quinta-feira, 31 de maio de 2012

História: 20 anos do Grande Prêmio de Mônaco de 1992


De certa forma, a corrida em Monte Carlo deste ano foi bem parecida com a de vinte anos atrás, quando não aconteceu praticamente nada nas primeiras voltas, mas devido a circunstâncias, a corrida ficou emocionante nas voltas finais. Em 1992, um furo de pneu misterioso fez Nigel Mansell, piloto dominante em todo o final de semana e nas primeiras 70 voltas da corrida em Monte Carlo, ir aos boxes e voltar à prova em segundo, colado em Ayrton Senna, que fez o básico para não ser ultrapassado em Mônaco: não errar. E o brasileiro o fez de forma emocionante, segurando um Mansell doidinho para fazer besteira, mas Graças a Deus não o fez. Por isso, colocarei as imagens das últimas voltas, que são a que importam na corrida de vinte anos atrás, mas vale comentar duas coisas sobre a prova. Primeiro, foi que o pit-stop do líder Mansell nunca foi mostrado, num erro imperdoável da transmissão da época. E a outra foi o jovem Cléber Machado inventando uma quebra de motor de Senna após a corrida. Ai Meu Deus...

terça-feira, 29 de maio de 2012

Teve isso também...


Dentre as pistas antigas, Mônaco é umas que não há muitas mortes em seu currículo, onde, pensando de cabeça, só me lembro do Lorenzo Bandini. A baixa velocidade ajuda, mas quando jovens pilotos entram numa pista apertada, o resultado pode não dar muito certo. Conor Daly que o diga...

segunda-feira, 28 de maio de 2012

Figura(MON): Felipe Massa

Webber finalmente conseguiu sua primeira vitória em 2012, mas o australiano não estava tão pressionado como Felipe Massa em Monte Carlo. O piloto da Ferrari recebeu um ultimato em carta por Luca di Montezemolo antes da corrida, cobrando-o resultados imediatos e Felipe conseguiu dar a resposta num circuito onde historicamente não se dá tão bem assim. Porém, Monte Carlo se mostrou agradável ao problemático F2012 e Massa aproveitou para ter o primeiro final de semana decente do ano, conseguindo andar na frente de Alonso nos treinos livres e superado por muito pouco pelo espanhol na Classificação. Durante a corrida, Massa chegou a andar mais rápido do que Alonso no começo, mas logo a maior categoria do espanhol fez com que Massa não o ameaçasse mais, porém o brasileiro permaneceu na mesma balada dos líderes, fechando o emocionante trenzinho dos seis primeiros colocados no final, chegando apenas 6s atrás do vencedor Webber. A saída de Massa da Ferrari em 2013 é quase certa, até pelo conjunto da obra, mas Felipe necessita mostrar aos outros chefes de equipe que tem condições de ser o mesmo piloto que quase foi campeão em 2008 e de antes do acidente em 2009, talvez o grande marco de sua carreira. E com uma temporada incrivelmente equilibrada, se tudo der certo, uma vitória não estaria fora de cogitação que, talvez não garanta Massa na Ferrari no que vem, mas ao menos carimbe o passaporte do paulistano na F1 em 2013. 

Figurão(MON): Jenson Button

O que passa com Jenson? Vencedor da primeira corrida da temporada e apontado como favorito pelo fato dos novos pneus Pirelli serem nervosos a qualquer movimento em falso, 2012 parecia ter a cara de Button, piloto muito cuidadoso com os pneus por causa de sua tocada suave e sua inteligência tática. Porém, o inglês entrou num declínio técnico absurdo, culminando com o final de semana medonho em Monte Carlo, pista onde venceu quando se tornou campeão mundial em 2009. Button até andou bem na quinta-feira e foi o único a utilizar os pneus supermacios antes da chuva aparecer, mas isso parece não ter ajudado muito o piloto da McLaren, que teve uma classificação pífia, ficando no Q2 pela segunda corrida seguida, muito longe de Lewis Hamilton. Na corrida, o mico foi ainda maior, pois Button perdeu muito tempo na confusa primeira curva e acabou se vendo atrás da Caterham de Heikki Kovalainen, uma presa fácil na teoria. Na teoria. O que se viu foi a repetição da edição de Mônaco em 2001 quando David Coulthard passou boa parte da prova atrás da Arrows de Enrique Bernoldi, mas nesse ano teve outros agravantes. Coulthard tinha sido o pole e ficara parado no grid por problemas em seu McLaren. Estava bem até o momento. E a Arrows não era um carro tão ruim como o Caterham que tinha Kovalainen em mãos, mas o finlandês foi capaz de segurar Button por quase 50 voltas e o pior foi que Button não conseguiu a ultrapassagem, acabando por rodar enquanto tentava deixar o finlandês para trás. Porém, o fato de ultrapassar Kova não diminuiria a péssima corrida de Button, que em nenhum momento esteve próximo de marcar pontos e desde sua vitória em Melbourne, não se destacou mais e mesmo a McLaren, hoje, não tendo o melhor carro do pelotão, pelo menos é possível andar no mesmo ritmo dos líderes, como fez Hamilton. Tendo problemas na Classificação, Button foi na corrida o que os ingleses gostam de dizer: Absolutamente patético.

