sábado, 20 de junho de 2009

Kevin


Houve um tempo em que o Mundial de Motovelocidade era dominado por pilotos norte-americanos, que eram rápidos, agressivos e extremamente carismáticos, a maioria vindo do fortíssimo Campeonato Americano de Superbike. No início dos anos 80, vários pilotos ianques seguiram o rastro de sucesso iniciado por Kenny Roberts, Freddie Spencer e Randy Mamola e fizeram um enorme sucesso pelo mundo nas duas rodas. Kevin Schwantz foi um dos pilotos mais rápidos e carismáticos dos anos 80 e juntamente com seu grande rival e amigo Wayne Rainey, Eddie Lawson, Wayne Gardner, Michael Doohan e Randy Mamola, proporcionou corridas sensacionais pelo mundo, marcando toda uma geração. Sempre fiel a Suzuki, Schwantz permaneceu com a montadora japonesa mesmo quando tinha uma moto bem pior do que a dos seus rivais e com seu estilo agressivo, tirava no braço sua desvantagem. Porém, isso fez com que Kevin sofresse alguns acidentes que o caracterizaram por algum tempo e lhe proporcionou várias fraturas pelo corpo. Mesmo que seu estilo amalucado tenha lhe custado várias vitórias e pontos no campeonato, Kevin Schwantz foi um dos pilotos mais populares da história, mesmo tendo conquistado apenas um título mundial. Completando cinqüenta anos no dia de hoje, iremos conhecer um pouco da carreira desse americano que marcou época.

Kevin Schwantz nasceu no dia 19 de Junho de 1959 em Houston, no Texas, e desde muito cedo sempre manteve contato com motos, já que seus pais eram donos de uma concessionária de motos da Yamaha. O pequeno Kevin aprendeu a andar de bicicleta com quatro anos de idade e em poucas semanas ele já estava atrás de um guidão de uma pequena Honda 50cc. Quando completou doze anos de idade, Schwantz ganhou uma Yamaha YZ80 preparada para correr em pistas de MotoCross, onde iniciou sua carreira em duas rodas. Sempre muito competitivo, Kevin Schwantz participou de várias modalidades na escola, inclusive futebol, algo não muito comum para os meninos americanos, mas como tinha baixa estatura e era muito magro, Kevin sempre levava desvantagem nos esportes com forte contato físico e por isso ele se dedicou mais ao MotoCross, onde correu como amador até 1982. Kevin não pensava em correr no asfalto e isso tanto é verdade que o mítico número 34, em que ele utilizou toda a sua vida, foi em homenagem ao seu ídolo no MotoCross, seu tio Darryl Hurst.

No final de 1983, quando começava a se destacar nos campeonato regionais de MotoCross, Schwantz começa a se familiarizar com algo que o marcaria bastante: os acidentes. Correndo em casa, no Houston Astrodome, Kevin sofre um sério acidente que o faz abandonar o MotoCross e pensar em outras oportunidades, enquanto trabalhava na loja do seu pai. No final de 1984, Kevin é convidado pela equipe de Hideo Yoshimura, que competia com apoio oficial da Suzuki no Campeonato Americano de Superbike, para um teste e mesmo com pouca experiência no asfalto, Schwantz impressiona de tal maneira que é contratado na hora pela equipe para 1985. O Campeonato Americano de Superbike já tinha revelado grandes pilotos que a essa altura dominavam o Mundial de Motovelocidade, como Eddie Lawson, Freddie Spencer e Randy Mamola. O primeiro ano de Schwantz é muito bom para um estreante, com uma vitória em Willow Springs ainda no início do campeonato e um ótimo terceiro lugar no grid para a tradicional Daytona 200, ficando atrás de Freddie Spencer e Fred Merkel.

