A temporada começou com a Ferrari dando a impressão que, no mínimo, brigaria forte pelos títulos de 2022. A vitória de Leclerc em Melbourne foi daquelas que demarcavam território, ainda mais com Verstappen abandonando, num velho fantasma da falta de confiabilidade da Red Bull e dos carros de Adryan Newey em geral. Porém, enquanto a Red Bull evoluía e praticamente não quebrou mais de abril para cá, a Ferrari entrou em parafuso com variados problemas mecânicos e táticos que corroeram o suposto favoritismo italiano. Em Baku, a Ferrari ficou com a pole mais uma vez e mais uma vez saiu derrotada, dessa vez com os dois carros da equipe com problemas, além de dois carros clientes abandonando. Uma sério golpe nas pretensões ferraristas, enquanto a Red Bull aproveitava a situação para conseguir a terceira dobradinha do ano e Max Verstappen se tornar o grande favorito ao título de pilotos.
Sobre um enorme calor no Azerbaijão, a corrida não teve muitas emoções e até mesmo o SC apareceu apenas virtualmente. Normalmente caótica, a corrida azere foi das mais tranquilas. Claro, se você não tiver vestido de vermelho. Na largada apenas Sergio Maurício enxergou a boa saída de Leclerc, pois foi nítido que o monegasco largou mal, sendo ultrapassado facilmente por Pérez e só não sendo por Verstappen, porque faltou reta. Motivado pela vitória em Mônaco, Checo rapidamente abriu vantagem sobre Leclerc, que segurava Verstappen sem maiores dificuldades. Por mais que seja uma pista de rua, o circuito citadino de Baku tem uma enorme reta que faz com que os carros corram com menos pressão aerodinâmica e o DRS não seja tão efetivo, mesmo num trecho de quase dois quilômetros de pé embaixo. Porém, as coisas para a Ferrari começaram a dar errado quando Sainz, que vinha já longe da briga pelo segundo posto, abandonou seu carro com problemas eletrônicos, trazendo o SC Virtual. Alguns pilotos aproveitaram o ensejo para ir aos pits colocar pneus duros e tentar não parar mais, incluindo aí Leclerc. Estranhamente a Red Bull ficou na pista, no que parecia ser um pulo do gato da Ferrari. Leclerc era muito mais rápido com os dois carros na frente ainda para visitar os pits. Foi então que a Red Bull deu mais uma ordem de equipe e Max assumiu a ponta. De tantas frases emblemáticas via rádio, hoje tivemos mais uma, para tristeza de Pérez: No fighting!
Contudo, era nítido que Verstappen tinha um ritmo melhor e o neerlandês despachou o companheiro de equipe, quando Leclerc já tinha os dois carros azuis no visual. Ambos Red Bull pararam, com Pérez tendo uma parada bem lenta (de propósito?) e Leclerc assumia a ponta. Já se fazia as contas. Leclerc pararia novamente? A Ferrari novamente tinha a faca e o queijo nas mãos, quando o motor de Charles quebrou 'lindamente' e mais uma corrida da Ferrari ia para o espaço, com menos da metade da corrida percorrida. Binotto ficou com cara de quem chupou limão azedo, assim como todos os tifosi ao redor do mundo. A cena da Ferrari desmontando sua estrutura antes da corrida terminar demonstrou bem toda a frustração de uma equipe que começara tão bem o ano e agora vê a Red Bull se distanciar em ambos os campeonatos. A Ferrari não conquista um título já fazem quinze anos e a falta de experiência em estar na luta pelo campeonato pode estar afetando a equipe, apesar do enorme crescimento nos últimos anos. O mesmo não acontece com a Red Bull, que se aproveitou do infortúnio ferrarista para passear em Baku. Verstappen nunca havia subido ao pódio azere e no ano passado teve um pneu furado nas últimas voltas com a corrida na mão. Se havia algum tipo de maldição para o atual campeão mundial em Baku, ele foi completamente extirpado nesse domingo com uma vitória dominante e com o abandono de Leclerc, Pérez assume a vice-liderança do campeonato, mas dificilmente o mexicano terá alguma chance de brigar com Max, pelo demonstrado hoje. As melhores estratégias sempre irão para a Verstappen, isso sem contar com o maior talento, velocidade e, por que não, maior experiência do neerlandês nesse tipo de situação de brigar pelo título. Com a Ferrari ruindo, a Red Bull não provavelmente não irá querer uma situação de luta interna que tanto caos trouxe a outros times do passado.
