quinta-feira, 2 de março de 2023

Mais um começo


 Terminando a corrida da F1 no domingo, a Indy estará bem próxima da largada para a temporada 2023 no já tradicional palco de St Petersburg, na Flórida, um circuito de rua apertado e de complicadas ultrapassagens, onde a saudade das boas corridas da Indy é terminada por sete meses, mas que não responde quem é o grande favorito ao título.

Apesar da competitividade da Indy, a categoria tem seus pelotões bem definidos, com quatro equipes muito fortes e vários coadjuvantes. A principal equipe é a Penske e seu forte triunvirato. Atual campeão, Will Power mostrou uma gigantesca regularidade ano passado, onde o australiano teve vários momentos de azar nas classificações, mas no domingo Will fazia belas corridas de recuperação, marcando doze top-10 em dezessete corridas e mesmo com apenas uma vitória, Power garantiu o segundo título, saindo das características anteriores dele, onde Power mostrava muita velocidade e pouca consistência, principalmente nos ovais. Newgarden venceu cinco corridas, fez uma etapa derradeira em Laguna Seca de tirar o fôlego, mas o americano pecou pelos vários abandonos e acabou superado pelo companheiro de equipe. Josef já é um piloto consolidado e seus dois títulos e três vice-campeonatos nos últimos anos o colocam como um dos mais fortes candidatos de 2023, mas para Newgarden falta mesmo uma boa corrida em Indianápolis.

Scott McLaughlin teve um ano de estreia bem mequetrefe, mas em seu segundo ano o neozelandês provou que a exótica escolha de Roger Penske, que viu talento nele na V8 Supercars, uma categoria de turismo na Austrália que mais parece um antigo faroeste, se pagou completamente. Foram três vitórias em 2022 e a certeza que a curva de crescimento de Scott é bem maior do que seus companheiros de equipe. A equipe que vem dividindo os títulos com a Penske nos últimos anos é a Ganassi, com Scott Dixon liderando o time com seu talento gigantesco, mas felizmente a Ganassi não se resume apenas ao neozelandês. O problema é que o piloto escolhido para ser o futuro da equipe já está de saída. E pelas portas dos fundos. Alex Palou venceu o título em 2021, mas acabou assinando com a McLaren numa transação rumorosa e que acabou na justiça. No final, Palou cumprirá seu contrato com a Ganassi e ninguém sabe ao certo qual será o grau de motivação do espanhol para essa temporada derradeira e nem como a equipe o tratará. Marcus Ericsson venceu a Indy 500 ano passado com todos os méritos, mas o sueco ainda está longe de encantar, com alguns altos e muitos baixos. O quarto carro da Ganassi não terá mais Jimmie Johnson, que mesmo sendo uma lenda da Nascar, foi um verdadeiro fiasco na Indy. Com a saída de JJ, esse carro atrairá muitas atenções, pois terá Marcus Armstrong nos mistos e Takuma Sato nos ovais. O experiente japonês tentará principalmente o tricampeonato em Indianápolis, enquanto Armstrong, que vem da Nova Zelândia de Dixon, estará sendo treinado para ser o sucessor de Scott na Ganassi.

A Andretti sonha alto em conseguir um lugar na F1 e talvez por isso tenha perdido o foco na Indy, inclusive com corridas em que seus pilotos se eliminaram. A Andretti tem em mãos talvez o maior talento da Indy, Colton Herta, que tem um longo contrato com a Andretti pensando na F1, em que quase se transferiu ano passado. Ninguém duvida do talento de Herta, mas ainda lhe falta consistência e o tempo vai passando e Colton ainda não brigou seriamente pelo título. Romain Grosjean mostrou velocidade, mas também muitas trapalhadas, lembrando seus piores momentos na F1, mas ao menos se viu livre de Rossi, com quem não se dava, entrando no lugar Kyle Kirkwood, um jovem piloto das canteras da Andretti e bastante promissor. Devlin Defrancesco paga as contas da equipe e isso diz muito do canadense na equipe. Com a Andretti patinando, a McLaren vai se consolidando como a quarta força da Indy, mas com potencial de passar a Andretti rapidamente. O time tem outro diamante bruto de talento, que é Pato O'Ward, mexicano que já mostrou muita velocidade e brigou pelo título em 2021, mas deu um passo atrás ano passado, talvez pensando na F1. Enquanto Palou não vem, a equipe manteve Rosenqvist na equipe, enquanto se expandiu para um terceiro carro para Alexander Rossi, que veio corrido da Andretti após ter desentendimentos com seus companheiros de equipe, sem contar que Rossi vem devendo nos últimos anos, mas a McLaren contará com a sua experiência. Tony Kanaan anunciou que as 500 Milhas será sua última corrida na Indy e ele a fará pela McLaren, num quarto carro.

As demais equipes são coadjuvantes, com destaque para a Rahal e seu trio de bons pilotos, com o veterano Graham Rahal, o promissor Christian Lundgaard e Jack Harvey. A equipe Carpenter contará com o talentoso Rinus Veekay para liderar a equipe e terminar a sina que o time só anda bem em ovais. A equipe Juncos manteve o talentoso Callum Ilott e imitando Roger Penske, trouxe do turismo o segundo piloto, o argentino e compatriota do chefe, Agustin Canapino. A tradicional Foyt trouxe o maluquinho Santino Ferrucci, enquanto a Dale Coyne terá David Malukas. A Meyer Shank tem uma dupla de pilotos que mais parece uma filial do INSS, mas Simon Pagenaud e Helio Castroneves tentarão reverter uma temporada ruim de um time, que recebe apoio da Andretti e com a equipe colocando suas forças na F1, sobrou quase nada para a equipe filial. Porém, nunca é bom subestimar Helio em Indianápolis. E só.

Como se vê, não faltam bons pilotos e a Indy terá um grid forte e sortido para a temporada. Muitos exageram dizendo que a Indy já estão tão forte como nos áureos anos 1990, mas isso não passa de um exagero, porém, não se pode negar a qualidade do grid, com alguns pilotos oriundos da Europa, além de jovens talentos americanos. Se não está como nos velhos tempos, pelo menos não se pode negar que a Indy terá corridas emocionantes e um campeonato sem grandes favoritos pela frente.

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