sexta-feira, 19 de maio de 2023

O Escocês voador da Indy


 Ele foi uma das grandes estrelas do automobilismo americano no começo desse milênio, se tornando uma lenda na Indy. Dono de um cartel impressionante nas categorias de base britânicas, Dario Franchitti tinha tudo para ir para a F1, mas o destino não quis assim, porém Dario não tem do que reclamar. Esse escocês de origens italianas mudou de continente para conquistar a América com sua pilotagem sólida e sua simpatia. Completando 50 anos no dia de hoje, vamos conhecer um pouco mais da trajetória de Dario Franchitti.


George Dario Marino Franchitti nasceu no dia 19 de maio de 1973 em Bathgate, Escócia. Seus avós tinham raízes na Itália, por isso esse sobrenome, mas Dario nasceu nas ilhas britânicas, onde seu pai George Franchitti era comerciante. E apaixonado por corridas. Ainda muito pequeno Dario teve o primeiro contato com as corridas de carros, fazendo-o se apaixonar por automobilismo, correndo de kart antes mesmo de poder competir. E quando pôde competir, Dario Franchitti se tornou um dos kartistas mais laureados da Grã-Bretanha na década de 1980, vencendo mais de cem corridas, além de inúmeros títulos ingleses e escoceses de kart. Quando completou 17 anos, Dario estreou nos carros na recém-criada Formula Vauxhall Junior pela equipe de um amigo do seu pai. Como não era rico, George Franchitti chegou a hipotecar sua casa para que o filho começasse a traçar sua carreira no automobilismo e Dario não decepcionou, vencendo o campeonato logo em sua estreia. Isso chamou a atenção de outro escocês, bem mais famoso. Jackie Stewart tinha uma das equipes mais estruturadas do automobilismo de base britânico e viu em Franchitti uma estrela em potencial. Mesmo campeão, Franchitti não tinha dinheiro para se graduar para a Formula Vauxhall Lotus, seu próximo passo natural, numa categoria muito próxima do que era a F-Chevrolet no Brasil. Stewart investiu em Dario e o colocou em sua equipe, fazendo com que Franchitti fosse o novato do ano, conquistando vários pódios. No final de 1992, Franchitti ganhou seu primeiro grande prêmio, ao vencer o conceituado Autosport BRDC, além de preciosos vinte mil libras. Sem contar um teste com a McLaren F1 em alguns anos.


Ainda precisando de dinheiro, Dario chegou a se tornar instrutor de pilotagem e fez algumas corridas de turismo, algo que lhe ajudaria bastante num futuro breve. Enquanto isso, Franchitti faria um segundo ano na Formula Vauxhall Lotus em 1993 e dessa vez o escocês não dá chances ao azar e conquista o campeonato com antecedência, se credenciando para ser uma futura estrela no automobilismo internacional. Ainda na equipe de Jackie Stewart, Franchitti vai para a F3 Inglesa em 1994, alcançando o quarto lugar no campeonato e uma vitória em Silverstone. Olhando de uma perspectiva amena, o ano de Franchitti foi bem decente, mas olhando o contexto, Dario deixou um pouco a desejar. Seu companheiro de equipe Jan Magnussen conquistou o título com direito a quebra de recorde de vitórias no ano e Franchitti cometeu erros demais, que lhe privaram algumas vitórias. Mesmo mostrando bons resultados, a falta de financiamento ainda era um obstáculo para Dario Franchitti deslanchar na carreira e não querendo onerar ainda mais seu orçamento doméstico, cujo pai ainda suava sangue para manter o filho correndo, Franchitti aceitou uma proposta que o tiraria da trajetória para a F1, seu grande objetivo. 

