nessa temporada. Power falou muito em 'redenção' pelo ocorrido em 2021 e o australiano da Penske soube usar a estratégia perfeita de sua equipe para vencer novamente na Indy.

Sinais do bi

 


Mais do que a vitória dominante nesse domingo em Barcelona, o triunfo de Fabio Quartararo deu a clara sensação de que o francês da Yamaha caminha rumo ao bi foi o que aconteceu com seus perseguidores mais próximos. Bagnaia foi derrubado na primeira curva num acidente perigoso protagonizado por Takaaki Nakagami, Enea Bastiannini caiu sozinho quando brigava pelas posições intermediárias, mostrando que o campeonato do jovem italiano é mesmo uma montanha russa, e finalmente a diarreia mental de Aleix Espargaró no início da última volta que o deixou de fora do pódio. Com tudo isso e mesmo não tendo a melhor moto do pelotão, Quartararo vai aumentando sua vantagem no campeonato.

Com as conhecidas deficiências de potência de sua Yamaha, Quartararo sabia que ultrapassar na longa reta de Barcelona seria quase impossível e por isso Fabio precisava de uma boa largada no GP da Catalunha. E assim Quartararo o fez, emparelhando com o pole Espargaró na primeira curva e assumindo a ponta da prova. Bagnaia via tudo isso à sua frente placidamente, com a bela câmera no ombro de Pecco nos colocando na pista, quando ele recebeu um toque. Bagnaia estava no chão junto a dois pilotos. Quando os replays vieram à tona, percebemos que a MotoGP escapou de uma tragédia. Nakagami, herdeiro da moto do recém-operado Marc Márquez, freou tarde na primeira curva e perdeu o controle de sua moto e ao deslizar pela pista, bateu de capacete na roda traseira de Bagnaia, com sua Honda derrubando Alex Rins. A pancada no capacete do japonês foi forte o suficiente de tirar a viseira de Nakagami, mas felizmente nada de mais grave aconteceu com o piloto da Honda.

Tendo um ótimo ritmo, principalmente nas curvas, Quartararo usou seu talento para se livrar de Espargaró em sua equilibrada Aprilia e o francês simplesmente não viu ninguém pela frente. Abriu rapidamente 3s para vencer com categoria e abrir vantagem no campeonato. Porém, essa vantagem era para ter sido menor. Espargaró vinha tendo um final de semana perfeito, até mesmo melhor do que na Argentina, quando venceu pela primeira vez na MotoGP, mas uma queda no warmup, somado ao talento de Quartararo, mexeu na cabeça do espanhol da Aprilia, mas mantendo sua solidez no campeonato, Aleix vinha brigando pela segunda posição com Jorge Martin, com quem duelou na Argentina. Após trocarem de posições algumas vezes, Espargaró abriu a última volta lamentando-se e tirado a mão. Problemas mecânicos? Infelizmente para Aleix, não. Por mais que não tivesse zerado, uma quebra em sua moto seria menos vergonhoso do que simplesmente ter confundido a última volta...

Enquanto acenava para o público catalão, Aleix percebeu o tamanho da besteira que tinha feito e retornou ao ritmo normal, mas já tinha caído para quinto lugar numa situação inacreditável, mas não inédita nas corridas de moto e até mesmo nessa pista. Julian Simon fez a mesmíssima presepada em 2009, quando liderava o GP da Catalunha da então 125cc. Menos mal que Simon ainda foi campeão naquele ano, mesmo que não tenha evoluído em sua carreira. Para Espargaró, o choro depois da prova deu pena, mas não escondeu os pontos perdidos que podem fazer muita falta no fim. Juntando tudo isso com a queda de Bastianini e Bagnaia, Quartararo não tem do que reclamar do final de semana catalão e de contrato renovado com a Yamaha, viu claros sinais de que o bicampeonato está se aproximando de suas habilidosas mãos.

sábado, 4 de junho de 2022

História: 50 anos do Grande Prêmio da Bélgica de 1972

 


Com o circuito de Spa-Francorchamps considerado muito inseguro até mesmo nos anos 1970, o Grande Prêmio da Bélgica teria que achar outro palco e o lugar escolhido para 1972 foi o circuito de Nivelles, a poucos quilômetros ao sul de Bruxelas, com um traçado considerado bem simples, mas com instalações modernas e amplas áreas de escape. Muito diferente de Spa. A grande ausência dessa corrida seria Jackie Stewart, que com uma úlcera acabou sendo operado e ficaria de fora da corrida belga. Rapidamente o problema intestinal do escocês ganharia nome de 'úlcera-Fittipaldi'. Correndo em casa, Jacky Ickx tentaria de todas as formas a vitórias, ainda mais na vice-liderança do campeonato, mas o belga não estava nada satisfeito com sua Ferrari, que novamente não teria Mario Andretti. Outra grande novidade era a estreia da equipe italiana Tecno, de bons resultados nas categorias de base e com a ajuda do vermute Martini, debutaria na F1 com Nani Galli ao volante. 


