domingo, 26 de outubro de 2025

Figura(MEX): Oliver Bearman

 Que corrida do jovem piloto da Haas! Desde a chegada dos updates no carro da equipe americana, Bearman começou a se destacar e poderia ter tido um melhor resultado em Austin, quando foi forçado a sair da pista por uma manobra agressiva de Tsunoda. No México, Ollie continuou a boa fase e pela segunda semana consecutiva foi ao Q3, posicionando seu carro na melhor maneira possível. Na largada Bearman ganhou duas posições e quando Verstappen tentou um ataque banzai em cima de Hamilton, Bearman pulou para quarto, que com a punição de Hamilton viraria um terceiro lugar! Mais impressionante foi que Bearman conseguiu segurar Verstappen e a dupla da Mercedes sem maiores arroubos com seu Haas e mesmo perdendo o lugar no pódio para Max por conta da melhor estratégia da Red Bull, Bearman ainda se viu atacado por Piastri nas últimas voltas, mas se manteve na frente pelo Safety-Car Virtual, garantindo um ótimo quarto lugar. Uma ótima corrida para Bearman, mostrando mais uma vez que a turma de novatos de 2025 é mesmo especial.

Figurão(MEX): Comissários da FIA

 Se há algo que irrita bastante os pilotos da F1 atual é a falta de critério dos comissários de pista, deixando-os totalmente perdidos quanto ao limite que cada um pode usar em várias situações de corrida. Por causa da tensão da primeira curva, um quilômetro depois da largada, havia a certeza que haveriam problemas no local. E, sem surpresas, eles aconteceram. Verstappen e Leclerc saíram da pista e mesmo cedendo posições logo a seguir, ficou a dúvida se era o suficiente pela vantagem que ambos tiveram. Logo depois, Max tentou uma manobra temerária em cima de Hamilton e os dois saíram da pista. Lewis foi punido. Max não. Qual critério? Ninguém sabe, ninguém viu. 

Passeio no México

 


Quando começou a vencer corridas e entrou na luta pelo título ano passado contra Max Verstappen, o desempenho de Lando Norris começou a ser observado de outra forma e percebeu-se várias fissuras em sua armadura papaia, com vacilos em momentos decisivos. Como seu nome é um convite para a brincadeira, o 'Dando Mollis' surgiu dentro da internet brasileira. Porém, esse personagem não apareceu na Cidade do México nesse domingo. Lando Norris executou um final de semana próximo da perfeição e na sua corrida mais dominante da carreira na F1, o inglês da McLaren não deu a menor chance aos seus rivais para uma vitória que o recoloca na liderança do campeonato num momento em que a McLaren enxerga de perto um perigoso Max Verstappen ainda andando claramente mais do que seu Red Bull e se aproximando do seus pilotos. Mesmo num final de semana em que seu carro não performou, Max ainda salvou um pódio e só não foi melhor pelo Safety-Car virtual causado por Carlos Sainz na penúltima volta, que impediu um ataque em cima de Charles Leclerc. Já Piastri titubeia e nem lidera mais o campeonato e, mais importante, a equipe.


Debaixo do dia mais quente que compôs o final de semana do Grande Prêmio da Cidade do México, todos esperavam pela primeira curva da corrida. Com uma distância de quase um quilômetro entre a largada e a primeira curva, muito vácuo e fechadas seriam dadas para um posicionamento correto que poderia definir o andamento da corrida. Todos sabiam disso e a maioria dos pilotos calçaram os pneus macios para ter o melhor arranque possível, enquanto que a Red Bull foi no sentido contrário e montou pneus médios nos carros de Verstappen e Tsunoda. Se tornou folclórico as largadas ruins de Lando Norris saindo da pole, mas dessa vez o inglês saiu muito bem e se colocou decididamente por dentro, enquanto a dupla da Ferrari procurou o vácuo da McLaren. Hamilton forçou a barra em cima de Leclerc, que deixou pouquíssimo espaço para o companheiro de equipe por dentro, tudo isso com a traseira da McLaren na frente de Lewis e Charles. Após se aproveitar do vácuo dos três primeiros carros, Verstappen, que pulou melhor do que Russell, foi por fora da primeira curva. Tudo isso se passou em bem menos tempo que você, leitor, leu isso, mas a ação ainda não havia terminado. Leclerc percebeu que não poderia forçar mais por dentro e foi para o meio da pista, fazendo com que Max fosse para a zebra. Os quatro primeiros colocados chegaram praticamente juntos na freada. Verstappen fritou os pneus e saiu da pista, quase batendo na barreira de pneus na saída da grama. Leclerc, Hamilton e Norris trocaram ligeiros toques, mas sobreviveram bem a primeira curva, contudo, Leclerc ficou sem espaço para fazer a chicane e saiu pela grama, retornando à pista na frente de Norris, com Verstappen vindo logo atrás de Lando. Charles cedeu sua posição para Lando, enquanto Max o fez para Lewis. Entre mortos e feridos, todos sobreviveram as esfregões da primeira curva, mesmo com a insistente reclamação de Russell pela manobra de Verstappen, mas o inglês esqueceu-se que perdera a posição para o neerlandês ainda na largada, não quando Max saiu da pista.

Ter ar limpo era tudo que Lando Norris queria. Com uma pole arrebatadora e um ritmo de corrida superior, Norris não foi mais visto pelos adversários, só não consolidando um Grand Chelem por ter perdido a melhor volta da corrida. Lando liderou todas as voltas da corrida rumo à bandeirada 30s à frente dos demais. Contudo, aconteceu bastante coisa atrás do piloto número #4. A dupla da Ferrari liderava o grupo que tinha Verstappen, Russell e um impressionante Bearman, que pulou para sétimo na largada. Por sinal, o sétimo colocado no grid Piastri não largou bem e completou a primeira volta apenas em nono, logo atrás de Tsunoda, doidinho para segurar uma vaga para 2026 e para isso, ajudar decisivamente Verstappen. Leclerc já abria uma boa vantagem sobre Hamilton, quanto o veterano da Ferrari foi surpreendido por um 'dive bomb' de Max Verstappen na curva um. O piloto da Red Bull chegou a sair da pista novamente, enquanto Hamilton tentava retomar a posição na segunda chicane, mas ao errar a freada, Lewis deveria seguir um estreita linha asfaltada. Todavia Hamilton preferiu cortar a chicane pela grama, algo que seria punido mais tarde. Verstappen foi atacado por Russell nesse momento e como sempre acontece quando os dois se encontram na pista, Max jogou duro e o inglês da Mercedes acabou superado por Antonelli e Bearman. O italiano acabou espremido por Verstappen logo depois e quem se aproveitou de tudo isso foi... Oliver Bearman!


Hamilton era um distante terceiro colocado por consequência da manobra de Verstappen, deixando Norris e Leclerc sozinhos, mas como Lewis tomaria 10s de punição pela cortada de pista, era Bearman o terceiro colocado. Verstappen tinha nítidas dificuldades com os pneus médios e ao invés de atacar Bearman, ele passou a ser atacado pelas Mercedes. Enquanto isso, Piastri penou para ultrapassar Tsunoda, mas quando o fez, rapidamente encostou na dupla da Mercedes, iniciando toda uma conversa entre Russell e seu engenheiro, com o inglês suplicando por uma troca de posições. Quando Hamilton, Bearman, as Mercedes e Piastri foram para os pits logo depois da volta 20, estava claro que dificilmente eles completariam cinquenta voltas com os pneus médios. Já Leclerc fazia um belo trabalho ao gerir seus pneus para parar já nas voltas finais, enquanto Verstappen esticou sua parada ao máximo para completar a corrida com pneus macios. Mesmo retornando em oitavo, Verstappen era um dos carros mais rápidos do pelotão no terço final de corrida e quando se aproximava do grupo que brigava pelo terceiro lugar, todos esses pilotos fizeram suas paradas de número dois. Max exterminou o déficit que tinha para Leclerc, mas um Safety-Car Virtual na penúltima volta não permitiu à Verstappen um ataque que provavelmente seria certeiro sobre Leclerc. O monegasco respirou aliviado, assim como a McLaren.


Num final de semana onde a Red Bull claramente tinha um carro inferior ao da McLaren, Andrea Stella e seus papaias caps não queriam Max Verstappen logo atrás de Lando Norris, perdendo poucos pontos para o inglês, que enfiou 30s em cima de Leclerc. A vitória tranquila de Lando, somada a outra corrida sem maiores brilhos de Piastri, deixam o inglês na ponta do campeonato por um ponto, enquanto Max Verstappen vem perigosos 36 pontos atrás de Lando. Piastri reduziu os danos de um final de semana ruim, terminando em quinto lugar e se Max lamentou o SCV na penúltima volta, Oscar também o fez, pois estava prestes a atacar Bearman. Mas será que Piastri conseguiria ultrapassar o inglês da Haas? Afora a bela ultrapassagem sobre Russell quando faltavam doze voltas para o fim, Piastri se mostrou um piloto sem confiança nas ultrapassagens, mesmo com um carro bem melhor do que os rivais. Oscar perdeu tempo demais atrás de Tsunoda e demorou para ultrapassar uma Mercedes, sendo que o piloto da McLaren ainda teve sorte quando a sua equipe trabalhou melhor do que a Mercedes, pois Piastri entrou nos pits colado em Antonelli, mas emergiu na frente do italiano. Essa vitória enfática de Norris e a má fase de Piastri pode ajudar a McLaren a finalmente apostar num dos seus pilotos para enfrentar Verstappen.


