sábado, 13 de dezembro de 2025

Um ano para aprender e sobreviver

 


O ano de 2025 tinha tudo para ser bastante especial para a Stock Car. Quebrando uma de suas tradições, a categoria passaria a usar veículos SUV como base dos seus carros substituindo os sedãs. Além do novo carro, um novo motor híbrido faria a Stock entrar na atual onda do automobilismo mundial, com motores cada vez mais eletrificados. Tudo muito bonito na teoria, mas a prática foi bem diferente. Tanto o novo carro como o novo motor se mostraram frágeis a ponto de uma etapa ter sido adiada para mais testes, com a confiabilidade dos novos carros sempre em questão. A insatisfação foi crescendo no paddock da Stock e na reabertura do Autódromo de Brasília um forte acidente envolvendo Bruno Baptista e João Paulo Oliveira levantou outro ponto, ainda mais grave: além de inconfiáveis, os carros também eram inseguros. O campeonato transcorreu literalmente aos trancos e barrancos, com uma polêmica grande em toda a etapa, seja pelos inúmeros problemas mecânicos, seja por erros crassos da organização. Na corrida Sprint em Interlagos, Felipe Fraga se sagrou bicampeão, mas antes uma bandeira vermelha por causa de uma chuva forte fez com que os comissários se embananassem e Gaetano di Mauro, rival de Fraga pelo título e que largaria em primeiro, fosse jogado para as últimas posições. Uma verdadeira várzea que começa a colocar a Stock em cheque. Antes tida e havida como a principal categoria da América do Sul, a Stock Car começa a sofrer com a concorrência da Nascar Brasil e as inúmeras polêmicas de 2025 causou uma enorme repercussão negativa entre equipes, pilotos e, preocupantemente, patrocinadores. Um ano para lembrar, pois a Stock precisa aprender com seus inúmeros erros para não repeti-los, até mesmo por questão de sobrevivência da categoria.

segunda-feira, 8 de dezembro de 2025

Figura(ABU): Lando Norris

 Não poderia ser outro! O jovem inglês da McLaren conquistou seu primeiro título da F1, mesmo sofrendo um pouco mais do que o bom senso indica, mas Norris soube controlar-se em Abu Dhabi para derrotar Max Verstappen. Lando largou em segundo, mas perdeu a posição ainda na primeira volta, ficando na posição limite para conquistar o título. Norris viu Leclerc tirar desempenho da capenga Ferrari não se sabe de onde, foi para o meio do pelotão durante a primeira parada e correu o risco de ser penalizado numa disputa contra a Red Bull de Yuki Tsunoda, mas Lando venceu todas as desconfianças de que ele seria capaz de suportar a pressão e venceu o título com um necessário terceiro lugar. Mesmo com todos os erros, as declarações infelizes e uma postura bem abaixo do exigido por um piloto de ponta ao longo de 2025, Lando Norris também venceu sete vezes, reverteu a desvantagem que parecia irreversível ante ao seu companheiro de equipe Oscar Piastri e no final soube segurar a pressão de um inspirado Max Verstappen. Ninguém duvida que o melhor piloto do grid é mesmo Verstappen, mas Lando Norris teve seus méritos rumo ao primeiro título na F1.

Figurão(ABU): Alpine

 Finalizar o campeonato em último tanto no campeonato como na corrida é mais um indicativo do ano turbulento que a Alpine teve. Equipe de fábrica da Renault ainda sofre as consequências de inúmeras mudanças de gestores nos últimos anos, culminando com a chegada do veterano Flavio Briatore, que já mostrou sua capacidade de gerir uma equipe de F1 tanto para o bem (quatro títulos de pilotos) como para o mal (as várias histórias, conhecidas ou não, de vigarice do italiano). A influência de Briatore é tamanha que mesmo tendo dois chefes de equipe no ano, poucos sabem que Oliver Oakes e Steve Nielsen estiveram liderando a Alpine, pois quem manda mesmo é Briatore. E uma das decisões tomadas por ele foi que a equipe oficial da Renault se livrou... do motor Renault! Mesmo contanto com os brilhos efêmeros de Pierre Gasly, a Alpine teve em Jack Doohan e principalmente Franco Colapinto uma fonte inesgotável de idas à funilaria que não rendeu um ponto sequer para os dois jovens pilotos. Contudo Colapinto trouxe dinheiro portenho e por fim, ficará mais um ano na equipe, que terá o promissor motor Mercedes em 2026, mas ainda assim a Alpine parece totalmente à deriva.

domingo, 7 de dezembro de 2025

Apesar de você

 


Lando Norris, Campeão Mundial de F1. Sim, apesar dos erros dentro e fora das pistas, declarações inacreditáveis e uma postura que muitos campeões não assinariam durante o ano, Lando Norris foi preciso na última etapa do campeonato de 2025, lhe bastando o suficiente terceiro lugar para ser o 35º campeão mundial da história da F1, tirando a McLaren de uma fila de dezessete anos. A corrida de Lando em Abu Dhabi foi uma síntese de sua temporada, onde não lhe falta velocidade, mas o inglês não passa a segurança de que ele irá 'torcer a faca'. Largando em segundo, Norris foi surpreendentemente ultrapassado por Piastri ainda na primeira volta e sempre teve Charles Leclerc por perto, o que no contexto do campeonato daria o título para Max Verstappen, que fez o que tinha em mãos, que era vencer a corrida e esperar que Norris chegasse fora do pódio. Com a McLaren não repetindo o erro grosseiro da semana passada no Catar, Norris administrou a terceira posição até a bandeirada e conquistou seu primeiro título na F1.


A corrida no horroroso Autódromo de Yas Marina esteve longe de emocionar qualquer entusiasta mais fanático de F1. Somente os milhões de 'petrodólares' pagos pelos emiradenses todo ano na conta da F1 justifica um circuito que ninguém goste fechando o campeonato ano após ano. A pole de Max Verstappen na véspera deve ter tornado a noite da cúpula da McLaren e de Lando Norris bem difícil, pois ainda está fresco na memória a McLaren errando de forma crassa na estratégia e Lando espalhando a farofa em momentos decisivos. A largada falaria muito como a corrida pelo título transcorreria, ainda mais com os três postulantes nas três primeiras posições. Antes da largada Zak Brown anunciara que os dois pilotos da McLaren não se atacariam, mas faltava combinar com o resto do grid. Max Verstappen deu uma bela lição à Lando Norris como defender uma pole, ao apontar seu carro para dentro, fechar o próprio Lando na aproximação da primeira curva, só que ao contrário do que Norris fez em Las Vegas, Max contornou a primeira curva normalmente e assumiu a liderança da corrida, concretizando seu plano. Realmente a dupla da McLaren se respeitou ao extremo na largada e para melhorar, o piloto que poderia atrapalhar os planos de Zak Brown e seus papaias caps falhou miseravelmente na largada, com Russell destracionando e perdendo de cara duas posições, fazendo com que Leclerc pulasse para quarto, trazendo consigo Alonso.


Era esperado que os primeiros colocados mantivessem suas posições, mas Oscar Piastri resolveu que ele tinha seus próprios planos e partiu para cima do seu companheiro de equipe, efetuando uma bela ultrapassagem por fora, assumindo a segunda posição e deixando Norris numa posição frágil. Bastava um vacilo, um erro e Lando sairia da posição de pódio, entregando o campeonato para Verstappen, que disparava na frente. Para piorar as coisas para Norris, Charles Leclerc tirou desempenho não se sabe de onde da capenga Ferrari e o monegasco pressionou Norris nas primeiras voltas, inclusive usando o moribundo DRS para atacar Lando em determinados pontos. Com o passar das voltas, o ímpeto de Leclerc diminuiu e as posições se assentaram, com Verstappen 2,5s na frente de Piastri, que tinha 2s em cima de Norris. Contudo, Piastri estava calçado com pneus duros, enquanto seus adversários estavam com os médios, indicando que Oscar ficaria mais tempo na pista. A corrida passava nesse momento para o fator estratégico e de quando cada um dos rivais pelo título parariam. Toto Wolff se mostrou amistoso com sua cliente McLaren, mas a Ferrari não parecia ser tão condescendente e parou Leclerc na volta 17, fazendo com que a McLaren trouxesse Norris para os pits na volta seguinte, reagindo a manobra ferrarista. Nesse ponto a McLaren acertou, pois Lando voltou à pista na frente de Leclerc e o piloto da Ferrari ainda tinha Russell, que parara no mesmo instante, lhe pressionando, tirando um pouco da pressão. Por outro lado, Norris estava no meio do tráfego e isso poderia causar alguns problemas. O piloto da McLaren usou muito bem seus pneus duros novos e ultrapassou vários pilotos, até mesmo o perigoso Liam Lawson, da equipe satélite da Red Bull.


