segunda-feira, 14 de abril de 2025

Figura(BAH): George Russell

 Alçado como primeiro piloto da Mercedes com a saída de Lewis Hamilton em direção à Ferrari, George Russell tinha muito o que provar dentro da equipe, pois de piloto júnior, o inglês se tornou o líder de uma equipe que dominou a F1 por oito anos, mas vem sem clara crise técnica. E até o momento, Russell vem dando conta do recado. Após dois pódios nas duas primeiras corridas, Russell ficou preso atrás de Leclerc em Suzuka, mas no Bahrein foi o piloto mais próximo da dominante McLaren nos treinos e andou a corrida inteira em segundo lugar, tendo que se defender em diferentes momentos de Leclerc e Norris. Para completar, George sofreu com problemas eletrônicos em seu carro nas voltas que dificultaram sua condução, além de não saber ao certo quando poderia usar o DRS. Tudo isso 'calçado' com um pneu macio usado que teria que render por 24 voltas, enquanto seus rivais tinham pneus médios novos. Russell segurou seu compatriota Lando Norris como poucos nas voltas finais e assegurou a segunda posição, seu melhor desempenho em 2025. E como vem andando, Russell pode muito bem conseguir subir uma posição até o final do ano.

Figurão(BAH): Red Bull

 A performance mágica de Max Verstappen em Suzuka, num circuito seletivo e feito para pilotos, camuflou o real desempenho da Red Bull em 2025. A realidade foi que Max conseguiu uma volta mágica na classificação num circuito que lhe é favorável e usou as conhecidas dificuldades de ultrapassagem para derrotar de forma surpreendente a McLaren. Num circuito completamente distinto como Sakhir e que oferece ultrapassagens aos montes, nem o virtuosismo de Max Verstappen foi capaz de segurar não apenas a McLaren, como também Mercedes e Ferrari. A Red Bull sofre de uma 'Verstappen-dependência' crônica e no momento em que o neerlandês fica de mãos atadas, a equipe comandada por Christian Horner afunda. No Bahrein Max nada pôde fazer contra as demais equipes grandes e sem ritmo, em nenhum momento Verstappen foi capaz de brigar sequer pelo pódio, só arrancando o sexto lugar da Alpine (!) de Gasly na última volta. Nem os primeiros pontos do segundo carro em 2025 aliviou a situação da Red Bull, que antes era uma referência em pit-stops e errou com seus dois carros, danificando ainda mais a corrida de Verstappen e Tsunoda. Para piorar, o empresário de Verstappen foi visto reclamando em tom de cobrança depois da corrida Helmut Marko, que apenas escutou e adjetivou o final de semana da Red Bull no Bahrein: alarmante.

domingo, 13 de abril de 2025

King of streets


 Kyle Kirkwood foi um piloto batedor de recordes nas categorias de base americanas, a chamada Road to Indy, sendo contratado pela Andretti, que o apoiou nessa caminhada, como uma promessa. Porém, no time hoje comandado Dan Towriss havia Colton Herta como grande estrela, além de terem trazido Marcus Ericsson a peso de ouro para a equipe, deixando Kirkwood como patinho feio. Além do mais, Kyle vinha de quase dois anos de jejum, com suas duas vitórias anteriores em circuito de rua. A Andretti sempre andou bem em Long Beach e o próprio Kirkwood contava com isso para tirar a barriga da miséria na Indy. Tendo feito a pole, Kirkwood dominou a prova marcada pela estratégia de se livrar o mais rapidamente possível dos pneus macios e derrotar pela primeira vez em 2025 Alex Palou, vencendo pela terceira vez na Indy. A terceira em circuitos de rua.

Maior evento da Indy depois das 500 Milhas de Indianápolis, Long Beach festejou sua 50º edição nesse ano, como sempre com arquibancadas lotadas, mas não foi uma prova das mais emocionantes na Califórnia. Num fato bastante raro, completou-se nesse domingo a segunda corrida consecutiva sem bandeiras amarelas e a primeira em Long Beach desde 2017. Com a Firestone tendo projetado um pneu macio que dura muito pouco, as equipes traçaram suas estratégias para se libertar desse composto o mais rapidamente possível. Em St Petersburgo, a estratégia de largar com pneus macios garantiu a vitória de Alex Palou e por isso praticamente o grid inteiro partiu para essa tática, sendo que na Flórida, uma bandeira amarela logo na primeira volta fez com a estratégia dos que largaram com macios funcionasse. Contudo, o pano áureo não deu as caras nesse domingo.

Kirkwood manteve a pole sem maiores arroubos na largada, seguido por Herta e Rosenqvist. Larganda do meio do grid, Newgarden rapidamente procurou os pits para colocar pneus duros, algo que praticamente todo o grid fez. Quem largou com esse composto se deu bem, particularmente Christian Lundgaard, que deu o pulo do gato, juntamente com os menos favorecidos Kyffin Simpson e Sting Ray Robb, que chegou a liderar a corrida durante as paradas. Logo no primeiro stint Palou, que largou mal, subiu para segundo, muito próximo de Kirkwood, já dando a impressão que poderia assumir a ponta a qualquer momento. No entanto, Kirkwood controlou a corrida muito bem, marcando a estratégia da Ganassi nas demais paradas, sempre saindo na frente de Palou, por mais que a última parada fosse bem apertada.

Numa prova sem maiores emoções, Colton Herta perdeu rendimento e esteve longe do pódio, que foi completado por Lundgaard, numa bela ultrapassagem nas voltas finais sobre Rosenqvist. A Penske não foi nada bem num 2025 bem apagado do time do Capitão Roger. McLaughlin e Power foram sexto e sétimo, enquanto Newgarden teve problemas com o cinto de segurança que o fez perder uma volta. Dixon parece sem fôlego para acompanhar seu companheiro de equipe Palou, que mesmo em segundo lugar em Long Beach, se destaca cada vez mais na luta pelo tetracampeonato. Já Kirkwood espera não demorar tanto para vencer e ganhar em outros tipos de pista no calendário da Indy, pois nos circuitos de rua, o americano se mostrou bastante forte.

Script diferente, resultado igual

 


Marc Márquez já falou algumas vezes que o circuito de Catar não lhe favorece muito, tanto que só venceu uma vez por lá. Porém, a fase do espanhol está tão boa, que Marc nem ligou para o seu pobre currículo no Catar para vencer por lá, porém, não foi uma vitória tranquila. Ao contrário do que foi visto nas primeiras vitórias, Marc levou um toque do seu irmão Alex na primeira curva, lhe rendendo algumas aletas. Chegando como líder do campeonato, Alex Márquez teve uma corrida turbulenta, se envolvendo num toque desnecessário em Di Giannantonio que lhe custou uma volta longa, estragando sua corrida. Por causa do toque entre os irmãos Márquez, quem assumiu a liderança foi Franco Morbidelli, mas o italiano só ficou na liderança na primeira parte da prova. Porém, Marc não veio sozinho, trazendo consigo uma surpresa. O irregular Maverick Viñales estava num dia 'on' e andou próximo da dupla da Ducati oficial, com Bagnaia saindo de um decepcionante P11, após cair na classificação, para lutar pela vitória. Pela primeira vez no ano Pecco ultrapassou Marc Márquez, mas logo tomou o troco, além de ser ultrapassado por Viñales. Acostumado a lutar com Márquez, Viñales não se intimidou com Marc e liderou por algumas voltas, mas dois erros significaram que Marc estaria liderando novamente, dessa vez de forma definitiva, vencendo novamente, além de se consolidar mais uma vez na liderança do campeonato. 

Domínio animado

 


Uma semana após a sonífera corrida em Suzuka, o 'Tilkódromo' de Sakhir viu uma prova totalmente distinta, cheia de alternativas táticas e uma profusão de ultrapassagens. O que não mudou foi piloto que dominou desde a largada. Oscar Piastri não tomou conhecimento dos demais dezenove pilotos que largaram no Grande Prêmio do Bahrein e venceu com enorme tranquilidade, entrando de vez na luta pelo título com seu companheiro de equipe Lando Norris, que fez uma pequena prova de recuperação, mas não conseguiu superar George Russell para completar a dobradinha da McLaren, na frente dos seus proprietários.


O Grande Prêmio do Bahrein foi bastante diferente do que foi visto semana passada em Suzuka. Se no tradicional circuito nipônico não houve muitas trocas de posições, em Sakhir o asfalto propício a muito desgaste de pneus e um circuito mais largo fez da prova dessa domingo bem mais animada que a vista semana passada. É triste dizer isso, mas Sakhir combina mais com a F1 atual do que Suzuka. A McLaren demonstrou o final de semana inteiro que tinha o melhor carro do pelotão, mesmo com Lando Norris decepcionando na classificação ao ficar apenas em sexto. E tudo pioraria na largada. Alguns metros na frente, Piastri confirmou sua pole facilmente, mesmo com um ataque de Russell na primeira curva. Largando com pneus médios e rodeado de carros calçado de pneus macios, o segundo colocado Leclerc foi facilmente batido por Russell e Norris na largada, caindo para quarto. A ótima largada de Lando levantou algumas sobrancelhas e o inglês já atacava Russell quando veio o motivo da surpreendente largada do representante da McLaren. Lando nitidamente estacionou seu carro à frente do colchete de largada, rendendo à Norris uma punição de 5s quando fizesse sua parada. Por sinal, o primeiro stint dos pilotos com pneus macios durou menos do que o esperado e em torno da décima volta alguns pilotos já visitavam os boxes.


