terça-feira, 17 de julho de 2007

História: 30 anos do Grande Prêmio da Inglaterra de 1977

Nos anos 70 o Grande Prêmio da Inglaterra era o evento onde havia mais estréias. Para o Grande Prêmio da Inglaterra de 1977 uma estréia era esperado com muita ansiedade por todos os membros do circo da F1. A equipe Renault faria sua estréia na F1, juntamente com a Michelin, em Silverstone e teria ao volante o dublê de piloto e engenheiro Jean-Pierre Jabouille. Era uma autêntica seleção francesa que estreava para brigar com a compatriota Ligier e todas as demais equipes. Muitas pessoas ficaram surpresas com a decisão da Renault em entrar na F1 por causa dos riscos envolvidos e a escolha deles de motor foi ainda mais surpreendente. Enquanto todos os fabricante de motor construíam unidade de 3 litros aspirado, a Renault inovou e colocou no seu chassi um motor de 1,5 litros turbocomprimido. A Renault tinha grande experiência com esses motores em corridas de Esporte-Protótipo, principalmente nas 24 Horas de Le Mans, mas como na F1 a corrida durava menos de duas horas, o desafio da Renault em tirar um bom desempenho era realmente enorme. Isso sem contar os novíssimos pneus Michelin e uma nova tecnologia sendo implantada na F1.

Com nada menos do que quarenta pilotos inscritos para a corrida, a organização do Grande Prêmio decidiu fazer uma Classificação especial para as equipes que não eram sócias da FOCA. O evento começou na quarta-feira com 14 carros competindo pelos cinco lugares disponíveis. Entre esses 14 carros tinham estréias exóticas, como o McGuire BM1 pilotado pelo próprio dono, Brian McGuire. O carro nada mais era do que um Williams modificado, mas ainda assim chamou atenção. Um dos novatos era um desconhecido canadense que apareceu num terceiro carro da equipe oficial da McLaren com o número 40. Seu nome era Gilles Villeneuve. Tudo o que se sabia dele era que o piloto titular da McLaren James Hunt tinha ficado tão impressionado com uma corrida do canadense de F-Atlantic que praticamente implorou que Teddy Mayers o contratasse.

As duas sessões foram marcadas por dois grandes acidentes. Mikko Kozarowitsky destruiu o March privado dele na primeira sessão e David Purley teve um acidente enorme na segunda sessão quando o acelerador do seu LEC ficou preso na Becketts. Purley sofreu uma taxa de desaceleração de 173 a 0 km/h em 66.0 cm. Isto significa 178Gs e Purley entrou para o Guiness como a maior pressão gravitacional já sofrida por um homem, pois Purley sobreviveu para contar história, apesar de seriamente ferido com fraturas múltiplas nas pernas, pélvis e costelas. Essa foi a última aparição de Purley na F1. As cinco vagas acabaram ficando para Villeneuve, Tambay(Ensign), Jarier(Penske), Lunger(McLaren privada) e Henton(March privada). A velocidade mostrada por Villeneuve impressionou a todos que tiveram a oportunidade de acompanhar as duas sessões de pré-classificação, mesmo com as várias rodadas que o canadense dava tentando achar o limite do carro e o dele próprio. Foram oito no total!

Nessa época James Hunt era um piloto tão carismático que o público inglês seria capaz de se jogar na frente da Ferrari de Lauda para que James vencesse. Mesmo com a McLaren não estando numa boa fase, Hunt iria fazer de tudo para alegrar a multidão que iria para Silverstone e ele começou fazendo sua parte ao marcar a pole na frente do irlandês John Watson. Uma dobradinha britânica fez com que Silverstone fervesse! Porém, o grande obstáculo do público inglês de ver um britânico vencer em casa se chamava Niki Lauda e ele estava na segunda fila, tentando segurar sua liderança do campeonato frente aos ataques de Scheckter e Andretti, que largariam logo atrás dele. A maior surpresa do grid foi o notável desempenho de Villeneuve, ficando em nono à frente do segundo piloto da McLaren Jochen Mass. O detalhe era que Mass estava com o novíssimo modelo M26 enquanto Villeneuve estava com antiquado M23. Na décima primeira fila Emerson Fittipaldi teria ao seu lado o carro-sensação do final de semana. Como era de se esperar, a Renault teve inúmeras dificuldade com seu carro amarelo e Jabouille teve que se contentar com a vigésima primeira posição.