Leclerc teve outra boa corrida e pelo segundo final de semana consecutivo, subiu ao pódio com uma Ferrari em ascensão nesse final de campeonato, ajudando a equipe a reassumir a segunda posição no Mundial de Construtores. Após sua punição, a corrida de Lewis Hamilton terminou, com o inglês terminando numa opaca oitava posição após andar o primeiro stint em terceiro. A pergunta que fica é, até onde a queda de ritmo de Hamilton vai na conta dos pneus e o ar sujo ou na sua já conhecida frágil mentalidade? O fato é que Hamilton terminou bastante longe de Leclerc e mais uma vez fora do pódio, aumentando seu recorde negativo. Um dos destaques da corrida foi a lamentação de Russell no rádio, rogando por uma troca de posição com Antonelli, com o objetivo de atacar Bearman. Tudo isso para George tomar uma bela ultrapassagem de Piastri, não conseguir sequer atacar Bearman e depois ter que devolver a posição para Antonelli, com a Mercedes apenas em sexto e sétimo. 


Algumas vezes o prêmio de Piloto do Dia é entregue para alguém popular e não de forma merecida. Não foi o caso nesse domingo. Oliver Bearman repetiu o melhor resultado da história da Haas com uma pilotagem impressionante, correndo entre as equipes grandes e estrelas do grid atual com bastante naturalidade. Bearman largou bem, se aproveitou bem das manobras brutas de Verstappen para assumir uma incrível terceira posição. Mais importante foi que Oliver segurou muito bem a turma da Mercedes, até mesmo Verstappen e Piastri no final da prova, contando com a sorte pelo incidente de Sainz. Uma grande corrida para Bearman e seus pontos ajudam bastante a Haas, que também pontuou com Ocon em nono, a subir na apertada briga no meio do pelotão no Mundial de Construtores. E nesse briga também pontuou Gabriel Bortoleto! O brasileiro não vinha fazendo um bom final de semana, mas efetuou uma boa largada e com uma boa estratégia, conseguiu ultrapassar Hadjar no final para garantir a última posição na zona de pontuação. O ponto de Gabriel amenizou um final de semana difícil da Sauber, que viu Hulkenberg abandonar ainda no começo da prova. Hadjar, que nesse final de semana homenageou Alain Prost trinta e cinco anos depois da épica vitória do 'Professor' no México perdeu muito rendimento no final, mas o pior susto da Racing Bulls foi de Lawson. Após ter que trocar a asa dianteira na primeira volta, o neozelandês, que vinha muito atrasado, quase atropelou dois fiscais. Tsunoda continuou seu suplício em 2025 com a Red Bull e que dificilmente lhe renderá uma vaga em 2026, enquanto a Williams teve um final de semana apagado, com Sainz mais parecendo uma calamidade ambulante, passando do limite de velocidade dentro do pit-lane duas vezes e causando o Safety Car Virtual que definiu as posições finais, além de um anticlímax. A Alpine terminou nas duas últimas posições, com seus dois carros 30s atrás do próximo carro. E Briatore iria comandar a equipe e melhorar tudo...


Mesmo num final de semana em que a Red Bull voltou a ter muitas dificuldades, Max Verstappen saiu do México com uma diferença menor para o líder do campeonato. Max chegou ao México 40 pontos atrás de Piastri e agora está 36 pontos atrás do novo líder Norris. Um final de semana com Sprint Race perfeito já está no alcance de Max conseguir sua remontada, contudo, Lando Norris provou que num dia bom ele pode liderar a McLaren contra os ataques de Verstappen. A dúvida de Zak Brown e Andrea Stella é se Lando Norris é confiável o suficiente para repetir finais de semana como o mexicano nas decisivas quatro corridas finais.  

sábado, 25 de outubro de 2025

Direito de resposta

 


As infelizes declarações de Lando Norris antes do Grande Prêmio do Azerbaijão pareciam indicar que o jovem inglês da McLaren poderia se tornar uma espécie de 'James Hunt sem graça', pois se ambos podem ser considerados dois playboys, pelo menos Hunt conquistou um título e a fama de um dos maiores garanhões da história da F1. Lando, nem uma coisa, muito menos a outra. Contudo, Norris teve direito de resposta no México e com uma atuação destacada nesse sábado, o piloto da McLaren conseguiu um ótimo passo na luta pelo título.

Embalado pelos últimos resultados, Max Verstappen era o favorito natural para o final de semana mexicano, mas apesar de ter liderado o segundo treino livre, o neerlandês não se sentia tão à vontade com seu Red Bull como nas provas anteriores e o terceiro treino livre indicava que Max teria bem mais dificuldades do que o esperado. Não apenas a McLaren, como também a Ferrari apareceu bastante forte no Circuito Hermanos Rodríguez e a classificação provou isso, além do derretimento de Oscar Piastri.

O ainda líder do campeonato, considerado um piloto frio e sem externalizar suas emoções, quaisquer que as fossem, se mostrou um piloto ainda mais acuado do que nas últimas provas. Piastri simplesmente não conseguiu andar sequer próximo de Norris e sofreu para passar de cada fase da classificação. Foi uma atuação preocupante para os torcedores australianos, mas que pode ser um alívio para a McLaren, pois pode indicar claramente em qual piloto apostar nessa reta final de campeonato.

Lando Norris se impôs como a muito não fazia, liderando o Q2 e o Q3 com uma diferença raras vezes vistas numa F1 tão equilibrada como em 2025. O inglês da McLaren foi o rápido do pelotão e marcou uma pole com boa margem, tornando Norris favorito destacado para domingo, lembrando que a McLaren se mostrou incrivelmente rápida em ritmo de corrida. A Ferrari se intrometeu na briga pelo campeonato, com Leclerc completando a primeira fila e Hamilton dando a sua primeira entrevista dos três primeiros como piloto da Ferrari. Verstappen ainda viu Russell lhe tirar um lugar na segunda fila, mas terá Piastri duas posições atrás. A enorme distância entre a largada e a primeira curva significará uma longa disputa entre os líderes para se colocar bem na freada da primeira curva. Contudo, o ritmo de Norris indica que se não errar, dificilmente perderá a vitória no domingo.

domingo, 19 de outubro de 2025

Figura(EUA): Red Bull

 A fase da Red Bull era tão ruim, que mesmo Max Verstappen tendo contrato até 2028, muitos apostavam que o neerlandês abandonaria a Red Bull rumo à Mercedes ainda em 2026. O carro estava muito abaixo da McLaren e os bastidores da equipe era um verdadeiro caos, com Christian Horner ameaçado por várias denúncias. Mesmo sendo um dos dirigentes mais premiados do século 21 da F1, Horner foi dispensado e no seu lugar entre Laurent Mekies, vindo da Racing Bulls. Engenheiro de formação, Mekies passou a se concentrar em desenvolver o carro e de forma inimaginável um punhado de meses atrás, a Red Bull subiu de produção a ponto de Max Verstappen enfileirar vitórias que o fazem entrar na luta pelo pentacampeonato. Com o Mundial de Construtores perdido para a McLaren, a Red Bull se concentra unicamente em dar o Mundial de Pilotos para Max Verstappen, pouco se importando com o segundo piloto. Em Austin, Max Verstappen lembrou os bons tempos (para ele) de 2023, quando dominava o final de semana de ponta a ponta. Max varreu o final de semana e o sonho do pentacampeonato vai se tornando cada vez maior, no vácuo da evolução quase miraculosa da Red Bull. 