Mesmo punido em 5s pelo erro na largada, Norris não perdeu tanto tempo assim e rapidamente estava em terceiro, próximo à Russell. A dupla da Ferrari largou com pneus médios e ao esticar o primeiro stint, quando a dupla rossa fez suas paradas, Leclerc e Hamilton se tornaram os pilotos mais rápidos do pelotão, efetuando várias ultrapassagens, incluindo o monegasco ultrapassando Norris e partindo para cima de Russell. Quando a metade da corrida chegou, um toque entre Tsunoda e Sainz trouxe detritos na curva 3, num claro caso de Safety-Car, mas ao invés do virtual, quem apareceu foi o Aston Martin de Bernd Maylander. Piastri fez sua parada e teria a preocupação de relargar com Russell usando macios, numa audaciosa tática da Mercedes em deixar George com os pneus mais macios nas últimas 24 voltas. Piastri não teve trabalho com Russell e nas últimas voltas despachou os adversários com facilidade, colocando 15s em cima do inglês da Mercedes. Uma vitória dominante de Piastri, lembrando o triunfo na China, mostrando que o ritmo de corrida de Oscar é insuperável nesse momento. Agora apenas três pontos de desvantagem para Norris, essa vitória pode ser o boost definitivo para Oscar Piastri se lançar para a luta pelo título.


Nos retrovisores de Piastri, bem de longe, a briga pelo segundo lugar era bastante animada. O SC abalou bastante a estratégia da Ferrari, estancando o avanço de Leclerc e Hamilton. Obrigatoriamente tendo que colocar pneus duros, Leclerc perdeu rendimento e foi atacado por Norris, mas na manobra, Lando acabou ultrapassado por Hamilton. Algumas voltas depois Norris deu o troco no compatriota, mas ao ultrapassar fora da pista na curva 4, teve que devolver a posição para Hamilton, que já se maldizia pelo rádio, reclamando da aderência dos pneus. Norris não demorou a atacar Hamilton e logo depois já estava na caixa de câmbio de Leclerc, tirando o monegasco do pódio. Zak Brown já estava com os olhos brilhando, vendo uma possibilidade de dobradinha na frente dos proprietários da McLaren, ricos investidores barenitas, quando Russell começou a ter problemas eletrônicos em seu carro, afetando até mesmo a transmissão da corrida. Por causa desses problemas George começou a ter problemas no acionamento do DRS, gerando até mesmo um aviso da FIA, pois Russell teria acionado o DRS de forma proibida. Com pneus melhores, Norris foi para cima do compatriota nas voltas derradeiras da corrida. Russell lutou bastante, alargou curvas e num esforço final, conseguiu segurar a segunda posição, garantindo a melhor posição de Russell em 2025, o deixando como um rival próximo na luta pelo título. Norris terminou em terceiro, mas lambendo as feridas numa corrida onde seu companheiro de equipe dominou a prova e ganhou uma baita confiança para a luta pelo campeonato. Nesse momento, na luta interna da McLaren, Piastri está por cima frente à Norris.


Leclerc saiu do pódio e mesmo largando da primeira fila, acabou em quarto, com a Ferrari claramente como a terceira força do pelotão, enquanto Hamilton terminou logo atrás, tendo feito uma corrida bem movimentada quando teve pneus médios, mas caiu de rendimento com pneus duros e ficou seguro na quinta posição. Andrea Kimi Antonelli foi provavelmente o mais prejudicado pela entrada do SC, saindo da zona de pontuação após frequentar tranquilamente o top10, inclusive uma bela ultrapassagem sobre Verstappen. O neerlandês da Red Bull fez uma corrida opaca, diferente do visto semana passada. Verstappen largou mal e a partir daí não evoluiu mais, só conseguindo ultrapassar a Alpine de Gasly na última volta, terminando num sexto lugar bem chinfrim. Tsunoda pode bater no peito e dizer que andou perto de Verstappen, conseguindo os primeiros pontos pela Red Bull, mas o japonês conseguiu apenas a nona posição, 11s atrás de Max. Cada vez mais a Red Bull dependerá mais e mais da inspiração de Verstappen, o que pode ser insuficiente para dar o quinto campeonato para Max e, pior, tirar a paciência do neerlandês em ficar na equipe nos anos seguintes.


Na briga pelo melhor do resto, destaque para a Alpine. Gasly largou em quarto, conseguiu se manter à frente de Hamilton e Verstappen sem maiores arroubos e com uma estratégia ortodoxa, a Alpine não deixou Gasly na mão, que por sua vez fez uma bela corrida onde no último stint segurou Verstappen, só sucumbindo na última volta. Foram os primeiros pontos da Alpine em 2025 e só não foram mais, porque Doohan perdeu rendimento demais nas voltas finais, mas o australiano passou boa parte da prova nos pontos, na sua melhor corrida em sua breve carreira na F1. Outro destaque foi Ocon, que após a pancada que deu na classificação, acertou em cheio na estratégia e conseguiu um sólido sétimo colocado, que somado ao ponto de Bearman com o décimo lugar, segurando Antonelli nas voltas finais, significa que a Haas ocupa uma ótima quinta posição no Mundial de Construtores. Sainz largou bem e chegou a ocupar a sexta posição, mas o espanhol foi perdendo rendimento até ter uma batida com Tsunoda, que danificou bastante seu carro. Logo depois Sainz se envolveria numa disputa com Antonelli que lhe garantiu uma punição, mas com o carro avariado, Carlos se tornou no único abandono do dia. Albon fez uma prova discreta saindo das posições intermediárias e estava na luta pelos pontos, mas acabou apenas na P12.


Se Hadjar ficou constantemente na zona de pontos em Suzuka, em Sakhir a Racing Bulls em nenhum momento ficou nos pontos e o francês ficou nas últimas posições. Lawson dessa vez chegou fisicamente na frente de Hadjar, mas acabou punido em 15s por um toque com Stroll e Hulkenberg, terminando nas últimas posições. A Aston Martin viveu, muito provavelmente, seu pior final de semana nos últimos dois anos, onde nem Alonso foi capaz de fazer sua magia e colocar a equipe verde próxima dos pontos. A Sauber ficou com o pior ritmo do dia e mesmo Hulkenberg estando na briga junto de Racing Bulls e Aston Martin, esteve longe de fazer algo mais, enquanto Bortoleto, mesmo com as punições de Lawson e Doohan, terminou em último. Para completar, Nico seria desclassificado por desgaste irregular na prancha no fundo do carro.


A corrida foi bastante animada do segundo lugar para trás, pois na frente Oscar Piastri não deu chances a ninguém. Foi uma corrida dominadora do australiano, parecido com o que havia feito na China, o que pode indicar que Oscar pode ser o piloto que a McLaren espera para brigar pelo título, enquanto Norris terá que remar para dar a volta por cima e recuperar o protagonismo dentro da McLaren. O título pode ser decidido dentro da McLaren, mas Piastri hoje está em viés de alta. 

sábado, 12 de abril de 2025

Come quieto

 


Dentro da McLaren, a personalidade dos seus dois pilotos são bem distintas. Enquanto Lando Norris é expansivo e simpático, Oscar Piastri é mais reservado e introspectivo. Por isso que Norris aparece mais do que seu companheiro de equipe, por falar melhor com a imprensa e os fãs. Ninguém duvida do talento de Norris, mas a cada dia que passa fica nítido que Piastri tem um potencial maior, mesmo que sendo mais quieto. O australiano era constantemente superado por Norris em ritmo de classificação, enquanto que na corrida Piastri demonstra uma ligeira vantagem. Pois no Bahrein, Piastri começa a virar o jogo e com a McLaren num ritmo bem superior aos demais, o australiano conseguiu sua segunda pole na carreira, enquanto Norris amargou um sexto lugar.

Nos treinos livres a McLaren demonstrou um ritmo avassalador frente aos rivais e no TL3 os laranjas chegaram a enfiar quase 1s goela baixo do carro mais próximo. Porém, na classificação, as coisas foram mais próximas, mesmo que em nenhum momento a superioridade da McLaren foi contestada. Depois de um início de temporada encorajador, Lance Stroll voltou a ser facilmente superado por Alonso e ficou no Q1, o mesmo valendo para Lawson, que tomou seis décimos de Hadjar no Q1, mas o neozelandês sofreu com um problema no DRS. No pelotão intermediário, destaque para a Alpine, que até agora não marcou pontos e viu Gasly na segunda fila, enquanto Doohan, que superou o companheiro de equipe no Q1, tomou seis décimos no Q2 e não passou a fase seguinte.