Apesar do seu estilo espetacular e de conseguir algumas vitórias, Schwantz ainda não pensava em disputar o Mundial de Motovelocidade, ainda mais quando encontrou, ainda nas pistas americanas, aquele que seria seu maior rival na carreira: Wayne Rainey. Esse californiano, pupilo de Eddie Lawson, era frio e técnico, bem ao contrário do extrovertido e agressivo Schwantz. Em 1986, com a nova Suzuki GSXR-750, Kevin termina a Daytona 200 em segundo lugar, atrás de Eddie Lawson, enquanto perdia várias etapas do Campeonato Americano com a clavícula quebrada após um acidente. No ano seguinte, proporciona uma luta espetacular com a Yamaha de Rainey, sendo derrotado pelo rival, mas os dois proporcionam batalhas épicas em várias corridas. Isso começava a chamar a atenção das equipes que disputavam o Mundial de Motovelocidade e Schwantz participou de sua primeira corrida no Mundial das 500cc no Grande Prêmio da Holanda de 1986, com uma Suzuki, onde não terminou, mas Kevin marcaria seu primeiro ponto na corrida seguinte, em Spa. Após a espetacular temporada que fez nos Estados Unidos ao lado de Rainey, Schwantz participa de mais etapas no Mundial em 1987, onde consegue um quinto lugar na Espanha e ganha mais confiança dentro do seio da equipe Suzuki.

A Suzuki era uma equipe secundária frente Honda e Yamaha na metade da década de 80 no Mundial das 500cc, mas a montadora japonesa planejava reverter esse quadro e com o investimento da Pepsi, a Suzuki contratou Rob McElnea e Kevin Schwantz para 1988. Porém, antes de viajar ao Japão para a primeira etapa do Mundial, Kevin ainda tinha contas a acertar no Americano de Superbike. Mesmo já tendo conquistado um título nacional, Schwantz ainda procurava sua primeira vitória em Daytona. Mesmo sofrendo um acidente nos treinos, Schwantz conquistou sua primeira vitória e única na tradicional corrida. Logo em seguida, Kevin causou espanto no mundo da Motovelocidade ao conseguir um ótimo terceiro lugar no grid para o Grande Prêmio do Japão, no difícil circuito de Suzuka. Mas ainda tinha mais! Tadahiko Taira largou na pole com sua Yamaha, mas perdeu a ponta na largada para outro estreante que também impressionava a todos naquele dia: Wayne Rainey. Atrás de Rainey, vinham o campeão de 1987 Wayne Gardner, Schwantz e Christian Sarron. Lembrando os tempos em que brigavam pela ponta no Campeonato Americano, Rainey e Schwantz começaram a batalha pela liderança ainda na primeira volta, com vantagem para Kevin. No entanto, não demorou que a força da moto Honda de Gardner fizesse com que o australiano partisse para cima de Schwantz, que se segurava com sua Suzuki, claramente mais lenta que a Honda. Ambos trocaram de posição várias vezes durante a prova. Parecia uma briga de dois veteranos das pistas, mas Schwantz participava de sua oitava corrida no Mundial e não tomou conhecimento do então Campeão Mundial das 500cc Wayne Gardner e após um erro do australiano na última volta, Kevin Schwantz chocou o mundo da motovelocidade com sua primeira vitória no Mundial!