Com um ritmo forte e deixando Leclerc numa distância segura, Norris se aproximava de Yuki Tsunoda, que mesmo de fora do grid da F1 em 2026, prometera que faria de tudo para ajudar Max Verstappen. E Yuki reforçou isso via rádio. A apreensão aumentava na mesma medida em que Norris se aproximava do nipônico. Numa das retas de Yas Marina, Tsunoda mostrou sua carta de intenção ao ziguezaguear no meio da reta e no momento em que Norris escolheu uma linha, Yuki forçou a barra em cima de Norris, que para não bater, completou a ultrapassagem além da linha branca. Não demorou para surgir que a manobra estava em investigação, cada qual com seu prisma. Tsunoda por ter ziguezagueado na reta e forçado Norris para fora da pista. Já Norris era investigado por ter ultrapassado por fora da linha branca. Logo surgiram lembranças de 2021, quando a direção de corrida decidiu o campeonato de forma cristalina, mas como não tínhamos Michael Masi na torre de controle, apenas Tsunoda fora punido e Norris continuaria a sua corrida normalmente, para alívio da McLaren e dos fãs da F1, receosos de outra corrida e campeonato sendo decidido pelos comissários. A corrida era tranquila e... chata. O Safety-car esteve longe de aparecer em cena, algo que fez toda a diferença em Losail. Max Verstappen fez sua parada tranquilamente e voltou à pista em segundo, com Piastri assumindo a ponta da corrida e sem surpresas, esticando ao máximo seu stint com a borracha mais dura. Com pneus novos, Max Verstappen 'devorou' toda a vantagem de Piastri, mas o próximo McLaren a parar não foi Oscar. Com os pneus desgastando bastante, houve uma variação tática entre as equipes e a Ferrari trouxe Leclerc aos pits pela segunda vez, algo que a McLaren não hesitou em fazer com Norris. A McLaren jogava na bola de segurança e a estratégia funcionou perfeitamente, com Lando se mantendo em terceiro, mesmo tendo colocado pneus duros, enquanto Charles estava com os médios. Em certo momento Leclerc tirou 1s por volta de Lando, mas não demorou para os pneus duros começarem a funcionar melhor e Lando administrar a vantagem sobre Leclerc.


Piastri já tinha Verstappen em seus retrovisores quando fez sua única parada, retornando logo à frente de Norris. Verstappen também optou por parar apenas uma vez e perguntava por Leclerc, como se o monegasco fosse seu companheiro de equipe, mas Leclerc era apenas a única esperança de título do neerlandês. Com Leclerc sem chances de atacar Norris, a corrida caiu em sua monotonia habitual em Abu Dhabi, com as voltas passando e a bandeirada dada pela linda Ana de Armas se aproximando. A dupla da McLaren se aproximou de Verstappen, mas nem Max e muito menos os pilotos 'mclarianos' estavam interessados em briga. Max Verstappen fez o que dele era possível. Ele conquistou a pole de forma impressionante, largou muito bem e dominou a prova, esperando por um milagre acontecer atrás de si. O milagre não veio, mas a temporada de Max Verstappen poderia ser assinada por Ayrton Senna em 1993 ou Fernando Alonso em 2012. Com um carro inferior e uma janela de desempenho estreita, Max Verstappen tirou uma desvantagem superior aos cem pontos para terminar o campeonato com meros dois pontos de déficit. E com uma vitória a mais que os pilotos da McLaren. Max lembrará com lamento do destempero em Barcelona, mas sairá fortalecido rumo ao desconhecido que será 2026 e suas complexas novas regras. A Red Bull também aprendeu a lição de que ter apenas um 'cavalo' contra dois faz toda a diferença. Em todo momento nessa briga Max Verstappen não pôde contar com Tsunoda, que punido, mais uma vez ficou fora dos pontos em sua despedida da F1.


Piastri cruzou a bandeirada sabendo que terá um 2026 decisivo na carreira se quiser continuar sendo um talento geracional. Prejudicado pelas famigeradas 'Papaya Rules', Piastri via sua enorme vantagem após a vitória em Zandvoort se esfarelar tanto pelos erros da McLaren, como seu derretimento, muito pela parte psicológica, onde a McLaren deu a entender, apesar das inúmeras negativas, trabalhar a favor de Lando Norris. E 16s depois de Max Verstappen, Lando Norris recebeu a bandeirada, confirmando seu primeiro título no limite. Observando toda a emoção de Lando Norris ao lados dos pais, da bela namorada e da cúpula da McLaren, me vejo em 1996, quando Damon Hill se sagrou campeão mundial. Damon não era o piloto mais talentoso daquela geração e mesmo vencendo oito corridas naquele ano, havia a sensação de que o melhor piloto do ano não venceu (Schumacher). Talvez nem o melhor piloto da equipe dominante (Jacques Villeneuve surgiu na F1 como um furacão, mas logo se mostrou um leve sopro). Damon Hill teve seus méritos, mas somente com o tempo eles foram sendo considerados. Talvez isso aconteça com Lando Norris no futuro. Muitos estavam felizes pela glória do inglês da McLaren, mas há a sensação de que mesmo vencendo sete vezes no ano, ter virado um campeonato que parecia perdido para o companheiro de equipe e segurado a pressão de um gigante como Max Verstappen nas corridas finais, muitas pessoas não consideram Lando Norris um campeão mundial digno. Alguém que sente na mesma mesa de Emerson Fittipaldi, James Hunt, Niki Lauda, Alain Prost, Ayrton Senna, Mika Hakkinen e Lewis Hamilton, os ilustres outros campeões mundial pela McLaren na F1. Talvez o futuro, assim como fez com Damon Hill vinte e nove anos atrás, faça com que olhemos com mais simpatia pelo título de Lando Norris em 2025.


Charles Leclerc conseguiu uma ótima corrida com a claudicante Ferrari, fechando o ano andando mais do que seu carro, até se tornando o 'melhor amigo' de Max Verstappen durante a corrida. Saindo da 16º posição, Lewis Hamilton optou por uma estratégia arriscada, largando com pneus macios e parando cedo para ter ar limpo por bastante tempo. Podemos dizer que a Ferrari acertou! Lewis parou duas vezes, mas tinha um ritmo forte o tempo todo para chegar em oitavo, contudo, isso não apaga uma temporada frustrante do heptacampeão mundial. A Mercedes confirmou o vice-campeonato no Mundial de Construtores mesmo com George Russell tendo feito uma corrida para lá de discreta e Antonelli, eliminado no Q2 no sábado, não repetindo as boas atuações das três últimas provas. A Mercedes ficou com essa posição mais pelo fato de que a Red Bull só tem um piloto e a Ferrari ter tido um ano para esquecer, mas ao menos a Mercedes poderá comemorar o fim do atual regulamento, onde os comandados de Toto Wolff não se entenderam em nenhum momento. Muito se fala que a Mercedes terá o melhor motor no novo regulamento, mas isso só será respondido em março do ano que vem.


Após sua boa largada, Fernando Alonso passou a liderar o pelotão no melhor do resto e seu sexto lugar foi importante por manter a Aston Martin em sétimo lugar no Mundial de Construtores e o espanhol beliscou um top10 no Mundial de Pilotos. Stroll ainda salvou um pontinho, mas o canadense é um claro peso morto dentro da equipe do pai. A Racing Bulls teve Hadjar no top10 nas primeiras volta e Lawson por perto, mas a equipe satélite não brilhou em ritmo de corrida, seus pilotos já sabendo o que fazer em 2026, com Lawson permanecendo na equipe para receber Arvid Linblad, novo prospecto da Red Bull, enquanto Hadjar irá terá a honra duvidosa de ser promovido para a equipe principal, tentando evitar ser mais uma vítima da máquina de moer pilotos comandada por Helmut Marko. Ocon finalmente superou Bearman, que teve uma bela temporada de estreia na F1. Falando em estreia, Gabriel Bortoleto passou boa parte da corrida na zona de pontos, mas ao optar por uma única parada, acabou atropelado por Stroll e Hulkenberg, saindo da zona de pontuação. Afora toda a afetação em Interlagos, Bortoleto fez uma temporada digna como novato e junto ao competente Hulkenberg, vai com boas expectativas para a Audi, que em 2026 substitui a já saudosa Sauber. Sainz acabou punido e ficou fora dos pontos, mas o espanhol claramente se recuperou de um início de campeonato difícil com a Williams e não apenas se colocou entre os dez primeiros do Mundial de Pilotos, como ajudou a Williams a ser quinta colocada no Mundial de Construtores. Albon fez uma primeira metade de campeonato muito forte, mas caiu de desempenho, numa curiosa situação onde os pilotos da Williams não estiverem bem ao mesmo tempo. Quem não esteve bem em momento algum foi a Alpine. Vivendo um caos administrativo liderado por Flavio Briatore, a Alpine viveu de lampejos de Pierre Gasly e arrumar carros destruídos por Franco Colapinto, que com a ajuda de patrocinadores portenhos, ainda seguirá mais um ano na Alpine, para alegria dos funileiros franceses. A confusão dentro da equipe é tamanha, que mesmo sendo a equipe oficial da Renault, Briatore convenceu os franceses a abandonar... o motor Renault! Tradicional fabricante de motores na F1, a Renault deixa a categoria mais uma vez e dessa vez de forma melancólica, com os dois pilotos da Alpine fechando o pelotão num dia sem abandonos em Abu Dhabi.