Lando Norris já havia reclamado de um certo desconforto com o carro da McLaren no Bahrein, mas ninguém poderia imaginar uma brochada que o inglês protagonizou no Q3. Piastri dominou a classificação e marcou a pole, tendo a incômoda presença da Mercedes de Russell bem próximo. Leclerc levou a Ferrari ao top3, superando por muito um decepcionante Lewis Hamilton. Posteriormente a dupla da Mercedes perderia uma posição por terem ido para o final do pit-lane antes da hora, após o forte acidente de Ocon no Q2. E Norris? O inglês ficou atrás de Piastri e até mesmo de Russell na primeira tentativa do Q3 e na última cometeu, um ligeiro erro na primeira curva, que fez Lando ficar apenas em sexto. Para seu consolo, Verstappen teve uma classificação bem ruim e largará uma posição depois. No entanto, Lando Norris vê Oscar Piastri ficar cada vez maior, bem ao seu estilo. Quietamente. 

terça-feira, 8 de abril de 2025

Figura(JAP): Max Verstappen

 Não poderia ser outro! O que Max Verstappen fez no final de semana japonês foi daquelas atuações que poucas vezes vimos e somente pilotos geracionais são capazes de fazer. Não é segredo que a Red Bull tem hoje um carro nitidamente inferior ao da McLaren, vindo de 100% de invencibilidade em 2025 na F1. Suzuka é um circuito 'old school' e onde o piloto ainda faz muita diferença. Max Verstappen usou esses requisitos para conseguir uma pole assombrosa no sábado, derrotando por muito pouco a dupla da McLaren e conquistando uma vantagem importante num circuito de dificílimas ultrapassagens como é Suzuka. Com pequenas vitórias no domingo, com a largada sem erros e abrir rapidamente 1s, não possibilitando o uso do DRS por Norris, fez com que Verstappen controlasse a corrida, mesmo que com muita dificuldade. Max não teve o direito de errar e nas 53 voltas do Grande Prêmio do Japão, o neerlandês da Red Bull não colocou o pneu no lugar errado, numa pilotagem de altíssimo nível que garantiu a primeira vitória de Verstappen em 2025 e mostrando à McLaren que qualquer vacilo, será capitalizado por Max Verstappen.  

Figurão(JAP): Jack Doohan

 O filho do lendário Mick Doohan não teve a estreia na F1 mais tranquila da história, muito pelas pressões externas que o jovem Jack Doohan vem sofrendo, particularmente de Flavio Briatore, encantado com Franco Colapinto e trazendo o argentino como piloto reserva da Alpine. Esse tipo de pressão pode estar afetando Jack Doohan de tal forma que o australiano comete erros tão básicos que sua causa vai ficando cada vez mais irremediável. Sacado do primeiro treino livre de Suzuka, Doohan bateu muito forte no TL2 na curva um, assustando a todos, mas felizmente o piloto da Alpine nada sofreu. O motivo da batida aparentemente era o DRS aberto, no que poderia ser uma falha do seu carro. Porém, ao anunciar que seu piloto estava bem, Oliver Oakes, rei da Inglaterra da Alpine, anunciou que na verdade Doohan não desativou o DRS para o aproche da rápida primeira curva, fazendo com que a traseira da Alpine de Jack estivesse 'solta' e causando o acidente. Os bastidores não melhoraram muito a situação de Jack Doohan. Treinando no simulador, o australiano conseguia fazer a primeira curva de Suzuka com o DRS aberto, ou seja, para Doohan não precisava desativar o DRS na rápida curva um. Porém, na vida real a situação foi bem diferente e a situação de Doohan dentro da Alpine só piora.  

domingo, 6 de abril de 2025

Max gigantesco

 


O que dizer a mais sobre Max Verstappen? Após conquistar uma pole histórica em Suzuka nesse sábado, o neerlandês dominou a corrida em Suzuka, tendo a dupla da McLaren em seu encalço nas 53 voltas de uma corrida que prometia muito, mas a chuva veio cedo demais, a grama não pegou fogo e o resultado foi uma prova praticamente sem emoção nenhuma, onde os seis primeiros que largaram mantiveram suas posições na bandeirada. Suzuka é uma pista de pilotos, mas faz tempo que não produz corridas boas em condições normais.


Como ocorre em Mônaco, a corrida em Suzuka desse domingo foi decidida basicamente na classificação. A volta sensacional de Max Verstappen o deixou na situação de se largasse bem, a corrida certamente seria sua, mesmo com o notório ritmo superior da McLaren. Com ar limpo, Max poderia administrar melhor os pneus e se defender dos ataques certeiros que viriam da dupla da McLaren. A esperada chuva veio cedo demais e os pilotos não titubearam em largar com pneus slicks, mesmo com alguns pontos úmidos. Na largada, foi interessante ver como Max e Lando posicionaram seus carros apontando um para o outro, o que prometia uma largada agressiva, mas assim como a chuva, isso não apareceu e Max não teve muito trabalho para se manter na ponta, seguido por Norris e Piastri. Russell tentou ataques em cima de Leclerc, mas o representante da Ferrari se defendeu muito bem e não deu chances para o britânico, enquanto Antonelli e Hadjar não se intimidaram com Hamilton, com idade para ser pai deles (principalmente do italiano), atrás e mantiveram suas posições na frente do inglês da Ferrari. Largando com pneus duros ao lado de pilotos com compostos mais macios, Bortoleto foi quem mais perdeu posições, caindo para último. E foi assim que se iniciou a procissão nipônica.

Conseguindo seu objetivo inicial de ter o ar limpo como aliado, Max Verstappen tratou de conseguir mais uma pequena vitória contra as McLarens, que era abrir mais de 1s, não dando chance à Norris usar o DRS, pouco efetivo em Suzuka, mas de grande valia. Ainda na segunda volta o piloto da Red Bull amealhou mais essa vitória e não deu mais chances a Norris. Foi uma corrida estática, mas houveram momentos de tensão entre os líderes. Se a diferença não baixou de 1s, também não foi superior a 2s, tornando essa vitória de Max ainda mais especial, pois nunca é fácil ter um piloto com um carro superior lhe fustigando a corrida inteira. Verstappen não poderia errar. E ele não errou! Na única rodada de pit-stops, Norris se aproximou perigosamente e um parada não perfeita da Red Bull expos mais uma vez a inocência de Lando Norris. Os dois líderes saíram lado a lado da saída dos boxes e Max simplesmente deixou seu carro na linha normal. Em nenhum lugar da face da Terra Max daria espaço, que por sinal não existia, para um rival direto, mas Lando Norris se manteve lado a lado e quando a pista acabou, o inglês passeou na grama, perdendo um tempo precioso. Lando esperneou pelo rádio, mas Max não fez nada demais, tanto que a FIA concordou e o baile seguiu. Bastava Norris tirar ligeiramente o pé, ficar colado em Verstappen na saída dos pits e usar o ritmo superior da McLaren para fazer completar uma possível ultrapassagem, pois com pneus duros, a McLaren tinha um ritmo melhor do que a Red Bull. Mas Lando Norris declarou novamente que quer ser campeão sem ser um babaca. Essa atitude pode não o fazer um babaca, mas poderá não o tornar campeão. 

O aniversariante Piastri via tudo isso placidamente, mas no segundo stint parecia ser o mais rápido dos três, chegando a esboçar ataques em cima do seu companheiro de equipe. O australiano chegou a vocalizar isso via rádio, esperando um presente de aniversário da equipe com uma troca de posições, mas as contas da McLaren eram simples. Com Norris em segundo, ele mantinha a liderança do campeonato por apenas um ponto à frente de Verstappen. Como não havia garantias de uma ultrapassagem de Piastri sobre um inspirado Verstappen, Andrea Stella e seus papaias caps preferiram manter a coisa como estava até a bandeirada. Mesmo que na última volta Lando quase entregava o presente a Oscar ao sair da pista na chicane. Vitória categórica de Max Verstappen, daquelas conquistadas no braço numa pista que nitidamente evidencia quem pode fazer a diferença. Como falou Alonso após a volta da pole de Max, somente o neerlandês parece ser capaz de fazer voltas como a de sábado hoje em dia. Tsunoda teve uma estreia discreta na Red Bull, limitado pela má volta no Q2 e ficando de fora dos pontos, mas a torcida japonesa não quis nem saber e votou Yuki como o piloto do dia. Essa votação está mais avacalhada que algumas eleições por aí.


A McLaren saiu com um sabor amargo de uma derrota para um piloto que, mesmo excepcional, tinha claramente um carro pior. Norris e Piastri saíram dos seus carros com caras de poucos amigos, pois sabem que não poderá vacilar no resto da temporada, pois Max estará prontinho para capitalizar o menor dos erros dos papaias. E Piastri sabe que errou na classificação de sábado. Leclerc terminou num distante quarto lugar, onde seu único trabalho foi controlar Russell, que terminou num decepcionante quinto lugar, abaixo da expectativa pelo o que George vinha fazendo nos treinos livres. Antonelli fez uma bela corrida, liderou pela primeira vez uma prova de F1, se tornando o mais jovem na história de 75 anos da categoria, e com pneus duros no segundo stint, era o piloto mais rápido da pista, chegando a encostar em Russell no final. O italiano se mostra um enorme potencial, farejado por Toto Wolff. Hamilton se livrou facilmente do seu fã Hadjar ainda no começo da corrida, mas depois disso o inglês pouco fez, terminando a prova num obscuro sétimo lugar, só ficando à frente de Tsunoda entre as quatro equipes grandes da atualidade. Um início nada auspicioso para Hamilton.


