Tudo começou com uma denúncia de uma funcionária da Red Bull contra Christian Horner, onde segundo ela, teria sido assediada pelo chefe de equipe do time austríaco. Em tempos de inclusão, corretamente o caso foi investigado à fundo, mas de forma surpreendente Horner foi inocentado. Dias depois vazou as conversas entre Horner e a funcionária, inclusive com nudes inclusos, além de uma proposta financeira para a mulher se calar. Coincidência ou não, o primeiros veículo que divulgou o caso era dos Países Baixos, local de origem do clã Verstappen, cujo pai Jos era o mais vocal em dizer que os bastidores da Red Bull fervilhavam. Horner não se dava com Helmut Marko, causando até mesmo um racha entre os sócios austríacos e tailandeses. No fundo, Jos havia recebido uma proposta tentadora da Mercedes, desesperada com a saída inesperada de Lewis Hamilton para a Ferrari. Verstappen pai queria que o filho fosse para a Mercedes o mais rápido possível, enquanto Horner não estava focado em negociar com os neerlandeses. Pior, a vocalidade de Jos causou um atrito entre o pai da estrela e o chefe de equipe. Toda essa confusão fez com que o veterano James Wheatley anunciasse a saída da equipe, mas a principal perda foi mesmo de Adrian Newey. Um dos maiores projetistas da história da F1 e com quase vinte anos de Red Bull se cansou da confusão reinante na equipe e anunciou sua saída. Para onde vai Newey? Ferrari? Mercedes? Newey acabou indo para a Aston Martin.
Essa confusão nos bastidores certamente respingou dentro das pistas. Após a vitória em Barcelona, Max Verstappen demoraria onze corridas para vencer novamente. Sendo que as vitórias em Ímola e Barcelona claramente foram conseguidas mais no talento absurdo do neerlandês do que pelo carro. Com a cúpula da equipe mais preocupada em apagar os incêndios internos e Newey saindo do time, o RB20 não foi desenvolvido normalmente e Verstappen se reinventou. Ao invés de ser a caçador, como fora em 2021, ele seria a caça. E Max não se comportou como deveria, se tornando agressivo demais em várias situações, recebendo inúmeras punições. Enquanto isso, a McLaren ia crescendo. No início de 2023 o time papaia era a última colocada no Mundial de Construtores, mas foi se recuperando e terminou o ano em alta. Para 2024, o time sofreria o abalo com a morte do inesquecível Gil de Ferran, uma das peças chaves para a evolução do time. Pela honra do brasileiro, a McLaren fez o que Gil faria: continuou trabalhando. Após um início de ano titubeante, a McLaren conseguiu sua primeira vitória em 2024 em Miami, significando também a primeira vitória de Lando Norris. O simpático inglês parecia acima da lua quando venceu e esse foi o grande problema de Lando e da própria McLaren. A vitória em Miami parecia ocasional e os envolvidos demoraram a perceber que os problemas internos da Red Bull vieram para ficar e a McLaren seria a grande rival da Red Bull, com Norris como principal piloto. Mesmo tradicional, a McLaren não tinha experiência em brigar pelo título e isso se mostrou decisivo. O time de Zak Brown errou em várias decisões, principalmente na administração dos seus pilotos, pois Oscar Piastri foi um dos destaques do ano, amadurecendo cada vez mais, venceu duas corridas. As duas, derrotando Norris na pista, incluindo uma troca de posição na Hungria e o surgimento do 'Papaya Rules' em Monza, o que significou menos pontos para Norris e uma derrota amarga para a McLaren.