A briga tripla entre Norris, Verstappen e Piastri terminou de forma previsível numa corrida sem graça num circuito dos mais chatos que a F1 já viu, mas só estando no calendário por ser extremamente bem financiado. Max Verstappen não tem mais nada a provar, enquanto Piastri terá muito a provar em 2026. Já Lando Norris curtirá seu primeiro título com bastante emoção, como demonstrou ainda dentro do carro, mas precisará fazer mais no futuro para que esse título em 2025 não entre na classe dos 'one hit wonder', onde Norris soube usar as circunstâncias a seu favor para conquistar o título, afinal, todo ano alguém precisa ser coroado.

 

sábado, 6 de dezembro de 2025

Será o suficiente?


A batalha tríplice entre Max, Lando e Oscar começou no último final de semana do ano com vantagem para aquele que é, disparadamente, o melhor piloto do grid: Max Verstappen. O neerlandês da Red Bull não se importou com o domínio de Lando Norris nos primeiros treinos livres e nem pelo desempenho acima da média da McLaren no terceiro setor do horroroso circuito de Abu Dhabi. No momento decisivo, Max conseguiu duas voltas espetaculares no Q3 para conseguir mais uma pole e colocar mais pressão em cima da dupla da McLaren.

Porém, precisamos falar de Lewis Hamilton. A Ferrari chegou com um novo conceito para o carro de 2025, mas rapidamente ficou claro que os italianos não estavam no mesmo nível da McLaren e por isso, desistiram de desenvolver o carro no final de abril, fazendo com que a Ferrari não apenas ficasse atrás da McLaren, como foi ultrapassada por Red Bull e Mercedes. Chegando na equipe tendo completado 40 anos e tendo feito toda a carreira com um motor Mercedes atrás de si, Lewis Hamilton sofreu bastante em sua adaptação na equipe de Maranello, mas Carlos Sainz, que foi sacado na Ferrari para Lewis entrar, sofreu no seu início com a Williams. Todavia, na segunda metade do ano o espanhol já anda claramente à frente de Albon. Não foi o caso de Hamilton. Correndo ao lado de um dos pilotos mais rápidos em classificação dos últimos tempos, Hamilton não apenas não consegue acompanhar Leclerc, como passou a ficar rotineiramente nas últimas posições, caindo pela terceira vez consecutiva no Q1, enquanto Charles levou sua problemática Ferrari ao Q3 e a terceiro fila. A postura derrotista de Hamilton não o ajuda em nada e muitos já questionam se a chegada do inglês, com o maior plantel da história da F1, mas já em má fase em seus últimos anos de Mercedes, não chegou à Ferrari mais por um capricho seu e dos chefes atuais da Ferrari do que para realmente crescer junto com a equipe.

A Sauber começou bem o final de semana, mas apenas Bortoleto conseguiu avançar na classificação e terminou num ótimo sétimo lugar, igualando seu melhor grid na carreira. Tomara que Gabriel termine também sua fase ruim após o péssimo final de semana em Interlagos. Nesse seu primeiro ano na F1 Gabriel superou Hulkenberg no head-to-head no grid em 2025 e alguns outros resultados chamam atenção. Na Aston Martin, Fernando Alonso terminou o ano invicto, enfiando 24x0 em Lance Stroll, provando que o canadense nem deveria estar no grid da F1. Na Red Bull, Yuki Tsunoda, de saída da F1, também terminou invicto: tomou 22x0 para Verstappen.

No entanto, o caso do nipônico não passa tanto por ele. Aos 28 anos de idade, Max Verstappen está muito provavelmente em seu apogeu da carreira e demonstra a cada final de semana que mesmo o grid tendo nomes históricos como Alonso e Hamilton, Max é o melhor piloto do grid. A dupla da McLaren lembra dois poodles acuados frente a um Pitbull rosnando. Lando Norris e Oscar Piastri fizeram suas partes ao ficarem sempre entre os primeiros, mas no final não foram páreo para um inspirado Max Verstappen, sublime em suas melhores voltas no Q3. George Russell parecia capaz de se meter na briga entre os três, mas vacilou na última curva da sua melhor volta e terá que se conformar com a quarta colocação. A McLaren tem o melhor carro, mérito de Andrea Stella e sua equipe, mas Max Verstappen fez toda a diferença em 2025 e nesse sábado em Abu Dhabi. Será o suficiente para conseguir o penta?   

segunda-feira, 1 de dezembro de 2025

Figura(CAT): Carlos Sainz

 Contratado pela Williams de forma surpreendente após bons anos com a Ferrari, Carlos Sainz não começou de forma auspiciosa sua experiência na tradicional equipe, ficando muitas vezes atrás do correto Alexander Albon, gerando certas críticas em cima do espanhol, que chegou à Williams com a expectativa de que seria o líder da ressurreição do time fundado por Frank Williams. No entanto, após as férias Sainz deu uma mudada e passou a fazer corridas muito fortes. Após o pódio no Azerbaijão, Sainz repetiu o feito no Catar com um final de semana muito sólido, além de bem superior ao de Albon. Com os últimos resultados, Sainz não apenas encosta em Albon no Mundial de Pilotos, como ajuda a Williams a se estabelecer na quinta posição no Mundial de Construtores.

Figurão(CAT): McLaren

 E lá vamos nós novamente... Cometer erros estratégicos já definiram várias corridas desde que Gordon Murray sugeriu fazer paradas programadas durante as corridas no início da década de 1980. Porém, quando esse erro ocorre num momento crucial de um campeonato estava nas mãos torna tudo mais dolorido e foi isso que aconteceu no Catar no domingo. Dona do melhor carro do final de semana, a McLaren caminhava para uma fácil dobradinha, podendo fazer com que Norris e Piastri pudessem correr soltos na última etapa do ano para decidirem entre eles quem será o campeão de 2025. No entanto, um 'gênio' sentado no pit-wall da McLaren fez com que o time comandado por Zak Brown entregasse a vitória de bandeja para Max Verstappen, numa situação tão óbvia, que a chefe de estratégia da Red Bull Hannah Schmitz se perguntou como a McLaren deixou seus dois pilotos na pista durante o Safety-Car, enquanto as demais nove equipes trouxeram seus pilotos para fazer a primeira parada obrigatória. Isso deixou a dupla da McLaren numa situação frágil para o resto da prova e Max Verstappen aproveitou a presepada da turma de Zak Brown para garantir mais uma vitória. Piastri, o piloto mais rápido do final de semana, ainda recuperou a segunda posição, enquanto Norris fez um segundo stint horroroso e acabou em quarto, deixando mais pontos na pista, deixando o campeonato aberto e com Max Verstappen mais confiante do que nunca que pode conquistar o pentacampeonato. Mais uma vez, na conta da McLaren.

domingo, 30 de novembro de 2025

O que eu vou dizer lá em casa, McLaren? Parte 2

 


Desde que Gordon Murray sugeriu fazer paradas programadas durante as corridas no início da década de 1980, trazendo de volta os pit-stops para as corridas de F1, a estratégia se tornou algo primordial para se vencer um Grande Prêmio. Nesses mais de quarenta anos em que os pit-stops modernos estão presentes na F1, várias corridas foram vencidas ou perdidas por uma estratégia certeira ou um grande vacilo do pit-wall. Nesse domingo em Lusail, vimos a segunda opção acontecer. A McLaren tinha tudo para conseguir uma dobradinha que a deixaria tranquila para a etapa final em Abu Dhabi, até mesmo com chances de deixarem seus pilotos decidirem tudo na insossa pista de Yas Marina, trazendo à tona as famigeradas Papaya Rules. No entanto, um 'gênio' sentado no pit-wall da McLaren fez com que o time comandado por Zak Brown entregasse a vitória de bandeja para Max Verstappen, que chega para a última etapa com boas chances de conquistar um pentacampeonato, que alguns meses atrás parecia próximo do impossível.


Como esperado, a corrida no Lusail International Circuit esteve longe de empolgar, mesma a pista tenha caído no gosto dos pilotos as características do circuito catariano não permitem fáceis ultrapassagens, algo que os táticos da McLaren deveriam ter levado em conta mais tarde. Mesmo não largando na pole, Lando Norris mostraria como seria o domingo com uma largada fraca, onde Max Verstappen rapidamente se colocou na segunda posição e mesmo o inglês tentando uma manobra durante a primeira volta, Max facilmente se defendeu e as posições se mantiveram entre os três primeiros. Destaque para a ótima largada de Andrea Kimi Antonelli, que superou seu companheiro de equipe já na saída, enquanto Russell caía para sétimo. Nico Hulkenberg e Lewis Hamilton foram os únicos a largarem com pneus macios, fazendo funcionar a audaciosa tática ganhando algumas posições nos primeiros metros. Hulkenberg pressionava fortemente Pierre Gasly e na abertura da sétima volta, o alemão fez uma bela manobra por fora da curva um, mas Gasly resolveu 'embarrigar' a curva e o toque foi inevitável. Ambos furaram seus pneus, mas se Gasly se manteve na pista e se arrastou rumo aos boxes, Hulkenberg ficou parado na brita, com o carro atolado, trazendo o único e decisivo Safety Car da noite.