Numa prova sem abandonos e apenas Tsunoda tendo problemas das equipes grandes, restaram apenas três posições de pontos. Sem maiores dramas estratégicos, Hadjar levou seu Racing Bulls facilmente aos pontos, mostrando que o francês tem velocidade e pode ser uma das surpresas do ano. O retorno forçado de Lawson à equipe deixou bastante a desejar. O neozelandês foi rapidamente ultrapassado por Tsunoda e viu não apenas que o nipônico fez um trabalho melhor do que o seu com o carro da Red Bull, como também Liam ficou abaixo de Yuki na comparação com o carro da Racing Bulls. Lawson ficou longe do novato Hadjar e também dos pontos. O rebaixamento pode ter causado um estrago definitivo na confiança de Lawson. Albon continua sua temporada sólida com a Williams, mesmo com várias reclamações via rádio, marcando mais pontos e superando com folga seu badalado companheiro de equipe. Sainz esteve bem mal na corrida, saindo várias vezes da pista na chicane e ficando bem longe dos pontos. Por fim, Bearman garantiu o último ponto para a Haas, fazendo uma boa corrida depois da largada decente que fez, além de superar com alguma folga o experiente Ocon, metido em brigas nas últimas posições.


Alonso ficou a prova inteira na P11, segurando os ataques de Gasly no primeiro stint e de Tsunoda no segundo, mas ficando longe de Bearman, fazendo com que o espanhol continuasse zerado no campeonato. Numa pista onde o piloto faz muita diferença, não foi surpresa Stroll ficar em último e sendo o único a tomar volta, numa prova sem nenhuma intempérie. Gasly tentou um ataque duro em Alonso na primeira volta, mas foi rechaçado e depois de um pit-stop ruim, acabou superado por Tsunoda e teve ajuda de Doohan para manter a frente dos demais do pelotão intermediário. A Sauber tinha o pior ritmo da corrida, mas bastante próxima dos rivais. Hulkenberg e Bortoleto andaram no bolo do pelotão intermediário, contudo, numa corrida sem intervenções externas, nem puderam sonhar com os pontos.


Não foi uma corrida emocionante e se não fosse a tensão das últimas voltas, com os três primeiros colocados andando juntos, o Grande Prêmio do Japão de 2025 seria um belo sonífero nessa madrugada. Para quem aprecia uma bela pilotagem, foi bonito de ver Max Verstappen vencer uma prova no braço, não tendo o melhor carro e se defendendo da superior McLaren usando um ritmo fortíssimo e sem direito a errar. A McLaren pode ter o melhor carro, mas Suzuka provou que é impossível descartar Max Verstappen no rol dos favoritos ao título da temporada 2025.

sábado, 5 de abril de 2025

Volta gigante


 Suzuka é um circuito para pilotos e já faz muito tempo que não temos boas corridas no espetacular circuito nipônico, mas os pilotos adoram correr lá e um dos motivos é que eles ainda fazem muita diferença em Suzuka, pista da Honda. E correndo com as cores originais da Honda, Max Verstappen fez toda a diferença com uma pilotagem impressionante que terminou com todo o favoritismo da McLaren e o neerlandês conseguiu uma surpreendente pole, numa volta que poderia ser assinada facilmente por qualquer lenda da história da F1.

A Classificação em Suzuka foi no seco e com os pilotos sofrendo com o vento e com a grama. Não que os pilotos estavam saindo da pista, mas que em várias ocasiões durante o final de semana a grama pegou fogo, por causa das faíscas do fundo dos carros. Uma cena nada usual. Jack Doohan bateu forte no TL2 e a Alpine não teve pudor em apontar o dedo para o australiano, num erro banal de não desativar o DRS na rápida curva um. Bastante pressionado, isso foi mais um golpe na confiança de Doohan, que fez uma classificação claramente ultra-conservadora e ficou na última fila, ao lado do errático Lance Stroll, esse mantendo sua escrita. Numa pista onde o piloto aparece, vemos o que Stroll (não) pode fazer. Bortoleto esteve na briga para passar ao Q2, mas acabou superado por muito pouco por Hadjar e ainda ficou atrás de Hulkenberg.

Falando em Hadjar e seus problemas no cinto de segurança, Lawson re-estreou de forma bem chinfrim na Racing Bulls, sempre atrás do novato, mas com um sorriso no rosto, o neozelandês largará na frente de Tsunoda, que o substituiu na Red Bull. Contudo, Yuki fez um trabalho melhor do que Lawson durante o final de semana. Correndo em casa e exibindo muita autoconfiança, Tsunoda andou sempre próximo de Verstappen nos treinos livres e até mesmo no Q1, mas ainda se acostumando com o novo carro, Tsunoda errou no aquecimento dos pneus no Q2 e ficou apenas na P15. Na Williams, novamente Albon colocou Sainz no bolso, que ainda foi punido, perdendo três posições no grid.

Tudo levava a crer numa pole da McLaren. Piastri e Norris dominaram os treinos livres e as duas primeiras partes da classificação, mas ninguém contava com um inspirado Max Verstappen. Vindo de três poles consecutivas em Suzuka, Max conseguiu uma volta no Q3 simplesmente antológica, derrotando a lógica e ficando com uma pole assombrosa. Norris e Piastri ficaram logo atrás, muito próximos, mas com cara de derrotados. Russell andou forte em todos os treinos livres, dando a impressão que seria o grande rival da dupla da McLaren, mas na hora que mais importava, ficou bem atrás, largando em quinto, ao lado do companheiro de equipe Antonelli, em sua melhor classificação até agora. Leclerc fez o papel que lhe cabia na Ferrari e se meteu entre McLarens e Mercedes, enquanto Hamilton novamente decepcionou, tomando bastante tempo do companheiro de equipe.

Essa pole conquistada por Max Verstappen é daquelas de dar um gás na confiança de qualquer piloto e a previsão é de chuva no domingo, podendo ser mais um fator de motivação para o neerlandês. 

domingo, 30 de março de 2025

Lá se foi o 100%

 


Grande dominador do circuito de Austin, vindo de pole e vitória na Sprint, tudo levava a crer que a MotoGP veria outro triunfo de Marc Márquez nesse domingo, mas os deuses da velocidade capricharam no Texas e o que parecia uma vitória fácil se transformou numa queda, deixando o até então deprimido Pecco Bagnaia no rumo de sua primeira vitória em 2025.

A chuva veio ainda na Moto2 e na categoria menor já havia tido problemas nas escolhas de pneus, com poucos pilotos optando pelos pneus slicks, já que a chuva não fora tão forte assim. Pelo menos na Moto2, quem arriscou slicks acabou perdendo a aposta, tomando até mesmo volta do vencedor Jake Dixon. A pista ainda estava escorregadia para a largada da MotoGP, mas o asfalto secava a olhos vistos. A situação ficou ainda mais confusa quando Quartararo caiu na volta de alinhamento, deixando os pilotos ainda mais receosos em escolher os slicks. Quando faltavam segundos para a volta de apresentação, Marc Márquez pulou de sua moto e correu para os pits para pegar uma moto acertada para piso seco. Mas o espanhol não foi o único e o caos se estabeleceu, acabando por trazer uma bandeira vermelha e uma situação embaraçosa para a MotoGP, pois a sensação que se passou é que ali mais parecia uma corrida amadora e não uma prova de elite.

Com tudo isso, na segunda largada todos optaram pelos pneus slicks e a corrida parecia nas mãos de Marc Márquez. Com uma largada segura, o espanhol da Ducati rapidamente se estabeleceu na ponta. Saindo apenas da sexta posição do grid, Bagnaia já tinha mostrado na Sprint que poderia aprontar na largada e se não assumiu a liderança, pelo menos estava em terceiro, atrás de Alex Márquez, que se esforçou ao máximo para manter o segundo lugar, indicando claramente que Alex tem uma missão em 2025: proteger seu irmão Marc. Contudo, não demorou para Bagnaia reagrupar forças e pela primeira vez no ano ultrapassar definitivamente Alex Márquez, ficando em segundo, mas Pecco não parecia ter forçar para atacar o líder Marc Márquez. No entanto, meio que um castigo por ter começado toda a confusão antes da largada, Marc passou por uma zebra molhada ainda no primeiro terço de corrida e caiu. O espanhol ainda tentou voltar, mas com várias avarias em sua Ducati, Marc abandonou.

Bagnaia partiu impávido rumo à bandeirada, vencendo pela primeira vez no ano, sem mais ser ameaçado por Alex Márquez, que pela terceira vez consecutiva chegou em segundo e incrivelmente lidera o campeonato. Mesmo ainda estando abaixo de Marc Márquez, essa vitória pode dar um pouco mais de confiança para Bagnaia enfrentar seu companheiro de equipe, que parecia imbatível nesse início de campeonato, mas acabou cometendo um erro que o deixou zerado em Austin. A Ducati ainda tem a melhor moto disparada e se não fossem as quedas de Márquez e Fermin Aldeguer, este já no final da prova, as seis motos Ducati ficariam com as seis primeiras posições, com Di Giannantonio e Morbidelli completando o quarteto da Ducati. Jack Miller conseguiu a façanha de ser a melhor não-Ducati do dia, segurando vários ataques e levando a sua Yamaha ao quinto lugar. Tendo derrotado a Ducati ano passado em Austin, a Aprilia decepcionou, enquanto a KTM viu seus principais pilotos ficarem pelo caminho.