Figurão(EUA): Oscar Piastri

 No meio da temporada, muitas pessoas apontavam que Oscar Piastri era o grande favorito ao título de 2025. A McLaren tinha o melhor carro do pelotão e Piastri via de camarote seu companheiro de equipe Lando Norris e presumido maior rival ao título vacilando em vários momentos decisivos do campeonato. Porém, num campeonato tão longo como o atual, as coisas mudam rapidamente e assim como a McLaren se tornou o carro a ser batido em 2024, a Red Bull conseguiu uma virada que ninguém poderia imaginar em 2025. Contudo, antes disso Piastri dava sinais de deslizes enquanto o campeonato afunilava. Os erros contínuos em Baku era uma amostra de um piloto que sentia a pressão aumentar, mas a forma atual de Max Verstappen pareceu mexer ainda mais em Piastri, que agora mal consegue alcançar o ritmo de Norris. Em Austin, Piastri esteve irreconhecível o final de semana inteiro. Mais lento do que Norris, Oscar se envolveu num sórdido acidente na primeira curva da Sprint Race que significou um duplo abandono para a McLaren. No domingo o australiano da McLaren conseguiu ganhar uma posição na primeira volta e simplesmente desapareceu. A quinta posição que cruzou na primeira volta foi a mesma que recebeu a bandeirada, em nenhum momento o australiano mostrou ritmo para almejar algo a mais. Esses pontos desperdiçados faz com que a liderança de Piastri ficasse por um fio. O problema nem é Lando Norris, apenas catorze pontos atrás, mas um ameaçador Max Verstappen se aproxima de forma impávida e Oscar Piastri parece impotente frente a foça de Max e sua Red Bull. Se ainda quiser se campeão em 2025, Oscar Piastri precisa sair da pasmaceira e dar uma resposta.

Passeio no COTA

 


E de repente a F1 voltou a 2023, quando Max Verstappen passeava pelos circuitos que compõe o calendário do campeonato mundial. Em Austin o neerlandês da Red Bull dominou a corrida texana ao seu bel-prazer, não dando chances aos seus adversários e colocando ainda mais pressão numa McLaren que parece completamente impotente frente ao crescimento da Red Bull nesse terço final do campeonato, liderada pela exuberância de Max Verstappen junto com o pragmatismo de Laurent Meckies, que desde que substituiu Christian Horner, a Red Bull deu uma guinada que poucos imaginariam, assim como poucos suporiam no pentacampeonato de Max Verstappen poucos meses atrás e que agora parece algo bem possível.


A corrida em Austin deste domingo esteve longe de empolgar. Com Max Verstappen novamente em sintonia com seu Red Bull, o neerlandês fica praticamente imbatível e ele fez o que dele se esperava: massacrou a concorrência. Com a desastrada largada da Sprint na mente e com carros consideravelmente mais pesados, os pilotos tiveram mais cuidado na entrada da curva um e nada demais aconteceu na elevada primeira curva da corrida principal em Austin. Max largou limpamente e se colocou por dentro assim que possível, não dando qualquer chance para Lando Norris, que viu Charles Leclerc emular a tática de Verstappen em Singapura, só que para o ferrarista, a aposta deu certo. Saindo com pneus macios, Leclerc esperava ter mais tração na largada e se não deu o pulo esperado, Charles se aproveitou da maior aderência dos pneus na saída da curva um, quando se colocou ao lado de Norris e saiu mais forte, tomando a segunda posição do piloto da McLaren. Enquanto isso, Hamilton executou uma largada horrorosa, mas ao frear forte por fora, diminuiu o prejuízo e pelo menos não foi ultrapassado por ninguém, mas foi decisivo ao atrapalhar seu compatriota Russell e com isso Piastri ganhou uma posição subindo para quinto.

A boa largada de Leclerc era tudo o que Max Verstappen queria. Com o duplo abandono da McLaren na Sprint, não se sabia como era o ritmo de corrida do time inglês, mesmo que todos sabem que um dos pontos forte do modelo MC39 seja o bom desempenho no domingo. Com Leclerc separando Max e Lando, o piloto da Red Bull se aproveitou para disparar na ponta e simplesmente não ser mais visto por seus companheiros de grid. Como no ano em que liquidou seus rivais, Max Verstappen mal apareceu na transmissão da TV e só reapareceu no momento de receber a bandeirada com ampla vantagem sobre o segundo colocado. Ao contrário do esperado, os pneus macios de Leclerc duraram bem mais do que o esperado, praticamente indicando a todo o grid que, mesmo usando pneus médios e macios, a estratégia de uma parada era a melhor a ser feita em Austin. Se fosse feito de 'material' de campeão mundial, Lando Norris não perderia muito tempo atrás de um Leclerc que segurava o ritmo para manter seus pneus macios numa boa condição, algo que o piloto da Ferrari fez de forma magnífica. Porém, Norris demonstrou mais uma vez que o apelido 'Dando Mollis' lhe cai como uma luva em pequenos detalhes que lhe deixaram bem longe da vitória. Quando o Safety-Car virtual apareceu após a privação de sentidos de Carlos Sainz, Lando Norris já pressionava Leclerc e estava a menos de 1s do monegasco. Contudo, quando SCV acabou, Norris deixou Leclerc escapar e chegou a ficar 2,5s atrás da Ferrari, tendo que remar tudo de novo até encostar. Lando fazia exatamente as mesmas manobras, facilmente defendidas por Leclerc e somente quando os pneus Pirelli de Charles já estavam com desgaste aparente, foi que Norris efetuou a ultrapassagem. Exatamente na volta 21, com Max Verstappen 11s na frente. Se fosse o contrário, Max demoraria tanto a ultrapassar? Duvido. Todo esse tempo perdido atrás de Leclerc impossibilitou Norris ter uma disputa mais direta com Verstappen.


Porém, a briga pelo segundo posto não havia terminado. Sendo um dos poucos a largarem com pneus macios, logicamente Leclerc foi um dos primeiros a fazer seu pit-stop, colocando pneus médios e com pouco mais da metade da corrida já tendo sido percorrida, Charles só pararia uma vez e com um ritmo mais rápido, conseguiu o undercut em Lando Norris, que calçou pneus macios no último stint. Novamente Lando remou, hesitou, fez as mesmas manobras que Leclerc deveria estar até rindo debaixo do capacete, reclamou do desgaste de pneus, mas quando os pneus médios de Charles, com quase trinta voltas de idade, começaram a 'gritar', Lando pôde voltar a ultrapassar e reassumir a segunda posição, dessa vez, sem direito a troco. No entanto, a cara da turma da McLaren no pit-wall era quase de velório num final de semana bastante abaixo dos carros papaias. Se Norris ainda subiu ao pódio, Oscar Piastri fez uma corrida sorumbática, onde ficou numa opaca quinta posição que conquistou na primeira volta e por lá ficou a prova inteira, só se aproximando de Hamilton na volta final, quando mais nada poderia ser feito. Um golpe e tanto para o australiano, que dava a pinta que levaria o campeonato em banho-Maria na metade do ano e de repente vê a apenas quatorze pontos de Lando Norris. E perigosíssimos quarenta pontos na frente de um motivado e ascendente como um foguete Max Verstappen. Piastri sentiu os golpes sofrido pelo abandono em Baku, a pataquada da McLaren em Monza e o acidente em Austin na Sprint, quando muitos apontaram o dedo para o australiano. Sem experiência em lutar pelo Mundial de F1, Piastri parece acuado nesse terço final de campeonato, o mesmo acontecendo com a McLaren, que de carro dominante que lhe entregou o Mundial de Construtores com ampla antecedência, agora vê uma Red Bull fortíssima, capitaneada por Laurent Meckies, mais preocupado com os aspectos técnicos e não em estar em evidência, como era o caso de Horner. A situação do campeonato que parecia definida dentro da McLaren começa a se complicar e os pontos perdidos pelos famigerados 'Payaya Rules' podem custar bastante carro num futuro próximo. Andrea Stella e Zak Brown começam a acreditar que a história de igualdade a todo custo entre seus dois pilotos não funciona mais e que em algum momento, e isso deverá ocorrer em breve, deverão apostar suas fichas em Piastri ou Norris. Ambos com seus defeitos e com chances reais de derreterem ao ver um Max Verstappen cada vez mais assustador no retrovisor.


A Ferrari terminou a sexta-feira de forma pessimista, após mal conseguir passar ao SQ3 e ficar entre os dez no grid da corrida Sprint. Um pouco como aconteceu com a Mercedes na quinzena anterior em Singapura, a Ferrari encontrou desempenho onde nem os próprios italianos sabem, significando surpresas como o belo primeiro sprint de Leclerc com pneus macios. O monegasco conseguiu mais um pódio em 2025, ao contrário de Hamilton, que segue em seu jejum particular. Com pneus médios Lewis até acompanhou de perto a luta entre Lando e Charles, mas quando colocou os macios Hamilton simplesmente foi para trás, terminando bem longe do seu companheiro de equipe, tendo que se defender de Piastri na última volta. Após sua bela vitória em Marina Bay, Russell fez uma corrida apagada em Austin, terminando na mesma sexta posição que apontou a primeira curva. Já Antonelli foi vítima de um acidente onde Sainz imitou a presepada de Stroll no sábado e mergulhou por dentro como se estivesse correndo sozinho em Austin, mas acabou por atingir Kimi em cheio. Menos mal que o jovem italiano ainda continuasse correndo, ao contrário do espanhol que encostou seu Williams e se tornou o único abandono do dia. Antonelli teve sua corrida totalmente prejudicada pelo erro de Sainz, zerando mais uma vez, mas não por sua culpa. Tsunoda fez uma corrida limpa e mesmo dando uma fechada criminosa em Bearman, garantiu mais alguns pontinhos para a Red Bull com a sua sétima posição, embolando de vez a luta pelo vice-campeonato Mundial de Construtores, mesmo que nipônico tenha tomada 52s do seu companheiro de equipe. O crescimento da Red Bull nas mãos de Verstappen e a boa corrida da Ferrari deixou as duas equipes, mais a Mercedes, separadas por apenas dez pontos. O trunfo da Red Bull é a constância de um Max Verstappen que irá com tudo rumo ao pentacampeonato, enquanto Ferrari e Mercedes ainda oscilam demais.