Nesse momento o ritmo da McLaren era superior ao da Red Bull, com Piastri disparando na frente de Verstappen, enquanto Norris vinha numa distância o suficiente para não superaquecer os pneus e tentar o bote quando fosse possível. Por causa do enorme desgaste de pneus em Lusail, a Pirelli veio com uma regra de que os pilotos poderiam dar vinte e cinco voltas no máximo em cada set de pneus, não importando o grau de dureza da borracha. Com o Safety-Car parado no final de reta dos boxes esperando os líderes, Piastri passou a entrada dos pits, enquanto Max Verstappen embicou para dentro do pit-lane. Norris poderia simplesmente marcar Verstappen, mas provavelmente a McLaren quis manter a igualdade de tratamento na tal 'Papaya Rules' e o inglês seguiu o companheiro de equipe. O problema foi que os demais dezesseis pilotos seguiram Max Verstappen, configurando que ou a tática da McLaren era bestial ou besta. A conta era simples. Com a obrigatoriedade de se parar com 25 voltas, a McLaren teria que visitar os pits mais duas vezes por regulamento, enquanto os demais pilotos do pelotão tinham 'ganhado' um pit com a visita aos boxes no período de Safety-Car. De forma resumida, a dupla da McLaren teria que acelerar como nunca para abrir uma vantagem grande o suficiente para se manterem na ponta. Como diria Garrincha, faltou combinar com os russos. Ou com Max Verstappen.

Na relargada a dupla da McLaren acelerou forte e abriu vantagem sobre o demais carros, porém, Max Verstappen manteve a dupla papaia na sua vista. Piastri estava num bom dia e era mais rápido do que Norris, mas Verstappen não era tão mais lento, fazendo com que os três estivessem numa liga a parte nesse domingo. Isso por si só já estragaria completamente o raciocínio da trupe de Andrea Stella e seus papaias caps. Com Verstappen à espreita, a corrida estava definitivamente perdida! Talvez no único acerto 'mclariano', Piastri e Norris fizeram suas respectivas paradas e retornaram logo à frente de um grupo de pilotos liderado por Fernando Alonso. Os dois escaparam de ficar presos atrás de pilotos mais lentos, mas com Max Verstappen bons 16s na frente, só um milagre salvaria o dia da McLaren. Piastri tinha tudo para vencer a prova e a manobra que executou em cima de Antonelli mostrou bem como estava o australiano. O mesmo não se pode dizer de Norris, que ficou preso atrás do italiano até ele fazer sua parada. A liderança da dupla da McLaren foi efêmera e ainda sobrou mais um erro para os papaias. Se quisesse pelo menos atacar Max no final, o lógico era colocar pneus macios no curto stint final. Pois bem, a McLaren colocou pneus... duros para a sua dupla. Se Piastri ainda voltou em segundo, Lando Norris não teve uma parada tão boa e acabou atrás de Sainz e Antonelli. Enquanto esteve na frente de Verstappen no final do seu segundo stint, Norris quase perdeu o carro e reclamou que o sensível difusor dos carros atuais da F1 estaria danificado. Lando não teve mais o mesmo ritmo e mesmo com pneus bem mais novos que o de Antonelli, foi incapaz de realizar um ataque mais incisivo contra o jovem italiano da Mercedes.


Max Verstappen venceu com tranquilidade outra corrida em que saiu da Classificação pessimista com o ritmo do seu carro, mas no momento decisivo, o neerlandês mostrou toda a sua genialidade, mas como o próprio Max falou depois da corrida, ele contou com uma ajuda inesperada e fundamental da McLaren. Oscar Piastri subiu ao pódio com cara de pouquíssimos amigos. Após semanas de inferno astral, Piastri viu seu final de semana mais dominante do ano se transformar num triste segundo lugar, onde Oscar mal comemorou. Mesmo tirando bons pontos de Norris no campeonato, Piastri vê Verstappen com uma boa vantagem e com o viés totalmente de alta. E Norris ainda teve uma sorte com Antonelli errando nas voltas finais, ganhando uns pontinhos ao terminar em quarto lugar, colado em Sainz. Mesmo tendo essa sorte, não se pode negar o domingo pífio de Lando, o que pode significar que o inglês pode estar sofrendo com algo normal para qualquer piloto: fechar o primeiro campeonato. E para um piloto sensível como Lando Norris, isso pode estar sendo elevado a outro nível. Com apenas catorze pontos de vantagem sobre Max Verstappen indo para a corrida final, Lando tem um tríplex em sua cabeça, enquanto Piastri viu uma vitória que poderia ser um vislumbre de recuperação nesse finalzinho de campeonato se transformar numa enorme decepção, além de provavalemente ter que trabalhar para Norris na etapa final. Já Max Verstappen irá para Abu Dhabi ainda como franco atirador, pois todo mundo sabe que ele ter o mesmo número de vitórias que a dupla da McLaren e ter chances reais de ser campeão já é histórico.


Carlos Sainz conseguiu seu segundo pódio com a Williams fazendo uma corrida sólida, sempre à frente de Antonelli e mesmo com ligeiro problema reportado nas últimas voltas, segurou sem maiores arroubou o ataque final de Norris. Depois de um início de campeonato claudicante, Sainz se recuperou muito bem e já encosta no campeonato em Albon, que hoje fez uma corrida medíocre e sem chances de pontos. Mesmo com o erro que cometeu nas últimas voltas, permitindo a ultrapassagem de Norris, Antonelli fez uma bela corrida começando com a largada, onde não tomou conhecimento de George Russell e no final do dia, o italiano cruzou a linha de chegada 20s na frente de George, que começa a perceber que terá bastante trabalho em 2026. Mais trabalho terá a Ferrari. O time comandado por Fred Vasseur simplesmente não se encontrou em nenhum momento no final de semana no Catar e Leclerc teve que se conformar com uma oitava posição, numa corrida sem maiores emoções para o monegasco. Hamilton continua sua temporada literalmente deprimente e ficou fora dos pontos em toda a corrida, fazendo o inglês adjetivar sua corrida de 'uma bosta'. A Ferrari terá que convencer a si e a seus pilotos que 2026 será bem diferente da decepcionante temporada atual.


Fernando Alonso liderava um trem de pilotos, mas uma rodada fez com que o espanhol perdesse terreno, mas não seu lugar na zona de pontos, fazendo uma corrida bem honesta. Um bom resultado para uma equipe que decepcionou deveras, numa semana em que a Aston Martin surpreendeu a todos ao anunciar Adrian Newey como chefe de equipe a partir do ano que vem. E que Alonso será papai. O espanhol contou também com o furo de pneu de Hadjar nas últimas voltas, tirando o francês dos pontos após outra corrida forte do novato. A Red Bull falou que deve anunciar suas duplas para 2026. Tsunoda fez outra corrida fraca, só pontuando pelo abandono de Hadjar, mas ainda atrás de Liam Lawson, que terminou em nono. Bearman estava na zona de pontos quando a Haas se atrapalhou durante o pit-stop do inglês e sem chances, além de ter que cumprir uma punição, Bearman optou por abandonar. Bortoleto fez uma corrida sem graça, onde ficou preso no meio do pelotão, enquanto a Alpine viu suas chances de pontuar ir embora com o toque de Gasly com Hulkenberg, que decidiu a prova.


A chatice da corrida desse domingo contrasta com um final de campeonato eletrizante, onde os três primeiros colocados irão para a etapa final em Abu Dhabi com chances de ser campeão. Numa conta curta e simples, basta um terceiro lugar para Lando Norris ser campeão, independente do que os demais fizerem. No entanto, vimos um Lando Norris inseguro na corrida catariana, ainda mais depois do erro estratégico crasso da McLaren. E se Lando pipocar na classificação próximo sábado? E se aparecer um Safety-Car? Para Oscar Piastri, só lhe restar repetir o final de semana catariano, onde o australiano foi o piloto mais rápido, mas acabou derrubado pela própria equipe. É vencer ou vencer para Piastri, para depois ver o que acontece ao seu redor. Tudo isso faz com que Max Verstappen vá para a etapa final com a mente tranquila e leve, ao contrário dos seus rivais. Max ter chances reais de título já é histórico, mas o neerlandês pode colocar seu nome ainda mais na história com um pentacampeonato contra todos os prognósticos. Se o lema for que 'vença o melhor', sabemos quem é o melhor piloto da F1 atual. 

sábado, 29 de novembro de 2025

Pista para piloto


 Um calendário tão longo como o que a F1 tem atualmente faz com que os pilotos tenham altos e baixos de forma mais clara. Semana passada, em Las Vegas, Oscar Piastri completava outro final de semana miserável e parecida definitivamente fora da luta pelo título, mesmo empatado com Max Verstappen na segunda posição do campeonato. No entanto, o australiano da McLaren voltou aos bons tempos e vem dominando o final de semana catari e largando da pole deixa Piastri com boas chances de vitória num circuito que os pilotos adoram. Mas para quem assiste...