domingo, 27 de maio de 2012

Agressivo na hora certa


Recentemente Dario Franchitti reclamou que a Indy estava desequilibrada, com muitos circuitos mistos e poucos ovais, ainda em decorrência do trauma pela morte de Dan Wheldon. Hoje, o escocês e sua equipe mostraram o porquê dessa reclamação. Dario Frachitti e a Chip Ganassi foram formidáveis nas 500 Milhas de Indianápolis de hoje e o escocês vai cavando seu nome na história do automobilismo americano e mundial ao vencer pela terceira vez a principal corrida da Indy.

Franchitti teve que enfrentar um motor Honda inferior aos Chevrolet durante todo o ano, uma mês inteiro discreta de sua equipe em maio e até mesmo um toque nos boxes durante a primeira rodada de paradas que o mandou para o final do pelotão. Porém, a Ganassi escondeu o jogo durante os treinos e rapidamente Scott Dixon saiu de uma posição intermediária no grid para as primeiras posições, ameaçando o domínio dos pilotos da Andretti, particularmente de Marco Andretti. Quando Dixon assumiu a ponta e Franchitti veio logo depois numa recuperação empolgante, a corrida foi amplamente dominada pela Ganassi e seus dois pilotos fizeram um verdadeiro jogo de equipe, com Dixon e Franchitti trocando de posição a cada volta, economizando combustível e seus carros para a hora decisiva da prova, que é sempre nas 50 milhas finais.

E nesse momento os dois carros vermelhos continuaram dominando, contando com a sorte de várias bandeiras amarelas terem aparecido nas voltas finais e truncado a prova, ajudando não apenas Franchitti e Dixon, mas os demais pilotos a economizar combustível suficiente para não terem que se preocupar no final. Na penúltima relargada, Tony Kanaan deu um show de dribles e tomou a ponta dos carros da Ganassi, mas Franchitti e Dixon retomaram a ponta na última relargada, mas muito pior do que ter o experiente Kanaan ameaçando, era ver o afoito Takuma Sato se aproximando. Sato foi outro que largou muito atrás, mas assim como o duo da Ganassi, aproveitou bem o ótimo desempenho do motor Honda em corrida e sempre andou entre os primeiros. Na penúltima volta, Franchitti deu o bote em cima de Dixon, mas o neozelandês não contava com Sato que o ultrapassou por dentro, acabando momentaneamente com a dobradinha da Ganassi. Os pilotos japoneses são conhecidos pela agressividade extrema, que algumas vezes o levam a cometer verdadeiros destroços na pista. E Sato, desde a F1, foi assim e ainda é considerado o melhor japonês na categoria, mesmo com o surgimento de Kobayashi. Porém, não dá para culpar Sato pela sua manobra extrema na abertura da última volta, assim como Franchitti não deu o mínimo espaço ao japonês, que perdeu o controle do seu carro na curva 1 e bateu, acabando sua corrida e definindo a prova.