Os treinos livres foram dominados pelos carros da Ferrari e pela Lotus de Emerson Fittipaldi, que conquistou sua segunda pole consecutiva na classificação, com apenas quinze centésimos à frente de Regazzoni. Denny Hulme conseguiu ficar à frente de Ickx, para decepção da torcida local. O brasileiro José Carlos Pace teve uma atuação soberba ao colocar sua March da equipe de Frank Williams na décima primeira colocação do grid, bem à frente dos Marchs oficiais. 

Grid:

1) E.Fittipaldi (Lotus) - 1:11.43

2) Regazzoni (Ferrari) - 1:11.58

3) Hulme (McLaren) - 1:11.80

4) Ickx (Ferrari) - 1:11.84

5) Cevert (Tyrrell) - 1:11.93

6) Beltoise (BRM) - 1:12.12

7) Revson (McLaren) - 1:12.19

8) Hailwood (Surtees) - 1:12.35

9) Reutemann (Brabham) - 1:12.50

10) De Adamich (Surtees) - 1:12.54


O dia 4 de junho de 1972 estava com um clima agradável ao sul de Bruxelas e o circuito de Nivelles recebeu um bom público para a sua primeira corrida de F1. Por sinal, por ser um circuito curto, o público tinha uma ótima visão de toda a pista, mas por as arquibancadas ficarem longe da ação da pista (para os padrões da época), havia uma certa frieza no pelotão e os pilotos não estavam nada impressionados pelo traçado simples e de formato de um revólver da pista localizada na Valônia. De qualquer forma, a largada foi dada com Emerson Fittipaldi, sempre muito cauteloso ao usar a embreagem nas largadas, saindo muito lentamente e imediatamente sendo ultrapassado por Regazzoni e Hulme. Com a confiança em alta, Emerson ficou na terceira posição, seguido por Ickx e Cevert, enquanto mais atrás Andrea de Adamich e Peter Revson se tocavam, estragando suas corridas.


Hulme sente vibrações em seu McLaren ainda na primeira volta e é ultrapassado por Emerson e Ickx, que no final da reta dos boxes tentou um bote em cima de Fittipaldi, mas o paulista fechou a porta. Os sete primeiros andavam juntos, com Emerson atacando Regazzoni pela liderança, conseguindo a ponta na nona volta. O desequilíbrio da McLaren de Hulme era flagrante e o neozelandês era ultrapassado por Cevert e Amon, saindo da luta pela vitória. Aos poucos Emerson abria vantagem sobre as Ferraris, que eram perseguidas de perto por Cevert e Amon, com a Matra se mostrando muito forte em ritmo de corrida. Na volta 26 Ickx entra nos boxes lentamente com problema no cabo do acelerador. A Ferrari ainda realiza um conserto e faz Ickx voltar à corrida, mas bastante atrasado, o piloto da Ferrari não seria mais um fator na prova e abandonaria mais tarde quando estava nas últimas posições. Para piorar as coisas para a Ferrari, Cevert aumentou o ritmo e ultrapassa Regazzoni para subir para segundo. Até então sem pontos em 1972, Cevert fazia muito bem as honras da Tyrrell. Emerson abria 12s sobre Cevert e começava a administrar sua liderança, enquanto seu companheiro de equipe Dave Walker vai duas vezes aos pits trocar pneus por falta de estabilidade do seu Lotus. Um abismo separava os dois pilotos da Lotus.


Os líderes enfrentavam os retardatários sem maiores problemas na larga pista de Nivelles, mas na volta 58 Regazzoni colocava uma volta na estreante Tecno, quando Galli rodou na última curva e atingiu a Ferrari de Clay, causando o abandono de ambos e pela primeira vez em 1972, a Ferrari voltava para Maranello com as mãos abanando. Em sua tentativa de se aproximar de Cevert, Chris Amon marca a volta mais rápida da corrida, mas o neozelandês abranda seu ritmo nas voltas finais, quando percebe que seu combustível poderia não fazê-lo completar a prova. Na verdade o azarado Amon estava com problemas na bomba de combustível e faltando sete voltas ele tem que ir aos pits da Matra fazer um reabastecimento improvisado, que o faz perder muito tempo e perder uma volta para Emerson, mas ainda na zona de pontos. Emerson Fittipaldi conquistava sua segunda vitória em 1972 numa corrida em que dominou. Cevert terminou em segundo marcando seus primeiros pontos em 1972, limitando os danos para a  desfalcada Tyrrell. Mesmo com um carro longe de estar perfeito, Hulme completou o pódio num distante terceiro lugar. Hailwood foi quarto e também marcou seus primeiros pontos da temporada. Pace teve um final de semana espetacular e marcou dois pontos, numa atuação muito acima do potencial da equipe Williams. Atingido novamente pelo azar, Amon teve que se contentar com o sexto lugar. Com essa vitória, Colin Chapman tinha a certeza de que Emerson Fittipaldi tinha totais condições de lhe dar mais um título de campeão e o brasileiro abria nove pontos de frente para o novo vice-líder, Denny Hulme. Com Stewart de molho, todos esperavam para ver o duelo entre o Rato e o Vesgo.

Chegada:

1) E.Fittipaldi

2) Cevert

3) Hulme

4) Hailwood

5) Pace

6) Amon