O campeonato ficou bem interessante, mesmo que a liderança de Alex Márquez seja bastante circunstancial, o espanhol vem fazendo um certame bem sólido, mas abaixo da dupla da Ducati oficial. Bagnaia venceu, mas ainda não derrotou Marc Márquez, que irá mordido para a próxima etapa no Catar. Um circuito no qual Marc não gosta.

terça-feira, 25 de março de 2025

Figura(CHN): Oscar Piastri

 Uma semana depois do mal resultado na corrida de estreia da temporada 2025, em sua casa, Oscar Piastri deu uma bela resposta ao dominar o final de semana chinês, conseguindo a pole e liderando a corrida praticamente de ponta a ponta. Piastri viu seu companheiro de equipe Norris vencer em Melbourne, enquanto ele conseguira apenas um nono lugar, após errar quando a chuva voltou a aparecer na prova australiana. Mordido, Piastri não esmoreceu e menos de uma semana depois respondeu à Norris com a primeira pole da carreira e uma corrida dominadora, não dando qualquer chance à Lando Norris, mesmo com os problemas que o inglês teve nos freios nas últimas voltas. Uma boa volta por cima de Piastri, que parece ter começado o campeonato 2025 agora. E da melhor forma possível!

Figurão(CHN): Liam Lawson

 Estar no segundo carro da Red Bull sempre foi uma missão difícil, tendo passado por ali vários pilotos com diferentes experiências. Contudo, ninguém poderia imaginar que Liam Lawson, jovem neozelandês que fez boas corridas na Racing Bulls, fosse performar tão mal como ele vem fazendo. Em sua segunda corrida pela Red Bull, Lawson teve sérios problemas em conduzir o Red Bull RB21. Fazer qualquer tipo de comparação com Max Verstappen chegaria a ser covardia, mas alguns fatos mostram o péssimo trabalho de Lawson na China. Na classificação da Sprint, Liam ficou ainda no SQ1. Se já fosse ruim o suficiente, Lawson foi último (!) colocado na classificação da corrida principal. Não houve problemas com o carro ou algum piloto tendo bloqueado o piloto da Red Bull. No rendimento puro e simples, Lawson foi vigésimo colocado no grid para a corrida chinesa, que mostrou tão ruim quanto, com Liam muito longe de escalar o pelotão e ficando léguas de distância para marcar um mísero ponto qualquer. Um desempenho lastimável e no final do dia, já se fala que Liam Lawson poderia ser sacado após apenas duas corridas, com o neozelandês entrando para a lista nada digna de mais um moído pelo programa de jovens pilotos da Red Bull, liderado por Helmut Marko. Porém, Lawson vem fazendo até aqui o pior trabalho já visto no segundo carro da Red Bull.

domingo, 23 de março de 2025

O Max da Indy


 No outro lado do Pacífico, a McLaren tinha tudo para repetir o sucesso conseguido em Xangai, dessa vez na Indy. Pato O'Ward e Christian Lundgaard largavam na primeira fila em Thermal Club e lideraram boa parte da corrida, podendo completar a segunda dobradinha da McLaren no dia. Na China, o único que poderia travar a dupla da McLaren usando unicamente o talento era Max Verstappen, mas sem ritmo em seu Red Bull, o neerlandês nada pôde fazer. Já na California, Alex Palou fez o que se esperava de Max. Com carros iguais e tendo a diferença o acerto de equipe para equipe, além do talento, o espanhol conseguiu fazer a diferença rumo a uma belíssima vitória.

Antes de tudo, apesar do circuito ser bem seletivo, correr em Thermal Club é um exemplo claro de como a Indy cuida mal de si. O autódromo localizado na California na verdade é um circuito particular dentro de um clube para milionários, que dão voltas pela pista com seus supercarros quando tem vontade. Um clube exclusivo, com casas espetaculares, mas basicamente sem fãs. Apenas um pequena arquibancada de cinco mil expectadores com ingressos vendidos a preços absurdos transformaram o ambiente na corrida ainda mais desértico, com pouca ou quase nenhuma pessoa realmente apaixonada por automobilismo estivesse vendo a corrida in loco. Para a TV, a sensação que passou é que não havia ninguém na pista, apenas alguns parcos convidados, além dos moradores milionários. Uma bola fora da Indy.

A corrida transcorreu sem bandeiras amarelas e havia a preocupação com o desgaste de pneus, mas os pneus macios se comportaram muito bem e foram bem decisivos para a vitória de Palou. Os primeiros dois terços de prova foram dominados pela dupla da McLaren, tendo O'Ward na ponta. Antes da segunda e última parada, Palou diminuiu a diferença para Lundgaard, que economizava combustível após uma parada mais cedo. O espanhol atacou muito, mas o dinamarquês segurou Palou. Então o piloto da Ganassi colocou pneus macios para o último stint, enquanto a dupla da McLaren foi para as últimas voltas com os duros. Foi o pulo do gato. Voltando à pista logo atrás de Lundgaard, Palou rapidamente ultrapassou o danês da McLaren e estava 10s atrás de Pato. O mexicano foi atrapalhado por alguns retardatários, ajudando Palou a desintegrar a desvantagem e numa manobra certeira, ultrapassar o piloto da McLaren.

A esperança de Pato era que os pneus macios Palou se acabassem nas voltas finais, mas além disso não acontecer, o ritmo de Pato foi bem abaixo, causando até desconfianças de um problema de consumo de combustível. Mesmo gripado, Palou recebeu a bandeirada com tranquilidade e venceu pela segunda vez consecutiva, algo que não acontecia na Indy fazia bastante tempo e o espanhol da Ganassi já parte para um incrível tetracampeonato, igualando à Max Verstappen, que assim como Palou, faz toda a diferença em sua categoria. 

Dias de glória

 


Correndo em casa, Oscar Piastri obteve um resultado decepcionante ao sair da pista no momento em que a pista molhou em Melbourne e jogar fora uma dobradinha certa da McLaren, corroborando com a falta de sorte do australianos em seu próprio solo. Uma semana depois, Piastri se recuperou magistralmente nesse enfadonho Grande Prêmio da China, com uma vitória dominante vindo da pole, não dando chances a ninguém, nem mesmo seu companheiro de equipe Lando Norris, que levou um susto no final da prova, quando enfrentou problemas nos freios. Seguindo sua toada, George Russell subiu mais uma vez ao pódio, à frente de Verstappen e das desclassificadas Ferraris.


O alta desgaste de pneus na Sprint Race ligou o sinal amarelo das equipes, fazendo com que todos esperassem uma corrida mais tática do que emocionante, sendo que ao final das cinquenta e seis voltas, outro adjetivo pôde ser usado para a prova chinesa: chata. Claro que Oscar Piatri não tem nada a ver com isso. O australiano usou o exemplo de Hamilton no dia anterior e convergiu seu carro para dentro no apagar das cinco luzes vermelhas, acabando com qualquer chance de Russell efetuar algum ataque na primeira curva. Para melhorar a situação da equipe comandada por Zak Brown, Lando Norris fez algo não muito usual para o inglês, que é ganhar alguma posição na largada, ultrapassando seu conterrâneo ainda no complexo primeiro setor da pista. Um pouco mais atrás, era Max Verstappen que fazia algo não muito comum nos últimos tempos, que foi uma má largada, quando se posicionou mal por fora e acabou superado pela dupla da Ferrari, mas com Lewis e Charles se tocando, resultando num dano na asa dianteira de Leclerc. Fora a rodada de Bortoleto, a primeira volta foi bem tranquila, iniciando uma corrida que foi morna o tempo todo, com os pilotos com receio de forçar os pneus e que no fim, se mostrou infundado quando foram calçados os pneus duros na primeira rodada de paradas, o que se provou ser a única para boa parte do pelotão.


Piastri e Norris não desapareceram no horizonte, claramente controlando o ritmo, enquanto Russell segurava bem um inicialmente motivado Hamilton. Mesmo com a asa dianteira sem o direcionador esquerdo, Leclerc mantinha um bom ritmo, para desespero de Verstappen, que era um conformado sexto colocado. Com os pilotos quase todos utilizando os pneus médios, ninguém atacava, todos presos no famoso 'trem do DRS'. Quando as paradas começaram, ainda antes do primeiro terço de prova, havia uma clara sensação de que as equipes usariam a tática de duas paradas, mas ao calçar os pneus duros, George Russell foi o primeiro a vocalizar que seria bastante possível ir até o final da prova com aquele set de pneus. E assim foi com praticamente todo o grid. Mesmo com alguns undercuts ocorrendo, como Tsunoda ultrapassando um apagado Antonelli e Russell surgindo ligeiramente à frente de Norris, que logo deu o troco, a corrida se manteve estática e sem emoções. Leclerc fazia uma corrida surpreendente e logo encostou em Hamilton, pedindo passagem via rádio. Relutantemente Lewis cedeu passagem ao companheiro de equipe, que inicialmente foi para cima de Russell, mas logo perdeu rendimento, enquanto Hamilton ficou ainda mais para trás, porém, ainda com vantagem sobre um solitário Verstappen. À essa altura Piastri já estava com o braço para o lado de fora e ouvindo FM de forma sossegada lá na frente. Quando percebeu-se que uma segunda parada não seria necessária, Piastri controlou totalmente a corrida rumo a uma tranquila bandeirada, vencendo pela terceira vez na carreira e iniciando de verdade o campeonato. Já Norris não teve uma corrida tão serena. Sem condições de atacar Piastri, teve que ultrapassar Russell após sua única parada e praticamente mandou Oscar aumentar o ritmo para não ficar no 'ar sujo' do australiano e prejudicar seus pneus. Algo que Piastri fez sem maiores problemas. Contudo, o pior para Lando estava reservado para o final.