Todos se perguntavam quem era aquele americano loirinho que havia desbancado o atual Campeão Mundial com uma moto inferior. Ainda no início de sua passagem pelo Mundial das 500, Kevin Schwantz já passava a ser um dos protagonistas do campeonato, mas seu conto de fadas duraria pouco. Já na segunda etapa, em Laguna Seca, Schwantz pouco pôde fazer, mesmo correndo em casa. A pouca potência de sua Suzuki fez com que o americano não fosse capaz de brigar com Hondas e Yamahas, fato que se repetiria quando o Mundial chegou a Europa. Apesar de sempre largar entre os primeiros, Kevin tinha problemas em se manter no pelotão da frente, mas Schwantz tinha outra arma para mostrar: suas atuações em piso molhado. No Grande Prêmio da Alemanha Ocidental, no circuito de Nürburgring, Schwantz surpreendeu novamente ao vencer pela segunda vez na temporada debaixo de muita chuva. E se houvesse outras corridas no molhado, possivelmente Kevin venceria mais, pois sua condução na chuva era muito superior aos demais, a ponto dele ser 3s mais rápido do qualquer piloto no Grande Prêmio das Nações, em Ímola. No entanto, não houve outras corridas no molhado e juntando sua falta de experiência e falta de potência da Suzuki, Schwantz terminou o Campeonato Mundial em oitavo, mesmo com duas vitórias. No entanto, a experiência adquirida em sua temporada de estréia fazia com que Kevin fosse um piloto a ser observado em 1989. A Suzuki tentava melhorar sua moto e dispensava Rob McElnea e trazia o inglês Ron Haslan, mais conhecido por ser um exímio acertador de motos. Os primeiros testes mostravam a evolução da nova moto da Suzuki e Kevin partiu confiante para o início da temporada em Suzuka, onde repetiu a vitória do ano anterior. Porém, na etapa seguinte em Philip Island, Kevin sofreu uma queda quando liderava a prova. Após um segundo lugar em Laguna Seca, Kevin liderava tranquilamente o Grande Prêmio da Espanha em Jerez à frente de Rainey, quando caiu faltando apenas quatro voltas. Schwantz ainda carecia de uma maior concentração nas provas, fazendo com que ganhasse seis vezes em 1989, mas ficasse apenas em quarto lugar no Mundial, empatado com Christian Sarron, que tinha aparecido apenas três vezes no pódio. Além disso, a Suzuki deixou Kevin três vezes na mão.

Isso fez com que Schwantz pensasse em deixar a Suzuki no final de 1989. A equipe de Giacomo Agostini estava perdendo Eddie Lawson para a Rothmans Honda e pensava substituí-lo a altura e o nome de Kevin Schwantz parecia perfeito. Mesmo fiel a Suzuki, Kevin se interessou em ter uma moto forte nas mãos, mas Agostini perdeu o patrocínio da Marlboro para a equipe de Kenny Roberts e em 1990 o tricampeão mundial passaria a ser a equipe oficial da Yamaha, fazendo com que Schwantz perdesse o interesse em correr pela equipe de Agostini e renovasse com a Suzuki nas vésperas do Grande Prêmio do Brasil, em Goiânia, onde venceu. Roberts era patrocinado pela Lucky Strike, mas como passaria a ser financiado pela Marlboro, Kenny deixou uma grande patrocinadora no mercado e no início de 1990 a Suzuki acertou contrato com a Lucky Strike, fazendo com que surgisse uma das pinturas mais conhecidas do Mundial de Motovelocidade nos anos 90. Principalmente com o número 34 de Kevin Schwantz. Além do patrocínio, a Suzuki também trazia da equipe de Kenny Roberts o inglês Kevin Magee para ser companheiro de Schwantz e pela primeira vez Kevin teria como companheiro de equipe um piloto com vitórias no Mundial das 500cc. Ainda nos testes de pré-temporada, Magee se mostrava um forte oponente a Schwantz e a Suzuki iniciava a temporada de 1990 com uma boa expectativa. Em Suzuka, Schwantz passou a prova brigando com Wayne Gardner e acabou atingido pelo australiano nas últimas voltas, ficando apenas em terceiro. Wayne Rainey era o principal favorito a vencer o campeonato, mas Kevin se destacava como principal rival, mesmo com um terceiro lugar com gosto de derrota. Mas nada poderia ser pior do que a segunda etapa em Laguna Seca.

