Muitos reclamavam de quando Lewis Hamilton matava a pau seus rivais com sua imbatível Mercedes. "Ah, é o carro", "Ah, não tem graça". Essa eram as expressões das pessoas ávidas por mais emoção na F1, além dos haters do inglês, que ao invés de apreciar o notável talento dele, preferem critica-lo em qualquer ação de Lewis. Pois bem, passados dois anos, podemos estar vendo o início de mais um domínio na F1. Max Verstappen sempre foi um talento nato, talvez um dos mais incríveis da história recente da F1 e tendo chegado muito novo na categoria e no auge do domínio do conjunto Mercedes/Hamilton, Max demorou para conquistar seu esperado título, contudo, isso fez com que o neerlandês crescesse como piloto e em Montreal o piloto da Red Bull deu outra amostra de sua enorme capacidade e seu amadurecimento, onde teve uma corrida perfeita no Canadá mesmo com SC aparecendo na hora errada e tendo a Ferrari de Sainz lhe fungando o cangote. No momento, são cinco vitórias em seis corridas, com a vantagem para Leclerc chegando aos 49 pontos, quase duas corridas.
A prova em Montreal teve os Safety-Cars de praxe e por isso tivemos algumas movimentações interessantes, inclusive na ponta da corrida. Com Fernando Alonso largando numa surpreendente primeira fila, o espanhol prometeu uma largada agressiva, já que Alonso não tem mais nada a perder em sua carreira. Calejado, Verstappen tratou de executar uma largada perfeita, não dando qualquer chance à Alonso tentar alguma gracinha. Max partia para uma corrida dominadora, mas os referidos SC's, virtuais e o real, acabou por atrapalhar um pouco os planos desse domingo de Verstappen e da Red Bull. E o primeiro problema veio justamente com Pérez, que teve um final de semana esquecível, onde errou na molhada classificação e saindo no meio do pelotão, acabou tendo um aparente problema de câmbio na prova. O SC Virtual apareceu e Max tratou de se livrar dos pneus médios e colocar os duros, mas também se colocando numa situação em que Verstappen dificilmente completaria a corrida sem outra visita aos pits. Veio então o segundo SC causada pelo desafortunado Mick Schumacher e foi a vez de Sainz, maior ameaça à vitória de Max, entrar nos pits para colocar os pneus duros, mas o espanhol ficaria numa situação frágil se arriscasse uma corrida até o fim. Isso deixava os pilotos numa situação de teórica igualdade, mas Sainz contava que pararia mais tarde e teria melhores pneus no fim. Até mesmo arriscar os médios novamente, mas a Ferrari não pensou assim. Tanto Max como Carlos saíram de seus segundas paradas com pneus duros, com Sainz tendo apenas algumas voltas de vantagem, algo que não se mostraria tão decisivo, mas então Yuki Tsunoda teve uma pane mental quando saía dos pits e estatelou seu Alpha Tauri na saída do pit-lane. Mais uma vez fogo amigo para a Red Bull, que viu a corrida ser neutralizada com o SC real e deixar todo mundo junto.
Não se pode acusar de que Sainz não tentou. Ele fustigou, lutou para ficar sempre dentro de 1s de desvantagem para Max e tentar o ataque com a ajuda do DRS, mas Verstappen usou a maior velocidade de ponta do motor Honda/Red Bull para controlar a vantagem sem maiores sustos nas voltas finais. A tensão das últimas voltas foi se diluindo na medida em que Max simplesmente mostrava que todos os anos ganhando casca nos últimos tempos e principalmente na última temporada fez do neerlandês um piloto quase completo, capaz de corridas sem erros como a de hoje. Foi a sexta vitória de Max em 2022 e a quinta nas últimas seis provas dessa temporada. Teoricamente as pistas com mais pressão aerodinâmica seriam melhores para a Ferrari, mas foi justamente aí que a Red Bull deu um show junto com Max Verstappen, mais líder do que nunca e já garantido como o maior favorito ao título, que seria o segundo dele. Com o abandono de Pérez e Leclerc diminuindo os prejuízos pela troca do motor pela Ferrari com um quinto lugar, hoje aparentemente a luta será mais pelo vice do que pelo título em si. Leclerc esperava uma recuperação mais aguda do que a conseguida, mas o monegasco ainda conseguiu fazer duas belas ultrapassagens sobre a dupla da Alpine no grampo quando tinha pneus piores. E ficou a sensação se fosse Leclerc no lugar de Sainz, o resultado poderia muito bem ser outro. Sainz não é um piloto medíocre, bem longe disso, mas seu limite para ser abaixo do que Leclerc pode fazer e a Ferrari já sabe disso.
