domingo, 28 de junho de 2009

História: 10 anos do Grande Prêmio da França de 1999


Uma semana antes do Grande Prêmio da França, a F1 se reuniu no circuito de Magny-Cours para uma sessão de três dias de testes na pista francesa. A Ferrari fez os melhores tempos, mas ao contrário do usual, quem ficou na ponta foi Eddie Irvine com David Coulthard, também segundo piloto da McLaren, logo atrás. Pelos resultados destes testes, a Ferrari ficou tão confiante que nem participou do primeiro treino livre de sábado, mas a sexta-feira francesa tinha muito sol. Ao contrário dos dias posteriores.

O sábado amanheceu com muita chuva e Rubens Barrichello aproveitou para fazer o melhor tempo no terceiro treino livre. O brasileiro da Stewart era conhecido por sua habilidade no molhado e isso ficaria ainda mais evidente mais tarde. Quando a Classificação começou, a pista estava muito molhada, mas não chovia no momento. Por isso, apenas Barrichello, Alesi, Trulli e Panis foram à pista marcar tempos, enquanto as demais equipes esperavam que a pista secasse mais tarde. Ledo engano. Quando os quatro voltaram aos boxes, com Rubinho na ponta, a chuva caiu forte e ficou praticamente impossível que alguém pudesse melhorar o tempo do brasileiro. Isso significava que Barrichello coroava a ótima temporada que vinha fazendo pela Stewart com uma pole, com Alesi lhe acompanhando na primeira fila. Coulthard e Schumacher ainda conseguiram colocar seus carros entre os dez primeiros, mas alguns favoritos tiveram uma péssima Classificação, como Hakkinen, apenas em 14º e Irvine em 16º.

Grid:
1) Barrichello (Stewart) - 1:38.441
2) Alesi (Sauber) - 1:38.881
3) Panis (Prost) - 1:40.400
4) Coulthard (McLaren) - 1:40.403
5) Frentzen (Jordan) - 1:40.690
6) M.Schumacher (Ferrari) - 1:41.127
7) Fisichella (Benetton) - 1:41.825
8) Trulli (Prost) - 1:42.096
9) Herbert (Stewart) - 1:42.199
10) Zonta (BAR) - 1:42.228

A previsão para o dia 27 de junho de 1999 na região de Nevers indicava chuva o dia todo, mas perto das 14:00 a pista estava seca e não chovia no momento, apesar dos céus ameaçadores no horizonte. Rubens fez uma boa largada e se manteve na ponta, trazendo consigo Alesi e Coulthard, que tinha feito uma ótima largada. Como era o melhor colocado no grid com um carro de ponta, não seria surpresa ver Coulthard assumindo a ponta rapidamente. Tentando aproveitar a chance que tinha, o escocês ultrapassou Alesi ainda na segunda volta e partiu para cima de Barrichello. Coulthard tirava 1s por volta da Stewart à sua frente e logo estava colado na asa traseira de Barrichello. Mais atrás, Hakkinen fazia uma corrida espetacular de recuperação, fazendo mais de uma ultrapassagem por volta e na 6º passagem pelos boxes, o finlandês já tinha ganho oito posições!

Barrichello e Coulthard tinham brigado pela ponta muitas vezes na F3 Inglesa, mas pela primeira vez estavam se enfrentando pela liderança na F1. Mesmo com um carro nitidamente inferior, Barrichello segurou Coulthard por três voltas até ser finalmente ultrapassado pela escocês no hairpin Adelaide. O piloto da McLaren logo se distanciou na ponta, mas ainda havia emoção na briga por outras posições. Schumacher fazia uma corrida discreta e era apenas quinto, quando começou a ser pressionado por Hakkinen. Os dois protagonistas do campeonato estavam se enfrentando pela primeira vez dentro da pista. E que briga! A McLaren estava em melhor forma, mas Michael não desistiria fácil de uma briga e os dois ficaram lado a lado, roda a roda, após o hairpin Adelaide. Logo adiante haveria a primeira perna da chicane e um dos dois teria que aliviar. Talvez pressentindo a velocidade do finlandês, Schumacher cedeu a posição para o rival.

Quando tudo indicava que Coulthard poderia vencer a corrida, o escocês encostou sua McLaren ainda na nona volta com problemas eletrônicos e isso significava que Rubinho estava novamente na ponta, seguido por Alesi e Frentzen. Porém, Hakkinen já se aproximava do alemão da Jordan, trazendo Schumacher, que parecia acordar após ser ultrapassado pelo finlandês. Porém, quando o relógio estava se aproximando das 14:30, as primeiras gotas começaram a cair em Magny-Cours, na mesma medida em que Hakkinen ultrapassava Frentzen. O finlandês estava impossível naquele dia e logo depois fez uma belíssima ultrapassagem sobe Alesi no hairpin Adelaide, com ambos deslizando na forte freada. Contudo, o tempo escuro indicava que a tempestade prevista pela meteorologia estava prestes a cair. Exatamente às 14:30, a chuva veio com força e Fisichella foi o primeiro a abandonar ao rodar na pista molhada. Irvine foi aos boxes colocar pneus para chuva, mas esqueceu de avisar a Ferrari, que teve que sair catando pneus biscoitos dentros dos boxes.

