quarta-feira, 6 de março de 2024

Todos contra a Ducati

 


Quem acompanha o Mundial de Motovelocidade nos últimos quarenta anos, as motos japonesas sempre dominaram a categoria principal e estar numa Honda ou Yamaha era sinal de ter uma moto competitiva, ainda mais se o piloto estivesse na desejada equipe de fábrica. Porém, os tempos mudam e numa mentalidade mais agressiva, as montadoras europeias deixaram os nipônicos para trás a ponto de Yamaha e Honda terem ficado em penúltimo e último no Mundial de Construtores do ano passado. Um sinal ainda mais claro foi Marc Márquez sair da equipe oficial da Honda para correr na equipe satélite da Ducati.

Vendo como as montadoras japonesas estão para trás, a Dorna (que estaria prestes a ser comprada pela Liberty Media) modificou suas regras de concessões numa tentativa de resgatar Honda e Yamaha, mas até o momento isso ainda não aconteceu. Grande prejudicada por essas concessões, ficando bem limitada no desenvolvimento ao longo do ano, a Ducati pareceu ter construído uma moto ainda melhor para 2024 e dominou a pré-temporada. O atual bicampeão e de contrato renovado Pecco Bagnaia foi o mais rápido e viu seu companheiro de equipe Bastianini andar tão forte quanto, na tentativa do italiano apagar a péssima temporada que fez como piloto oficial de fábrica ano passado. Bagnaia e Bastianini adoraram a nova moto, que parece ser bem superior a de 2023, que se ajustou muito bem à Jorge Martin, mas o espanhol já reclama da moto 2024. A Pramac venceu o título de equipes, mas perdeu Zarco e trouxe para o seu lugar Franco Morbidelli, que desde o vice-campeonato de 2020 perdeu o encanto e ainda sofreu um forte acidente num teste particular e testou muito pouco com a moto nova.

A equipe de Rossi manteve Marco Bezzecchi, que foi terceiro colocado, mas que tem o mesmo feeling de Martin quanto a nova moto, e trouxe Fabio di Giannantonio, que fez um final de temporada muito bom para se manter na MotoGP em 2024. Porém, a equipe satélite mais visada da Ducati será a Gresini, que terá os irmãos Márquez, mas todos os olhos estarão em Marc, que desistiu da Honda em busca de competitividade com a Ducati. Uma das principais atrações da pré-temporada, Marc mostrou velocidade em alguns momentos, mas a realidade é que o espanhol ainda se adapta à nova moto, depois de onze anos de Honda, contudo, Marc Márquez será uma atração e tanto para 2024.

KTM e Aprilia surgem como grandes rivais para a o esquadrão da Ducati. A equipe oficial austríaca manteve seus pilotos, mesmo com Jack Miller tendo feito uma temporada miserável. Pedro Acosta será o único estreante do ano, mas um dos mais esperados dos últimos tempos. Dito e havido como um talento do nível de Márquez, Acosta venceu dois títulos em três anos no Mundial e chega à MotoGP com status de 'novo gênio', mostrando bastante velocidade na pré-temporada, ainda que pouca consistência. A Aprilia construiu uma nova moto bem aerodinâmica, mas a impressão que fica que falta piloto, na insistência na insossa dupla Aleix Espargaró e Maverick Viñales. A RNF faliu no final do ano passado e no seu lugar entrou a Trackhouse, equipe da Nascar e que comprou todo o espólio da RNF, incluindo mecânicos, engenheiros e os dois pilotos.

E as japonesas? Fabio Quartararo parece a ponto de perder a paciência com a falta de desempenho da Yamaha. Mesmo o time comandado por Lin Jarvis tendo contratado vários engenheiros da Ducati, os resultados poderão demorar a vir e Quartararo poderá se espelhar na ideia de Márquez. Rins será o novo companheiro de equipe de Fabio e tentará ficar longe dos contusões. Por ironia do destino, a Honda trouxe para o lugar de Márquez o irmão do inimigo do espanhol (Valentino Rossi), Luca Marini. O italiano foi sólido na equipe do irmão, mas a impressão que passa é que Marini foi escolhido mais por falta de opção no mercado do que outra coisa, mas Luca liderará a equipe, pois o campeão de 2020 Joan Mir parece não ter mais a confiança da cúpula da Honda. Talvez nem dele mesmo. A Honda terá a experiência de Zarco na LCR para desenvolver a moto.

A MotoGP começa nesse final de semana esperando que todo o domínio da Ducati seja aliviado pelas concessões dadas às demais montadoras, porém a montadora italiana ainda parece ser a mais forte no momento.  

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