O Lusail International Circuit foi construído em 2004 para receber o Mundial de Motovelocidade e seu circuito fluído, bem apropriado às corridas de moto, logo caiu no gosto dos pilotos da MotoGP e quando o autódromo no Catar recebeu a F1 pela primeira vez em 2021, os pilotos também adoraram o circuito de alta velocidade e um setor insano, com os carros atingindo 5G's em algumas curvas. No entanto isso faz com que as ultrapassagens se tornem quase impossíveis e a corrida Sprint desse domingo demonstrou isso mais uma vez, numa prova completamente insossa vencida por Piastri, piloto dominante do final de semana. Praticamente sem mudanças após a primeira volta, a mini corrida no Catar foi um longo bocejo, que foi usado para as equipes mais como uma espécie de terceiro treino livre de luxo.

Horas depois a classificação ocorreu sem maiores problemas, com a McLaren demonstrando a mesmo força dos melhores momentos de 2025 da equipe papaia. Mais atrás, Lewis Hamilton seguia em seu suplício, onde repetiu a mesma posição nas duas classificações que participou no Catar: uma inglória 18º posição. Pior do que isso, a postura derrotista de Hamilton aumenta o problema do inglês da Ferrari, que tem um carro extremamente instável, onde Leclerc, mais acostumado com os caprichos ferraristas, ainda vai ao Q3, o mesmo não acontecendo com Hamilton, que sofre na frente de todos.

Como sempre Max Verstappen vai levando seu Red Bull nas costas. Yuki Tsunoda conseguiu seu melhor momento com a Red Bull ao se classificar na frente de Max na Sprint e terminar a mini corrida em quinto, mas logo depois o nipônico ficou no Q1. Verstappen claramente estava andando acima do limite do seu carro e beliscou o terceiro lugar. Após vencer sem sustos na Sprint, Piastri ficou com a pole, numa disputa direta contra Norris, que errou em sua tentativa final do Q3, mas ainda assegurou um lugar na primeira fila. Pelo o que foi visto na Sprint, a corrida desse domingo pode ser decida logo após a largada.   

domingo, 23 de novembro de 2025

Figura(LAS): Andrea Kimi Antonelli

 O jovem italiano da Mercedes passou por uma fase menos boa no meio da temporada, chegando a ter sua chegada à Mercedes questionada após resultados bem abaixo do esperado. Seu 'recreio' em Ímola mexeu com a cabeça de Antonelli, mas quando Kimi colocou os pensamentos no lugar, o italiano cresceu e vai fazendo ótimas corridas. Em Las Vegas, Antonelli vacilou na classificação e ficou apenas em 17º no grid, mas na corrida o italiano arriscou numa estratégia bem arriscada, ao fazer sua parada obrigatória ainda na segunda volta, colocando pneus duros e tentar ir até o final com eles. Para piorar, Kimi foi flagrado queimando a largada e ainda perderia 5s de punição. Pois bem, Antonelli baixou a cabeça e enquanto seus rivais iam parando, ele foi ganhando terreno ao cuidar bem dos pneus e como consequência, manter um ritmo competitivo, mesmo com pneus bem mais desgastados que os demais. Nas voltas finais, Antonelli se viu atacado por Piastri e Leclerc na luta pela quarta posição. Parecia que o australiano não teria muito trabalho, mas juntando a falta de confiança atual de Piastri e um Antonelli cada vez mais preciso, Oscar não teve chances claras de ataque em cima da Mercedes de Kimi. Quando os pneus de Piastri e Leclerc perderam rendimento, Antonelli pôde respirar aliviado, mas seu ritmo era tão bom que ele conseguiu encostar em Russell, que largara treze posições à sua frente. A desclassificação de Norris fez com que Antonelli nem sentisse a punição de 5s e na verdade ganhar uma posição, subindo mais uma vez ao pódio, consolidando sua recuperação no campeonato e ajudando a Mercedes na luta pelo vice-campeonato de Construtores. Do jeito que Toto Wolff imaginava quando subiu Andrea Kimi Antonelli na F1 logo de cara na Mercedes e o dirigente certamente sabe que tem muito mais pela frente.

Figurão(LAS): McLaren

 Alguém imaginaria a McLaren comandada por Ron Dennis ser desclassificada por motivos técnicos num momento decisivo do campeonato? Por mais que Zak Brown e Andrea Stella tenham inúmeros méritos por elevar a McLaren ao patamar atual depois que o futuro da equipe se tornasse nebuloso na virada dessa década, os dois estão fazendo de tudo para que a McLaren, de tantos títulos e tradição, perca o campeonato de pilotos. Em mais um episódio bisonho dessa atual McLaren, Lando Norris viu seu seguro segundo lugar em Las Vegas se transformar num zero ponto por desclassificação, devido ao desgaste excessivo do assoalho da McLaren, deixando o campeonato totalmente aberto com a ascensão de Max Verstappen nesse último terço de certame. Contando a desclassificação desse domingo e a quebra de motor de Lando em Zanvoort, o inglês perdeu 36 pontos que podem fazer muita falta na luta pelo campeonato com Max. E Piastri? Perguntaria um leitor mais atento. O australiano simplesmente derreteu e somente por uma conjunção interplanetária Piastri poderá aspirar algo em 2025. Por sinal, as interferências da McLaren ao longo da temporada, sempre favorecendo Norris, pode explicar muito bem essa decadência toda de Piastri, em outro ponto negativo da McLaren, que na verdade só tem um piloto na luta pelo título. E Norris já demonstrou o que pode acontecer quando está acossado por Max Verstappen, vide a largada da corrida desse domingo em Las Vegas.

O que eu vou dizer lá em casa, McLaren?


 Na paisagem artificial de Las Vegas, o terror dos puristas da F1, a corrida em si foi decidida na atabalhoada largada de Lando Norris, que entregou a rapadura para Max Verstappen após o inglês tentar fazer algo contra a sua natureza: ser agressivo. Max Verstappen dominou a prova em Nevada e com Norris o marcando até a bandeirada, deixava o campeonato ainda em aberto, mesmo que Lando Norris sendo claramente o grande favorito. Contudo, tudo desandaria horas mais tarde nas glebas de Zak Brown. Foi anunciado que por desgaste excessivo do assoalho, a dupla da McLaren fora desclassificada e com isso, Max Verstappen vai para as duas provas finais com apenas uma corrida de desvantagem para a frágil dupla da McLaren, que insiste em perder o campeonato de pilotos de uma forma inacreditável.


Havia bastante receio que a chuva que tanto atrapalhara a classificação retornasse no domingo, tornando a vida dos pilotos e equipes bastante complicada. Com o inverno chegando no hemisfério norte e um circuito de rua com aderência mínima, Las Vegas poderia ser bastante caótico debaixo d'água, mas para alegria de todo o grid, a pistava estava seca e com a temperatura mais alta do final de semana no momento da largada. Já entrou para o folclore da F1 as dificuldades de Lando Norris na largada quando o inglês da McLaren fica com a pole, mesmo tendo melhorado nesse aspecto. No entanto, Lando voltou a ter uma recaída em Las Vegas quando tentou uma largada diagonal, bem ao estilo de Michael Schumacher na década de 2000. Lando é um piloto popular, principalmente fora do ambiente da F1, pelo seu estilo fofo de ser. Portanto, ser agressivo, mesmo na pilotagem, é contra a natureza de Norris e ao fechar a porta de Verstappen na largada, Norris saiu de sua zona de conforto. O erro fica mais próximo nessas situação. Poucos metros depois, no aproche da primeira curva, com Max claramente atrás de si, Lando tentou frear o mais dentro possível, resultando em uma ligeira saída de pista, permitindo não apenas Verstappen, mas também George Russell passa-lo, fazendo com que Lando Norris despencasse para terceiro.


Contudo, a largada teria outros dramas. O pressionado Liam Lawson tentou uma manobra otimista e acabou acertando Oscar Piastri, que se não teve o carro avariado, perdeu tempo, caindo para sétimo. Já Lawson viu sua asa dianteira colapsar na volta seguinte e cair para as últimas posições, assim como caindo também suas chances de se manter na F1 em 2026. Mais atrás, Gabriel Bortoleto fez uma largada banzai saindo da penúltima fila e como o próprio brasileiro confirmou, errou a freada e deu no meio de Lance Stroll, que não poderá ser acusado de ter feito suas características besteiras. Ambos abandonaram e Bortoleto foi sincero e educado em aceitar que errou e pedir desculpas ao canadense. Isso tudo também estragou a corrida de Pierre Gasly, que havia conseguido um miraculoso Q3 no sábado e rodando na primeira curva, voltou ao lugar de sempre da Alpine: as últimas posições.

Com ar limpo, um carro mais equilibrado e uma confiança infinita, Max Verstappen dominou a corrida, mesmo tendo negado na entrevista pós corrida. O neerlandês controlou as cinquenta voltas em Las Vegas, só não conseguindo o Grand Slam por ter perdido a pole para Lando na véspera. Max Verstappen dava outro recado à F1. Ele pode não ser o campeão em 2025, mas Max é definitivamente o melhor piloto do pelotão com sobras. George Russell tentou um ataque em cima de Max nas primeiras voltas, mas problemas na direção de sua Mercedes, que o fez sair da pista na volta de alinhamento, somado ao desgaste de pneus fez com que Russell não brigasse pela vitória. George foi um dos primeiros a fazer seu pit-stop, ficando numa situação mais difícil com relação aos pneus. Quando Max fez sua única parada, Russell tentou mais um ataque, porém, o inglês ficou à mercê de Lando Norris, que parara algumas voltas mais tarde do que ele. Com o desgaste de pneus, Russell virou um alvo fácil para Norris, que ultrapassou o compatriota e tentou diminuir a vantagem para Verstappen, mas Max não permitiu qualquer vislumbre do piloto da McLaren. Mesmo tendo cometido mais um erro na largada, Lando foi sóbrio em retomar a segunda posição e pensando no campeonato, a situação de Norris era bastante confortável, com chances reais de definir tudo na próxima semana, no Catar. Porém...