Logo o pit-lane se tornou um caos, com vários carros entrando nos boxes ao mesmo tempo, causando até um acidente com Damon Hill. Mesmo com todos já equipados com os pneus apropriados, as posições na frente permaneciam as mesmas, mas com todos os carros muito próximos. Era uma corridaça! Jean Alesi fazia a sua melhor corrida em muitos anos, mas ele acabou rodando na curva Estoril e a organização resolveu trazer o safety-car na pista. Chovia tão forte, que foi aventada a idéia de paralisar a corrida, algo que a dupla Reginaldo Leme/Cléber Machado torciam desesperadamente, pois Rubinho liderava a prova naquele momento. Por sinal, Barrichello tinha batido o recorde pessoal de voltas na liderança, ainda com o brasileiro perseguindo sua sonhada primeira vitória. Para desespero da dupla global, as onze voltas que o safety-car ficou na pista serviu para dissipar a água empossada e a chuva havia dado uma trégua. A corrida seria reiniciada com Barrichello à frente de Hakkinen, Frentzen, Schumacher e Panis.

Até aquele momento, Hakkinen não era reconhecido com um bom piloto na chuva, mas o finlandês estava mais agressivo do que o normal e partiu para cima de Barrichello. Ele emparelha com o brasileiro no hairpin Adelaide, mas roda na saída de curva. Mika caía para sétimo, mas ainda estava na briga. Barrichello ainda lideraria outra volta, quando Michael Schumacher finalmente parecia estar vivo e ultrapassa Frentzen de forma decisiva, partindo para cima de Rubens. Foi uma batalha inesquecível! A Ford tinha boa potência e Barrichello conseguia fugir nas retas, mas Schumacher resolveu que venceria a briga nos freios, apertando pedal do freio 50 metros depois de Barrichello no hairpin Adelaide, mas a Ferrari acabaria passando reto e Barrichello daria o famoso xis em Schumacher. O alemão não desiste e após duas tentativas frustradas, ele efetua a ultrapassagem sobre o que seria seu futuro companheiro de equipe no mesmo hairpin Adelaide.

Logo a corrida parecia nas mãos de Schumacher, mas ainda haveria uma parada para todos. Na teoria. Quando já tinha mais de 7s de vantagem sobre Barrichello, a Ferrari ficou lenta e Rubinho encostou em Schummy, trazendo consigo Frentzen, Panis, Irvine e Hakkinen. Então, da mesma maneira que esse problema apareceu, ele foi embora e Schumacher abriu diferença rapidamente para o brasileiro. A Ferrari estava preparada para receber o alemão e um mecânico tinha um volante na mão e por isso a parada de Schumacher demorou mais do que o normal e acabou fora da briga pela ponta. Barrichello liderava novamente, mas Frentzen era pressionando por Hakkinen novamente e após uma divertida batalha, o finlandês tomou a segunda posição do piloto da Jordan e partiu para cima de Barrichello. O brasileiro estava inspiradíssimo e se ele pôde segurar Schumacher tanto tempo, poderia fazer o mesmo com Hakkinen. Barrichello segurou por duas voltas o piloto da McLaren, repetindo o xis que fez em Schumacher, mas faltando apenas onze voltas, Hakkinen liderava a corrida finalmente.

Quando a corrida já se aproximava do final, ninguém havia prestado muita atenção em Frentzen. O alemão da Jordan sempre andou no pelotão da frente e já havia sido ultrapassado várias vezes, principalmente após seu pit-stop. O motivo dessa 'lentidão' seria descoberta agora. Enquanto todos os demais pilotos não encheram o tanque na expectativa de uma nova mudança de tempo e, portanto, uma nova visita aos boxes no final da prova, a Jordan colocou gasolina até a boca no carro de Frentzen e o alemão não precisaria mais parar. Quando Hakkinen e Barrichello pararam na mesma volta, quando faltavam seis para o final, Frentzen partiu serelepe para sua primeira vitória em 1999. Tinha sido uma corrida inesquecível, cheio de brigas em toda a prova e em todos os momentos. Porém, essa corrida tinha sido ainda mais especial para dois pilotos. Com essa vitória, Frentzen começava a mostrar aos críticos que tinha condições de andar junto com as grandes feras da F1 e timidamente começava a entrar na briga pelo título. E Barrichello também mostrava que ele era mais do que o 'pé de chinelo' e podia brigar com os pilotos de ponta se tivesse um carro à altura. Muito por causa dessa corrida, no ano seguinte, ele estaria de Ferrari.

Chegada:
1) Frentzen
2) Hakkinen
3) Barrichello
4) R.Schumacher
5) M.Schumacher
6) Irvine

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