Franchitti agora se junta a Helio Castroneves com três vitórias em Indianápolis e se recupera no campeonato, pois até o pódio em São Paulo, o escocês estava fazendo um campeonato sofrível. A Ganassi volta a vencer em Indianápolis e aos poucos encosta nas grandes equipes tradicionais da categoria, mesmo que ainda muito longe da Penske, extremamente discreta hoje, particularmente com Castroneves, talvez a maior esperança de vitória da equipe, mas que decepcionou e penou para ficar entre os dez. Porém, com o perigoso acidente de Will Power, onde teve Mike Conway também envolvido, o brasileiro encostou no australiano no campeonato, contudo, a posição intermediária de Helio na corrida onde ele se da melhor não deixa de ser uma derrota para o paulista. Bem ao contrário de Rubens Barrichello, que em sua primeira experiência em ovais, conseguiu ficar no top-10 com uma corrida madura e sólida, onde não cometeu erros e jamais andou nas últimas posições, podendo curtir com o amigo, quase irmão, Tony Kanaan o terceiro lugar do soteropolitano, seu melhor resultado no ano. Bia Figueiredo entra cada vez mais na turma da Danica Patrick, onde só anda por que é mulher e somente este fato chama a atenção de patrocinadores, não seus resultados. Enquanto seus três companheiros de equipe da Andretti andavam entre os primeiros colocados, Bia ficava abaixo do 20º lugar até rodar e bater, de leve, sozinha. Muito fraca essa garota. Assim como é fraco Marco Andretti, que liderou boa parte da prova, mas errou sozinho no final, continuando a ‘Maldição Andretti’ em Indianápolis, sendo que isso continua pelo fato de Marco ser desastrado demais.

Não poderia deixar de falar na transmissão da Band. O pessoal gosta muito de criticar a Globo, que hoje aumentou seu espaço para a F1, mas Luciano do Valle inventando Michael Jordan (Michel Jourdain Jr.) foi muito engraçado. Fora o Jester (Justin) Wilson e o acidentado Mike Conaway (Conway). Gostava muito do Luciano no auge da Indy, mas está na cara que o veterano narrador cai totalmente de pára-quedas na transmissão e seus erros chegam a ser constrangedores, assim como a torcida da Band pelos brasileiros. Quando Marco bateu faltando doze voltas para o fim, a torcida de Luciano para que a corrida acabasse com bandeira amarela somente por que Tony Kanaan liderava foi ridícula. Teo José é a melhor opção para os comentários certeiros de Felipe Giaffone. É nessa hora que sinto falta da Globo.

Foi uma boa 500 Milhas de Indianápolis, que hoje bateu o recorde de calor (34°C), teve um final emocionante e Franchitti mostrou que quando precisa ser agressivo, pode colocar alguém na grama e vencer na marra. Nem que isso lhe garanta seu terceiro anel de vencedor das 500 Milhas de Indianápolis.

O sexto homem


Hoje não foi a corrida com mais ultrapassagens do ano e das mais emocionantes no seu todo, mas Monte Carlo foi palco de marcas históricas para a F1 e nos lembrar chegadas marcantes. Mark Webber venceu praticamente de ponta a ponta, se tornando o sexto piloto diferente a vencer nessa temporada em seis corridas, marcando um recorde nos 62 anos de história da F1. Porém, o australiano não teve vida fácil ao longo das 78 voltas da longa corrida de Mônaco e sempre teve Nico Rosberg fungando no seu cangote, que sempre teve alguém mordendo seus calcanhares. Os puristas podem reclamar a vontade da F1 atual, mas os seis primeiros colocados separados por 6s nos fez lembrar, mesmo que sem a mesma emoção, a famosa chegada do Grande Prêmio da Espanha de 1981, onde Gilles Villeneuve, recentemente homenageado pelos 30 anos do seu passamento, segurou quatro carros nas voltas finais em Jarama. Webber segurou cinco e ainda havia uma garoa para tornar as coisas mais emocionantes e dramáticas. Foi um final eletrizante!

Fazia tempo que a largada não protagonizava batidas e hoje quem fez o strike, mesmo involuntário, foi Romain Grosjean. O francês da Lotus largou muito mal e Alonso foi para cima dele e tocou nele. Espremido, Grosjean foi para a esquerda e acabou espremendo Schumacher no guard-rail e o francês acabou quebrando a suspensão traseira esquerda e rodando no meio do pelotão, atingindo a Sauber de Kobayashi, enquanto Maldonado atingia De La Rosa. O safety-car veio a pista e essa foi a única emoção da corrida em seus momentos iniciais. Mark Webber manteve a ponta, seguido por Rosberg, Hamilton, Alonso, Massa e Vettel. E assim andaram por várias voltas, com esses pilotos ganhando e perdendo rendimento na medida em que seus pneus ganhavam ou perdiam rendimento. Porém, Webber se manteve intocável na frente e só não liderou de ponta a ponta por causa da estratégia diferente do seu companheiro de equipe Vettel. Havia uma previsão de chuva para o meio da corrida e Vettel resolveu iniciar a prova com os pneus macios e postergar ao máximo sua parada, mas a chuva, anunciada a todo o momento pelo rádio aos pilotos nunca veio de verdade. Pelo menos, não no meio da prova. Com Vettel parando, Webber reassumiu a ponta e parecia que venceria com a mesma tranqüilidade de 2010, quando dois anos atrás tinha Kubica próximo, mas por causa de um safety-car nas últimas voltas. Então, a chuva veio no final da prova em forma de garoa e Rosberg encostou em Webber, mas o alemão da Mercedes trouxe uma fila de pilotos atrás dele, tornando as últimas voltas da corrida eletrizante, pois qualquer erro poderia causar mudanças de posições e a chuva, afinal, poderia aumentar a qualquer momento. Foram momentos de tirar o fôlego, mesmo sem troca de posições ou disputas mais acirradas por posição. No final Webber recebeu a bandeirada em primeiro e empatava em pontos com Vettel em pontos no segundo lugar do campeonato, apenas três atrás de Alonso, o líder do campeonato. Mark Webber havia até reclamado da grande divisão de pontos e vitórias da atual temporada, mas o australiano acabou se beneficiando por uma F1 sem domínio e imprevisível e escreveu a temporada de 2012 nos livros como uma das mais emocionantes da história da F1.