Em meados da década de 1990, o DTM tinha um campeonato espetacular, com os carro tendo uma tecnologia muitas vezes superior à F1. Suspensão ativa, freios ABS, câmbio automático, motores turbo... todos esses aparatos proibidos na F1 eram presentes no DTM. A Mercedes tinha criado um programa para jovens pilotos, mas ainda bem focado no campeonato alemão de turismo. Pretendendo se tornar um piloto profissional, Franchitti aceitou a proposta da Mercedes e ao invés de ir para um segundo ano na F3 Inglesa ou graduar-se para a F3000, o escocês partiu para as disputadas corridas de turismo. E Dario não comprometeu. Já tendo alguma experiência em corridas de turismo, Franchitti rapidamente se tornou um dos principais pilotos do campeonato, vencendo uma corrida em Mugello e terminando o campeonato em quinto. Para 1996 o campeonato muda de nome e se torna o ITC, com chancela da FIA. Não é exagero dizer que o ITC era um dos melhores campeonatos da época, com corridas em todo o mundo, inclusive uma rodada dupla inesquecível em Interlagos, causando admiração até hoje para quem acompanhou aquelas corridas. Correndo ao lado do então campeão Bernd Schneider, Franchitti evoluiu ainda mais em seu segundo ano no campeonato, vencendo uma corrida em Suzuka. Contudo, o alto custo de um campeonato tão tecnológico acabou custando, literalmente, caro. Alfa Romeo e Opel desistiram do campeonato no final de 1996 e com somente a Mercedes se mostrando interessada, o ITC/DTM foi encerrado, terminando um dos certames mais charmosos e com carros mais bonitos de todos os tempos.



Isso foi um golpe e tanto para Franchitti, que fora quarto no campeonato e seu nome chegara a ser ligado a F1 novamente. Ron Dennis chegou a oferecer um longo contrato à Franchitti como piloto de testes, mas sem nenhuma garantia que Dario se tornasse piloto titular, ainda mais com seu compatriota e antigo rival no kart, David Coulthard, tendo acabado de chegar à equipe. No entanto, a Mercedes ainda tinha laços com Franchitti e Paul Morgan, sócio da Ilmor, indicou o escocês à Carl Hogan, que usava motores Mercedes na Indy. Hogan recebeu uma recomendação de Stewart e deu um teste para Franchitti no começo de 1997, o contratando logo em seguida. Rapidamente Franchitti se readaptou aos monopostos e todos na Indy perceberam que o escocês era uma joia a ser lapidada. Mesmo perdendo o título de novato do ano para Patrick Carpentier, Franchitti chamou a atenção das equipes grandes e ainda no meio de 1997 ele foi contratado pela equipe Green. Hogan ficou uma fera com a negociação debaixo do seu nariz e demitiu Dario antes do fim da temporada, mas Franchitti nem ligou muito. Ele iria para uma equipe mais estruturada em 1998, que usava o pacote vencedor Reynard/Honda/Firestone, que dera os últimos dois títulos para a equipe Ganassi. Franchitti teria ao seu lado o explosivo Paul Tracy e os bons resultados não demoraram a aparecer, subindo ao pódio em Long Beach e conquistando a primeira pole na Indy, na corrida Rio400. As primeiras vitórias só viriam no final do campeonato: Laguna Seca, Vancouver e Houston. Nessa última, Franchitti e Tracy brigavam pela vitória debaixo de muita chuva e o canadense acabou no muro. Ao chegar nos pits, Tracy e Barry Green quase saíram no tapa. Terminando em terceiro no campeonato, Franchitti foi ainda mais confiante para a sua segunda temporada na Green, mas ele não sabia que uma ameaça vinha do seu continente natal. Juan Pablo Montoya tinha sido campeão da F3000 e iria para a Indy como contrapeso da negociação que levou o bicampeão Alex Zanardi de volta para a F1. O fogoso colombiano não demorou a mostrar serviço, com seu estilo agressivo de pilotar, empilhando vitórias e... abandonos. Já Franchitti tinha uma pilotagem mais sóbria, mas bem mais eficiente. Quando venceu em Toronto e Detroit, Dario se tornou o maior adversário de Montoya, que impressionava a todos, mas quando Franchitti venceu pela terceira vez na temporada 1999, em Surfer's Paradise, era o escocês quem liderava o campeonato com nove pontos de vantagem em cima de Montoya, que tinha vencido incríveis sete vezes, quando a Indy foi para a sua corrida derradeira, em Fontana. 

