domingo, 19 de julho de 2009

Vá com Deus, Henry


Fico imaginando o que sentiam as pessoas que cobriam o automobilismo no tempo de John Surtees. Além de falar das emoções das corridas, os jornalistas normalmente lamentavam a morte de um piloto no final de semana. E a morte nas pistas não escolhiam ninguém, pois levava jovens e velhos, talentos e outros nem tanto. Pois John Surtees teve a sorte e a competência de ter passado por essa terrível época com apenas um sério acidente de Esporte-Protótipo em 1966 com algumas fraturas. Big John foi campeão seis vezes de moto e uma de F1, pela Ferrari. Se tornou construtor na F1, mas sem o mesmo sucesso. Se aposentou definitivamente das pistas para voltar com força total no começo desta década para acompanhar seu filho, Henry, no automobilismo.

Talvez o velho John nunca imaginaria ter que lhe dar com a morte nas pistas novamente. Os tempos são outros e na F1, em que se morriam pilotos praticamente todo ano, já fazem quinze anos do terrível final de semana em Ímola. Mas nem todo o aparato de segurança de carros e pistas, no qual John Surtees lutou tanto no final dos anos 60, foi capaz de poupar a vida do seu filho Henry, de apenas 18 anos, nessa tarde, em Brands Hatch. Foi um acidente de certa forma estúpido, pois uma roda sair voando em direção à pista após se desprender de um carro e atingir a cabeça de um piloto acontece uma em um milhão. Mas aconteceu hoje com Henry.

A morte de Henry Surtees, confirmada às 20:00 de Londres, chama a atenção pela juventude do inglês e pelo sobrenome que carrega. E após 15 anos da morte de Senna, mais uma vez um carro da Williams é envolvido num acidente fatal numa categoria top. Mas como achar culpados? O que o pobre do Jack Clarke, que bateu no muro e viu sua roda que matou Henry ir para o meio da pista, poderia fazer?

Hoje sinto o que muitos jornalistas da época de John Surtees sentiam após um final de semana de corridas. Falar da emoção nas pistas, mas lamentar a morte de um piloto no mesmo dia.

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