Nas últimas voltas Norris relatou problemas nos freios, uma complicação que só piorou na medida em que as voltas foram passando, causando um verdadeiro drama para o inglês, que claramente freava bem antes das curvas, deixando o carro rolar para usar menos os freios. Na última volta, Norris cruzou a bandeirada apenas 1,3s à frente de Russell, indicando que mais uma volta significaria uma posição (ou mais) a menos. Aliviado, Lando Norris completou a dobradinha da McLaren, mas viu que Oscar Piastri está de volta e pode ser um fator importante na briga pelo título, no que pode ser um assunto interno da McLaren. Russell fez uma prova sólida, que é sua principal característica, vencendo a dupla da Ferrari e quase capitalizando o problema de Norris. Liderando a Mercedes agora, George vem reagindo bem a responsabilidade, enquanto Antonelli fez uma corrida medíocre nessa sua primeira prova em pista seca. Após impressionar no piso úmido de Melbourne, Andrea foi muito mal e chegou a ser ultrapassado pela Haas de Ocon, algo não esperado por alguém que tem em mãos uma Mercedes, porém, Kimi acabou marcando bons pontos depois da corrida.


Hamilton foi dos poucos a fazer duas paradas, quando se viu pressionado por Verstappen, mas isso não lhe rendeu muitos frutos, pois Lewis acabou por não alcançar o neerlandês. O dano da asa dianteira de Leclerc deve ter feito efeito quando os pneus duros desgastados diminuíram o ritmo da Ferrari e ao invés de atacar Russell, Charles acabou sendo atacado por Verstappen, que efetuou a mais bela manobra do dia para ganhar a quarta posição do monegasco nas últimas voltas. Depois de vencer a Sprint pela primeira vez, quinto e sexto lugares não era algo que a Ferrari esperava na corrida, principalmente com o ritmo do primeiro stint, mas tudo pioraria horas mais tarde, quando pela primeira vez em 75 anos de F1, a dupla da Ferrari seria desclassificada. E por motivos diferentes. Enquanto Leclerc foi eliminado por estar com o carro abaixo do peso, Hamilton acabou desclassificado por causa da prancha debaixo do carro estar com desgaste acima do limite tolerado. Zero ponto para a Ferrari após o GP da China e um início nada promissor para os italianos, mesmo com a primeira vitória na Sprint. Já na Red Bull a saga do segundo carro segue. Se Max Verstappen continua levando o carro nas costas e ainda se mantém na vice-liderança do campeonato, Liam Lawson teve uma corrida abaixo da crítica. Depois de conseguir o último tempo na classificação e largar dos boxes, o neozelandês em nenhum momento sequer esboçou uma corrida de recuperação, ficando sempre entre os últimos colocados. Pelo menos Sérgio Pérez evoluía... Já se fala abertamente em trocar Lawson e que isso poderia ocorrer já na próxima corrida, em Suzuka. Porém, fica a pergunta: Tsunoda conseguirá acabar com a maldição que parece pairar sobre o segundo carro da Red Bull?


Após ter sido o carro mais lento em Melbourne, o Haas deu a volta por cima em Xangai. Depois de uma classificação positiva, o time comandado por Ayao Komatsu viu seus dois pilotos efetuarem boas largadas e rapidamente se colocarem entre os dez primeiros. Com uma estratégia diferente, onde esticaram o primeiro stint, Ocon e Bearman foram destaques nas voltas após suas paradas, efetuando boas ultrapassagens, com destaque pela agressividade de Esteban ao ultrapassar a Mercedes de Antonelli e as tiradas que Bearman fez ao ultrapassar vários carros no Hairpin no final da reta oposta. Ciao, era o que dizia o inglês. Com as desclassificações das Ferraris, Ocon subiu para um impressionante quinto lugar e Bearman ficou em oitavo, garantindo bons pontos à Haas. Continuando a boa forma mostrada na Austrália, Albon novamente colocou Sainz no bolso e liderou a Williams numa prova sem sustos, enquanto Sainz se aproveitou das desclassificações à sua frente para marcar seu primeiro ponto em 2025, mas o espanhol vem sendo uma das decepções da atual temporada. 


Stroll foi outro que esticou seu primeiro stint e chegou a andar no top5 antes de parar, mas quando o canadense fez sua única parada, o piloto da Aston Martin não evoluiu mais e só marcou pontos pelas desclassificações. Alonso foi o único abandono do dia logo nas primeiras voltas, ficando zerado no campeonato e surpreendentemente não levando a Aston Martin nas costas. A Racing Bulls andou praticamente a corrida inteira na zona de pontuação, inclusive com Tsunoda ficando na frente de Antonelli e Ocon, enquanto Hadjar fazia uma prova segura rumo aos pontos, mas o time B da Red Bull escolheu fazer uma segunda parada em seus carros. Foi o fim das chances de pontos para ambos, no que ficou ainda pior quando a asa dianteira de Tsunoda colapsou na reta dos boxes, jogando o nipônico para a última posição. A Racing Bulls é a única equipe sem pontos no momento, mas o ritmo certamente está lá. A Sauber foi o carro mais lento do pelotão, com Hulkenberg largando muito mal e Bortoleto rodando na primeira volta, no primeiro erro do novato, mas Gabriel fez uma boa corrida de recuperação e ainda teve chance de ultrapassar Hulk. Além da Ferrari, Pierre Gasly também foi desclassificado, pelo mesmo motivo de Leclerc, mas o gaulês não estava nos pontos no momento, o que não fez tanta diferença. Jack Doohan parece inquieto com a sombra permanente de Colapinto e por isso faz corridas bem agressivas. Punido na Sprint, o australiano voltou a ser punido na corrida, ao jogar Hadjar para fora da pista numa disputa de posição. Pressionado, Doohan começa a espanar, para alegria de Franco.


Depois de um resultado ruim na estreia do campeonato, Oscar Piastri demorou apenas uma semana para dar a resposta, com uma vitória categórica, só não garantindo o 100% de pontos no final de semana por não ter sido capaz de alcançar Hamilton na Sprint Race. A McLaren segue muito forte, mas a diferença não parece ser tão grande assim, principalmente em volta única. George Russell e Max Verstappen seguem capitalizando qualquer vacilo dos pilotos da McLaren, enquanto a Ferrari se perde com toques entre seus pilotos e problemas técnicos. Lando Norris teve sorte em manter a segunda posição, mas sabe que Piastri pode ter despertado para a temporada 2025. E não terá Papaya Rules que segure o australiano. 

sábado, 22 de março de 2025

Dias de luta

 


O sábado em Xangai foi o primeiro no formato Sprint e por isso, não faltaram histórias para contar. Ainda na sexta-feira o mundo da F1 sorriu com a pole de Lewis Hamilton para a minicorrida e o inglês confirmou a pole com uma vitória convincente no sábado chinês, mas horas mais tarde quem deu as cartas foi Oscar Piastri, conseguindo sua primeira pole na F1, se aproveitando de um final de semana errático do seu companheiro de equipe Lando Norris.

Havia certa expectativa para a largada da Sprint Race por termos na primeira fila os rivais Hamilton e Verstappen. O inglês deu uma verdadeira aula de como se portar frente a um piloto confiante e agressivo como Max, convergindo completamente sua Ferrari para cima de Verstappen, deixando o piloto da Red Bull sem muitas opções a não ser ficar com a segunda posição. Muito criticado por um final de semana decepcionante de estreia pela Ferrari, Hamilton deu uma bela resposta na Sprint Race, controlando o acentuado desgaste de pneus e não cedendo quando Verstappen esboçou um ataque. Foi uma vitória de almanaque e mesmo que os triunfos na Sprint não contem nas estatísticas, essa primeira vitória de Hamilton pela Ferrari pode lhe dar muita confiança para o restante da temporada.

A classificação mais tarde viu que muitos pilotos mal começaram a temporada e já se veem em dias de luta. Jack Doohan cometeu um erro crasso na Sprint Race, batendo em Bortoleto e sendo punido por isso. Ainda no Q1 o jovem australiano rodou e ficou pelo caminho, mas se serve de consolo, Gasly também ficou no Q1, porém, isso não pode ser o suficiente para Flavio Briatore. Colapinto agradece. Pior situação vive Liam Lawson. Após vencer Tsunoda para ficar com a vaga na Red Bull nesse ano, o neozelandês sofre com o mesmo problema dos demais companheiros de equipe de Verstappen, com um carro dificílimo de pilotar e uma janela de funcionamento minúscula, onde apenas Max parece ser capaz de administrar. O resultado disso tudo é Liam ficar com a última posição do grid e a pressão já começar a aumentar pelos lados da Red Bull. Afinal, acertarão algum segundo piloto ao lado de Max?