Ainda na terceira volta, Kevin Magee sofreu um seríssimo acidente e o inglês foi levado ao hospital em coma. Na relargada, Schwantz brigava com Rainey pela segunda posição quando Kevin sofreu uma queda que, aparentemente, parecia ser de pequenas proporções. Porém, o piloto da Suzuki sofreu uma fratura no pulso e as esperanças de título da equipe Suzuki haviam terminado naquele momento. Schwantz foi à clínica do doutor Claudio Costa na Itália e iniciou um rigoroso período de fisioterapia e de forma surpreendente, Kevin estava de volta às pistas na prova seguinte, em Jerez, e mesmo com fortes dores na mão, Schwantz terminou a corrida em terceiro! Na corrida seguinte na Itália, Kevin ainda estava recebendo tratamento em seu pulso, enquanto Rainey vencia pela terceira vez em quatro corridas, partindo para o se primeiro título mundial. Sete semanas após o acidente em Laguna Seca, Schwantz vencia tranquilamente o Grande Prêmio da Alemanha Ocidental em Nürburgring, com Niall Mackenzie completando o pódio pela equipe da Suzuki. Kevin ganhou novamente na Áustria, mas desta vez ele que teve que superar Rainey numa incrível batalha pela ponta. Seria uma das primeiras das incríveis batalhas de Kevin contra o seu compatriota no Mundial. Mesmo não gostando da pista de Rijeka, na Iugoslávia, Schwantz termina em segundo e na prova seguinte, na Holanda, o piloto da Suzuki vence a terceira prova nas últimas quatro corridas. Apesar de ter chovido em Spa, Schwantz tem problemas com seus pneus Michelin e acaba apenas em sétimo, com Rainey já abrindo mais de trinta pontos no campeonato. Apesar de duas vitórias seguidas (França e Inglaterra), Schwantz não consegue alcançar Rainey e termina o campeonato em segundo lugar.

Kevin se mostrava como o único piloto a ter condições de derrotar Wayne Rainey, na época considerado o melhor piloto do Mundial das 500cc, e por isso era um dos favoritos para 1991, mas uma série de mudança fizeram com que a Suzuki não repetisse o mesmo desempenho do ano anterior. A equipe trocava os pneus Michelin pelos Dunlop, mesmo com Schwantz se sentindo mais à vontade com os pneus franceses. Outra mudança era que o peso mínimo da moto aumentava de 115 para 130 kg, enquanto Niall Mackenzie, mesmo conseguindo um bom quarto lugar no Mundial em 1990, é substituído pelo belga Didier de Radigues. Tantas mudanças fizeram com que a Suzuki tivesse muito trabalho a fazer e já nos primeiros treinos de pré-temporada, em Jerez, Schwantz já dizia que a Suzuki não tinha moto para vencer aquele campeonato. Em Laguna Seca, Schwantz ficou 0.75s atrás de Rainey, mesmo com a Suzuki já tenha feito de tudo para melhorar sua moto. Porém, Schwantz se superava mais uma vez e em Suzuka, primeira etapa do Mundial, Kevin superou as deficiências de sua moto para vencer a corrida numa disputa contra Michael Doohan, Wayne Rainey e John Kocinski. Parecia que Kevin pudesse estar enganado e que poderia briga pelo título, mas já na etapa seguinte, no Grande Prêmio da Austrália, as preocupações de Schwantz se mostraram reais quando ele se qualificou em sexto e terminou em quinto, meio minuto atrás do vencedor, Rainey. Em Laguna Seca, Kevin foi um pouco melhor ao conseguir um pódio, mas ainda assim estava 16s atrás de Rainey e o título se tornava a cada vez mais um objetivo distante. Em Misano, os pneus Dunlop fizeram com que Kevin terminasse apenas em sétimo, mas em Hockenheim, Schwantz tem outra briga inesquecível com Rainey. Na metade da última volta, Rainey liderava a corrida, mas nas últimas curvas, Schwantz faz uma manobra suicida e consegue ultrapassar seu rival para uma vitória épica.