Oliver Bearman vinha fazendo uma bela corrida e atacava Tsunoda quando viu o piloto da Red Bull mudar de trajetória durante a freada e para não bater, Bearman rodou, mas isso não maculou sua corrida, marcando bons pontos para a Haas no final de semana caseiro da equipe. Após toda a polêmica no sábado, ao se envolver no toque que tirou a McLaren da Sprint Race, Nico Hulkenberg fez uma prova correta nesse domingo, terminando em oitavo após superar Bearman nas últimas voltas e marcando pontos pela primeira vez após o inesquecível pódio em Silverstone. Alonso seguiu Hulkenberg, se cuidando na largada e fazendo uma boa corrida para fechar a zona de pontos, segurando nas últimas voltas Lawson e Stroll. Ocon não repetiu o bom desempenho do seu companheiro de equipe Bearman e esteve longe de brilhar, enquanto Bortoleto sofreu em se adaptar ao difícil circuito de Austin e somado a mais uma estratégia duvidosa da Sauber, o brasileiro terminou em penúltimo, ultrapassando Gasly na última volta. Mostrando um leve crescimento, Colapinto superou seu companheiro de equipe nas voltas finais, mesmo a Alpine tendo pedido para que o portenho mantivesse as posições. Franco ignorou as ordens, com Bortoleto lhe acossando, quase tocando rodas com Gasly no último lance da corrida.


Max Verstappen coloca cada vez mais pressão na McLaren, que parece perdida com o neerlandês em clara fase de crescimento e gigante no retrovisor do seus frágeis pilotos. Norris demonstra a cada corrida que não tem estofo de campeão, enquanto Piastri murchou como uma rosa no verão quixadaense. Com quatro títulos mundiais e um sólido cartel, Max Verstappen vai para as cinco corridas finais (mais duas Sprints) da temporada 2025 da Formula 1 com pinta de que irá atropelar os débeis Norris e Piastri.

sábado, 18 de outubro de 2025

Sob pressão

 


Agora não há mais desculpas! Depois de duas vitórias dominantes em Monza e Baku, junto com um segundo lugar em Singapura, pista aonde a Red Bull nunca anda bem, Max Verstappen vai retornando à briga pelo título com o final de semana que vai tendo em Austin até o momento, juntamente com o desempenho abaixo da dupla de pilotos da McLaren.

Após marcar a pole para a Sprint Race em Austin com autoridade, Max Verstappen viu seus rivais da McLaren ficarem pelo caminho na complicada curva um do Circuitos das Américas. A FIA deu o veredicto de que o incidente da primeira curva foi coisa de corrida, numa pista muito larga juntamente a uma curva bastante fechada e em subida, mas pode-se apontar alguns culpados pela carambola da primeira volta. Líder do campeonato, Piastri ficou no meio de vários carros na freada e após o melê em Singapura, a McLaren deve ter pedido pelo amor de todos os deuses para que seus pilotos não se tocassem. Com Norris à sua esquerda, Piastri tentou fazer a curva a mais fechada possível, mas o australiano se 'esqueceu' de combinar com Nico Hulkenberg. O experiente piloto da Sauber parecia indeciso onde colocar seu carro no aproche da curva um, se colocando numa situação delicada, ainda mais com Fernando Alonso se metendo por dentro. Quando Piastri fez a curva, Hulkenberg acertou a McLaren em cheio, levantando o carro de Oscar do chão, que aterrissou... em cima do carro de Norris! 


O duplo abandono da McLaren colocava ainda mais pressão em cima dos seus jovens pilotos, com Max Verstappen dominando a corrida Sprint, só se assustando com um 'dive bomb' de George Russell no meio da mini corrida. Verstappen descontou mais oito pontos no campeonato e horas mais tarde essa diferença não diminuiria, mas Max daria um recado claro à McLaren: ele está de volta! Com uma volta soberba, após dominar a classificação inteira, Max Verstappen conquistou mais uma pole, se isolando ainda mais como o maior poleman de 2025. Norris ainda salvou uma primeira fila, enquanto Piastri parece afetado pelo contexto para o último quarto de campeonato. Considerado um piloto frio, Piastri foi errático na classificação, levando um susto no Q1 e em nenhum momento aparecendo forte para brigar pela pole. O sexto lugar é bastante decepcionante e a cara de Norris após a classificação demonstra que a McLaren está sob pressão.  

Outros destaques ficam pelo erro clamoroso de Lance Stroll na Sprint, reforçando que o canadense não tem condições de permanecer no grid da F1. O ganho de desempenho da Ferrari, que após uma sexta-feira horrorosa, conseguiu performance no sábado sabe-se de onde e executou sua melhor classificação em muito tempo, com Leclerc em 3º e Hamilton em 5º, com Russell separando os vermelhos. Após uma fase menos boa com a Williams no começo do ano, Carlos Sainz foi terceiro na Sprint e foi ao Q3 de forma sólida, demonstrando estar em franca ascensão, enquanto Oliver Bearman mostrou que a atual safra de novatos é uma das melhores dos últimos tempos. Fez bastante calor em Austin e isso pode ser decisivo no desgaste de pneus, algo que a McLaren não experimentou com o duplo abandono na Sprint, mas é um dos pontos fortes do carro. Será o suficiente para incomodar Max Verstappen e sua nova fase em 2025?

terça-feira, 7 de outubro de 2025

Figura(SIN): McLaren

 O momento do time não é dos melhores na temporada 2025, principalmente na delicada gestão de pilotos, mas não se pode negar todo o mérito da McLaren nesse título de Construtores, o décimo na longa história da equipe britânica, se isolando como a segunda equipe com mais títulos na história da F1. Vindo de uma situação de sobrevivência, correndo entre os últimos após a fracassada parceria com a Honda, a McLaren sofreu uma enorme reformulação com a chegada de Zak Brown, que trouxe as peças certas dentro da equipe e a evolução veio, com seus jovens pilotos Lando Norris e Oscar Piastri começando a escalar o pelotão até chegar na briga por vitórias. O primeiro título em mais de vinte anos veio ainda no ano passado e 2025 a McLaren veio ainda mais forte, com Lando e Oscar completando várias dobradinhas. O bicampeonato veio com seis corridas de antecedência e com a McLaren tendo o dobro de pontos da vice colocada, a Mercedes, equipe que fornecer motores ao time, ou seja, a McLaren conseguiu o bicampeonato como equipe cliente e derrotando uma montadora do tamanho da Mercedes. As vitórias começaram a escapar e seus dois jovens pilotos parecem sentir o tamanho da responsabilidade de se tornar campeão mundial nesse momento do campeonato, restando à McLaren o primeiro título no Mundial de Pilotos desde 1999, no século passado. Aos trancos e barrancos, começando com o toque entre seus dois pilotos, McLaren vive novamente seus bons tempos. 

Figurão(SIN): Ferrari

 A chegada de Lewis Hamilton à equipe de Maranello criou altas expectativas para o 2025 da Ferrari, mas com o campeonato chegando ao último quarto do calendário, o time comandado por Fred Vasseur tem muito mais do que lamentar e isso acabou afetando a frágil mentalidade de Hamilton. Singapura viu o puro suco do que foi a temporada 2025 da Ferrari. O time até começou bem nos treinos livres, mas na medida em que as outras equipes top vão aumentando o ritmo, a Ferrari vai ficando para trás, deixando Hamilton e Leclerc frustrados e propensos a erros durante a classificação, deixando fora da briga pelas primeiras posições do grid. Fora das duas primeiras filas, a dupla da Ferrari executou uma corrida medíocre e seus dois pilotos ainda enfrentaram problemas nas voltas finais. Depois de segurar Antonelli por boa parte da prova, Leclerc ficou sem pneus e tomou uma bela ultrapassagem do jovem italiano. Hamilton tentou uma outra via e realizou um segundo pit-stop, se aproximando de forma decisiva de Antonelli e Leclerc, sendo o mais rápido do pelotão naquele momento. Quando Lewis se aproximava de ultrapassar Antonelli, o inglês se viu sem freios e ao invés de atacar, Hamilton precisou fazer das tripas coração para terminar a corrida, tomando até mesmo uma punição nesse meio tempo. No final do dia, a Ferrari esteve longe do pódio e Vasseur lamentava frente à frenética mídia italiana, ávida por explicações após mais um fracasso em 2025.