A McLaren tomou conta da classificação, principalmente com Norris, mas o inglês errou justamente quando não podia: a última volta do Q3. Superado por Piastri na primeira volta do Q3, Lando viu não apenas seu companheiro de equipe melhorar seu tempo, como ainda foi superado pelo conterrâneo George Russell, numa volta sobrenatural do piloto da Mercedes que o colocou em segundo. A dupla da Ferrari ficou com a terceira fila, longe de brigar pela pole, mas novamente com Lewis à frente de Leclerc, enquanto Verstappen ficou em quarto, mas se queixando de um ritmo de corrida inferior, algo que foi visto na Sprint, quando foi ultrapassado por Piastri e viu a aproximação de Russell e Leclerc nas voltas finais. A corrida tenderá a ser bem tática, com as equipes se preocupando bastante com o desgaste de pneus e isso poderá ajudar a McLaren, notadamente quem melhor cuida da borracha da Pirelli.   

quinta-feira, 20 de março de 2025

Que pena...

 


Ele foi um personagem da década de 1990 e sem coincidência, estreou na F1 logo no primeiro ano do decênio. Eddie Jordan militava no automobilismo britânico desde a década de 1970, inicialmente como piloto e percebendo a própria limitação, o irlandês se tornou chefe de equipe, evoluindo categoria a categoria até chegar à F1 em 1991 com a equipe que levava seu nome, logo de cara lançando um dos carros mais icônicos da história, o Jordan verde da 7up, no mesmo ano em que fazia estrear Michael Schumacher. A equipe Jordan passou por algumas turbulências e dois anos depois revelou Rubens Barrichello, piloto com mais corridas pelo time. A partir de 1996 a Jordan seria patrocinada pela B&H, trazendo os belos carros amarelos que marcaria a arrancada da equipe naquela época, onde conquistaria a primeira vitória em 1998 com Damon Hill e brigaria pelo título no ano seguinte com Heinz-Harald Frentzen. Contudo, aquele seria o último grande momento da Jordan Grand Prix. O time de Eddie entraria em decadência até Jordan vender o time. Eddie Jordan se caracterizou pelo carisma, seu amor pelo rock and roll e curtir a F1 de uma forma diferente de outros chefes de equipe. Várias vezes Eddie tirava fotos com Grid Girls, em cenas que seriam canceladas hoje em dia. O irlandês se manteve na F1 como comentarista e muitas vezes Jordan trouxe grandes novidades no mercado de pilotos. E foi num podcast que Eddie comunicou que lutava contra um câncer agressivo, que acabaria lhe matando aos 76 anos nessa quinta-feira, deixando o automobilismo de luto. 

segunda-feira, 17 de março de 2025

Figura(AUS): Max Verstappen

 Os títulos de 2022 e 2023 de Max Verstappen foram caracterizados por um massacre do neerlandês da Red Bull, principalmente no último ano, quando Max bateu recordes de vitórias numa mesma temporada. No entanto, a turbulência dos bastidores da Red Bull afetaram o ano da equipe e mesmo com o título em 2024, tudo indicava para um 2025 duro para a equipe e Max Verstappen. A pré-temporada indicava uma McLaren muito forte e o primeiro final de semana confirmou essa expectativa. Max teve que voltar à 2020, quando via uma Mercedes forte demais, mas sempre pronto capitalizar qualquer vacilo, lembrando o que Michael Schumacher fez nos seus primeiros anos de Ferrari contra a potência de McLaren e Williams, carros construídos por Adrian Newey, projetista dos carros que deram os quatro títulos de Max. Em Melbourne, Verstappen experimentou aquela sensação e claramente andou muito mais do que o carro, andando próximo dos carros da McLaren durante a corrida e até mesmo ameaçando a vitória de Lando Norris nas duas últimas voltas. Max deu o recado: a McLaren pode ter o melhor carro, mas qualquer vacilo, por menor que seja, Verstappen estará pronto para derrotar os pilotos papaias. 

Figurão(AUS): Ferrari

 Se havia unanimidade que a McLaren tinha o conjunto mais forte nesse início de ano na F1, muitos apontavam que a Ferrari era a segunda força. E os primeiros treinos livres confirmaram essa expectativa, com Leclerc principalmente andando bastante próximos dos pilotos da McLaren. Bastou que começasse a parte decisiva do final de semana para o ritmo da Ferrari ir por água abaixo. No Q3, os carros vermelhos estiveram bastante longe da luta pela pole. Na verdade, Leclerc e Hamilton fora até mesmo do top5, conseguindo o sétimo e o oitavo tempos respectivamente. O domingo chuvoso seria um desafio, principalmente para Hamilton, que estreava na Ferrari cheio de expectativas e o inglês admitia que estava com receio de apertar os botões errados no volante nas prováveis mudanças de funções enquanto a pista mudava. A realidade foi uma prova difícil para a turma de Maranello, mesmo com a ótima largada de Leclerc, pulando para quinto, mas Hamilton passou a maior parte do tempo empacado atrás de Alex Albon. Quando a chuva voltou na parte final da corrida, outro pesadelo retornou para os ferraristas: os erros estratégicos. Enquanto boa parte dos pilotos ainda na pista procuraram os pits quando perceberam que a pancada de chuva era muito forte, a Ferrari resolveu ficar na pista, jogando Leclerc e Hamilton ainda mais para trás, com ambos terminando em oitavo e décimo, com Lewis tomando uma ultrapassagem por fora na última volta de Piastri. Não era a estreia esperada para a Ferrari, mas se serve de consolo, Hamilton pôde liderar sua primeira volta com a Ferrari. Muito, muito pouco para tanta expectativa. 

domingo, 16 de março de 2025

Prenúncio de massacre

 


Muitos fãs da MotoGP gostam de criticar a F1 dizendo que a categoria de quatro rodas está muito previsível, onde o vencedor é conhecido antes mesma da largada. Contudo, em 2025 as coisas podem estar se invertendo um pouco. Por mais que a McLaren esteja um degrau acima das demais, ainda podemos ver um Max Verstappen fustigando os pilotos papaias. Já na MotoGP, nada e nem ninguém parece capaz de parar Marc Márquez. De aposta arriscada e até mesmo criticada feita pela equipe oficial Ducati, que viu o campeão Jorge Martin levar o número um para a Aprilia, Marc Márquez vem se tornando um palpite certeiro feito por Tardozzi, Dall'Igna e seus red caps.

A corrida em Termas de Rio Hondo parecia definida pela pole estrondosa de Marc Márquez, repetindo o roteiro visto em Chang, duas semanas atrás. Depois de vencer na Sprint, Marc se manteve na ponta na largada, onde mais uma vez teve seu irmão Alex em segundo e na Argentina o irmão caçula respeitou bastante o mais velho na primeira curva. Saindo de quarto, Pecco Bagnaia logo assumiu o terceiro lugar, tentou ataques em cima de Alex, mas não demorou muito para ser ultrapassado pela Ducati 2024 de Franco Morbidelli. Mais na frente, Alex capitalizou um ligeiro erro de Marc e assim como ocorreu em terras tailandesas, ficou na ponta boa parte da corrida. Porém, até os mosquitos que sujaram as bolhas e macacões sabiam que a corrida estava no controle de Marc, que mesmo com um errinho aqui e ali, atacou seu irmão na hora certa para efetuar a ultrapassagem decisiva e vencer pela segunda vez em 2025, imprimindo um domínio impressionante, onde Marc mantém 100% nas poles, Sprint e corridas no domingo.

Alex Marquez vem fazendo um bom papel de escudeiro, sendo que dessa vez nem precisou de tanto trabalho. Totalmente sem confiança, como mostrado em seu linguagem corporal antes da corrida, Pecco Bagnaia sequer foi ao pódio, derrotado por Morbidelli, que retornou ao pódios depois de vários meses e direito um 'Vai Porra!' ao vivo. Bagnaia parece impotente frente à força de Márquez e dentro da equipe Ducati, que nesse domingo dominou as cinco primeiras posições, fica a sensação de que a equipe já se enamorou por Márquez e todo o seu talento, deixando Pecco e sua apatia num passado de conquistas, mas que vem sendo superado de forma sistemática pelo espanhol. Destaque positivo pelo desempenho da Honda, com Zarco largando na primeira fila e só perdendo o quinto lugar na última volta, ficando bem à frente das KTM's e da Aprilia de Ogura, novamente a melhor Aprilia, já que Oliveira e Savadori nem largaram e Bezzecchi caiu na primeira volta.

Para quem curte as Bets, uma aposta certeira é votar em Marc Márquez, no que pode ser o prenúncio de mais um massacre do espanhol. 