Horas mais tarde a FIA anunciou a desclassificação dos carros da McLaren por desgaste excessivo do assoalhos. Um golpe gigantesco em cima de Lando Norris e Oscar Piastri, este tendo feito outra corrida chinfrim. O que era uma boa vantagem de quarenta e dois pontos se tornou numa alarmante frente de vinte e seis pontos com cinquenta e oito ainda em disputa. Norris ainda está como o campeonato nas mãos? Sim, Lando ainda controla o destino da temporada 2025 da F1, mas a forma atual de Max Verstappen deixa tudo em aberto e com o neerlandês claramente numa situação melhor do que a dupla da McLaren. Com Max Verstappen já 'grande' em seus retrovisores no campeonato, Lando Norris correrá ainda mais pressionado e nesse domingo vemos o que pode acontecer quando Lando fica pressionado. Piastri? O australiano precisa muito mais de um psicólogo pensando no futuro de sua carreira. Oscar dificilmente ficará sequer com o vice-campeonato, meses depois de ser apontado como grande favorito ao título e sua fase atual não nos permite pensar numa virada.


As desclassificações de Norris e Piastri fizeram com que a Mercedes conquistasse dois lugares no pódio, com destaque para Andrea Kimi Antonelli. O italiano errou na classificação e largou na décima sétima posição, colocou pneus duros nas primeiras voltas e Kimi fez praticamente toda a corrida com o mesmo set de pneus duros. Antonelli escalou o pelotão e com todos os pilotos fazendo suas paradas, Kimi se viu à frente de Piastri e Leclerc nas voltas finais, tendo que cumprir uma punição de 5s por queima de largada. Kimi manteve um ritmo forte, segurou um cada vez menos confiante Piastri até os pneus do australiano superaquecerem e com Leclerc também perdendo rendimento, Kimi só perderia a posição para Oscar pela punição, mas com as desclassificações, o piloto da Mercedes conseguiu mais um pódio na temporada. O ritmo de Antonelli era tão bom, que ele chegou a se aproximar de Russell nas voltas finais, sendo que o inglês parara bem depois do companheiro de equipe. Não restam dúvidas que Andrea Kimi Antonelli foi um dos pilotos que mais evoluíram nessa segunda metade de temporada, ajudando a Mercedes praticamente garantir o vice-campeonato do Mundial de Construtores. Enquanto a Mercedes marca pontos de forma consistente com seus dois pilotos, Red Bull e Ferrari sofrem. Yuki Tsunoda fez outra corrida sofrível e zerou novamente, mas a forma absurda de Max Verstappen deixou a Red Bull em um destacado terceiro lugar, enquanto a Ferrari apanha com seus problemas internos. Lewis Hamilton já admitiu estar fazendo sua pior temporada na carreira de quase vinte anos, enquanto Leclerc peleja com o que tem. O monegasco conseguiu evoluir durante a corrida, terminando a prova colado em Piastri, mas sem respostas para o desempenho da Ferrari em piso molhado, pois largando apenas em nono, Leclerc saiu de qualquer briga no pelotão dianteiro.


Largando em terceiro após o caos da classificação, Carlos Sainz se garantiu como o melhor do resto e os pontos do quinto lugar deixam a Williams ainda em melhor situação no Mundial de Construtores, enquanto Albon se envolveu num incidente com Hamilton que o fez perder bastante tempo e após ser punido, o piloto tailandês abandonou a corrida. Hadjar fez uma prova mais discreta, com o seu Racing Bulls não repetindo na corrida o ótimo ritmo na classificação em piso molhado, mas ao menos o francês esteve sempre na zona de pontuação, ao contrário de Lawson. Assim como na Williams e na Racing Bulls, a Sauber se salvou com apenas um piloto. Com Bortoleto errando novamente na primeira volta de uma corrida, coube a Nico Hulkenberg fazer os pontos numa corrida sólida do alemão, que vai se consolidando entre os dez primeiros no Mundial de Pilotos. A dupla desclassificação da McLaren fez com que a dupla da Haas marcasse pontos, com Ocon finalmente na frente de Bearman, que declarou após os primeiros treinos que não tinha gostado da pista de Las Vegas. Outro cavaleiro solitário foi Fernando Alonso, que teve a asa dianteira quebrada, mas se manteve na pista e foi até o final longe dos pontos num momento em que se fala que a Aston Martin pensa em outra reformulação na cúpula da equipe, no que pode trazer de volta a dupla de sucesso Christian Horner e Adrian Newey para o time esmeraldino. Quem não muda a cúpula, mesmo merecendo, é a Alpine, hoje a pior equipe da F1.


Se não houve praticamente briga pela vitória em Las Vegas, o pós corrida foi bem mais animado e o campeonato pegou fogo definitivamente. Mesmo com todos os erros e vacilos acumulados em 2025, Lando Norris viu a McLaren lhe tirar mais pontos no campeonato, o que nesse momento do certame poderá ser decisivo. O erro de Lando na largada foi mais uma demonstração de que o inglês ainda espalha a farofa em momentos cruciais. Enquanto isso, Max Verstappen vai se fortificando cada vez mais na luta pelo título, mesmo que sua missão não seja fácil, porém, o viés está todo a favor do piloto da Red Bull.

domingo, 16 de novembro de 2025

História sendo feita!

 


E Diogo Moreira fez história! Numa corrida tensa, mas sem maiores sobressaltos em Valencia, Diogo Moreira largou com o regulamento debaixo do braço para garantir o primeiro título de um brasileiro no Mundial de Motovelocidade. Com ampla vantagem ao chegar em Valencia, Moreira controlou-se em todo o final de semana, também apegado pela fase ruim de Manu González, que em nenhum momento flertou com o mínimo necessário para impedir o título de Diogo: vencer. O espanhol da Intact teve outro final de semana para esquecer em Valencia e Diogo Moreira apenas passeou para se sagrar campeão da Moto2.

A temporada 2025 de Diogo Moreira lembrou o que eles fez ano passado, quando começou devagar na temporada, mas 'pegou no tranco' na segunda metade para garantir o título de novato do ano e o primeiro pódio na última etapa, em Barcelona, numa bela ultrapassagem sobre o campeão Ai Ogura. Na mesma equipe Italtrans, Diogo fez uma primeira metade de temporada bem regular, se mantendo entre os cinco primeiros num campeonato que se encaminhava para as mãos de Manu González, que chegou a ter sessenta pontos de vantagem sobre o brasileiro. Como na F1, González deu uma de Oscar Piastri e começou a desandar a errar, incluindo uma desclassificação decisiva na Indonésia, enquanto Diogo crescia e conseguia suas primeiras vitórias. A virada veio na Austrália e em Portugal, uma vitória categórica deixou Moreira com a mão na taça.

Talvez tranquilo em demasia, Diogo não começou o final de semana muito bem e teve que passar pelo Q1, mas felizmente a má fase de Manu González o deixava longe dos ponteiros. Moreira se recuperou na classificação, conseguindo a nona posição no grid, apenas quatro postos abaixo de González. Diogo controlou a corrida inteira, enquanto González, que declarou que Diogo Moreira só conseguiu seu lugar na MotoGP por causa da nacionalidade, em nenhum momento brigou pela vitória. Pelo contrário. No último terço de prova González derreteu como fez na temporada e a ultrapassagem que tomou de Diogo o deixou desnorteado, indo aos pits e provavelmente nada tinha na moto. Apenas em sua cabeça. O título estava garantido, tornando a manhã desse domingo bastante feliz para os brasileiro.

Diogo Moreira ascenderá à MotoGP pela Honda, que mostrou sua evolução ao conseguir os pontos necessários para subir de patamar entre as montadoras e perder concessões. Algo que a cúpula da Honda queria e para 2026, Moreira será parte essencial no ressurgimento da gigante japonesa.

Minutos após a alegria pelo título de Diogo Moreira, a MotoGP fechou seu ano com vitória de Marco Bezzecchi, que terminou o ano em terceiro lugar no campeonato e com o mesmo número de vitórias de Alex Márquez, que venceu na Sprint no sábado, mas foi bem mal no domingo, terminando em sexto, ultrapassado nas últimas curvas pelo jovem companheiro de equipe Fermin Aldeguer. Mesmo sem contar com Jorge Martin, que abandonou a prova de hoje por motivos físicos, a Aprilia se consolidou como a segunda melhor moto do pelotão e em franca ascensão, com Raul Fernández terminando em segundo hoje.