Com seus 26 anos de idade, Dario Franchitti formou uma irmandade com pilotos com idades parecidas. Dario, Tony Kanaan, Max Papis e Greg Moore andavam constantemente juntos no circo da Indy. Já com contrato assinado com a Penske, Moore sofreu um acidente numa scooter, mas no sacrifício partiu para a corrida em Fontana. Ainda no início da prova, Greg Moore perdeu o controle do seu carro e se espatifou no muro interno do oval californiano, num dos acidentes mais brutais da história do automobilismo. Moore morreu poucos minutos depois. A corrida continuou normalmente. Com um carro longe do acerto ideal, Franchitti foi apenas décimo. Com um quarto lugar, Montoya empatou em pontos com Franchitti, mas faturou o título por ter mais vitórias. Informado da morte de Moore depois da corrida, Dario chorou bastante. Moore teria uma influência definitiva na vida de Dario, pois foi o canadense quem apresentou à Franchitti a jovem atriz Ashley Judd, com quem Dario Franchitti se casaria mais tarde e os dois se tornariam um dos casais mais conhecidos dos Estados Unidos.



Apesar do sucesso na Indy, Dario Franchitti ainda via a F1 como uma opção desejada. Dario chegou a ser convidado por Jackie Stewart a correr em sua equipe em 1999, mas recusou a proposta por achar que poderia ganhar experiência na Indy, brigando por vitórias. Porém, Jackie não havia esquecido seu pupilo. Tendo vendido sua equipe à Ford no final de 1999, renomeando a equipe para Jaguar, Stewart agendou um teste para Franchitti no ano 2000. Porém, tudo sairia bastante errado para o escocês. Ainda nos testes de pré-temporada da Indy no começo do ano, Franchitti sofreu um sério acidente em Homestead, onde teve fraturas por todo o corpo e uma séria concussão cerebral. Isso afetou o nível de atenção de Dario, que fez uma temporada muito abaixo do esperado. O escocês esteve longe da briga pelo título e não venceu nenhuma corrida na temporada. Seu teste com a Jaguar em julho de 2000 foi fracasso e as chances de Franchitti na F1 praticamente acabaram ali. Mesmo assim, a Green renovou o contrato de Dario, que voltou a vencer em 2001 (Cleveland), mas novamente esteve longe de lutar pelo título. Os resultados melhoraram em 2002, mas havia um porém. Com a saída da Penske da CART no final de 2001, o campeonato ficou esvaziado, deixando o grid com magros dezoito carros na maioria das provas. Franchitti venceu três vezes, mas a sua equipe já estava com a cabeça na IRL, tanto que Dario pôde estrear nas 500 Milhas de Indianápolis daquele ano, num ensaio da equipe Green para mudar de certame. Seguindo a Penske, Ganassi e Green foram para a IRL. Apenas a teimosa Newman-Hass permaneceu nos restos do que fora a grande CART e o time chegou a tentar contratar Franchitti, que resolveu seguir a equipe e ir para a IRL, que ainda mantinha algumas tradições do motivo que fora criada e só corria em oval na ocasião. Outra mudança era a entrada de Michael Andretti como um dos sócios da equipe, que passaria a se chamar Andretti-Green, sem contar que Dario receberia seu grande amigo Tony Kanaan na equipe. Contudo, o primeiro ano de Franchitti na nova categoria foi longe de ser um mar de rosas. Um acidente fora das pistas fez com que Dario passasse a maior parte do ano de fora, só participando de três corridas em 2003, sendo substituído por Bryan Herta e o jovem inglês Dan Wheldon. Mesmo com esse problema, Franchitti voltaria à equipe Andretti-Green em 2004 e a temporada se mostraria arrebatadora para o time. Enquanto Penske e Ganassi corriam com motores Toyota, a Andretti-Green usava motores Honda e tendo apoio da montadora, a equipe de Michael Andretti dominou a temporada. Com uma equipe entrosada e muita camaradagem entre os pilotos, Tony Kanaan conquistou o campeonato, enquanto Franchitti conquistava sua primeira pole na IRL (Texas) e vitória (Milwakee), terminando campeonato em sexto.