Apesar da alegria por ter deixado Rainey para trás na Alemanha, Schwantz sabia que dificilmente teria condições de tirar o bicampeonato do piloto da Yamaha e em Salzburg, Kevin tem problemas de pneus novamente e tem que brigar a prova inteira com a Honda de Wayne Gardner pelo terceiro lugar, enquanto Rainey e Doohan brigavam, bem à frente, pela liderança. O piloto da Suzuki tira o 3º posto de Gardner na última volta! Em Jarama, no Grande Prêmio da Europa, Kevin consegue apenas um quarto lugar, enquanto tinha uma desvantagem de 40 pontos para Rainey e 28 para Doohan. Kevin ainda venceria na Holanda, em outra batalha encarniçada com Rainey, que só foi decidida num erro do californiano na última curva. Os problemas com os pneus voltaram em Paul Ricard, onde Kevin foi 4º, mas em Donington Park o piloto da Suzuki voltava a vencer. Os pontos que tirou com relação a Rainey foram perdidos em Mugello, quando a Suzuki perdeu potência e Schwantz perdeu a ponta da corrida para o rival, acabando a prova em segundo. Faltando três corrida, Rainey tinha 32 pontos de vantagem sobre Schwantz, mas uma péssima corrida em Brno praticamente garantiu o título para Rainey, mesmo com a vitória de Kevin em Le Mans, penúltima etapa do ano, após uma briga com Michael Doohan durante toda a prova. A última etapa do ano seria na Malásia, mas Schwantz não faria parte da corrida em Shah Alam. Nos treinos, Kevin sofre uma queda onde tem a mão esmagada, fazendo necessária a colocação de seis pinos. Isso significava que Schwantz perderia a pré-temporada de 1992.
Kevin só subiria numa moto de competição em janeiro de 1992 na pista de Eastern Creek, sendo que o seu novo companheiro de equipe, Doug Chandler, já estava testando a nova Suzuki desde o final de 1991, mas as notícias não eram nada boas. Na pista australiana, John Kocinski, com Yamaha, andava cerca de 1.5s mais rápidos do que as Suzukis, fazendo com que a montadora fizesse um novo chassi antes da primeira etapa. A Suzuki voltava a usar os pneus Michelin, assim como Honda e Yamaha, fazendo com que os pneus não fossem um fator tão importante para 1992. Chandler, também cria do Americano de Superbike, se mostra um bom companheiro de equipe, mas o principal rival de Kevin para 1992 era novamente Wayne Rainey. E por isso que mesmo ficando em terceiro lugar, atrás da Honda de Doohan e Chandler, Kevin teve o que comemorar no Grande Prêmio do Japão, pois Rainey abandonou após uma queda apenas na segunda volta, mas Michael Doohan se mostrava um piloto cada vez mais perigoso. Correndo em casa, o australiano consegue mais uma vitória, enquanto Schwantz tem que se conformar com um quarto lugar, mais de meio minuto atrás do piloto da Honda. O Mundial voltava a Malásia e da mesma forma como tinha acontecido no ano anterior, Schwantz tem um acidente nos treinos que o faz abandonar a corrida ainda no sábado. Para sorte de Kevin, a fratura na mão direita não era séria e a temporada tem uma lacuna de três semanas até a prova em Jerez, onde Doohan vence a quarta corrida, mantendo o 100% de aproveitamento.

Kevin tinha tido problemas com os pneus na Espanha, mas em Misano, o americano se aproveita da queda de mais uma queda de Rainey e dos problemas de Doohan, para acabar com a invencibilidade do piloto da Honda. Se nos três anos anteriores o campeonato havia sido polarizado entre Wayne Rainey e Kevin Schwantz, para 1992 Michael Doohan se metia na briga dos americanos e se tornava favorito ao título, provocando até erros do então inabalável Rainey. Acostumado a correr vindo de trás, com motos piores do que o dos adversários, Schwantz mantém seu estilo agressivo para tirar a diferença no braço, fazendo com que se tornasse o piloto mais popular do plantel do Mundial das 500cc. Quando o campeonato chegou a Assen, poucos imaginavam que o título não ficasse com Doohan, mas o australiano sofreu uma queda e acabou quebrando o tornozelo, o deixando de fora das próximas corridas. Kevin tinha tudo para se aproveitar do azar de Mick, mas ainda na Holanda, Schwantz disputava a liderança com a Cagiva de Eddie Lawson e acabou sofrendo um acidente em que machucou o quadril e o antebraço. Era praticamente o fim da temporada tanto para Doohan, como para Schwantz.