domingo, 5 de outubro de 2025

Metade da entrega

 


O circuito citadino de Marina Bay, em Singapura, tem como característica o forte calor que castiga bastante os pilotos e a entrada constante do Safety-Car, bagunçando corridas normalmente enfadonhas num traçado que permite raras ultrapassagens. Avisados pela FIA que o dia da corrida seria muito quente, os pilotos tinham até mesmo a opção de correr com coletes de resfriamento debaixo do macacão se assim quisessem e mesmo com uma chuva antes da largada, o forte calor deixou os pilotos extenuados no final da corrida. Porém, Singapura só fez metade da entrega em 2025. Pelo segundo ano consecutivo, Bernd Mayländer foi à Singapura apenas a passeio e o esperado Safety-Car não deu às caras em Marina Bay, fazendo da edição 2025 do Grande Prêmio de Singapura numa das corridas mais soníferas dos últimos tempos. George Russell, contudo, não teve do que reclamar. Largando da pole, o inglês da Mercedes dominou a prova singapurense e venceu pela segunda vez nessa temporada, seguido a uma distância segura de Verstappen e Norris, que superou Piastri à fórceps na primeira volta e pode ter jogado às Papayas Rules pela janela em dia de festa para a McLaren, que comemorou o décimo Mundial de Construtores em sua longa jornada na F1.


A chuva até apareceu em Singapura minutos antes da largada, mas o calor na cidade-estado é tamanho que a pista estava seca no momento da largada. Ainda sonhando com o pentacampeonato, Max Verstappen arriscou na escolha de pneus e optou pelo composto macio para ter uma melhor tração no apagar das cinco luzes vermelhas, enquanto praticamente todos os pilotos ao seu redor saíram com a borracha média, incluindo o pole Russell. Talvez pela chuva tenha limpado ainda mais a pista, o fato foi que Verstappen nem de longe usou o potencial dos pneus macios na largada, com Russell efetuando uma bela saída e se mantendo confortavelmente na ponta. Porém, o drama da corrida ocorria alguns metros atrás. Conhecido pelos vacilos em largadas, Lando Norris subverteu a ordem nesse domingo com uma baita largada, imediatamente ultrapassando Andrea Kimi Antonelli e mergulhando por dentro em cima de Oscar Piastri. Na apertada primeira chicane, a dupla da McLaren se apertou sem toques, mas na forte freada da curva 3, Norris foi agressivo, batendo na traseira de Verstappen e tocando rodas com Piastri, que com muito custo não se estatelou no muro. Piastri ainda manteve a quarta posição, mas o australiano não se furtou a reclamar do comportamento do companheiro de equipe via rádio. Papaya Rules? Aparentemente Lando Norris jogou pela janela, o que pode ser bem para o campeonato.


Vendo que sua tática inicial de atacar George Russell havia fracassado, restou à Max Verstappen tentar fazer com que seus pneus macios durassem o máximo possível e isso foi fundamental para o domínio de Russell. O inglês da Mercedes nem precisou forçar ao extremo para abrir uma distância decisiva em cima de Verstappen, chegando aos 10s na medida em que o primeiro pit-stop se aproximava. Russell parou bem depois de Max e mesmo retornado à pista apenas 5s na frente e Verstappen tendo conseguido abaixar esse déficit para menos de 3s algumas voltas depois, um erro do piloto da Red Bull ajudou ainda mais George a ficar ainda mais tranquilo na frente, se preocupando apenas em não cometer o mesmo erro que o fez bater no final da corrida em Marina Bay em 2023 quando estava em posição de pódio. Russell venceu de forma tranquila, sem maiores problemas, mas após a corrida o inglês sorria ao mesmo tempo em que coçava a cabeça por não saber ao certo como a Mercedes, conhecida por ter sérios problemas em pistas quentes como o de Marina Bay, ter performado tão bem nesse domingo. Vencer é bom, mas a Mercedes claramente não sabe muito bem porque triunfou. Kimi Antonelli largou mal, perdendo duas posições e se afastou decisivamente da luta pelo pódio. Empacado atrás da Ferrari de Leclerc, o jovem italiano demorou dois terços de corrida para ultrapassar o monegasco e garantir pelo menos um quinto lugar, deixando a Mercedes mais destacadamente na segunda posição do Mundial de Construtores.


Se George Russell poderia até mesmo ligar o som do seu Mercedes e curtir uma música enquanto passeava na quente corrida em Marina Bay, Verstappen teve mais trabalho. Parando mais cedo, Max teria que administrar seus pneus até o fim da corrida e via rádio o neerlandês reclamava sistematicamente do equilíbrio do seu Red Bull. O erro quando se aproximava de Russell deixou os retrovisores de Max com o McLaren de Norris ainda maior, mas o inglês da McLaren apenas perseguiu o rival. Mesmo com uma avaria na asa dianteira pelo toque com o próprio Max Verstappen na primeira volta, em nenhum momento Lando Norris parecia sequer próximo de uma ultrapassagem sobre o piloto da Red Bull. Afora uma colocada de lado ao final da reta oposta, Norris nada fez para tomar o segundo lugar de Max Verstappen. Essa falta de decisão de Lando só aumenta a sensação de que lhe falta o 'eye of tiger' que tanto caracteriza os campeões de F1, mesmo Norris tirando três pontos de vantagem sobre Piastri, que fez uma corrida opaca, que ainda foi atrapalhada por outro pit-stop ruim da McLaren, algo que vem se tornando bastante comum para o time de Andrea Stella e seus papaia caps. Por mais que Piastri tenha se aproximado bastante na disputa pelo segundo lugar, já faz um bom tempo que Oscar não tem uma boa corrida para chamar de sua e Norris já começa a ficar grande em seu retrovisor no Mundial de Pilotos. Para a McLaren, essa parada já foi decidida. Com seis corridas de antecedência, o time comandado por Zak Brown conquistou o Mundial de Construtores, mostrando a enorme vantagem que a McLaren tem sobre as rivais em boa parte do campeonato, além da pouca diferença entre seus dois pilotos. Enquanto Max Verstappen subiu ao pódio em segundo lugar, Yuki Tsunoda terminou dez posições e uma volta atrás do companheiro de equipe. Uma diferença grande demais, que faz toda a diferença no Mundial de Construtores.


A Ferrari teve mais um dia para esquecer, onde mal apareceu na transmissão em outra corrida discreta dos seus pilotos. Leclerc ainda largou bem e ficou bastante tempo na frente de Antonelli, num bom dia da Mercedes, mas com todo o pelotão optando pela estratégia de uma parada, Charles ficou sem pneus nas últimas voltas e foi ultrapassado por Antonelli e por Hamilton, que vendo o sétimo colocado muito longe, escolheu colocar pneus macios numa segunda parada e ser o mais rápido da pista nas voltas finais. Lewis engoliu a diferença que tinha para Kimi e Charles, mas quando tentava ultrapassar Antonelli, sua Ferrari o deixou na mão, sem freios. Hamilton fez de tudo para se receber a bandeirada, inclusive cortar curvas e isso não passou barato pelos comissários da FIA e, principalmente, por Fernando Alonso, que ficou possesso com a atitude de Hamilton na sua frente. Lewis acabou punido em 5s e perdeu a sétima posição para Alonso.


Por sinal, Alonso foi escolhido o Piloto do dia provavelmente não pelo o que fez na pista, mas pelo o que disse no rádio. Após ameaçar desligar o rádio e se auto-intitular como herói do dia após ultrapassar Albon, Alonso foi o melhor do resto com direito a mais um pontinho no grito e superando um pit-stop horroroso da Aston Martin. Oliver Bearman foi outro destaque ao colocar sua Haas no Q3 e se manter entre os pontuáveis, mesmo que alguns pilotos estivessem esticando seus stints esperando o Safety-Car que não veio. O nono lugar fez valer a boa corrida de Bearman, enquanto Sainz manteve a boa fase fechando a zona de pontos. A Williams foi desclassificada no sábado por irregularidades no tamanho da abertura do DRS e seus dois pilotos largaram no final do grid. Sainz foi um dos que esticaram o primeiro stint ao máximo, foi o último a parar e ao colocar pneus macios, ultrapassou quem apareceu na sua frente, garantindo o décimo lugar nas voltas finais, ao ultrapassar Isack Hadjar, que sofria com problemas de motor desde o primeiro terço de prova. Alpine e Sauber brigaram entre si quem tinha o pior carro em Singapura e os pilotos do time francês ficaram uma posição à frente dos pilotos da equipe helvética. Bortoleto teve um toque na primeira curva e danificou a asa dianteira, fazendo com que o brasileiro tivesse que antecipar sua parada e ainda trocar a peça quebrada. Tendo que ficar muito tempo com os mesmo pneus, Gabriel foi alvo fácil dos pilotos que pararam mais tarde, terminando a noite em Singapura em 17º, colado o tempo inteiro em... Calapinto. O argentino começa a mostrar uma sobrevida dentro da Alpine, superando mais vezes Gasly, que segurou Hulkenberg na briga pela penúltima posição, após o alemão rodar e ter que fazer uma parada extra, num dia em que a normalmente acidentada corrida em Marina Bay não viu nenhum abandono.


