Talvez tenha sido a pior corrida dessa temporada, mesmo com a bela festa promovida pelos mexicanos antes e depois da prova. Claro que Max Verstappen não tem nada a ver com isso. O neerlandês se defendeu muito bem da dupla da Mercedes na largada e daí em diante, não teve mais adversários ao cuidar melhor dos seus pneus, enquanto a trupe de Toto Wolff se manteve parada no tempo, pensando que daria o golpe na Red Bull ao parar apenas uma vez, contudo, os austríacos perceberam que a temperatura mais baixa poderia fazer com que Max parasse também apenas uma vez, garantindo uma tranquila vitória. E não uma vitória qualquer. Foi a décima quarta da temporada 2022 de Verstappen, o colocando como o maior vencedor em uma única temporada na história de 73 anos de F1.
Com o Brasil focado em outros assuntos mais importantes, nem a TV Bandeirantes se deu o trabalho de transmitir a corrida, ficando à cargo da sua TV por assinatura. E os executivos da família Saad não devem ter se arrependido da decisão. Foi uma corrida extremamente morna, para usar um adjetivo ameno para uma corrida sonífera. Tempos atrás Max Verstappen disse que não se importaria em conquistar um campeonato dominando, mesmo que isso mexesse no interesse dos fãs. Um ano depois de arrebatar um memorável título na última corrida, Verstappen provou que esse triunfo lhe fez muito bem, tornando-o ainda mais confiante e maduro, não diminuindo em nada a sua velocidade estonteante. O piloto da Red Bull simplesmente passeou por setenta e uma voltas no circuito Hermanos Rodríguez, numa pilotagem sóbria, onde não teve o mínimo trabalho durante a prova. Só não foi uma vitória de ponta a ponta por causa de algumas estratégias diferentes, mas que não mudaram o resultado da primeira volta. A única ação foi mesmo na largada. Com a Mercedes conseguindo um desempenho surpreendente nos treinos, era esperado um ataque dos prateados, pois estava nítido que no México a Mercedes teria sua melhor chance de vitória. Porém, tudo se resolveu na primeira curva.
Verstappen, Russell, Hamilton e Pérez ficaram em fila indiana no aproche da primeira curva. Quem saísse de lado, poderia dar o bote. Sem muita velocidade final, Russell se arrependeu de ter colocado de lado, ficando por fora. Verstappen se manteve confortavelmente em primeiro, enquanto George ficou mal colocado nas curvas seguintes, permitindo a Hamilton e Checo conseguirem as posições de Russell, deixando o inglês em quarto. E... assim terminou a corrida! Claro que havia a expectativa de táticas diferentes, pois a Red Bull largou com pneus macios, enquanto a Mercedes saiu com os compostos médios, mas o tempo nublado na Cidade do México, somado a falta de Safety-Car real durante a prova ajudou sobremaneira a Red Bull. Era esperado que os carros austríacos parassem duas vezes e quando a Mercedes ficou mais tempo na pista e ainda colocou os pneus duros, estava na cara que Hamilton e Russell visitariam os pits apenas uma vez. O que os táticos da Mercedes não esperavam era que o clima mais ameno fizesse com que os dois carros da Red Bull, que colocaram pneus médios, tivessem condições de manter um bom ritmo com esse composto até o fim. Para completar, nem Hamilton, nem Russell se sentiram confiantes com a borracha mais dura, deixando os dois sem condições de ataque. Quando Verstappen tinha 8s de frente para Hamilton, parecia que Lewis poderia sair do zero em 2022, mas logo ficou claro que Max também pararia apenas uma vez, significando que a diferença na pista era a diferença real. A corrida ficou bastante estática, mesmo com os quatro primeiros tentando aproximações e parando em diferentes voltas. Foi um porre!
Só que Max não tem do que reclamar. Foi sua 14º vitória em 2022, o colocando isoladamente como o maior vencedor numa única temporada. Ah, mas hoje corresse muito mais do que antes. O detalhe é que a média de Verstappen é idêntica à Schumacher e Vettel, quando os dois alemães conseguiram treze vitórias em 2004 e 2013. Se no início do ano parecia que teríamos uma briga de tirar o fôlego entre Red Bull e Ferrari, a realidade nos mostrou uma dominância acachapante de Max Verstappen, que hoje bateu o recorde de pontos num único ano. Falando em Ferrari... por onde estavam os italianos no México? A Ferrari não se encontrou na altitude mexicana, mas parecendo jogador de futebol quando vai jogar em La Paz. Os italianos tiveram uma corrida pífia de tão discreta, onde Sainz e Leclerc ficaram numa distante quinta e sexta posições. Ao perder duas posições na primeira volta, Russell sentiu o golpe e não foi mais um fator na corrida, com Hamilton fazendo as graças da Mercedes com um tranquilo segundo lugar, deixando-o à frente de Sainz e próximo de Russell no campeonato, após um início de ano nada animador do heptacampeão. Pérez garantiu a festa com outro pódio, deixando na imaginação como seria se um dia o mexicano vencesse em casa.
Na briga pelo melhor do resto, pontos importantes para a McLaren, mesmo que com surpreendente Daniel Ricciardo se mostrando muito forte em sua melhor corrida em 2022, apesar de um toque em Tsunoda que fez o japonês literalmente voar numa viajada na maionese do australiano. A Alpine tem um carro melhor do que a McLaren, mas a parca confiabilidade vai debitando pontos importantes aos franceses, que viu Alonso abandonar outra corrida quando o espanhol vinha tranquilamente como o melhor do resto. Norris e Ocon pontuaram, mas a Alpine saiu perdedora do México, com Bottas voltando a pontuar com a Alfa Romeo numa boa corrida da equipe italiana, que em 2026 se tornará Audi. Gasly ficou na bica dos pontos, mas sua ultrapassagem aguerrida sobre Stroll lhe valeu uma punição que lhe tirou da zona de pontuação. Albon ficou também próximo dos pontos, enquanto seu companheiro de equipe foi último, tomando uma volta... de Albon!
Se hoje pouca gente se importou com a corrida mexicana, pelo menos não perderam muita coisa. Foi uma corrida sorumbática, parada e que seria um belo sonífero para quem estiver com insônia, mesmo sendo praticamente impossível dormir pela tensão do final da tarde deste domingo. Verstappen não tem nada com isso. O neerlandês venceu com categoria e bateu mais um recorde na carreira. Max vai cimentando seu caminho entre os grandes da F1, sem encontrar nenhuma barreira em sua estrada.
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