A Andretti-Green continuou dominando em 2005 e Franchitti se aproveitou para garantir mais uma vitória, ganhando duas posições no campeonato. Naquele ano a Toyota saiu da Indy e com todas as equipes usando motores Honda em 2006, a diferença para a Andretti-Green e as demais grandes (Penske e Ganassi) desapareceu e após duas temporadas de sonho, a equipe AGR viu a concorrência aumentar. Franchitti permanecia na equipe, mesmo com resultados medianos. O escocês pensou até mesmo em sair da Indy e mudar de carreira dentro do automobilismo. Dario completava dez anos nos Estados Unidos e a grande realidade era que após o acidente no início de 2000, Franchitti nunca mais tinha brigado pelo título. Franchitti resolve ficar mais um ano na Andretti-Green, que nunca lhe deveu apoio, além de ter sempre ao seu lado seu grande amigo Tony Kanaan. O início de 2007 não prometia algo muito melhor para Franchitti, com resultados entre os dez primeiros, mas sem grandes sobressaltos. Então veio as 500 Milhas de Indianápolis. A chuva estava à espreita daquela edição das 500 Milhas, mas a corrida começou no horário, com uma disputa intensa pela ponta entre Tony Kanaan, Marco Andretti e Scott Dixon. Com pouco mais da metade da corrida, uma chuva forte caiu sobre Indianápolis e tudo levava a crer que Tony Kanaan finalmente venceria as 500 Milhas, mas após três horas de espera, a pista foi seca e foi dada a relargada, com Tony sofrendo um acidente, adiando seu triunfo em Indiana. Quando Tony bateu, quem assumiu a liderança foi Dario Franchitti e quando houve forte acidente entre Marco Andretti e Dan Wheldon, outra chuva forte apareceu em Indianápolis, dessa vez para encerrar a corrida e consagrar Franchitti. Vencer em Indianápolis é uma bomba de confiança em qualquer um e Dario embalou no campeonato, vencendo mais duas vezes, se isolando na liderança do campeonato. Na penúltima corrida da temporada em Sonoma Franchitti tinha chances matemáticas de conquistar o título, mas um rumoroso toque com Marco Andretti quase pôs tudo a perder. Na última corrida em Chicago, a disputa entre Franchitti e Scott Dixon foi franca, acabando por ser vencida pelo escocês nas voltas finais, quando Dixon ficou sem combustível e Dario venceu pela quarta e decisiva vez.