A Ducati ainda tem a melhor moto, mas corre o risco de repetir o erro da Honda e focar demais em Marc Márquez. Recuperando de sua clavícula fraturada, Marc apenas assistiu as últimas provas, com apenas uma vitória de Alex e Di Giannantonio salvando a sequência de pódios consecutivos da Ducati, ultrapassando Pedro Acosta já nas voltas finais. Bagnaia abandonou na primeira volta, atingido por um errático Johan Zarco, coroando um ano inacreditavelmente ruim do bicampeão da MotoGP. Dois pilotos se destacaram em 2025 por estarem claramente acima do seu equipamento: Pedro Acosta e Fabio Quartararo.

Com a KTM entrando em falência e mais preocupada em sobreviver, os austríacos não entregaram uma moto vencedora para seus bons quatro pilotos, mas Pedro Acosta foi o que mais se destacou, andando acima do potencial da moto em sua desesperada procura pela primeira vitória. Mais um espanhol com talento acima da média, Acosta viu dois compatriotas de sua geração (Aldeguer e Fernández) vencerem pela primeira vez na MotoGP esse ano, sendo que é unânime que Pedro é mais piloto que ambos, porém, Acosta tem um equipamento inferior. Mesmo caso para Fabio Quartararo, que leva a sua Yamaha nas costas todo final de semana, conseguindo algumas poles miraculosas e perdendo uma vitória redentora em Silverstone. Tirando tudo de sua Yamaha, Fabio caiu muitas vezes simplesmente por estar acima do limite. Com o crescimento da Honda, a Yamaha tem a pior moto do grid e para tentar reverter a situação, abandonou o tradicional motor de quatro cilindros em linha pelo V4, usado pelo resto das montadoras. Mais uma tentativa da Yamaha para tentar manter Quartararo na equipe, mesmo o francês se mostrando cada vez mais impaciente, o mesmo acontecendo com Acosta. Uma moto italiana para Fabio e Pedro, e poderíamos vê-los na luta por mais vitórias.

Marc Márquez dominou em 2025, mas fica a dúvida por mais um acidente tê-lo tirado de combate. Como ele retornará? A Ducati manterá sua hegemonia? São perguntas que começarão a ser respondidas a partir dessa terça-feira, quando os primeiros testes visando 2026 ocorrerão em Valencia. Já com a presença do campeão da Moto2, Diogo Moreira. 

domingo, 9 de novembro de 2025

Figura(BRA): Max Verstappen

 Um raio não cai duas vezes no mesmo lugar? Max Verstappen provou que sim! Após uma classificação horrenda, onde o neerlandês ficou no Q1 pela primeira vez em muitos anos, poucos acreditariam que Verstappen poderia fazer algo de bom no domingo. Inclusive o próprio Max, que declarou que até desistia do título. Saindo do pit-lane em Interlagos nesse domingo, Max Verstappen iniciou outra obra-prima e se não venceu como no ano passado, sua exibição de hoje foi tão impressionante quanto. O piloto da Red Bull subverteu a lógica da F1 nesse ano. Para Verstappen, não importava se o piloto à sua frente estava  com pneus macios, pneus médios, pneus novos, pneus usados ou no meio de um trem de DRS. Max simplesmente passava por cima! Rapidamente Max Verstappen entrou na briga pelo pódio e só não garantiu a segunda posição por causa de um inspirado Andrea Kimi Antonelli. O título pode ter se complicado, mas ninguém tem dúvidas que Max Verstappen, que ainda sofreu um furo de pneu no começo da prova, é o melhor piloto da atualidade.

Figurão(BRA): Gabriel Bortoleto

 Até Interlagos, Gabriel Bortoleto vinha fazendo uma temporada de estreia na F1 sem maiores problemas, sendo merecidamente elogiado pela sua velocidade, maturidade e ética de trabalho com a Sauber, equipe que ano passado foi última colocada no Mundial de Construtores. Porém, Bortoleto pareceu ter se empolgado com a atenção que recebeu da mídia local por ser o primeiro brasileiro em Interlagos para uma corrida de F1 desde 2017 e o piloto da Sauber saiu do prumo. O grave acidente na Sprint Race foi um sinal de que algo não estava muito bem com Bortoleto. Sempre centrado e raramente envolvido em problemas, Gabriel tentou uma manobra banzai sobre Albon na abertura da última volta, fazendo com que o paulista perdesse o controle do carro na pista úmida e sofresse a maior pancada do ano, destruindo seu carro e o tirando da classificação, apesar de todo o esforço da Sauber. Largando nas últimas posições, Gabriel parecia tenso antes da largada e da mesma forma como no dia anterior, ansioso para mostrar serviço. Bortoleto até ganhou duas posições na primeira volta, mas ao ficar por fora no Bico do Pato ao lado de Lance Stroll, Gabriel acabou freando na grama e batendo seu carro, acabando com sua corrida pouco mais de dois quilômetros após a largada. Um final de semana tenebroso para Gabriel Bortoleto, mas que sirva de lição para o jovem brasileiro e que na próxima visita à Interlagos, foque mais na pista e menos nas distrações ao redor.   

E Interlagos entregou

 


Não foi preciso chuva ou uma overdose de Safety-Car para que Interlagos entregasse uma boa corrida. Houve entretenimento, ótimas atuações individuais e alguns erros aqui e acolá para vermos uma grande corrida de F1 na tradicional pista paulistana. Por mais que se fale de um moderno autódromo no estado do Rio de Janeiro, Interlagos tem que ficar no calendário da F1 como se por decreto. Hoje foi mais uma prova disso. Mesmo que Lando Norris não tenha dado qualquer chance aos seus adversários em uma atuação sem retoques do jovem inglês, não faltou emoção atrás da McLaren de número 4, além de outra exibição de gala de Max Verstappen, que vai construindo uma ligação incrível com o circuito de Interlagos, mesmo o neerlandês não sendo capaz de ultrapassar um incrível Andrea Kimi Antonelli nas voltas finais.


A esperada tempestade no final de semana em Interlagos não veio, mas isso não significou apreensão com a estratégia correta a escolher, além dos pneus a serem utilizados. Num final de semana de Sprint, as equipes não tiveram muitas oportunidades de aprender o desgaste de pneus, mesmo que os pneus duros não estivessem muito adequados para Interlagos. Depois de oito anos sem um piloto brasileiro em Interlagos, a simples presença de Gabriel Bortoleto no grid fez com que a torcida tupiniquim se animasse com o novato, que vinha fazendo uma temporada de estreia até o momento sem maiores senões. Contudo, Gabriel pareceu ter saído um pouco do prumo com toda essa atenção e o acidente grave que sofreu na última volta da Sprint não parecia um bom sinal. Largando na última fila por não ter participado da classificação, Bortoleto entrou na corrida talvez apreensivo demais em mostrar serviço e isso acabou sendo decisivo para o pior final de semana, disparado, de Gabriel em sua estreia na F1. Ficar lado a lado com Lance Stroll nunca foi um bom negócio e Bortoleto experimentou isso da pior forma ao ficar por fora no Bico do Pato. Freando na grama, a rodada foi inevitável e Gabriel acabou no muro, terminando sua primeira corrida caseira depois de pouco mais de 2 km. Uma estreia decepcionante e lembrando o quão mal fez à Antonelli seu 'dia de recreio' em Ímola, que Gabriel Bortoleto, que sempre pareceu ter uma maturidade maior do que sua idade, se concentre mais na pista do que fora dela em sua próxima apresentação em Interlagos.


O incidente de Bortoleto trouxe o único Safety-Car do dia e na relargada, Lando Norris mostrou a que veio com uma relargada esperta, deixando o novato Andrea Kimi Antonelli numa situação complicada, onde viu pressionado por Leclerc por fora e Piastri por dentro. Precisando mostrar serviço após uma sequência ruim no campeonato, Piastri executou uma manobra audaciosa por dentro, praticamente fazendo uma ultrapassagem dupla, mas Kimi fechou por dentro, com Piastri comprometido freando na zebra. O toque foi inevitável e quem acabou pagando o pato foi Leclerc, que acabou acertado por Antonelli e quebrou a sua suspensão dianteira. O piloto da Mercedes incrivelmente permaneceu na pista e perdendo apenas a sua posição para Piastri. Por mais que fosse claro que Antonelli tenha feito a curva de forma como se Piastri não estivesse ali, os comissários puniram o australiano da McLaren em 10s, destruindo tanto a corrida como muito provavelmente também o campeonato de Oscar. Já com o mental fragilizado, Piastri sequer andou próximo de Norris, numa tentativa de fazer o australiano recuperar terreno. Lando Norris esteve simplesmente imparável nesse final de semana. O inglês liderou todas as sessões do final de semana e numa corrida sem erros, Norris venceu pela sétima vez em 2025 e pela primeira vez 'varrendo' o final de semana, com os pontos da vitória na Sprint. Ninguém tem dúvida da capacidade de Lando Norris em ser rápido, mas fica a pergunta: porque não fez isso antes?