Quando Verstappen se deu conta que seu principal rival seria Norris, o neerlandês começou a focar em Lando e jogar duro com o inglês, que por sua vez, se mostrou um piloto sem maiores respostas para os ataques de Max, incluindo uma derrota decisiva no México, quando Verstappen fechou de forma agressiva Lando Norris, foi devidamente punido, mas com receio de ser jogado para fora, Norris ficou um stint inteiro atrás de Max sem atacar, esperando a punição, mas perdendo tempo para atacar as Ferraris. A falta de desenvolvimento necessário da Red Bull acabou se refletindo mais em Sergio Pérez, que de um início de ano promissor, que lhe rendeu uma renovação de contrato, acabou se transformando num pesadelo para o piloto mexicano, que passou a ter vexames em praticamente todas as corridas, a ponto da Red Bull despencar para o terceiro lugar no Mundial de Construtores. Pérez foi o único piloto das quatro equipes top a não vencer e terminou num longínquo oitavo lugar no campeonato, tornando a posição de Checo insustentável dentro da Red Bull e da própria F1. Mesmo com todos os erros, a McLaren venceu o Mundial de Construtores em 2024, o primeiro no século 21, após 26 anos. A McLaren começará 2025 com a moral de ser atual campeã, mas terá que administrar melhor seus pilotos e Lando Norris terá que deixar de lado seu lado de 'nice guy' se quiser brigar pelo título de verdade.
Se perdeu o Mundial de Construtores, pelo menos a Red Bull viu Max Verstappen vencer o Mundial de Pilotos, com destaque para a incrível vitória em Interlagos, onde estive presente. O neerlandês teve azar na classificação com chuva e somado a uma punição, largou apenas em 17º. Com a pista molhada, Max efetuou uma das grandes exibições individuais da história e conseguiu uma vitória decisiva, dando um golpe definitivo em Lando Norris, que largou na pole, mas naufragou na corrida. O título foi confirmado na prova seguinte em Las Vegas. Na última corrida, a Ferrari ainda tinha chances de conquistar o Mundial de Construtores e mesmo lutando bastante, acabou derrotada. Porém, a grande notícia da Ferrari foi antes mesmo de começar o campeonato, com a espetacular contratação de Lewis Hmailton para 2025, numa das trocas de equipes mais rumorosas da história da F1. A Ferrari teve seus altos e baixos, com vitórias convincentes junto com corridas medíocres. Fred Vasseur terá que melhorar essa irregularidade para receber bem Hamilton. Leclerc venceu pela primeira vez em casa e estava na luta pelo vice-campeonato com Norris até a última corrida, mas teve um ano bastante irregular, como a equipe. O demitido Sainz venceu na Austrália e parecia muito forte num primeiro momento, mas seus altos e baixos, muito provavelmente causadas pelas difíceis negociações por um lugar na F1, refletiram no desempenho do espanhol, que só conseguiu um lugar na Williams. A Mercedes esteve longe de impressionar, mas pelo menos conseguiu quatro vitórias e fez uma despedida digna a um depressivo Hamilton. De saída da equipe, Hamilton teve corridas muito abaixo no ano, mas venceu em Silverstone, num momento onde a Mercedes andou melhor: em pistas lisas e com temperatura baixa. Para o lugar de Lewis, virá o novato Andrea Kimi Antonelli, sensação das categorias de baixo, mas que decepcionou na F2. O primeiro teste do italiano em Monza viu-o fazer a melhor volta antes de bater na Parabólica. Será interessante ver como George Russell se comportará como líder da equipe e com um jovem novato sem experiência alguma ao lado. Sempre com Max Verstappen como possível sombra nos próximos anos.