Com o abandono de Leclerc, a corrida caiu muito em expectativa, com a dupla da Red Bull abrindo meio minuto para o melhor do resto que foi George Russell, já chamado de rei da consistência. O jovem inglês da Mercedes não faz corridas espetaculares e chamativas, mas ninguém pode negar a eficiência de Russell em ritmo de corrida, com provas sólidas e o terceiro pódio no bolso, além do quarto lugar no campeonato, mesmo com o terceiro carro do grid. Hamilton sofreu mais. Literalmente! Com a Mercedes quicando horrores na reta dos boxes, Lewis deve ter visto todos os seus piercings caindo ou qualquer obturação que tenha colocado. Hamilton teve que deixar os dois carros da Alpha Tauri para conseguir o quarto lugar, mas foi claro que o já veterano piloto irá precisar de boas massagens nas costas depois da corrida. Gasly fez uma prova segura para ser quinto, não se metendo em maiores brigas e conseguindo bons pontos para a sua equipe, enquanto Tsunoda teve um pouco usual problema no DRS, onde apenas um lado funcionava, fazendo o japonês fazer um pit-stop extra que o tirou da zona de pontos. Vettel fez uma corrida agressiva, chegou a sair da pista numa disputa com Ocon, deu o troco voltas mais tarde e garantiu um ótimo sexto lugar pela conjectura atual da Aston Martin, que se mantém com apenas um piloto, pois Lance Stroll foi incógnito a corrida inteira, antes de abandonar.
Além dos dois carros da equipe, a Ferrari ainda viu dois clientes abandonarem com problemas mecânicos. Para piorar, ambos vinham com boas chances de pontuar, com Magnussen e Zhou saindo da corrida com problemas mecânicos quando estavam próximos dos pontos. Por sinal, Zhou estava bem à frente de Bottas, que teve um final de semana ruim em Baku, mostrando a velha inconsistência que tanto lhe atrapalhou nos tempos da Mercedes. Quem se aproveitou de todas essas quebras foi Alonso, que nessa corrida se tornou o piloto com maior tempo entre a primeira e a última corrida na F1. O espanhol usou sua experiência para conseguir um sétimo lugar, segurando o ímpeto das McLarens nas voltas finais, com Ricciardo finalmente fazendo uma prova decente e ficando na frente de Norris. Ocon fechou a zona de pontuação, mas bem longe de Alonso, mostrando que panela velha é que faz comida boa. Por fim, destaques negativos para Mick Schumacher e Nicholas Latifi. A diferença entre o sobrinho de Ralf (melhor do que filho de Michael...) para seu companheiro de equipe sempre foi abissal em Baku e o canadense da Williams não consegue nem fazer o básico do que dele se espera, que é ser um bom retardatário...
Com a Ferrari, como se diz aqui no Ceará, papocando com linha e carretel, a Red Bull se torna a grande protagonista de 2022 e com Max Verstappen conseguindo se garantir como primeiro piloto da equipe, o neerlandês caminha a passos largos rumo ao bicampeonato, talvez já pensando em garantir o caneco com antecipação, bem longe do sufoco do ano passado, enquanto a Red Bull esperar reconquistar o Mundial de Construtores, que não vem desde 2013. Já a Ferrari espera conseguir ganhar experiência para 2023, pois para esse ano, somente uma virada espetacular para superar Red Bull e Max Verstappen.
Nenhum comentário:
Postar um comentário