quarta-feira, 21 de maio de 2008

História: 25 anos do Grande Prêmio da Bélgica de 1983


Havia um clima de nostalgia no ar quando a F1 chegou a Bélgica para o seu tradicional Grande Prêmio. Ao invés de partir para Zolder, de triste memória para os amantes do automobilismo desde a morte de Gilles Villeneuve, o circo da F1 partiria para o reformado circuito de Spa-Francorchamps. Treze anos após a vitória de Pedro Rodriguez na última corrida de F1 realizada na pista da região das Ardennes, os pilotos teriam pela frente uma pista bem menor do que a original, mas nem assim menos desafiadora. Algumas curvas conhecidas, como a Eau Rouge e Banchimont permaneciam lá, assim como o mau tempo.

Entre os pilotos, um novato local fazia sua estréia na categoria. Thierry Boutsen havia comprado um cockpit da Arrows e correria pela primeira vez na frente do seu público, enquanto Chico Serra se aposentaria da F1. Como acontecia vinte anos antes, os treinos foram debaixo de condições variáveis, com Prost e o surpreendente Andrea de Cesaris andando muito bem no seco, enquanto Cheever e Rosberg eram os mais rápidos no molhado. Numa pista tão rápida, a esperança do finlandês de repetir sua vitória uma semana antes em Monte Carlo era justamente a chuva, pois seu motor Cosworth não era páreo aos potentes turbos. No sábado à tarde, Prost conseguia sua décima pole na carreira com Tambay completando uma dobradinha francesa. De Cesaris mostrava um bom rendimento e largaria em terceiro, à frente do líder do campeonato Piquet.


Grid:
1) Prost (Renault) - 2:04.615
2) Tambay (Ferrari) - 2:04.626
3) De Cesaris (Alfa Romeo) - 2:04.840
4) Piquet (Brabham) - 2:05.628
5) Arnoux (Ferrari) - 2:05.737
6) Patrese (Brabham) - 2:06.137
7) Winkelhock (ATS) - 2:06.264
8) Cheever (Renault) - 2:07.294
9) Rosberg (Williams) - 2:07.975
10) Surer (Arrows) - 2:08.587

O dia 22 de maio de 1983 amanheceu seco, mas nublado em Spa. Havia expectativa de chuva, como havia acontecido no resto do final de semana, mas ao menos na largada isso não ocorreria. A primeira largada foi abortada, pois Elio de Angelis e Marc Surer tiveram problemas, porém alguns pilotos largaram normalmente e por muito pouco não houve um acidente. De Cesaris foi um deles e de forma agressiva partiu para cima dos pilotos da primeira fila. Era uma aviso. Quando a largada foi para valer, Prost e Tambay não aprenderam a lição e o italiano da Alfa Romeo completou a travada La Source na frente, seguido muito de perto por Prost e as duas Ferraris, com destaque para Arnoux, que ultrapassara Piquet ainda na primeira curva. O péssimo ano de Patrese continuava e o italiano teve o seu motor quebrado ainda na primeira volta.

De forma surpreendente, De Cesaris, o trapalhão italiano, conduzia a prova com a tranqüilidade dos grandes campeões, mantendo Prost a uma distância segura. Atrás dos líderes, os carros mantinham suas posições, mas andavam próximos. A primeira vítima dos ponteiros foi Winkelhock, que foi aos boxes e logo depois sofreu um perigoso acidente quando sua roda traseira direita saiu voando do seu ATS quando o alemão vinha muito rápido. Apesar do susto, Winkelhock saiu ileso do seu carro. Com a saída do alemão, Rosberg assumia a sexta posição e ficava próximo de Piquet e à frente do segundo Renault de Cheever. Claramente sem carro e levando seu equipamento nas costas, Rosberg dava um show com seu carros aspirado e fazia a temida Eau Rouge praticamente de lado, numa grande demonstração de perícia e coragem.

Enquanto a metade da corrida se aproximava, as equipes começavam a se aprontar para os pit-stops programados, que na época estava longe de ser novidade. A Alfa foi a primeira dos líderes a chamar o seu piloto e De Cesaris, ainda na liderança, foi aos boxes para uma parada desastrosa, que durou mais de 20s e praticamente lhe tirou da disputa. Andando próximo do italiano, Prost fez sua parada sem problemas e saiu na frente de Andrea com alguma folga. Na briga pela terceira posição, Piquet fazia o mesmo com as Ferrari e emergia à frente de Tambay e Arnoux, mas René abandonaria logo depois com o motor quebrado. Infelizmente para De Cesaris, o tempo em excesso passado nos boxes lhe custaria caro demais e o motor acabou superaquecendo, lhe tirando um segundo lugar certo. Piquet assume a segunda posição, mas no final da corrida perde rendimento e é ultrapassado por Tambay e Cheever. Prost consegue uma vitória tranqüila e assume a liderança do campeonato pela primeira vez. Porém, o maior destaque foi para a pista de Spa, como provou Prost mais tarde. "Foi importante marcar nove pontos para o campeonato, mas o mais interessante foi ter vencido numa pista como essa!"

Chegada:
1) Prost
2) Tambay
3) Cheever
4) Piquet
5) Rosberg
6) Laffite

2 comentários:

  1. é sempre bonito um gp em SPA, com toda a historia do circuito...
    Valeu pela lembrança JC!

    ResponderExcluir
  2. Pela segunda e última vez na carreira que Andrea de Cesaris esteve liderando uma corrida. O piloto italiano da Alfa Romeo liderou-a corrida na Bélgica (Spa-Francorchamps) por 18 voltas. A primeira vez que liderou uma prova foi no Grande Prêmio do Oeste dos Estados Unidos (Long Beach) em 1982 por 14 voltas também pela Alfa Romeo e foi lá também que conquistou a única pole position.

    ResponderExcluir