Com Piastri ficando 10s parado no seu pit-stop, a briga pela segunda posição parecia que seria animada entre a dupla da Mercedes, mas lá de trás, saindo do pit-lane, o 'craque' do jogo fazia outra corrida monumental. O ritmo de classificação da Red Bull tinha sido tão ruim que o próprio Max Verstappen falou que o título já tinha ido embora, todavia, Max ganhou forças com a chegada de domingo e se a vitória não veio como no ano passado, a exibição de hoje foi tão impressionante como a de 2024. E o início de Max não foi dos melhores, pois ele teve um pneu furado nas primeiras voltas e com isso ele caiu para último novamente após o fim do SC Virtual. Foi o início de uma saga onde Max Verstappen  tinha um racecraft parecido apenas com o do líder inconteste Lando Norris. Max foi ultrapassando quem via pela frente, não importando se o piloto à frente estava com pneus macios, pneus médios, pneus novos, pneus usados ou no meio de um trem de DRS. Verstappen subverteu a lógica com uma pilotagem sublime e rapidamente já se encontrava na luta pelo pódio, principalmente quando ficou claro que a ordem do dia seria a estratégia de duas paradas. Com a eliminação no Q1 no sábado, Max tinha mais pneus novos à disposição e quando todos pararam à sua frente, o neerlandês, que chegou a liderar poucas voltas saindo do pit-lane, tinha pneus macios novinhos para atacar a dupla da Mercedes. Max não tomou conhecimento de Russell, mas encontrou uma oposição ferrenha de Andrea Kimi Antonelli, um dos grandes destaques do final de semana.


O italiano teve uma oscilação em seu ano de estreia, principalmente após o 'recreio' em Ímola, mas Kimi voltou a performar nas últimas etapas e em Interlagos, em particular, Antonelli teve seu primeiro final de semana onde superou com clareza Russell, inclusive com um segundo lugar na Sprint. Porém, Antonelli teria pela frente um Max Verstappen cheio de confiança em seu cangote nas voltas derradeiras e o piloto da Mercedes se comportou de forma magnífica, resistindo aos ataques de Verstappen com pouquíssimos erros, no que pode ter sido seu batismo de fogo na F1. O terceiro lugar não apagou a corrida estupenda de Max Verstappen, mas sua situação no campeonato ficou bastante complicada, agora 49 pontos atrás de um Lando Norris mais confiante e 'dono' da McLaren, ainda o melhor carro da F1 atual. Após a punição Piastri não fez mais nada e afora uma pressão sobre Russell nas duas voltas finais, o australiano pouco fez, terminando em quinto lugar e vendo a diferença que o separa para o companheiro de equipe subir de um para vinte e quatro pontos. Como Max ainda é uma ameaça, não seria surpresa a McLaren pedir a Piastri exercer a função de segundo piloto, algo que Verstappen não usufrui. Tsunoda vai enterrando sua carreira dentro da Red Bull com outra corrida desastrada, onde bateu em Stroll de forma bisonha, falhou em cumprir a consequente punição e terminou em último, quase um minuto atrás de Verstappen.


A Ferrari teve um dia para esquecer, com Leclerc sendo vítima do toque entre Piastri e Antonelli e Hamilton fazendo outra corrida horrorosa, onde largou mal e acabou tocado, resultando no inglês nas últimas posições. Na tentativa de se recuperar rapidamente, Lewis bateu na traseira de Colapinto de forma não condizente para um piloto com experiência dele. Com o carro todo remendado, Hamilton recolheu e a Ferrari zerou em sua passagem pela América do Sul, complicando-se na briga pelo vice-campeonato no Mundial de Construtores. Se serve de consolo, a Ferrari vê seu piloto Oliver Bearman fazendo provas cada vez mais consistentes pela Haas e se consolidando como um dos destaques da turma dos novatos. Após o quarto lugar no México, Bearman foi sexto em São Paulo, mais uma vez sendo o melhor das equipes intermediárias, contudo, o jovem inglês chegou 23s à frente do próximo carro, de Liam Lawson, sem contar que foi muito mais veloz que o seu já experiente companheiro de equipe, Esteban Ocon, que não pontuou. 

A Racing Bulls fez uma corrida consistente, com ambos os pilotos nos pontos e Lawson segurando uma fila de carros atrás de si e o time satélite da Red Bull marcando pontos importantes. Se Bortoleto teve um final de semana problemático, Hulkenberg navegou em mares tranquilos e pela primeira vez avançou ao Q3, terminando a corrida nos pontos, superando o surpreendente Pierre Gasly, que foi capaz de levar a decadente Alpine aos pontos pela segunda vez no final de semana. Mesmo com uma pintura bonita, a Williams mal apareceu e a Aston Martin foi muito bem na Sprint, mas como normalmente acontece nos finais de semana, o time esmeraldino vai perdendo ritmo no sábado e ainda mais no domingo.


Foi uma bela corrida em Interlagos, como normalmente acontece e se não teve o caos do ano passado, não se pode negar que não faltou entretenimento. E ótimas exibições. Lando Norris deu um belo passo rumo ao seu primeiro título e as defesas de Antonelli podem ter sido decisivos, pois Norris pode tirar Max Verstappen da contenda já na próxima corrida, em Las Vegas. Piastri está no meio do caminho, mas somente uma remontada histórica do australiano o salva nesse campeonato. Mesmo com o campeonato ficando cada vez mais difícil, Max Verstappen mostrou novamente que é o melhor piloto do pelotão atual. E com sobras!

Está chegando a hora

 


A saída prematura de Marc Márquez da temporada 2025 da MotoGP fez com que a categoria entrasse numa espécie de 'fim de feira', com corridas como a de hoje em Portimão, onde Marco Bezzecchi largou da pole e dominou a prova com facilidade. Ninguém parece animado em mostrar algo mais na categoria principal. Já na Moto2 a situação é bem diferente. Única categoria com o título ainda pendente, a Moto2 está vendo o crescimento de Diogo Moreira no momento certo e sua chegada confirmada na MotoGP ano que vem deixou o brasileiro ainda mais relaxado. Largando da pole, Diogo controlou bem os ataques do surpreendente Colin Veijer nas primeiras voltas, mas depois acabou ultrapassado pelo neerlandês. Conhecendo seu equipamento muito bem, Diogo esperou as últimas voltas para dar o bote em Veijer e mesmo tendo a incômoda presença de David Alonso, Moreira partiu para mais uma vitória em 2025 e praticamente colocar uma mão e meia na taça. Manu González teve azar no sábado quando teve seu melhor tempo deletado e saindo apenas em oitavo, evoluiu apenas duas posições para deixar Diogo Moreira com 24 pontos de vantagem em 25 possíveis. O espanhol claramente está afetado psicologicamente, enquanto Diogo Moreira precisa apenas de uma 14º posição para se tornar o primeiro brasileiro campeão mundial de motovelocidade.

sábado, 8 de novembro de 2025

Clima bom

 


A expectativa em São Paulo é sempre de sessões caóticas na F1, muito pelo tempo imprevisível na cidade paulistana. Mesmo com um aviso de tempestade em vigor, a chuva mal deu às caras em Interlagos, mas não deixou de haver caos e surpresas até o momento no final de semana do GP de São Paulo. E um vencedor. Até agora dominante no final de semana, Lando Norris não teve rival em Interlagos e ainda viu seus principais adversários pelo título vacilarem.

Na Sprint Race Oscar Piastri deu outra mostra que sua imagem de piloto frio derrete à olhos vistos. Depois de perder a primeira fila na classificação da minicorrida, Piastri era um discreto terceiro colocado quando pegou uma poça d'água na curva do Sol e bateu seu McLaren, levando consigo Hulkenberg e Colapinto. O australiano saiu do seu carro com cara de pouquíssimos amigos, ainda mais com Lando Norris não tendo maiores problemas para vencer a Sprint e abrir mais oito pontos de vantagem no campeonato. A classificação horas mais tarde não foi muito diferente, com Piastri não andando no mesmo nível de Norris e se contentando com uma apagada quarta colocação.

E foi na classificação que a Red Bull deu uma fraquejada quando menos poderia. Max Verstappen ainda camuflou as deficiências do carro em Interlagos, como normalmente faz, na Sprint mas após ajustes no seu Red Bull para a classificação, o carro piorou ainda mais e pela primeira vez em anos o neerlandês simplesmente não conseguiu passar ao Q2, fazendo companhia ao seu companheiro de equipe Tsunoda, costumaz habitante dos desclassificados no Q1. Um baque e tanto para a Red Bull, que vinha em plena evolução e fez Verstappen voltar a sonhar fortemente pelo título, mas que terá bastante trabalho no domingo. Se em 2024 Max largou em 17º pelas circunstâncias de uma classificação caótica, nesse ano a 16º posição foi reflexo do carro mal acertado em Interlagos, não fazendo com que Helmut Marko e seus blue caps sonhem muito.

Outro que teve uma classificação bem decepcionante foi Gabriel Bortoleto. O brasileiro da Sauber sofreu um gravíssimo acidente na volta final da Sprint e com o carro destruído, sequer marcou tempo.

Enquanto isso, Lando Norris ainda rateou ao errar na primeira volta do Q3, mas confirmou o favoritismo com mais uma pole, a sexta em 2025, livrando boa vantagem sobre Antonelli, que repetiu o bom desempenho de sexta e no domingo largará na primeira fila. Com Piastri sem confiança e Verstappen sofrendo com seu carro, tudo que Lando precisa é de tempo firme e seco em Interlagos nesse domingo.