A polêmica do toque com Marco em Sonoma tinha muito pelo o que acontecia nos bastidores. Após anos apostando em Dario, Michael Andretti esperava que, campeão da Indy e vencedor das 500 Milhas, a renovação com Franchitti seria natural, mas o escocês simplesmente aceitou uma proposta da Ganassi, deixando o clã Andretti irritadíssimo. Porém, o destino de Franchitti seria um pouquinho diferente. Querendo diversificar suas experiências nas corridas, Dario aceitou uma proposta bem arriscada. Na primeira década desse século, a Nascar vivia seu melhor momento na história, com uma popularidade nunca vista, a ponto da família Francis olhar para fora dos Estados Unidos. A categoria já contava com o colombiano Juan Pablo Montoya, animando os latinos, e a partir de 2008 contaria com o então vencedor das 500 Milhas de Indianápolis e europeu Dario Franchitti, chamando ainda mais atenção de todos dentro e fora dos Estados Unidos. Ainda em 2007 Franchitti fez suas primeiras corridas na ARCA e na Nationwide Series, com resultados decentes, mas quando estreou na então Sprint Cup, Franchitti percebeu que o buraco era mais embaixo e nem sua experiência em carros de turismo e ovais lhe ajudariam. Para piorar, Dario sofreu um sério acidente em Talladega, que lhe resultou numa fratura no tornozelo e lhe tirou do resto da temporada. Estava na cara que a passagem de Dario Franchitti pela Nascar não tinha dado certo, mas ainda com um contrato com a Ganassi, o escocês resolveu retornar para a Indy em 2009. Para começar uma rara era de dominação. Em sua terceira corrida de seu retorno, Franchitti venceria em Long Beach, entrando na briga pelo título com seu companheiro de equipe, Scott Dixon, e o australiano Ryan Briscoe, da Penske. Na última corrida em Homestead, Franchitti arrisca uma estratégia de economia de combustível que lhe daria a vitória e o título, quando já via Briscoe, muito mais rápido, encostando nele. Para 2010, Dario conquistaria sua segunda Indy500 numa prova dominante, onde liderou 155 voltas, deixando para trás o favorito e pole, Helio Castroneves. Porém, o maior rival de Franchitti no campeonato foi outro piloto da Penske. Will Power fazia sua primeira temporada completa na Penske e mostrava uma velocidade estonteante nos circuitos mistos, conseguindo cinco vitórias nesse tipo de pista, mas o australiano, vindo do automobilismo europeu, sofria nos circuitos ovais, algo que Franchitti já dominava faz algum tempo. Com as últimas quatro provas em pistas ovais, Franchitti conseguiu uma virada épica sobre Power, conquistando seu terceiro título, o segundo consecutivo.


Franchitti partiu para a defesa do seu título em 2011 sabendo que teria que administrar muito bem os pontos nos ovais, pois naquela época Power se mostrava quase imbatível em circuitos mistos. Logo na primeira etapa do ano, Franchitti venceu em St Petersburg, mostrando que poderia bater Power em seu próprio terreno. Porém, a primeira vitória de Power num oval, no Texas, provaria que aquele campeonato seria ainda mais difícil que o anterior. Naquela época, a Indy se autointitulava como a 'categoria mais rápida e emocionante do mundo'. Não faltavam chegadas apertadas, mas por trás de toda essa emoção, a Indy escondia um grande perigo. Em circuitos ovais, a Indy fazia com que os carros andassem muito próximos a grandes velocidades. Não faltavam cenas de carros andando a milímetros uns dos outros a mais 350 km/h. Alguns acidentes já aconteciam, mas nenhum com grande gravidade. O desastre apenas espreitava. Porém, para a última corrida do ano, no oval de uma milha e meia em Las Vegas, a Indy resolve fazer uma grande promoção da prova, fazendo convites a vários pilotos de outras categorias. Até mesmo da F1 e da MotoGP. Apenas um piloto aceitou o desafio de correr em Las Vegas. Dan Wheldon já não fazia a temporada inteira da Indy, mas naquele ano venceu as 500 Milhas de Indianápolis na base da sorte, lhe garantindo um lugar na Andretti em 2012. Como ninguém aceitara os convites da Indy, Wheldon entrou na brincadeira. Ele largou em último e se vencesse a corrida, ele e um torcedor sorteado ganhariam um prêmio milionário. Em meio a tudo isso, novamente Franchitti e Power brigavam pelo título, com Dario tendo uma vantagem de dezoito pontos. Um total de 34 carros largariam num circuito curto e as médias de velocidade chegavam a 355 km/h. Era a tempestade perfeita. Ainda no começo da corrida, um acidente impressionante envolveu vários carros, incluindo de Wheldon, que estava no meio do pelotão. O inglês se chocou contra a cerca de proteção e morreu na hora. Após uma longa espera, a morte de Wheldon foi anunciada e a corrida foi cancelada. Aos prantos, Dario Franchitti recebia a notícia que era tetracampeão da Indy, mas como ocorrera doze anos antes, não havia festa.