Max Verstappen andou na frente da McLaren num circuito que não favorece o seu carro e onde o neerlandês nunca venceu. Mesmo com a vitória de George Russell, Max sai de Singapura um pouco mais fortalecido na luta pelo pentacampeonato. Ainda é uma luta inglória, mas Max vê bons sinais em seu horizonte. A McLaren pôde ter conquistado o Mundial de Construtores com ampla antecedência, mas no final do ano todos lembram mais do piloto campeão e os dois pilotos da McLaren ainda parecem imaturos e isso pode piorar com a aproximação de Max Verstappen. Mesmo com as notórias dificuldades de se ultrapassar em Marina Bay, Norris mais uma vez se mostrou inofensivo numa luta direta contra Verstappen, enquanto Piastri vem numa fase menos boa, onde não faz uma corrida de destaque já faz algum tempo. Sem contar que hoje os dois pilotos da McLaren se tocaram, podendo afetar a delicada harmonia dentro da equipe. Max Verstappen já fareja sangue papaia na água.

sábado, 4 de outubro de 2025

Vindo por fora


 No abafado circuito de rua de Singapura, a própria Mercedes revelara que não esperava muito desse final de semana, já que o carro é mais afável em climas mais amenos, mas como vem acontecendo várias vezes nesse ano, surpresas apareceram e George Russell surpreendeu ao ficar com a pole, superando o favoritismo de Max Verstappen, que teve sua volta atrapalhada por Lando Norris.

Vindo de duas vitórias em dois circuitos de baixo downforce por causa das longas retas, Max Verstappen iria comprovar sua ressurreição no campeonato em Singapura, pista onde Max ainda não venceu e a Red Bull normalmente não anda bem. Pois se depender do desempenho em Singapura os pilotos da McLaren podem colocar as barbas de molho. Max liderou o terceiro treino livre e se mostrou forte o tempo inteiro, demonstrando que os updates trazidos pela Red Bull em Monza funcionaram perfeitamente. A classificação começou com Bortoleto ficando de fora do Q2 e reclamando de uma bandeira amarela causada por Pierre Gasly, onde muitos pilotos não aliviaram o acelerador no local, como fizera Gabriel. Singapura viu um certo equilíbrio entre as quatro equipes grandes, com exceção de Tsunoda, que lutou para passar de fase e tomou sete décimos na moleira de Verstappen no final.

Verstappen parecia confortável na pista citadina, mas ao mesmo tempo a Mercedes mostrava força, com Russell e Antonelli se colocando sempre entre os primeiros. A primeira volta do Q3 de George foi incrível e o inglês praticamente a repetiu na segunda tentativa. A dupla da McLaren não estava tão forte, principalmente Lando, mas o que pode ter definido a classificação foi justamente um dos pilotos papaias, já que Norris teria atrapalhado Max na segunda volta do neerlandês, que desistiu de completar a volta e Russell marcou a segunda pole dele em 2025. Max completou a primeira fila cuspindo maribondo pela manobra de Lando: Eu lembrarei disso, ameaçou Max. Piastri superou seu companheiro de equipe e largará em terceiro, com Antonelli separando a dupla da McLaren. A corrida em Singapura dificilmente é limpa, com Safety-Car normalmente dando o ar da graça, além do clima extremo e os muros tornarem a corrida muito cansativa.   

domingo, 28 de setembro de 2025

Resiliência e glória

 


Ao ser atingido por sua Honda em Jerez após uma segunda queda, na primeira corrida da complicada temporada 2020, Marc Márquez não poderia imaginar pelo o que aconteceria a seguir. O braço direito quebrado fora operado no dia seguinte e Marc pensava em retornar para a corrida seguinte, dali a seis dias. Márquez foi visto até fazendo flexão no hospital na tentativa de voltar o mais rápido possível e Márquez chegou a subir em sua moto no final de semana seguinte, mas a dor era grande demais. Era apenas o início do suplício de Marc Márquez. Fisioterapia, dor, cirurgias, retornos, frustração, dúvidas. Tudo isso atormentava a cabeça de Marc Márquez.

Se Marc Márquez não era mais o mesmo, a sua Honda também. Moto complicada e sem o seu feeling para desenvolver tornou a Honda uma máquina improvável para retornar aos tempos vencedores. Marc escaneou o paddock e era óbvio que a Ducati tinha os meios para tirar a dúvida que martelava a cabeça do espanhol: ele ainda era capaz de ser campeão da MotoGP?

No que parecia uma loucura, Marc Márquez quebrou seu milionário contrato com a Honda e foi para a pequena equipe Gresini praticamente de graça, mas o time comandado pela viúva de Fausto Gresini tinha algo que era bastante precioso para Márquez: uma Ducati. Não era a Ducati de fábrica. Nem mesmo a do ano vigente. Mas era uma Ducati, a melhor moto do grid da MotoGP. Márquez poderia se medir com os pilotos que emergiram no vácuo de sua ausência. As vitórias chegaram e era evidente que Márquez poderia fazer algo especial com uma Ducati de fábrica. Num movimento polêmico, a Ducati de fábrica preteriu Jorge Martin, que seria campeão em 2024, pelo veterano Marc Márquez. Era uma aposta arriscada de Davide Tardozzi e Luigi Dall'Igna. Mas que se pagou plenamente!

Logo nos primeiros testes Marc Márquez mostrou sua magia e Pecco Bagnaia, piloto sempre ligado à Ducati, italiano e bicampeão da MotoGP pela montadora foi suplantado frente ao talento de Márquez. O começo da temporada indicava que algo incrível estava para acontecer. Marc Márquez deixava para trás o que acontecera entre 2020 e 2024. Ele retornava aos tempos dominantes com a Honda, quando as vitórias aconteciam naturalmente e os títulos eram mera formalidade. De forma surpreendente, o amado irmão Alex seria o maior 'rival' de Marc. Entre aspas, pois na temporada 2025 Marc Márquez não teve um rival. Foi um massacre. Os demais pilotos pareciam um ou mais degraus abaixo do espanhol de 33 anos. O título, como acontecia nos bons tempos da Honda, era mera formalidade. E o título veio nesse domingo em Motegi. Num raro bom momento de Bagnaia em 2025, o italiano varreu o final de semana. Correndo com o regulamento debaixo do braço e Alex num final de semana ruim, Marc terminou em segundo para comemorar seu sétimo título.

Todos os títulos são especiais, mas esse título de Marc Márquez será para sempre lembrado como o veterano campeão se igualou ao arquirrival Valentino Rossi com sete títulos, além de também se juntar à Michael Schumacher, Lewis Hamilton, A.J. Foyt, Jimmie Johnson, Dale Earnhardt e Richard Petty como os heptacampeões do esporte a motor. Como Márquez provou que pode vencer com uma moto diferente, saindo de sua zona de conforto na Honda. E principalmente, Marc Márquez provou que pode ser o piloto dominante como era antes do seu acidente.

sábado, 27 de setembro de 2025

Que pena...

 


Dono de uma das equipes pequenas mais charmosas da década de 1980 da F1, Vicenzo 'Enzo' Osella começou a correr no começo da década de 1960 com carros da Abarth e não demorou muito para Enzo ir para o lado gerencial do automobilismo, se tornando chefe de equipe e construtor de carros. Como um jovem piloto em começo de carreira, a equipe Osella começou nas categorias de base, passando pelo Turismo antes de correr por F3 e F2, culminando com a F1 em 1980. Num momento em que as equipes de F1 desenvolviam motores turbo e chassis com efeito-solo, Enzo Osella sofreu com a falta de financiamento, mas nem por isso deixou de construir carros muito bonitos, projetados por gente competente como Guiseppe Petrotta e Tony Southgate. A equipe Osella conseguiu bons resultados aqui e ali, como o quinto lugar de Ghinzani em Dallas/1984 e a mesmo posição de Jo Gartner em Monza/1984, mas normalmente a Osella lutava pelas últimas filas do grid. O simpático time italiano atravessou a inesquecível década de 1980 com valentia e em 1990 o time se tornou Fondmetal, fazendo com que Enzo Osella saísse do time que fundara, retornando à construção de carros-esporte, como fizera na década de 1970, dessa vez com sucesso na Itália. Hoje, aos 86 anos, foi anunciado a morte de Enzo Osella, um dos últimos garagistas da década de 1980 que ainda estavam entre nós.

terça-feira, 23 de setembro de 2025

Figura(AZE): George Russell

 O piloto da Mercedes chegou à Baku gripado e esteve próxima de desistir do final de semana azeri, mas Russell ficou e fez uma bela corrida, voltando ao pódio. George soube se livrar dos problemas na classificação e mesmo perdendo posição para Tsunoda na largada, Russell retomou a posição e rapidamente se aproximou da briga entre os novatos Lawson e Antonelli, que por sinal lhe fechou a porta na primeira volta, deixando o inglês fulo. Russell encostou em Antonelli, sugeriu uma troca de posições, mas a Mercedes simplesmente tirou Antonelli do caminho e Russell apenas esperou Lawson fazer sua parada e já assumir a segunda posição, pois Sainz tinha parado. Com o desgaste de pneus bem baixo nesse domingo, Russell manteve um ótimo ritmo e emergiu na frente de Sainz para ficar em segundo e subir novamente ao pódio. Uma clara demonstração de que Russell é mais do que um piloto de ponta, mas um verdadeiro líder numa equipe grande.

