Mesmo com Bagnaia tendo a faca e o queijo na mão, toda decisão é tensa e Valencia tinha um clima pesado, afinal, a Ducati precisava acabar com quinze anos de jejum, mesmo que claramente a montadora de Bologna tenha a melhor moto do pelotão, com boa vantagem para a Yamaha de Quartararo, que como em toda a temporada, foi o cavaleiro solitário da Yamaha frente uma oposição ampla da Ducati, que tinha dois pilotos na primeira fila. No entanto, quem saiu feito um foguete na largada foi Alex Rins, que fazia sua despedida com a Suzuki. A marca de Hamamatsu deve estar se perguntando até agora se fez mesmo a melhor escolha em decidir pelo abandono da MotoGP. Rins foi perfeito da primeira a última volta, vencendo a corrida do adeus (ou até logo?) da Suzuki da MotoGP. Isso por si só já ajudava sobremaneira Bagnaia, pois Quartararo precisava da vitória de qualquer maneira. E já nas primeiras voltas, Bagnaia quis garantir que Fabio não venceria. Numa disputa quente entre os dois contendores pelo título, Bagnaia chegou a tocar em Quartararo e perder uma aleta, mas fez com que o piloto da Yamaha perdesse muito tempo para o primeiro pelotão formado por Rins, Martin, Márquez e Miller. Essa diferença foi crucial.
Na medida em que foi colocando a cabeça no lugar e, principalmente, parou de cair, Bagnaia partiu para uma recuperação irresistível. Sem armas para se defender, restou à Quartararo andar no limite do limite de sua Yamaha e isso causou alguns erros do francês, como na Austrália. Sem forças para se recuperar e com uma moto bem inferior à Ducati e seu esquadrão, Quartararo viu Bagnaia passar por cima de sua vantagem construída com muita competência no começo do campeonato, não sem antes fazer belas corridas, como na Malásia e hoje. Falta à Yamaha ter mais potência e piloto melhores para ajudarem Quartararo, que passou o ano órfão de ajuda de companheiros de equipe, sendo que em 2023 somente terão duas Yamahas no grid. A Honda sofreu com uma moto mal nascida e com Marc Márquez ainda às voltas do seu problema no braço direito machucado em 2020, que o fez perder várias corridas nesse ano, a montadora nipônica teve sua pior temporada na MotoGP em anos, mas com Márquez quase recuperado, ele ainda poderá fazer a diferença, como fez hoje, andando no pelotão da frente, enquanto seus companheiros de equipe mal pontuavam. A KTM se mostrou muito irregular, com duas vitórias de Miguel Oliveira em corridas com chuva e boas exibições de Binder, misturado com corridas em que os laranjas nem chegavam no top-10. Próximo ano a equipe terá a presença de Jack Miller e terá uma equipe de suporte com a Gas Gas, com um decepcionante Pol Espargaró retornando à casa austríaca, ao lado do novo campeão da Moto2, Augusto Fernández. A Aprilia mostrou um imenso crescimento para 2022 e Aleix Espargaró foi um dos protagonistas do campeonato a maior parte do ano, mas se é um batalhador, falta à Aleix talento e velocidade para fazer frente aos grandes pilotos da MotoGP. Espargaró foi constante, com hoje sendo seu único abandono, mas a Aprilia mostrou força em 2022 e terá em Maverick Viñales sua reserva técnica para 2023, junto à nova equipe satélite RNF, que terá Miguel Oliveira.
Mesmo com a força de Miller, Bagnaia usou a inconsistência do carismático australiano para liderar a Ducati desde o final de 2021 e com uma recuperação espetacular, bateu Quartararo. Com sete vitórias em 2022, Pecco foi o maior vencedor do ano, além de quebrar alguns jejuns, como o de títulos da Ducati, o de títulos da Itália (desde 2009) e sendo o primeiro italiano a ser campeão com uma moto italiana, algo que não acontecia desde 1972 com o legendário Giacomo Agostini e sua MV Agusta. Bagnaia pode não ter o talento de Quartararo e de um Márquez recuperando suas forças, mas liderou a Ducati, que lhe deu a melhor moto do pelotão. Foi um título merecido tanto para Pecco, como, principalmente, para a Ducati.
Eu já ia falar isso mas vc corrigiu em tempo. Quem vai pra RNF ao lado do Oliveira em 2023 é Raul Fernandez. Alex Marquez irá ser o substituto do Bastianini na Gresini.
ResponderExcluir