Grid:
1) Hunt(McLaren) - 1:18.49
2) Watson(Brabham) - 1:18.77
3) Lauda(Ferrari) - 1:18.84
4) Scheckter(Wolf) - 1:18.85
5) Nilsson(Lotus) - 1:18.95
6) Andretti(Lotus) - 1:19.11
7) Stuck(Brabham) - 1:19.16
8) Brambilla(Surtees) - 1:19.20
9) Villeneuve(McLaren) - 1:19.32
10) Peterson(Tyrrell) - 1:19.42

Para desespero da torcida local, Hunt não fez uma boa largada e caiu para quarto. No final da primeira volta Watson liderava à frente de Scheckter e Lauda. Atrás de Hunt vinha as duas Lotus, com Nilsson à frente, e um espetacular Villeneuve já aparecendo em sétimo! Andretti foi para cima de Nilsson e ultrapassou o sueco na quinta volta, mas a torcida vibrou de verdade quando Hunt ultrapassou Scheckter duas voltas depois para assumir a terceira posição. Na nona volta Villeneuve entrou nos boxes com seu McLaren sofrendo de superaquecimento, mas de forma bizonha os mecânicos da McLaren descobriram que o indicador de temperatura de motor do carro de Villeneuve estava quebrado e mandaram o canadense de volta à pista. Ele voltou em vigésimo primeiro, logo atrás da Renault de Jabouille. O turbo do Renault RS01 estava causando problemas a Jabouille e a nova tecnologia que estreava na F1 foi a causa parq eu francês abandonasse na volta 16.

Hunt pressionava fortemente Lauda. O austríaco estava enfrentando problemas de freios em sua Ferrari e quando o freio de sua Ferrari falhou na Woodcote na volta 23, Hunt aproveitou a oportunidade e deixou a Ferrari para trás. Watson estava 3s na frente de Hunt e a briga pela liderança prometia ser encardida. Não demorou muito para Hunt colar na traseira da Brabham de Watson, mas o irlandês era conhecido por não ser fácil de ser ultrapassado. Ainda mais numa briga pelo primeiro lugar! Watson fez de tudo para segurar Hunt e toda a torcida inglesa que lotava Silverstone, mas o destino quis que a vitória ficasse mesmo para Hunt. Na volta 50 o sistema de alimentação o motor Alfa Romeo falhou da mesma maneira que tinha acontecido no Grande Prêmio da França e Hunt ultrapassou Watson. De forma cruel, Watson ainda foi aos boxes colocar mais combustível na vã tentativa de completar a prova, mas quando voltou à pista estava em décimo segundo e o irlandês acabou abandonando faltando dez voltas para o fim.

Hunt liderava com tranqüilidade, enquanto Lauda ainda segurava o ímpeto de Scheckter na briga pelo segundo lugar, mas quando o sul-africano teve o motor quebrado na volta 59, o austríaco ficou mais tranqüilo. Para melhorar ainda mais as coisas para Lauda, o motor Ford de Andretti quebrou faltando seis voltas para o final quando o americano estava quarto. Hunt apenas administrou a corrida e a torcida foi à loucura quando o inglês cruzou a linha de chegada com 18s de vantagem em cima do arqui-rival e amigo Niki Lauda. Mesmo derrotado por Hunt, Lauda saiu favorecido no campeonato com a quebra do seus maiores rivais pelo campeonato. Mesmo feliz com a vitória, Hunt ainda lembrou do esforço de Watson. "A multidão foi magnífica e eu agradeço o apoio que eles me deram. Eu sinto muito por John Watson porque ele fez de tudo que ele tinha para ganhar."

No final do dia, todos ficaram felizes com a vitória de Hunt e a consolidação da liderança de Lauda no campeonato, mas havia algo mais. Mesmo estreando mal, a Renault seria observada atentamente por todas as rivais e após sofrer muito na metade final de 1977 e em toda a temporada de 1978, a equipe finalmente marcou seus primeiros pontos em Watklins Glen na corrida final de 1978. Já com a ajuda de René Arnoux, a equipe francesa conquistou sua primeira vitória dentro de casa, em Dijon-Prenois, nas mãos de Jabouille. As demais equipes viram que o futuro estava nos motores turbocompressores e a partir de 1980 as montadoras envolvidas na F1 (e outras que entrariam na categoria mais tarde) investiram milhões nos novos motores e a partir de 1984 se consolidou a chamada era turbo, cujo um dos principais pilotos seria Gilles Villeneuve. Após sua impressionante estréia pela McLaren, o canadense acabou não acertando com Teddy Mayers, mas como Lauda abandonaria a Ferrari no final de 1977, o canadense assumiu o carro do austríaco e arrebataria os corações dos tifosi com sua coragem e velocidade ate sua trágica morte.

Chegada
1) Hunt
2) Lauda
3) Nilsson
4) Mass
5) Stuck
6) Laffite

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