A Indy foi imensamente criticada por promover uma corrida com tantos pilotos (alguns sem condições) numa pista tão curta e rápida. O novo carro da Dallara estrearia em 2012 e com o acidente que matou Wheldon, novas medidas de segurança chegaram, como as rodas traseiras cobertas. Ironicamente, Franchitti teria muitas dificuldades com o novo carro que levava o nome do seu amigo Wheldon. Porém, a única vitória de Dario Franchitti ocorreria na corrida mais importante. A Honda estava muito forte o mês inteiro em Indianápolis e a Ganassi aproveitou para liderar boa parte da corrida com Franchitti. Porém, Takuma Sato vinha muito forte com um motor Honda vindo diretamente do Japão. Na abertura da última volta, Sato tentou uma manobra para lá de otimista em cima de Franchitti e acabou no muro. Usando sua experiência, Dario se livrou do atrapalhado japonês para vencer pela terceira vez as 500 Milhas de Indianápolis, entrando de vez na lista das lendas da Indy. Porém, o resto do ano não foi positivo para Dario, com quatro poles que não resultaram em nenhuma vitória e apenas o sétimo lugar no campeonato. A Indy começava a se recuperar após tantos anos de turbulência. Não havia mais duas Indys e o grid ia se fortalecendo com novos pilotos, sendo que alguns faziam como Franchitti, saindo da Europa para tentar a sorte nos Estados Unidos. Os resultados de Franchitti caíam a olhos vistos, quando a Indy foi para Houston, já no final da temporada 2013. Na volta final, Dario Franchitti se envolveu num sério acidente com Sato e Ernesto Viso, onde o carro do escocês bateu na cerca de proteção, machucando alguns expectadores e um comissário. Com um tornozelo quebrados, duas vértebras quebradas e uma séria concussão cerebral, Franchitti foi levado ao hospital para uma série de cirurgias. Após tantas pancadas ao longo da carreira, os médicos falaram à Dario Franchitti que um novo acidente poderia lhe deixar paralisado, sem contar que a pancada na cabeça, juntando às outras que já teve, o deixou com um déficit de atenção. Já contando com 40 anos de idade, Dario Franchitti resolveu abandonar as corridas com um cartel impressionante. Foram 151 largadas, 21 vitórias, 59 pódios, 23 poles, quatro títulos (2007, 2009, 2010 e 2011) e três vitórias em Indianápolis (2007, 2010 e 2012).


Imediatamente após sua aposentadoria, Franchitti se tornou consultor da Ganassi e lembrando do seu difícil início de carreira, resolveu ajudar seu irmão mais novo, Marino Franchitti, e seu primo, Paul di Resta no rumo do automobilismo profissional. Paul fez uma trilha bem parecida de Dario, indo para o DTM, mas ao contrário do primo, Di Resta conseguiu ir para a F1 e fez carreira decente, antes de se tornar comentarista. Nos seus tempos de Ganassi, Franchitti também participou das 24 Horas de Daytona, vencendo a prova em 2008, aumentando ainda mais sua cota como lenda do automobilismo americano, ao lado do seu compatriota Jim Clark. Por sinal, o apelido de Escocês Voador que Dario ganhou foi por causa de dois acidente idênticos, onde Franchitti saiu literalmente voando. Franchitti também se tornou comentarista de automobilismo, participou de filmes, mesmo se separando de Judd no momento em que se aposentava. Em 2014, Dario se tornou Membro da Ordem do Império Britânico e entrou em vários Hall da Fama. Dario Franchitti tinha sua carreira endereçada para a F1, mas mesmo não conseguindo seu objetivo, Dario se tornou uma lenda no automobilismo americano, ganhando tudo o que era possível na Indy para se tornar um dos gigantes da categoria.

Parabéns!

Dario Franchitti

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