A temporada de 1982 estava chegando ao seu ápice e Didier Pironi era o favorito destacado da temporada. Com 39 pontos e duas vitórias (San Marino e Holanda) o francês caminhava a passos largos para conquistar não apenas seu primeiro título como também o primeiro da sua pátria. A Ferrari 126C era o melhor carro do ano e como Gilles Villeneuve faleceu já faziam três meses, Pironi era o primeiro piloto destacado com Patrick Tambay, na equipe desde o GP da Inglaterra, lhe servindo como escudeiro. A única equipe capaz de rivalizar com a Ferrari em temos de velocidade era a Renault, mas o modelo R30B não eram nada confiáveis e isso vinha estragando as temporadas de Prost e Arnoux.
Após uma corrida no rapidíssimo circuito de Paul Ricard, o circo da F1 ia para outro paraíso dos turbos: Hockenheim. Com suas enormes retas, Ferrari, Renault e Brabham-BMW eram favoritas destacadas para vencer o Grande Prêmio alemão. Na sexta-feira fez sol e Pironi fez o melhor tempo dos treinos, seguido pelas Renaults de Prost e Arnoux e a Brabham de Piquet. Tudo estava dentro dos conformes, porém no sábado uma chuva forte caiu sobre o circuito e poucos foram à pista tentar alguma coisa. Tentando acertar seus carros para tempo ruim, pois havia previsão de chuva no domingo, alguns pilotos saíram dos boxes e entre eles estava Pironi, que fazia voltas muito rápidas. Ao entrar na grande reta que leva ao setor do Estádio, Pironi dá de cara com um grande volume de spray. O francês vê o Williams de Derek Daly e pensou que apenas o inglês estava à sua frente, mas a Renault de Prost (que estava muito lento) estava à esquerda de Daly e quando Pironi foi ultrapassar a Williams pela esquerda, dá de cara com a traseira da lenta Renault. O choque foi inevitável e muito violento. Pironi foi cataputado com violência, saiu quicando na pista, bateu no
guard-rail à direita até parar sua Ferrari totalmente despedaçada no final da reta. O acidente era bastante semelhante ao que matou Villeneuve exatamente três meses antes.
A frente do carro tinha sido arrancada e Pironi estava com as pernas totalmente deformadas e para dar uma maior dramaticidade ao acidente, Pironi estava consiente e sentindo todas as terríveis dores nas suas várias fraturas em suas pernas. Nelson Piquet foi o primeiro à chegar a cena do acidente. Demorou mais de meia hora antes que Pironi fosse retirado do carro e levado para o hospital de Heidelberg. Chegando ao hospital a perna direita de Pironi estava tão machucada que quase foi amputada, mas graças aos esforços dos médicos isso não foi preciso. Porém, a carreira de Pironi estava acabada naquele momento. Foi o segundo momento muito ruim da Ferrari no ano.
Grid:
1) Pironi(Ferrari) - 1:47.947
2) Prost(Renault) - 1:48.890
3) Arnoux(Renault) - 1:49.256
4) Piquet(Brabham) - 1:49.415
5) Tambay(Ferrari) - 1:49.570
6) Patrese(Brabham) - 1:49.760
7) Alboreto(Tyrrell) - 1:52.625
8) De Cesaris(Alfa Romeo) - 1:52.786
9) Rosberg(Williams) - 1:52.892
10) Watson(McLaren) - 1:53.073
Em respeito a Pironi, a Ferrari nunca o retira da corrida e o
francês pode contabilizar sua quarta pole na carreira. Com o lado esquerdo da primeira fila vazia, onde estaria Pironi, a largada é dada com as duas Renaults à frente, com Arnoux se aproveitando da espaço vazio para assumir a liderança. Prost não larga muito bem e também perde a segunda posição para Piquet. A velocidade dos carros turbo logo deixam os carros aspirados para trás, com Piquet ultrapassando Arnoux e assumir a liderança. A Brabham ainda tentava consolidar sua nova estratégia de corrida e Piquet precisava disparar para tentar se manter na liderança após seu pit-stop programado.
Atrás de Piquet, o destaque era Tambay. Agora como piloto exclusivo da Ferrari o francês partiu para cima das Renaults e ultrapassou Prost na terceira volta e Arnoux na nona volta. O francês da Ferrari já estava em segundo! Os conhecidos problemas da Renault se manifestam e Prost abandona na volta 11 com problemas elétricos, enquanto Patrese quebra o motor duas voltas depois. Piquet corria tranqüilo e na volta 18 tinha 27s de vantagem em cima de Tambay, enquanto a Barbham se preparava para o seu pit. Finalmente o plano da Brabham iria dar certo. Piquet estava tão tranqüilo que poderia até perder tempo com os retardatários. Quando ele se aproximou da ATS de Eliseo Salazar na entrada da primeira chicane, Piquet usou a potência do motor BMW para deixar o chileno para trás, mas na freada os carros ainda estavam emparelhados. Salazar estava com problemas nos seus freios e quando Piquet colocou no lado de dentro para ultrapassar, o pior aconteceu...
Os carros se tocaram e bateram na barreira de pneus bisonhamente. Piquet saí do carro balançando muito os braços. Salazar
sai do carro calmamente, como se nada demais tivesse acontecido. Piquet se aproxima claramente alterado enquanto Salazar apenas abria os braços. Vendo a guarda do chileno baixa, Piquet começa a dar porrada no pobre do Salazar para espanto dos comissários presentes. Ao ver a cena, a Brabham desmontou todo o aparato para a parada de Piquet. Muitos anos mais tarde Piquet ficou sabendo que a BMW tinha aberto seu motor para uma revisão e descobriu-se que o motor não duraria mais duas voltas...
Com essa comédia, Tambay assumiu a liderança com 6s de vantagem em cima de Arnoux. Estes eram os únicos carros turbos sobreviventes. Watson liderava os carros aspirados seguido por Rosberg, Alboreto e Laffite. O francês fazia sua melhor corrida no ano com o sofrível Ligier JS19, mas uma saída de pista na primeira curva amassou o fundo do seu carro-asa e acabou com a corrida de Laffite. Faltando nove voltas Watson rodou na entrada do estádio e apesar da batida forte, o irlandês nada sofreu.
Tambay venceu sua primeira corrida na F1 sem sustos com 16s de vantagem para Arnoux. Rosberg conseguia mais um pódio e na base da consistência assumia a terceira posição no campeonato. A vitória de Tambay foi a prova de que a Ferrari tinha mesmo o melhor carro de 1982, mas o destino não quiz que um piloto da Ferrari fosse o campeão. Tambay ficaria na Ferrari até 1983 e sua carreira entraria em declínio a partir do momento em que entrou na já decadente Renault. Pironi passaria vários meses se recuperando de suas fraturas a base de muita fisioterapia e alguns anos depois ele faria um teste num carro de F1. Pironi passou a ser figura constante nos paddocks de F1, mas sua paixão parte para a motonáutica onde constrói o Colibri, um barco off-shore de alta velocidade. A velocidade de Pironi permanece intacta até sua prematura morte à bordo do Colibri em 1987. Quanto a Eliseo Salazar... as porradas que levou de Piquet foi o ponto alto da sua carreira!
Chegada
1) Tambay
2) Arnoux
3) Rosberg
4) Alboreto
5) Giacomelli
6) Surer
Bom post, João!
ResponderExcluirPiquet deu uma lição de boa maneira o Salazar, hahahhah