Figurão(AZE): Lando Norris

 Na semana anterior à corrida em Azerbaijão, Lando deu declarações à revista Vogue inglesa e soltou a seguinte pérola: Quero curtir a vida, é minha prioridade número um. Minha prioridade número dois é ser campeão mundial. E Norris foi bem coerente com sua frase, executando um final de semana miserável, onde o inglês tinha tudo para diminuir decisivamente a desvantagem que tem para Oscar Piastri, que teve um final de semana atípico e zerou após dois acidentes em Baku. Podendo capitalizar os problemas do seu principal rival pelo título, Norris errou na classificação após o primeiro acidente de Piastri e na corrida, nada fez para superar os pilotos à sua frente, largando e terminando numa opaca sétima posição. Uma corrida que reflete a falta de mentalidade competitividade de Lando Norris, além de ver Max Verstappen começar a crescer cada vez mais nesse terço final de campeonato. 

domingo, 21 de setembro de 2025

Castelo dos ventos uivantes

 


O clima capcioso de Baku nesse final de semana não foi capaz de parar Max Verstappen, que com uma segunda vitória consecutiva em 2025 começa a levantar a cabeça na luta pelo campeonato, cujos protagonistas falharam fragorosamente nesse domingo. Piastri sequer completou meia volta antes de estatelar sua McLaren em dos muros de Baku, enquanto Lando Norris fez uma corrida sorumbática, onde terminou onde largou, não capitalizando o infortúnio do companheiro de equipe. Somado às suas tragicômicas declarações à revista Vogue inglesa (Ser Campeão Mundial é minha prioridade número 2, quero curtir a vida) só aumenta o sentimento que Norris é talentoso, rápido, está na equipe certa na hora certa, mas lhe falta o sangue no olho que sobra em Max Verstappen. Enquanto Oscar Piastri precisa voltar a ter corridas decentes e mostrar que quer mais do que Norris (o que não parece muito difícil...) para ser campeão.


A classificação de sábado basicamente definiu o andamento de uma corrida que foi morna e com poucas emoções. Todos os treinos viram um show de interrupções e batidas, deixando os pilotos ainda mais cautelosos para uma pista de rua de alta velocidade, que com um clima às margens do Mar Cáspio traz muitos ventos que dificultou bastante a vida de todos os pilotos. Tanto que o único Safety-Car do dia foi logo na primeira volta, mas seu protagonista foi inesperado. Oscar Piastri pode não ter sido brilhante ao longo da temporada 2025, mas não se pode questionar a eficiência do jovem australiano, vindo de um sequência espetacular de 38 corridas nos pontos. Seu erro no sábado, que fez Oscar largar apenas em nono, pareceu mexer com a cabeça dele e logo na largada o piloto da McLaren vacilou, claramente queimando a largada e ao frear, seu carro entrou em Anti-Stall, fazendo com que a McLaren de Piastri ficasse praticamente parada no grid, deixando o piloto oceânico em último. Atarantado com o vacilo que pode ser decisivo para o campeonato, Piastri tentou forçar na primeira volta, mas a junção de pneus frios, pista suja e fria fez com que Piastri travasse os pneus e estampasse um dos muros de Baku. Game Over para Oscar Piastri, que foi flagrado assistindo a corrida num celular, pensando nas consequências dos seus seguidos erros.


Largando com pneus duros, Max Verstappen se defendeu bem de qualquer ataque de Carlos Sainz e partir de então não foi mais visto no domingo azeri. Max dominou a corrida ao seu bel-prazer, lembrando os bons tempos de 2023, quando passeava pelas pistas enquanto empilhava vitórias rumo ao tricampeonato. Foi a quarta vitória de Verstappen no campeonato, ficando apenas uma atrás de Norris, porém, a forma enfática como Max venceu em Monza e Baku, duas pistas distintas, cuja coincidência reside apenas em ser pistas cujos carros andam com baixo arrasto aerodinâmico, pode estar ligando a luz amarela na McLaren. A diferença de 69 pontos que Verstappen tem de desvantagem frente à Piastri pode se desmilinguir caso a McLaren faça outro final de semana miserável como esse. Não bastasse a sequência de erros de Piastri desde sábado, Andrea Stella e seus 'papaia caps' viram Lando Norris fazer uma corrida abaixo da crítica nesse domingo, onde o inglês largou e terminou em sétimo, diminuindo a vantagem para Piastri apenas para 25 pontos, num dia em que Oscar zerou ainda na primeira volta. Norris começou a vacilar logo na relargada, ao ficar longe do primeiro pelotão e ser ultrapassado por Leclerc na curva um. Norris ainda ultrapassou Hadjar logo após a relargada, mas foi incapaz de atacar Charles num dia ruim da Ferrari. Largando com pneus duros, Norris esticou ao máximo o seu stint, mas a McLaren errou no pneu dianteiro direito e novamente Lando ficou atrás de Leclerc. Com pneus mais novos e médios, enquanto Leclerc tinha pneus duros e usados, Norris até ultrapassou o ferrarista, mas depois ficou preso atrás da luta entre Lawson e Tsunoda, terminando numa opaca sétima posição. Por mais dificuldades que Norris tenha, seja pela não adaptação da McLaren ao circuito de rua de Baku, seja pelo famoso 'trem de DRS', a falta de 'fome' de Norris nesse final de semana chamou a atenção. Com seu principal rival zerado, era de se esperar um Lando Norris faminto para capitalizar o deslize de Piastri, mas Norris fez uma corrida burocrática, sem sangue, bem de acordo com suas declarações nessa semana à revista Vogue. Lando Norris pode até ser Campeão Mundial em 2025 e não sou daqueles que desmerecem títulos de F1, mas o comportamento de Norris nessa temporada o colocará como um daqueles campeões que só levaram o título porque todo ano tem que haver um campeão.


Carlos Sainz vinha sendo uma das decepções desse ano, mas uma classificação miraculosa e uma administração de corrida soberba fez com que o espanhol cantasse Smooth Operator pela primeira vez com as cores da Williams. Sainz largou muito bem e manteve a segunda posição a maior parte da corrida, mas quando parou na metade da prova e colocou pneus duros, Carlos viu o crescimento de George Russell. O inglês da Mercedes começou o final de semana com problemas de saúde e até mesmo Valtteri Bottas ficou sob aviso caso Russell não apresentasse uma melhora de seu quadro viral. George soube se livrar dos problemas na classificação e mesmo perdendo posição para Tsunoda na largada, Russell retomou a posição e rapidamente se aproximou da briga entre os novatos Lawson e Antonelli, que por sinal lhe fechou a porta na primeira volta, deixando o inglês fulo. Russell encostou em Antonelli, sugeriu uma troca de posições, mas a Mercedes simplesmente tirou Antonelli do caminho e Russell apenas esperou Lawson fazer sua parada e já assumir a segunda posição, pois Sainz tinha parado. Com o desgaste de pneus bem baixo nesse domingo, Russell manteve um ótimo ritmo e emergiu na frente de Sainz para ficar em segundo e subir novamente ao pódio. Mesmo perdendo o segundo posto, Sainz comemorou bastante seu primeiro pódio com a Williams, se recuperando parcialmente de um ano esquecível com a Williams, que viu Albon bater em Colapinto e, punido, ficar longe dos pontos. 


