quarta-feira, 6 de março de 2024

Quem segura Palou?

 


A Indy teve um ano de 2023 um pouco diferente do usual. As corridas continuaram boas e disputadas, mas pela primeira vez em quase vinte anos o campeão da Indy foi conhecido por antecipação. Alex Palou venceu cinco vezes ano passado para conquistar o bicampeonato na penúltima etapa do campeonato, em Portland, se consolidando com o piloto mais forte da Indy no momento, mesmo que falte um pouco ao espanhol uma melhor administração da carreira, resultando em brigas judiciais que se acumularam ao longo dos últimos dois anos pelas decisões de Palou. 

Para 2024 a Indy terá como novidade os novos motores híbridos, desenvolvidos por GM e Honda nos últimos meses, mas que só aparecerá após as 500 Milhas de Indianápolis. Pelo feeling dos pilotos, o novo motor se mostrou bem diferente do anterior e que poderá mudar a forma de administrar a corrida, lembrando que as táticas fazem bastante diferença nas provas da Indy. Falando em motor, a Honda deu uma declaração preocupante quando falou que pode abandonar o projeto da Indy após trinta anos na categoria. Por incrível que pareça, o fato de ter muitos carros e até mesmo mais interessados a entrar na Indy fez com que o projeto de motorização da Honda muito caro, pois são equipes demais a suprir. A falta de uma terceira montadora faz falta não apenas à Honda, mas aos fãs e a Indy precisa se mexer para se tornar interessante para outras montadoras. Isso sem contar que tem basicamente o mesmo carro da Dallara desde 2012.

A Chip Ganassi dominou a Indy ano passado com Palou vencendo cinco vezes e o inevitável Scott Dixon conquistando o vice com três vitórias nas últimas quatro provas da temporada passada. Antes sempre carregada pelo brilhante Dixon, a Ganassi vê em Palou uma chance de se manter fortíssima no futuro, lembrando que Dixon completará 44 anos nesse ano e não precisa ser um matemático para perceber que o neozelandês não durará muitos mais anos na Indy. O time viu a partida do regular Marcus Ericsson e para o seu lugar promoveu Marcus Ericsson como piloto em toda a temporada, além da ascensão dos jovens Kyffin Simpson e Linus Lundqvist, totalizando cinco carros da Ganassi. Para enfrentar todo essa poderio, a Penske manteve seu trio do ano passado, com o atual campeão da Indy500 Josef Newgarden tentando ser mais regular em circuitos mistos, Will Power esperando voltar aos bons tempos que lhe garantiram o título em 2022, além de Scott McLaughlin comprovar toda a sua evolução desde que saiu do turismo australiano.

Vendo sua entrada à F1 recusada, talvez a Andretti foque um pouco mais na Indy, após um ano abaixo do esperado em 2023. Colton Herta segue considerado um piloto super talentoso, mas a verdade é que o jovem americano ainda não explodiu. O jovem Kyle Kirkwood conseguiu as únicas vitórias da Andretti em 2023, mas o americano não mostrou a consistência necessária para se manter na ponta em toda a temporada, enquanto Ericsson chegou para substituir Grosjean, após uma passagem acidentada (literalmente) na Andretti. A McLaren tenta evoluir e transformar o trio de ferro da Indy numa quarteto. Pato O'Ward vive um drama parecido com Herta, onde é claro que o mexicano tem muito talento, mas Pato ainda não deslanchou. O time terá o experiente Alexander Rossi tentando voltar aos tempos em que brigava com Newgarden como o melhor americano da Indy, enquanto David Malukas tentará superar uma queda de bicicleta e só estreará mais tarde, sendo substituído por Calum Illot. A McLaren promoverá Kyle Larson na Indy500, onde o americano fará o famoso 'Double Duty'.

As demais equipes tentarão se meter entre as grandes para brigar por vitórias, algo possível na Indy. A Rahal manteve o ótimo Christian Lundgaard na equipe, mesmo o dinamarquês tendo vencido uma corrida ano passado e ter feito um ótimo trabalho, chamando atenção das grandes. Graham continuará na equipe do pai, que promoverá Pietro Fittipaldi na equipe Rahal, se tornando o único brasileiro full-time na Indy, após vários anos testando na Haas (algo que continuará fazendo) e participando de corridas eventuais em outras categorias. Uma boa chance para Pietro, que já correu na Indy e estará numa equipe estruturada. A Carpenter focará em Rinus Veekay, enquanto o dono da equipe Ed Carpenter correrá apenas em ovais, a Juncos recebeu Grosjean, que substituirá Illot, que surpreendentemente saiu da equipe, enquanto a Dale Coyne só anunciou seus pilotos na semana da estreia da Indy. A Meyer Shank mudou seus dois veteranos pilotos, com Pagenaud ainda se recuperando de sua espetacular capotagem em Mid-Ohio e Helio Castroneves pavimentando sua aposentadoria ao comprar parte da equipe e correr apenas em Indianápolis, lugar onde sempre andou bem.

A Indy iniciará mais temporada com algumas novidades, mas talvez não o suficiente para dar um salto que a categoria merece. Há um certo marasmo na Indy, mas isso não significa corridas chatas ou falta de disputa. Muito pelo contrário! Com uma categoria de alto nível e praticamente monomarca (só se muda os motores e temos só dois), especular um favorito ao campeonato da Indy chega a ser arriscado, mas pelo o que mostrou no ano passado e nos testes, é praticamente impossível não apontar para Palou. Mesmo que meio destrambelhado fora das pistas, Alex Palou faz muita diferença dentro delas.  

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