Com Jackie Stewart tendo conquistado o seu terceiro título mundial em Monza, a F1 partia para o Grande Prêmio do Canadá de forma bastante relaxada e naquele momento, a única coisa em disputa era o título de construtores entre Lotus e Tyrrell. As duas equipes haviam dominado toda a temporada, mas Emerson Fittipaldi estava injuriado com a equipe por não ter exercido uma ordem de equipe no Grande Prêmio da Itália, quando estava logo atrás do seu companheiro de equipe Ronnie Peterson. O brasileiro estaria negociando com a McLaren, enquanto o boato de que Stewart estaria se aposentando no final do ano crescia cada vez mais.
Peterson mostrava seus dotes de velocista ao marcar mais uma pole no ano e teria ao seu lado o piloto que seria substituído por Emerson na McLaren, o americano Peter Revson. Jody Scheckter estaria de volta com a terceira McLaren, enquanto Arturo Merzario alinhava a única Ferrari nas últimas posições, mostrando o quanto a fase era ruim para a scuderia.
Grid:
1) Peterson (Lotus) - 1:13.697
2) Revson (McLaren) - 1:14.737
3) Scheckter (McLaren) - 1:14.758
4) Reutemann (Brabham) - 1:14.813
5) E.Fittipaldi (Lotus) - 1:15.035
6) Cevert (Tyrrell) - 1:15.118
7) Hulme (McLaren) - 1:15.319
8) Lauda (BRM) - 1:15.400
9) Stewart (Tyrrell) - 1:15.641
10) W.Fittipaldi (Brabham) - 1:16.112
O Grande Prêmio do Canadá era realizado em seu início no final do ano, o que significava muito frio e algumas provas debaixo de chuva. O dia 23 de setembro de 1973 não era diferente e uma chuva incessante causou o atraso em uma hora da largada, quando a chuva já tinha diminuído bastante. Pensando que a pista secaria rapidamente, Peterson larga com pneus slicks e permanece na liderança ao final da primeira volta. Atrás dele, duas surpresas. Jody Scheckter conseguiu levar sua McLaren ao segundo posto, enquanto um austríaco desconhecido, mas que já tinha começado a mostrar seu talento aparecia em terceiro após largar em oitavo: Niki Lauda. Ainda na terceira volta, Lauda levou seu raquítico BRM a liderança, se aproveitando da ótima performance dos pneus de chuva da Firestone.
Na medida em que a pista não secava tão rápido do que esperava, Peterson foi perdendo rendimento e foi ultrapassado por Scheckter na décima volta. Atrás deles, Emerson e Stewart mostravam que andavam muito bem em piso molhado e já encostavam no pelotão da frente. Outro que crescia muito durante a prova era o brasileiro José Carlos Pace, levando seu Surtees a sexta posição. Porém, a performance de Lauda chegava a impressionar e na volta 15, o austríaco tinha 23s para o segundo colocado. Então, a corrida começaria a ficar marcada na história pelo caos que se seguiria.
De repente, a pista secava rapidamente e isso permitiu a subida de Ronnie Peterson a segunda posição, mas o sueco acabou sofrente um acidente na volta 17. Percebendo que a pista melhorava a cada segundo, os pilotos resolveram ir aos boxes colocar pneus slicks. Sempre lembrando que naquela época não existia paradas programadas nos pits e muitas vezes as equipes passavam meses sem realizar pit-stops. Tentando aproveitar a vantagem que tinha, Lauda é um dos primeiros a parar, mas a BRM demora demais e o austríaco cai vários postos. Então, vários pilotos vão aos boxes ao mesmo tempo, causando um verdadeiro caos dentro dos pits. Emerson Fittipaldi liderava a prova, seguido por um surpreendente Jackie Oliver e Stewart. Atrás deles, Cevert e Scheckter disputavam a quarta posição.
O sul-africano já estava ficando conhecido pela sua agressividade excessiva e Cevert provou isso da pior maneira possível, quando os dois se enroscaram e bateram forte. Ambos saíram ilesos, mas Cevert saiu do seu Tyrrell uma arara e partiu para cima de Scheckter, querendo briga! Porém, os dois carros deixaram muitos detritos na pista e algo precisava ser feito. O safety-car era usado de forma constante nos Estados Unidos e alguns testes já tinham sido feitos para o carro madrinha aparecer numa corrida de F1. Essa era a oportunidade ideal, pensaram os organizadores. Mal sabiam eles... Emerson tinha acabado de trocar seus pneus e quando o carro de segurança sai dos boxes, ele fica esperando pela Tyrrell de Stewart, que teoricamente era o líder. Teoricamente, pois nessa mesma volta o escocês resolve ir aos boxes trocar os pneus...
A essa altura ninguém sabia quem era o líder e o Porsche 924 amarelo passeava pela pista atrás do líder. Peter Macintosh, membro da organização que estava no carro, perguntava desesperado quem era o líder e a torre informa: Carro número 25. Era a mesma coisa do que dizer que o líder era Adrian Sutil da Force India. O 25 era a Williams do neo-zelandês Howden Ganley, que fica várias voltas sem entender o que estava acontecendo. E ninguém entendia mesmo. Sem perceber, o safety car havia deixado três pilotos passarem: Revson, Oliver e Beltoise. O trio alinha atrás do pelotão, uma volta à frente dos outros. Naquele momento, porém, ninguém sabia que eles eram os líderes e, durante um bom tempo, continuariam sem saber. Para o público e para os organizadores, o líder era Ganley.
Enquanto Revson, Oliver e Beltoise brigavam pela liderança lá atrás, Ganley "liderava" felizmente, mas era alcançado por Emerson Fittipaldi. Andando como poucas vezes na carreira, o piloto da Lotus vinha que nem um foguete para cima do Williams, ultrapassando o carro poucas voltas depois. O público pensava que o brasileira era o líder. E os organizadores também! O nome de Emerson aparecia em primeiro no placar do circuito, mas ele estava em quarto, uma volta atrás dos líderes. Numa prova sensacional, Emerson começa a diminuir a diferença para os demais e era o mais rápido na pista. Ele ultrapassou Oliver e Beltoise na ante-penúltima volta e vinha como o vencedor da corrida. Porém...
Todos tinha esquecido de Revson, que tinha superado os demais e liderava a corrida sem saber. Fittipaldi recebeu a bandeirada como vencedor, inclusive com Chapma comemorando a beira da pista. Só que ninguém sabia quem tinha realmente vencido! Após quatro horas de muita briga, os organizadores deram a vitória para Revson. A Lotus tentou entrar com um recurso, mas acabou desistindo. Graças a sua grande performance, Fittipaldi sempre achou que tinha vencido a prova, tanto que no especial da Quatro Rodas feito quatro anos atrás por causa dos 30 anos do seu bicampeonato, Emerson falou que havia vencido o Grande Prêmio do Canadá de 1973. O safety-car ficou vinte anos na garagem e só voltaria a uma corrida de F1 vinte anos depois no Grande Prêmio do Brasil de 1993. Quando a organização era um pouco melhor...
Chegada:
1) Revson
2) E.Fittipaldi
3) Oliver
4) Beltoise
5) Stewart
6) Ganley
essa eu queria ter visto! rsrsrs
ResponderExcluirQue doideira,não tem nenhum video em algum lugar não, JC????
ResponderExcluirTem no youtube!
ResponderExcluirDe facto, foi uma das corridas mais confusas de sempre. Tão confusa, que o Safety Car só voltou a ser incluido 20 anos depois!
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