Com quatro equipes disputando a vitória, algo raro na história da F1, as demais equipes ficaram com as migalhas. Após um ótimo ano em 2023, a Aston Martin naufragou em 2024, mas com esperanças em alta com a chegada de Newey na equipe. Alonso fez uma temporada onde aproveitou todas as chances de apareceram, terminando o campeonato logo atrás dos pilotos das equipes grandes, marcando boa parte dos pontos da Aston Martin, enquanto Lance Stroll continuou mostrando que é apenas um Nepo Baby, com 'destaque' para o atolamento ridículo que protagonizou em Interlagos. A Racing Bulls começou o ano com Daniel Ricciardo, mas após derrotas do australiano para Tsunoda, foi sacado em favor de Liam Lawson, que se mostrou um piloto bastante agressivo e irascível. Tsunoda e Lawson brigam pela vaga que surgirá com a saída de Pérez, com o jovem Isack Hadjar entrando na Racing Bulls em 2025. A Haas começou o ano demitindo o midiático Günther Steiner e o movimento polêmico para os seguidores de Drive to Suvirve foi benéfico, com a equipe deixando de ver seus carros derreterem nas corridas após ótimas classificações. Hulkenberg fez um ótimo ano, com Magnussen ainda batendo demais, chegando a ser suspenso por uma corrida. Os dois não ficarão na equipe para 2025. Com a apendicite de Sainz em Jedá, o jovem Oliver Bearman estreou na F1 de forma tão impressionante, que ele ficará com a Haas em 2025. Bearman fez algumas corridas na Haas, mostrando ter condições de estar na F1. O outro piloto será Esteban Ocon, que veio da Alpine, outro time em ebulição. Os franceses começaram com o pior carro do ano e isso causou uma série de demissões da cúpula gaulesa, além de trazer de volta Flavio Briatore. Um dos primeiros atos do italiano foi acabar com o tradicional programa de motores da Renault, causando revolta dos engenheiros franceses. Porém, Flavio ainda tem sorte, pois uma corrida mágica colocou Ocon e Gasly no pódio em Interlagos, garantindo um sexto lugar no Construtores, mas com seus dois pilotos não se dando bem, Ocon foi para a Haas e Jack Doohan pelo menos começará em 2025, pois o australiano começará o ano sob observação do sempre draconiano Briatore. A Williams terá Sainz em 2025 com a esperança de ter menos carros destruídos, algo que atrapalhou bastante a equipe, além do péssimo Logan Sargeant, dispensando após mais uma pancada. Para o lugar do americano, veio o argentino Franco Colapinto. Ninguém esperava nem que ele estreasse, mas Franco fez corridas convincentes a ponto da Red Bull se interessar nele, além de causa verdadeiras invasões de torcedores argentinos nos autódromos, mas os acidentes de Franco diminuíram o ímpeto do portenho e ele acabou de fora da F1 em 2025. Por enquanto. A Sauber foi a pior equipe do ano, só marcando pontos já nas provas finais. Seus dois pilotos saíram da equipe (e da F1) pelas portas dos fundos, mas com a chegada iminente da Audi, há esperanças para o time, que terá a experiência de Hulkenberg e o talento emergente de Gabriel Bortoleto, atual campeão da F2 e colocando o Brasil no grid depois de muito tempo.
A temporada 2024 foi bem melhor do que a encomenda, com quatro equipes brigando por vitórias e trazendo algo que a F1 não via faz tempo: quem iria vencer uma corrida? Que 2025 continue assim!
Eu entendo esse pensamento sobre o Antonelli ainda mais pelo hype em cima dele e pela equipe que ele andou, mas eu particularmente acho que ele até que foi bem esse ano na F2 considerando as circunstâncias.
ResponderExcluir1°- Ele fez um enorme salto da FRECA para o F2, passando direto da F3 (concordo que isso foi um ato de desespero do Toto Wolff de querer apressar a caminhada do Kimi), e para um salto enorme desse acho que terminar em 6° na estreia foi um resultado até que bom, por exemplo o Gianluca Petecof também fez esse mesmo tipo de salto em 2021 e acabou sendo muito medíocre no tempo em que ele correu (o paraguaio Joshua Durksen também fez isso, mas ele correspondeu e chamou mais atenção tendo um dos piores carros do grid).
2°- A Prema esse ano teve uma temporada muito irregular onde o começo do ano foi terrível (a ART tbm foi horrível), inclusive o Bearman teve uma temporada bastante fraca (12°) para alguém que no começo do ano era visto como um dos favoritos (mesmo com 3 vitórias) e fica ainda perceptível pelo fato do Kimi ter vencido o Ollie no duelo direto em corrida e em qualys.
Eu entendo completamente achar que foi decepcionante o ano dele considerando o hype em cima dele (Antonelli realmente teve muitos erros, principalmente na primeira parte do campeonato), mas acho que pela situação em que ele foi jogado ele até que fez um trabalho correto pra alguém muito muito jovem.