Sem a Red Bull, a McLaren assumiu a tocha de segunda força do campeonato e o time comandado por Zak Brown cumpriu o que dela se esperava nessa situação, ficando em terceiro e quarto, com Norris conseguindo o primeiro pódio da McLaren em 2024. Lando forçou bastante em cima de Leclerc, mas não houve uma verdadeira briga por posições. Norris retornou ao pódio, enquanto o local Piastri fez uma corrida bem sem graça, tendo ainda que ceder sua posição para Norris via ordem de equipe, acabando Piastri em quarto a praticamente 30s atrás do companheiro de equipe. A Mercedes saiu de Melbourne zerada, mas por motivos distintos. No pior início de temporada em sua já longa carreira, Lewis Hamilton abandonou com o motor quebrado ainda no primeiro terço de corrida, com o inglês mal conseguindo pontuar no momento, depois de ficar no Q2 na classificação. Já Russell fazia uma corrida decente, bem superior à de Hamilton e se aproximava de Alonso na briga pela sexta posição. Na última volta Alonso fez o chamado brake test e Russell acabou estampando o muro com força, ficando com o carro quase capotado no meio da pista. implorando por uma bandeira vermelha. Depois da corrida, a FIA impôs uma forte punição à Alonso, que caiu para oitavo após tomar 20s, beneficiando seu companheiro de equipe Stroll e Tsunoda. E falando no nipônico, Daniel Ricciardo fez outra corrida para esquecer, nem vislumbrando a pontuação, enquanto Tsunoda tirou a Racing Bulls do zero em 2024. Nem a amizade com o encrencado Horner, que tem mais com o que se preocupar, parece ajudar Ricciardo, que já viu a transmissão da TV mostrar Liam Lawson nos boxes. Basta ligar os pontos...
domingo, 24 de março de 2024
Pegou fogo
Quando Max Verstappen apontou a primeira curva na frente, parecia que Melbourne veria outro recital do neerlandês, algo que nos acostumamos a ver nos últimos dois anos nas pistas de F1. No entanto, a magia do esporte a motor é que mesmo num carro que parece indestrutível, algo pode acontecer e o inesperado surgir. O superaquecimento do freio traseiro direito do Red Bull RB20 fez com que Max abandonasse ainda no comecinho da corrida e dezesseis dias depois de ser submetido a uma cirurgia de emergência, Carlos Sainz venceu sua terceira corrida na carreira, dando uma boa resposta à Ferrari, que dispensou o espanhol sem maiores cerimônias, mas foi Sainz quem deu as últimas duas vitórias para a scuderia na F1.
Mesmo tendo feito a pole, Max Verstappen reclamava do seu carro e havia a expectativa se a Ferrari poderia impor alguma resistência ao espetacular ritmo de corrida da Red Bull. Numa largada sem problemas, Max logo impôs oito décimos em cima de Sainz e parecia que Verstappen daria mais uma volta (literalmente!) no parque. No entanto, de forma surpreendente, Max deu uma ligeira escapada na curva 3 e permitiu à Sainz uma ultrapassagem na longa reta oposta. Cena rara, mas que o ritmo avassalador de corrida da Red Bull resolveria isso rapidamente. Enquanto isso, pelo rádio, Verstappen reclamava do comportamento do seu carro. A resposta para isso não tardaria a aparecer. Uma fumaça branca surgiu na traseira da Red Bull e o que inicialmente poderia ser o motor Red Bull/Honda indo para o espaço, nada mais era que o freio traseiro direito. Quando a fumaça se transformou num incêndio de proporções consideráveis, Max tirou o pé e encostou seu carro nos pits com as chamas já tendo provocado a explosão do pneu do seu Red Bull. Game Over para Max. E o sonho de um campeonato 100% tinha ido embora. Restava ver quem se aproveitaria do infortúnio do neerlandês. Carlos Sainz não participou da corrida passada na Arábia Saudita após ser operado de forma urgente por causa de uma apendicite. Numa recuperação rapidíssima, o espanhol estava pronto para correr na Austrália, mesmo que não 100%, como confidenciou o próprio Sainz antes dos treinos livres. Oliver Bearman estava até de sobreaviso, mas Sainz mostrou em todos os treinos que estava não apenas pronto para correr, como estava num final de semana mágico. Mesmo Leclerc tendo liderado dois treinos livres, Sainz liderou o Q1 e o Q2, sendo superado apenas por um mágico Verstappen no Q3. Carlos largou bem, ultrapassou Verstappen quando este errou e fez uma corrida de almanaque rumo à terceira vitória da carreira, talvez em sua melhor corrida na F1.
