quarta-feira, 24 de maio de 2023

Mandando recado

 


Lawrence Stroll realmente ama seu filho e o automobilismo. O canadense colocou na cabeça que seu filho Lance seria um piloto de F1 e não mediu esforços para alcançar o seu objetivo. Deu os melhores equipamentos à Lance na época do kart, que tendo vários coaches, conseguiu vitórias e títulos. Quando Lance chegou às categorias de base, Lawrence foi mais longe. Ele identificava as melhores equipes e as comprava, além de contratar pilotos experientes para rondear o jovem Lance, que venceu na F4 e na F3. Todos percebiam que a ascensão meteórica do canadense tinha alguns pormenores desabonadores, mas Lawrence não ligou para as críticas. Por que não comprar uma equipe de F1? Se pode comprar um, pode-se comprar duas, certo? E uma montadora?

Pois Lawrence Stroll fez tudo isso para ver Lance na F1. Até as zebras dos circuitos da F1 sabem que o canadense, no melhor das hipóteses, é um piloto mediano e que só está na categoria por um único motivo: o bolso fundo do papai bilionário. No entanto, Lawrence é daqueles que pensa alto. Após comprar a Aston Martin e os restos da Force India (dispensando a Williams, que fora a porta de entrada na F1), Stroll pai olha o futuro da sua equipe imaginando ser campeão. Uma equipe cliente dificilmente vence um campeonato na F1. Talvez o único caso seja mesmo a Brawn, que corria com motores Mercedes, sendo que a montadora alemã tinha como grande parceira a McLaren. No ano seguinte a Brawn foi absorvida... pela Mercedes, tornando-se uma equipe de fábrica. Com a Mercedes a quase trinta anos na F1 e com sua equipe consolidada, é claro que os melhores equipamentos ficam para o time de Toto Wolff, mesmo com várias clientes no grid. Lawrence é conhecido no mundo da moda por comprar marcas com problemas para transforma-las em artigos de luxo. Além de ter a satisfação de ter o filhão correndo, Lawrence Stroll enxerga a F1 como um negócio e como acontece no mundo fashion, Stroll não quer ser apenas um coadjuvante. Ele quer vencer. Tendo a Mercedes como parceira, inclusive com ações vendidas à Toto Wolff, Stroll sabia desde então que se quiser ser campeão um dia, ele precisava de uma montadora e transformar a Aston Martin uma equipe de fábrica, mesmo a montadora verde ser uma marca importante na Inglaterra.

Com a Honda procurando um parceiro para mais uma volta em 2026, a Aston Martin se tornou um alvo interessante aos japoneses, ainda mais com competitividade mostrada pela equipe em 2023, onde vários engenheiros de equipes de ponta foram contratados, além de Fernando Alonso. As notícias de que um acordo era iminente surgiram nessa semana e na quarta, foi anunciado o acordo entre Aston Martin e Honda, surgindo um nome tão esquisito quanto a Sauber BMW-Ferrari, de 2010. 

Mesmo com dificuldades em seu início com os motores híbridos, a Honda se consolidou como um dos melhores motores da F1, estando prestes a conquistar seu terceiro título consecutivo, mesmo não apoiando de forma oficial a Red Bull desde o final de 2021. Com todo seu know-how, a Honda voltará como uma força a ser observada a partir de 2026, enquanto Stroll verá sua equipe, sua marca, se tornar uma equipe oficial de fábrica. Porém, existe algumas perguntas a serem respondidas. A equipe Aston Martin ainda é vista como um projeto pessoal de Lawrence para o seu filho estar na F1, porém, a chegada da Honda poderá elevar ainda mais o patamar da equipe Aston Martin, deixando o limitado Lance Stroll no meio do caminho. Lawrence saberá observar a hora de dispensar o próprio filho? Logo no primeiro dia a Honda já mostrou-se interessada nos pilotos, praticamente indicando Yuki Tsunoda para a equipe. Não demorará para a Honda perceber que Lance Stroll não é um piloto de ponta.

Até lá, muito provavelmente Fernando Alonso já terá saído da equipe, evitando o constrangimento da Honda ter novamente o espanhol como piloto, ainda lembrando da turbulenta parceria na McLaren entre 2015 e 2018 e o épico 'GP2 Engine' bradado por Alonso em Suzuka, pista da Honda. A F1 vai atraindo mais e mais montadoras. A chegada da Honda na Aston Martin é um belo recado dado por Stroll sobre o futuro de sua equipe, mas será que Lance estará nela?

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