Ao contrário da semana passada, Lewis Hamilton saiu do seu Mercedes todo serelepe para subir novamente ao pódio numa corrida sólida do heptacampeão. Historicamente andando muito bem em Montreal, Hamilton fez uma corrida segura, rapidamente superando Alonso (que era a sua briga) quando a Alpine errou na estratégia do espanhol. Dessa vez sem maiores problemas com SC entrando na hora errada, Hamilton superou seu companheiro de equipe sem maiores problemas, mesmo que essa tenha sido a primeira derrota de Russell dentro do seio da Mercedes em sete corridas. Russell fez outra corrida boa, sólida e sem maiores dramas, aumentando sua incrível sequencia de top-5 na F1. A Mercedes se consolida cada vez mais como a terceira força da F1 e com um carro menos 'quicante', seus pilotos agradecem. Alonso fez um ótimo primeiro stint, se mantendo nas posições de pódio, mas a Alpine acabou trocando os pés pelas mãos na estratégia, não trazendo o espanhol para os boxes na hora certa, quando o VSC estava na pista e Alonso perdeu várias posições, ficando atrás até mesmo do seu companheiro de equipe Ocon. No fim, Alonso ainda teve que ouvir sua equipe pedir para não atacar Ocon e ter que segurar um mais rápido Bottas no final da prova. O nórdico não teve o final de semana dos sonhos, mas se recuperou um pouco na corrida e usando a estratégia, ficou à frente de Zhou, estabelecendo a hierarquia dentro da Alfa Romeo, que saiu feliz com seus dois pilotos pontuando.
Fazendo as honras da casa, Lance Stroll fechou a zona de pontuação com um décimo lugar, numa estratégia de uma parada que acabou se pagando, com o canadense tendo os pneus médios novos contra vários pilotos que tinham pneus duros novos à sua frente. A Aston Martin poderia ter pontuado com Vettel, mas o alemão perdeu ritmo no fim, ao contrário do seu companheiro de equipe. A Haas estava bem feliz com seus dois pilotos na terceira fila no grid, mas tudo começou a desandar com Magnussen tendo problemas na asa dianteira logo na primeira volta e ao entrar nos pits para troca-la, a corrida do danês foi uma negação, com Kevin terminando em último dentre os que chegaram, enquanto Mick nem isso conseguiu, com um problema em seu carro quando estava entre os dez. A Alpha Tauri tinha chances de pontuar com Tsunoda, mas o japonês pôs tudo a perder ao sair da pista com pneus frios como se não tivesse amanhã e acabou pagando o mico de ficar no muro na saída do pit-lane, enquanto Gasly nada fez, talvez pensando no seu futuro, que parece ser eternamente piloto da equipe júnior da Red Bull. Num raro final de semana em que Ricciardo andou na frente de Norris, a McLaren saiu de mãos abanando do Canadá, sendo que a primeira parada de Lando lembrou a famosa (pelo mau sentido...) parada de Eddie Irvine em Nürburgring/1999. Albon fez mais do que o potencial de sua Williams fez tudo dentro do seu fraco potencial.
A F1 vai se aproximando de sua metade com Max Verstappen se consolidando com o maior favorito ao título. Se preparando para esse momento desde antes de entrar precocemente na F1, Max tem todas as armas para conquistar o bicampeonato e a Red Bull, que vem de seis vitórias consecutivas, pode voltar a conquistar o Mundial de Construtores desde 2013. Um domínio como o feito por Hamilton e a Mercedes. Teremos as mesmas reclamações?
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