Cumprindo aviso prévio, Sainz simplesmente não deu chances à Leclerc, que completou a dobradinha da Ferrari, a primeira em dois anos. Sainz dominou a corrida como quis, não sendo ameaçado em qualquer momento e até deixando a Ferrari numa situação difícil em determinar qualquer ordem de equipe à favor de Leclerc, que teve um final de semana bem opaco, sendo totalmente eclipsado pelo companheiro de equipe que está de saída do time. Afora o VSC causado por Hamilton, onde Leclerc chegou a ficar 1s atrás de Sainz, o monegasco mais se preocupou em deixar as duas McLarens a uma boa distância do que efetivamente atacar Sainz. Leclerc fez a volta mais rápida da corrida para ficar isoladamente na vice-liderança do campeonato, superando a outra grande decepção do dia. Com os problemas de Max ainda no início da prova, é esperado que o segundo piloto da equipe dominadora da temporada capitalize os problemas do líder do campeonato e da equipe. Contudo, Pérez já havia tomado uma punição de três posições no grid por uma fechada em Hulkenberg na classificação, relegando o mexicano à sexta posição, que virou sétimo após a ótima largada de Russell. Pérez ficou várias voltas atrás do inglês, mas só se livrou de George na primeira rodada de paradas. Com pista livre, parecia que Checo iria partir para o pódio, com um ritmo bem forte, mas Pérez acabou perdendo rendimento no último terço de corrida, sendo até mesmo perseguido por Alonso antes de sua segunda parada. A quinta posição a quase um minuto do vencedor deporá bastante contra Pérez, que parecia caminhar para uma renovação tranquila com a Red Bull, mas em seu primeiro grande teste como segundo piloto da equipe, falhou fragorosamente.
Após uma pré-temporada preocupante, a Haas vai sendo uma boa surpresa nesse início de campeonato, fazendo um bom papel dentro do pelotão intermediário e com o acidente de Russell, Hulkenberg e Magnussen marcaram pontos para a equipe, deixando a Haas numa boa situação no Mundial de Construtores. Um dia depois de sacar Sargeant pelo acidente... de Albon, a Williams viu o tailandês ficar perto dos pontos, passando a corrida inteira brigando com a dupla da Haas. A Alpine segue passando vergonha a ponto de Ocon ter comemorado, pelas palavras dele, uma pequena vitória por ter ido ao Q2, enquanto a Sauber tem sérios problemas com seus pit-stops.
Numa temporada que deve ter a Red Bull dominando, ver um pódio sem nenhum piloto da equipe austríaca chama a atenção de todos, mas Melbourne deixou algumas dúvidas. Se Max não tivesse abandonado tão cedo, será que a Red Bull se imporia frente à Ferrari? A boa corrida da Ferrari na Austrália foi mais um ponto fora da curva, pelas características únicas de Albert Park, ou os italianos estão realmente evoluindo? A Ferrari tomou a decisão certa para 2025, olhando os desempenhos de Sainz e Hamilton no momento? O certo foi que o freio traseiro de Verstappen ter pegado fogo deixou a corrida australiana bem mais animada do que o esperado, além de ter levantado e derrubado o moral de muitos pilotos. Que outras corridas sejam atingidas pelo imponderável!
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