Caos na confirmação da expectativa

 


Pole, melhor volta e vitória da McLaren em Melbourne, na abertura do campeonato 2025 da F1. Expectativas confirmadas depois da pré-temporada, correto? De certa forma, sim, porém, a primeira corrida do ano foi das mais animadas e a chuva não mostrou todo o potencial da equipe comandada por Zak Brown, que ainda perdeu uma dobradinha certa. Criando casca, Lando Norris sobreviveu bem ao caos australiano e controlou muito bem uma corrida em que aconteceu muita coisa que não estava no controle do inglês. Lando largou bem e, aleluia, confirmou a pole, tendo que segurar a pressão de Piastri quando a pista secou e depois Max Verstappen nas duas últimas voltas, em condições bem traiçoeiras. E falando em Max, o piloto da Red Bull claramente andou bem mais do que o carro e somente seu talento o fez andar minimamente próximo das McLarens em alguns momentos.


Os últimos dias previam chuva iminente em Melbourne na hora da corrida da F1. Horas antes, um temporal se abateu no momento da corrida da F2 e a prova foi cancelada, com direito até mesmo a patinhos bebendo água no asfalto alagado. Felizmente a chuva diminuiu no momento da largada da F1 e a largada ocorreu normalmente. Bem, pelo menos os carros saíram na hora da largada, pois Isack Hadjar rodou na volta de apresentação, ainda na curva 2. Um duro golpe para o francês, que se dirigiu aos pits claramente triste e numa cena tocante, foi consolado por Anthony Hamilton, pai de Lewis, ídolo confesso de Isack. A largada teve Max Verstappen mostrando suas credenciais e logo de cara ultrapassando Piastri, que mesmo relutando, acabou cedendo a posição para o neerlandês. Porém, a pista molhada fez mais vítimas juvenis e o ameaçado Jack Doohan bateu com força na curva seis, trazendo o Safety-Car. Começo nada auspicioso para alguém tão pressionado quanto o australiano, enquanto seu pai, o lendário Mick Doohan, balançava a cabeça nos boxes. Outro pai lendário que não deve ter ficado muito feliz foi o bicampeão mundial do WRC Carlos Sainz, pois seu filho rodou durante o período de SC, num verdadeiro anticlímax, após um final de semana promissor de Sainz Jr. Os mecânicos da Williams tiveram um verdadeiro Deja-Vu, tendo que trazer o funileiro mais cedo que o esperado.


Com poucas voltas a corrida já havia se tornado uma prova de sobrevivência. A relargada, ainda com pista molhada, mostrava o trio Norris-Max-Piastri juntos e destacados dos demais, liderado por Russell e Leclerc, que fez uma excelente largada. Hamilton era segurado por Albon e tentava se entender com os novos comandos de sua Ferrari. Como a pista melhorava nitidamente, era chegada a hora das equipes conversarem com os pilotos para o momento exato de colocar pneus slicks. Porém, antes disso, a McLaren mostrou sua força. Já com os pneus intermediários desgastados, Verstappen era fortemente pressionado por Piastri e acabou errando uma freada, permitindo a ultrapassagem do piloto da casa. Com a pista bem melhor, a McLaren começou a imprimir um ritmo 1s mais rápido do que Max, que parecia impotente frente a força dos carros laranjas. A hora de colocar pneus slicks chegou no momento em que Alonso, tentando ir para cima de Gasly, bateu seu Aston Martin no muro, trazendo novamente o Safety-Car. Com todo mundo com pneus slicks, o céu melburniano ficou escuro e as equipes previam chuva forte em poucos minutos. Não havia sossego para os pilotos e para Lando Norris em particular, que foi o primeiro que alcançou a pista novamente molhada e saiu da pista, trazendo consigo Oscar Piastri. Contudo, se o inglês se saiu bem da escapada de pista, Piastri ficou parado no grama e teve que engatar uma ré para sair da situação, perdendo quase uma volta no processo. O caos retornou com força e dois estreantes, Gabriel Bortoleto e Liam Lawson, bateram seus carros e o SC estava de volta. 


As voltas finais, com todos novamente de pneus intermediários, viu Verstappen partir para cima de Norris, mas este segurou o rojão muito bem, mostrando uma evolução do ano passado para cá. Tendo claramente o melhor carro do pelotão no momento, Lando Norris capitalizou a pole, algo que o inglês falhou várias vezes ano passado. Numa corrida com várias intempéries, Norris não se abateu e levou a McLaren a vitória, confirmando toda a expectativa que havia em cima da equipe. Piastri ainda marcou pontos, incluindo uma ultrapassagem antológica na última volta em cima de Hamilton. No entanto, a McLaren terá que cuidar do gerenciamento dos seus pilotos. Quando a pista estava no limite para se colocar pneus slicks, Piastri se aproximou rapidamente de Norris e tomou um rádio que pareceu mexer com o australiano. Situações que devem se repetir ao longo dessa longa temporada e a McLaren terá que ter cuidado para não degringolar para uma situação de perder um campeonato que poderá ser ganho com alguma facilidade. Até porque Max Verstappen está à espreita, só esperando o menor dos erros mclarianos para agarrar a oportunidade. Na Austrália, Max Verstappen lembrou os tempos de Michael Schumacher nos primeiros anos de Ferrari, quando não tinha carro para vencer, mas sempre que podia cravava Hill, Villeneuve e companhia. Max largou muito forte, andou no meio das McLarens até onde deu e somente um incaracterístico erro deixou Verstappen num longínquo terceiro lugar. Porém, os SC fizeram com que Max fosse uma constante ameaça aos pilotos da McLaren e será interessante observar essa fase caçadora de Max Verstappen, farejando qualquer vacilo de Lando ou Oscar. Se de um lado a Red Bull sabe que pode contar com um extraclasse, no outro sofre com o segundo piloto. OK, ainda é muito cedo para apontar dedos à Liam Lawson, mas o final de semana de estreia do neozelandês foi pífio, culminando com uma rodada solo. No entanto, para um piloto que se mostrou inseguro o tempo inteiro, deixa-lo com pneus slicks na pista molhada foi uma atitude sórdida da Red Bull, enquanto que no México, há pessoas com um sorriso no canto da boca...


George Russell fez uma prova solitária, onde mal apareceu e se aproveitando do erro de Piastri, beliscou um pódio. No entanto, os olhos de todos que acompanham a F1 se viraram para Andrea Kimi Antonelli. Vindo de uma má classificação, o italiano foi mais um dos novatos a rodar, mas salvou o carro e fez uma belíssima corrida de recuperação numa prova caótica, chegando em quarto lugar, apenas 1,7s atrás de George, que largou doze posições à sua frente. Bela estreia do italiano, se tornando o segundo piloto mais jovem da história a marcar pontos. Com dois pilotos pontuando bem, a Mercedes termina o primeiro final de semana do ano empatada com a McLaren no Mundial de Construtores. Um bom começo para Toto Wolff, mesmo com um carro que não se mostrou forte o suficiente para tal feito. A Ferrari começou o ano com muitas mensagens de rádio para seus pilotos e se complicando na estratégia. Ou seja, tudo normal para a turma de Fred Vasseur. Hamilton liderou sua primeira volta com uma Ferrari, mas num erro estratégico da equipe, que o manteve na pista tempo demais com pneus slicks, jogando Lewis e Leclerc para o final da zona de pontuação. Charles ainda recuperou duas posições, enquanto Hamilton tomou uma ultrapassagem por fora de Piastri, marcando apenas um pontinho. P8 e 10 não estavam nos planos da equipe de Maranello.


Uma corrida caótica é tudo que as equipes do pelotão intermediários pedem a Deus e vários times se valeram dos problemas dos pilotos das equipes grandes para se destacarem. Mesmo com a saída precoce de Sainz, a Williams viu Albon fazer uma corrida sólida, sempre na zona de pontuação e terminando em quinto, lembrando que só não foi quarto lugar, porque a Mercedes obteve êxito no recurso que punia em 5s Antonelli. Fazendo uma corrida arroz-com-feijão, Lance Stroll levou seu Aston Martin ao sexto lugar, sem incomodar ninguém. Mostrando que panela velha é que faz comida boa, Nico Hulkenberg fez em uma corrida mais do que Zhou e Bottas fizeram ano passado, levando a Sauber a um ótimo sétimo lugar. Bortoleto largou mal, relatou problemas nos freios e levava seu carro rumo a bandeirada até rodar e bater seu Sauber. Porém, o recado de Gabriel foi dado no sábado. Tsunoda passou boa parte da corrida na zona de pontuação, mas a Racing Bulls se atrapalhou na hora de trazer o japonês aos boxes na hora correta e acabou vendo Yuki fora dos pontos, o mesmo acontecendo com Gasly, que foi engolido pelas Ferraris e Piastri nas voltas finais. A Haas tem hoje o pior carro do pelotão, com Ocon e Bearman sempre nas últimas posições.


Foi uma corrida para lá de animada, mas quando teve pista livre a McLaren deu o seu recado às demais equipes: em ritmo de corrida, o time papaia tem uma vantagem grande. Até demais. Norris venceu com certa autoridade, enquanto Piastri sofreu com a falta de sorte dos australianos em casa. Porém, Max Verstappen provou mais uma vez que é hoje o grande piloto do pelotão atual e estará à postos para capitalizar qualquer vacilo da McLaren. Um belo início de um campeonato, mas o ritmo de corrida da McLaren assusta para quem esperava um campeonato apertado. Xangai nos dará mais respostas, por ser um circuito mais convencional. A não ser que o clima chinês esteja tão maluco quanto o australiano.