Quando fez sua parada, Antonelli perdeu também a condição de brigar com Russell, mas com pneus duros finalmente foi capaz de ultrapassar Lawson e chegar em quarto, menos de 2s atrás de Sainz. Foi a melhor corrida de Antonelli desde o pódio no Canadá e os pontos conquistados pelo italiano ajudaram a Mercedes virar sobre a Ferrari na briga pelo segundo lugar no Mundial de Construtores. O título da McLaren não foi consolidado matematicamente nesse final de semana, mas é apenas questão de tempo. Pelo menos isso. Já o segundo lugar será uma briga mais animada. A Ferrari começou o final de semana de forma promissora, mas já na classificação a coisa começou a desandar para a turma de Fred Vasseur e seus 'red caps' e no final vimos uma corrida fraca dos italianos. Com pneus médios no stint final, Hamilton viu Leclerc abrir caminho, mas o inglês não foi capaz de atacar Norris, mesmo bem mais rápido no final. Os dois pilotos da Ferrari terminaram numa triste oitava e nona posições. Muito, muito pouco para a Ferrari. E Tsunoda fez uma corrida digna com a Red Bull. Claro que o nipônico esteve longe de andar sequer próximo de Verstappen, mas pelo menos Tsunoda marcou bons pontos com a sexta posição, segurando Norris, no que pode até mesmo ajudar Verstappen numa hipotética luta pelo título, porém, também é fato que Tsunoda foi incapaz de ultrapassar Lawson. O neozelandês fez sua melhor corrida na F1 até o momento, correndo muito tempo em terceiro, mas as táticas não permitiram que Lawson emulasse o pódio de Hadjar semanas atrás em Zandvoort. No entanto Lawson segurou as Mercedes no primeiro stint e depois não se intimidou com a presença de Tsunoda, terminando num bom quinto lugar, marcando bons pontos para a Racing Bulls, que viu Hadjar fechar a zona de pontos, numa corrida em que o francês quase não largou por problemas mecânicos, mas Isack fez o que pôde para fechar a prova novamente pontuando.


Reagindo ao movimento errático de Piastri na largada, Alonso acabou queimando a largada e por isso nem reclamou quando foi punido, o relegando a 15º posição, mas ainda duas posições à frente do seu sempre fraco companheiro de equipe Stroll. Bortoleto nem precisou esperar Alonso ser punido para assumir a 11º posição, mas o brasileiro não teve condições de atacar Hadjar e brigar pelos pontos. Num final de semana abaixo da Sauber, Gabriel fez o que pôde, enquanto Hulkenberg bateu em Ocon na primeira volta e ficou perdido no meio do pelotão. A Haas teve um final de semana ruim, longe da zona de pontuação e com poucas brigas, enquanto a Alpine foi a única que viu seus pilotos tomarem volta numa corrida onde apenas Piastri abandonou. Briatore terá bastante trabalho...


Numa corrida sem sal, Max Verstappen está tentando colocar tempero num campeonato em que a McLaren parece querer estragar com suas 'Papaya Rules', sem contar seus pilotos que parecem não querer magoar o outro para manter a harmonia dentro da equipe. A distância de Max Verstappen para a dupla da McLaren ainda é grande, mas o neerlandês está de olho em mais vacilos de Piastri e Norris. Que com o final do campeonato se aproximando, as gafes da dupla da McLaren parece aumentar. Max agradece!

 

sábado, 20 de setembro de 2025

Odisseia azeri

 


Momentos antes de se iniciar a classificação na capital do Azerbaijão, a F1 anunciou a extensão do contrato com a pista de rua de Baku até 2030, com direitos a declarações protocolares de Stefano Domenicalli e Farid Gayibov, ministro da juventude e dos esportes do Azerbaijão. Talvez os dois dirigentes não estivessem preparados para o que viria em seguida, numa das classificações mais acidentadas e caóticas de todos os tempos. Um recorde de seis bandeiras vermelhas (três só no Q1) fez com que o treino que definiu o grid durasse duas horas e Max Verstappen mostrou que em meio a tantas dificuldades, seu talento absurdo faz muita diferença.

O clima estranho em Baku no sábado trouxe ventos que passaram dos 40 km/h, fazendo com que os pilotos fossem surpreendidos por rajadas de ventos que os fizeram sair da pista em vários momentos. E como se trata de um circuito de rua, isso significa muro. No Q1 Albon, Hulkenberg e Colapinto bateram, sem contar as várias escapadas. Destaque que quando Colapinto bateu pela enésima vez, a transmissão não se furtou de procurar um Briatore cada vez mais furibundo com a falta de desempenho do argentino e, pior, sua predileção de destruir carros. No Q2 Bearman bateu, estragando um final de semana até promissor da Haas, mas pior fez Hamilton, não conseguindo marcar um bom tempo e ficando de fora do Q3 mais uma vez, após ter feito o melhor tempo do segundo treino livre.

No final da corrida da F2, minutos antes do início da classificação da F1, os pilotos relataram pingos de chuva e pista escorregadia. Essa situação apareceu bem no Q3 e os prejudicados foram dois favoritos à pole. Charles Leclerc vinha de quatro poles seguidas em Baku, mas acabou batendo no muro do Castelo, mesmo local onde se chamou de idiota em 2019. Minutos depois foi a vez do líder Oscar Piastri bater forte no muro e dar uma boa chance de Lando Norris diminuir bastante a sua desvantagem no campeonato. Porém, na semana em que falou para a revista Vogue inglesa que 'ser campeão do mundo é minha prioridade número 2, eu quero curtir a vida', Norris demonstrou mais uma vez sua que lhe falta uma mentalidade realmente vencedora ao errar em sua volta no Q3 e com isso, largará apenas duas posições à frente de Piastri amanhã. Se não foi 'Papaya Rules', para a McLaren 'manter a harmonia' entre seus pilotos, foi mais uma chance desperdiçada para o inglês.

Com a pista escorregadia e a sequência de bandeiras vermelhas, Carlos Sainz, 18º no campeonato e uma das decepções do ano, estava com a pole, com Liam Lawson, demitido da Red Bull após duas corridas e correndo para sobreviver na F1, ao seu lado na primeira fila. Porém, Max Verstappen passou por cima de uma pista escorregadia e o vento forte em Baku para marcar a pole, a segunda consecutiva. Com a dupla da McLaren distante, não é demais afirmar que Max já é o favorito para vencer no domingo.

domingo, 14 de setembro de 2025

Primeiro match-point à vista

 


A temporada de Marc Márquez já é histórica. O espanhol bateu o recorde de pontos numa só temporada e ainda faltam seis etapas para o fim do certame, que pode ser liquidado matematicamente na próxima corrida, em Motegi. Mais do que números, o que impressiona de Marc é o seu domínio. Correndo em terreno hostil, Márquez caiu na Sprint enquanto liderava, fazendo com que a torcida italiana fosse à loucura em Misano. Um dia depois, Marc largou novamente bem e comboiou o vencedor da véspera, Marco Bezzecchi, até este cometer um erro. Especialista da manhosa pista de Misano, Bezzecchi subverteu a lógica de 2025, pois perseguiu de perto o dominante Marc Márquez até a bandeirada, numa disputa apertada, mas que teve o resultado de sempre nesse ano: vitória do espanhol, que também se aproxima de sua centésima vitória na carreira no Mundial de Motovelocidade. Alex Márquez terminou num seguro terceiro lugar numa corrida que contou com muitos abandonos, como Bagnaia e Pedro Acosta, com problema mecânico e flagrado mostrando o dedo médio para a sua KTM. No dia em que a Yamaha debutou sua novo moto com motor V4, Quartararo sofreu com a falta de desempenho de sua máquina e mal se segurou entre os dez primeiros. Em termos de talento, talvez apenas Quartararo e Acosta façam frente à Marc Márquez, mas ambos não tem equipamento para enfrentar o espanhol. Cinco anos depois do seu terrível acidente em Jerez, Márquez pode reconquistar o título, mas não será de uma foram qualquer. Será de forma implacável frente aos seus adversários. 

terça-feira, 9 de setembro de 2025

Figura(JAP): Max Verstappen

 Não poderia ser outro! Pole, vitória e melhor volta. Tudo isso sem ter o melhor carro, mas se aproveitando de uma rara não adaptação do carro da McLaren ao circuito de baixíssima pressão aerodinâmica e Max Verstappen dominou o final de semana em Monza, demonstrando mais uma vez que se tivesse um carro ligeiramente melhor, poderia estar na luta pelo título.

Figurão(ITA): Yuki Tsunoda

 Max Verstappen contornava a Parabolica pela última vez na edição 2025 do Grande Prêmio da Itália rumo a uma vitória incontestável. Enquanto o diretor de prova se preparava para dar a bandeirada para o neerlandês da Red Bull, Yuki Tsunoda completava a penúltima volta em 13º lugar, com Liam Lawson logo à frente. A Red Bull comemorava a vitória de Max enquanto o outro carro estava prestes a tomar uma volta do líder. Por mais que Tsunoda não seja o único piloto a passar pela provação de se comparar com Max Verstappen no manhoso carro da Red Bull sem ter sucesso, o nipônico entra mais uma vez aqui pois Yuki conseguiu colocar o carro no Q3, andou o primeiro stint inteiro entre os dez primeiros e poderia pontuar, quanto perdeu rendimento de forma repentina, caindo pelotão abaixo. Mais uma corrida ruim de Tsunoda com o carro da Red Bull. Por mais que o japonês fale em melhoras com o carro, a realidade é bem outra e dificilmente Yuki permanecerá na equipe em 2026.