As cinco primeiras etapas de 1993 tinham visto com surpresa uma alternância de vitórias entre a Williams de 'outro planeta' de Alain Prost e uma luta inglória de Ayrton Senna contra os carros azuis. Se não haviam dúvidas da superioridade da Williams com Alain Prost ao volante, não se podia descartar totalmente Ayrton Senna e suas, até então, cinco vitórias no principado. Porém, o final de semana não estava muito favorável ao brasileiro. Na quinta-feira, Senna sofreu um acidente muito forte após perder o controle do seu McLaren numa ondulação da St. Devote. Senna sofreu uma das poucas contusões proporcionadas por um acidente na F1 e tem o dedo polegar inchado. Pela forma como foi o acidente, até foi pouco, mas o brasileiro ainda garantiria o melhor tempo do dia.
Porém, o sábado marcaria a volta dos carros da Williams de volta a primeira fila com Alain Prost marcando mais uma pole no ano, contudo Michael Schumacher surpreendia ao ser o companheiro do francês na fila dianteira. Após a suspensão ativa da McLaren ter lhe proporcionado mais um acidente, Senna largaria em terceiro, à frente da outra Williams de Damon Hill.
Grid:
1) Prost (Williams) - 1:20.557
2) Schumacher (Benetton) - 1:21.190
3) Senna (McLaren) - 1:21.552
4) Hill (McLaren) - 1:21.825
5) Alesi (Ferrari) - 1:21.948
6) Patrese (Benetton) - 1:22.117
7) Berger (Ferrari) - 1:22.394
8) Wendlinger (Sauber) - 1:22.477
9) Andretti (McLaren) - 1:22.994
10) Comas (Larrousse) - 1:23.246
O dia 23 de maio de 1993 amanheceu com um belo sol e temperatura agradável às margens do Mediterrâneo e isso não era uma boa notícia para Senna. As únicas vezes em que teve condição de lutar e vencer as Williams foi quando o clima deu uma mão e choveu. Com sol, as coisas seriam bem mais difíceis para o brasileiro. Na largada, Prost e Schumacher saem bem e completam a primeira curva na mesma ordem, enquanto Hill consegue largar melhor do que Senna, mas o piloto da McLaren reage e após terem feito a St. Devote lado a lado, Senna obtém vantagem na subida do Cassino.
Prost, Schumacher e Senna disparam na frente dos demais mortais, mas ao contrário da primeira etapa do Mundial daquele ano, Prost começa a aumentar a diferença para Schumacher, enquanto o alemão fazia o mesmo para Senna. Porém, a corrida teria uma mudança significativa ainda no seu começo. Prost recebia uma penalização por ter queimado a largada. Replays mostravam que o francês realmente tinha se adiantado quando a luz ainda estava vermelha, enquanto Frank Williams e Patrick Head olhavam para os monitores desconsolados. Ao contrário do já famoso Drive Trough, em 1993 as penalizações eram bem mais pesadas e Prost teria que atravessar o pit-lane e ficar esperando eternos 10s parado para poder voltar a corrida.
O francês partiu para sua penitência na volta 12 e quando chegou ao lugar reservado para cumprir as penalizações, Prost deixou o seu carro morrer. Mecânicos da Williams estavam a postos para ressuscitar o motor Renault, mas... Prost deixou o motor morrer. Ao fundo podia-se ouvir os carros passando, inclusive o motor Ford de Schumacher, que acabava de colocar uma volta em cima do francês. O piloto da Williams voltava bem à frente de Senna. Com um sorriso no canto da boca, Senna reclamava do retardatário Prost e o francês foi obrigado a tirar seu Williams da frente na St. Devote. Essa deve ter doído em Prost...
Schumacher agora tinha uma vantagem confortável em cima de Senna e as posições permaneciam estáticas, numa corrida até mesmo aborrecida. A única animação era a briga entre os dois pilotos da Sauber no Hairpin Lowes, fazendo com que Lehto fosse aos boxes trocar o bico, para desespero de Peter Sauber e Norbert Haug, já chefe da Marcedes.
Tudo levava a crer que Schumacher venceria pela primeira vez no ano e o alemão fazia por onde, aumentando a diferença para Senna. Então, na volta 33, a Senhora Sorte entrou na jogada e mostrou que Deus, algumas vezes, é bem brasileiro! Schumacher abandona seu Benetton no hairpin Loews em chamas, graças a um vazamento hidráulico e praticamente entrega a corrida nas mãos de Senna. O alemão sai do carro extremamente chateado, enquanto Flavio Briatore, Tom Walkinshaw e Pat Simmons confabulavam nos boxes o que poderia ter acontecido para perder uma corrida tão ganha como aquela!
De repente, o sonho da sexta vitória se aproximava das mãos de Senna. Quando o brasileiro fez sua parada na metade da prova, tinha quase 30s de vantagem sobre Damon Hill e nem um problema no pneu dianteiro esquerdo fez o brasileiro perder a liderança da prova. Mais atrás, Berger começa a forçar o ritmo e na volta 64 ultrapassa seu companheiro de equipe Jean Alesi no hairpin Loews de uma forma nada delicada, em se tratando de companheiros de equipe. Berger vai para cima de Hill e na volta 70, apenas oito para o fim da prova, tenta a ultrapassar o inglês da mesma forma do que Alesi. Hill não recua e o toque é inevitável. Damon fica com seu carro atravessado, enquanto Berger tentava dar um ré e sair daquele situação, porém o austríaco esquece de olhar nos espelhos e dá atinge a Lotus do retardatário Alex Zanardi, acabando com a corrida do ferrarista. Hill consegue retornar bem à frente de Alesi e mantém a segunda posição.
Senna desfilava na frente e com os problemas dos seus adversários, tinha quase um minuto na frente de qualquer piloto. Para dar um gostinho especial, Senna coloca uma volta no quarto colocado Alain Prost. Pela segunda vez no dia! Se não foi tão brilhante como as outras, a sexta vitória de Senna significava que o brasileiro se tornava o maior vencedor da história do Grande Prêmio de Mônaco, ultrapassando Graham Hill, cujo filho acabara de chegar em segundo lugar. Se Ayrton precisou de sorte quinze anos atrás, Bruno Senna usou apenas o seu talento para vencer hoje a corrida nas ruas de Monte Carlo. Como nos tempos do seus tio!
Chegada:
1) Senna
2) Hill
3) Alesi
4) Prost
5) Fittipaldi
6) Brundle
Foi uma feliz coincidencia, eu diria!
ResponderExcluirHoje, 23 de Maio de 2013, completa-se 20 anos da 6ª e última vitória de Ayrton Senna em Mônaco. Senna venceu lá: 1987, 1989, 1990, 1991, 1992 e 1993.
ResponderExcluir