Schwantz e Doohan foram se tratar com o Dr. Claudio Costa, enquanto Rainey, praticamente sozinho, vencia o Mundial das 500cc pela terceira vez seguida. Kevin passa a se concentrar unicamente para a temporada de 1993 e tinha como objetivo acabar, finalmente, com o domínio de Wayne Rainey. A Suzuki finalmente alcançava uma moto muito mais equilibrada e Schwantz dominou os testes de Pré-temporada. Apesar da boa temporada de Doug Chandler, o americano foi substituir Eddie Lawson na Cagiva e a Suzuki foi buscar na equipe italiana um jovem brasileiro, que não tinha muita fama até então: Alexandre Barros. Kevin Schwantz estava tão confiante, que ele mesmo dizia que era favorito ao título, algo que não admitia nos anos anteriores por causa dos seus problemas com a moto. Na primeira corrida, na Austrália, Schwantz estava tão confiante de si e de sua moto, que se dá o luxo de completar a primeira volta apenas em décimo apenas por cautela, para então passar a fazer várias ultrapassagens, até se aproximar dos seus compatriotas Daryl Beattie, Wayne Rainey e Doug Chandler. Foi uma batalha soberba, com Kevin se sobressaindo a todos e vencendo a corrida em East Creek, com Rainey em segundo. Com Doohan ainda se recuperando da fratura do tornozelo, Rainey era o maior rival de Kevin para conseguir seu primeiro título. Pela primeira vez em três tentativas, Schwantz largaria para o Grande Prêmio da Malásia e mesmo se a moto não funcionou perfeitamente, Kevin ficou em terceiro, enquanto Rainey vencia pela primeira vez no ano.

Wayne Rainey chegou a afirmar que a Yamaha tinha errado a mão em 1993, mas todos acharam que isso tinha sido um blefe quando americano venceu pela segunda vez em três etapas, desta vez no Japão, com Schwantz logo atrás, após uma briga que ainda envolveu Daryl Beattie e Sinishi Itoh. Kevin ainda tentou ultrapassar Rainey na última volta em Suzuka, mas achou um risco desnecessário ultrapassar o rival. Desta vez, Schwantz sabia que tinha uma moto capaz de lhe dar o título, mas não podia dar-lhe o luxo de perder mais pontos para um adversário tão perigoso como Rainey. Por isso Kevin tratou de vencer as próximas duas corridas (Espanha e Áustria) e mesmo chegando em segundo lugar na Alemanha, ficou à frente do seu maior rival. Em Assen, a Yamaha estreou um novo motor para que Rainey tentasse voltar a carga em cima de Schwantz, mas o piloto da Suzuki superou o rival e conseguia a quinta vitória em oito corridas. Uma semana depois, Rainey venceria o Grande Prêmio da Catalunha, com Kevin em terceiro, mas na etapa seguinte, em Mugello, Rainey sofre uma enorme decepção com seu novo motor ao ficar 22s atrás do vencedor Michael Doohan. Schwantz vinha brigando com a Honda até ter um problema traseiro nas últimas voltas. Kevin estava tendo uma temporada quase perfeita, pois quando não tinha moto para vencer, terminava no pódio, como na Holanda. Até o momento, Schwantz não sabia o que era ter um acidente, algo raro na sua carreira, mas em Donington Park, Kevin e Alexandre Barros foram derrubados por Michael Doohan quando o australiano errou uma freada. Por sorte, Schwantz não se machucou seriamente e ainda viu Luca Cadalora derrotar seu companheiro de equipe Wayne Rainey, para enorme desgosto da equipe Marlboro Yamaha Roberts.

Pela primeira vez em 1993, Schwantz não tem uma moto compatível com sua categoria e no Grande Prêmio da Tchecoslováquia, Kevin termina apenas em quinto com sérios problemas com seus pneus. Para piorar, Rainey vencia de forma categórica e parecia voltar ao campeonato. Mal sabiam todos que essa seria a última vitória deste grande piloto americano, algo que também repercutiria bastante na carreira de Kevin Schwantz. Em Misano, Kevin brigava pela ponta com Rainey e Cadalora e quando as duas Yamahas começavam a se distanciar da Suzuki, Kevin viu seu maior rival na carreira cair bem à sua frente. Tinha sido um acidente sério, mas ninguém sabia ao certo o que aconteceria com Rainey. Schwantz seria alcançado por Doohan e terminaria a corrida em terceiro. Após a prova, tomou-se conhecimento de que os ferimentos de Wayne Rainey eram mais sérios do que o imaginado e no dia seguinte foi confirmado que o piloto americano, tricampeão mundial de motociclismo, iria ficar paraplégico. Era difícil imaginar o que se passava na cabeça de Kevin. Ele sabia que com Rainey definitivamente de fora do campeonato, o título era seu, mas ele não poderia comemorar sabendo que o piloto que foi seu grande rival e referência, estava numa cadeira de rodas para sempre.

Neste momento, Schwantz começou a pensar em parar de correr. Eram muitas feridas pelo corpo e sua maior referência estava fora das pistas. Apesar de finalmente a Suzuki ter vencido o Mundial das 500cc, Kevin não estava tão motivado como antes e, para piorar, a Honda produz uma grande moto para Michael Doohan em 1994. Kevin ainda venceria duas vezes em 1994, mas sofre um sério acidente num teste e perde as últimas corridas daquela temporada que coroou Michael Doohan pela primeira vez. Kevin termina o campeonato ainda em quarto e parte para 1995 com a idéia fixa de parar. Mesmo tendo apenas 31 anos de idade, Schwantz fazia uma temporada apenas regular e após o Grande Prêmio do Japão, 3º etapa do ano, Kevin anuncia sua aposentadoria do Mundial de Motociclismo. Foram 105 corridas, 25 vitórias, 29 poles, 26 voltas mais rápidas, 51 pódios, 1236,5 pontos conquistados e o Mundial de 1993.

Kevin Schwantz foi um dos pilotos mais populares da história do Mundial de Motociclismo e seu estilo agressivo fez dele uma lenda do esporte. Sua fidelidade a Suzuki, mesmo nos tempos bicudos fizeram com que Schwantz se tornasse um semi-deus na montadora japonesa, que sempre que pode o honenageia. O número 34 foi aposentado pela FIM e após disputar algumas corridas de carro, hoje Schwantz tem uma escola de pilotagem que já produz seus frutos, como o texano Ben Spies, revelação do Mundial de Superbike de 2009. Porém, ninguém nunca esquecerá as batalhas que Schwantz teve contra as maiores feras do motociclismo mundial da sua época, principalmente contra Wayne Rainey.

Parabéns!
Kevin Schwantz

2 comentários:

  1. Hehehehe.Por pouco o nome dele não vira um palavrão.

    Aquela moto com patrocinio da Lucky Strike era uma das minhas favoritas.
    Nunca acompanhei muito o Mundial de Motovelocidade,mas existem algumas motos que lembro perfeitamente de assitir corridas quando menor.
    Essa Suzuki Lucky Strike do Schwantz ,a Rothmans Honda do Doohan e a moto do Alex Barros com patrocnio da West eram as minhas favoritas.(e umas das poucas que eu lembro hehehehehe)

    Belo texto JC!!

    ResponderExcluir
  2. Este era "motoqueiro" e não "motociclista".
    Dava gosto ve-lo pilotar.
    Assim como dá ver Valentino.

    ResponderExcluir