E também de altíssimo nível, ao contrário do que dizem os saudosistas dos anos 70 e 80. Vettel foi o quarto colocado, mas recebeu a bandeirada apenas 1.3s atrás do companheiro de equipe, talvez até o diretor de prova tenha dado a bandeirada no mesmo movimento entre os quarto primeiros. Vettel fez uma corrida inteligente e largando em décimo, postergou sua parada ao máximo sem perder tanto desempenho e quando voltou à pista, estava logo à frente de Hamilton, em quarto, sendo que antes das paradas, era sexto. Havia a expectativa de o alemão pressionar os primeiros colocados, pois era o único ali com pneus supermacios, mas o ambiente inóspito em ultrapassagens de Mônaco não o ajudou e Seb ficou fora do pódio. Rosberg fez uma prova sólida, onde sua diferença para Webber nunca foi muito superior a 2s e andou no mesmo ritmo de Webber, o atacando quando a garoa apareceu nas últimas voltas, mas Nico preferiu não fazer nenhum ato de heroísmo e ficou ali mesmo, segurando os ataques de Alonso. Schumacher se envolveu no acidente de Grosjean e ficou atrás de um estranhamente lento Kimi Raikkonen, só se livrando do finlandês quando parou nos boxes, mas o toque com Grosjean pode ter causado seu abandono no final da prova, acabando outra prova de forma frustrante ao heptacampeão, pois Schummy tinha tudo para estar na briga pela vitória se tivesse largado realmente na pole. A Ferrari esteve muito bem em Monte Carlo e Alonso assumiu a liderança do campeonato com um pódio no lugar mais baixo, porém, quem poderia imaginar o espanhol na liderança na sexta prova do campeonato após um início de campeonato tão desapontador? A Ferrari cresceu muito, sem dúvida, mas as características de Monte Carlo ajudaram bastante o time de Maranello e como sempre faz nessas situações, Fernando Alonso aproveitou bem. A novidade foi o quanto Felipe Massa andou no mesmo ritmo de Alonso e no começo da prova, até mais do que o espanhol. Esperar que a Ferrari pedisse a Alonso, líder do campeonato, deixar Felipe passar era exagero global, mas Massa fez sua melhor corrida desde 2010 e não há nada do que reclamar de sua atuação de hoje, pois mesmo fechando os seis primeiros que lideraram a corrida inteira, ele recebeu a bandeirada 6s atrás de Webber, mostrando que estava no mesmo ritmo dos líderes.

A McLaren não deixou de decepcionar na corrida de hoje e mesmo Hamilton pontuando mais uma vez, a bolsa de apostas indicavam Lewis como o sexto vencedor diferente de 2012, mas o piloto da McLaren não estava em condições de brigar mais do que fez e o quinto lugar foi o máximo do inglês, se mantendo na briga pelo campeonato. Porém, o que foi assustador foi o terrível desempenho de Jenson Button em Monte Carlo. Nem se pode acusar Button de não se dar bem em Mônaco, pois ele venceu lá em 2009, mas a curva descendente de Jenson foi tão acentuada, que o inglês passou boa parte da prova atrás da Caterham de Kovalainen (!), não conseguindo ultrapassar o finlandês, algo que Sérgio Pérez conseguiu em uma única volta! Foi patético, como dizem os ingleses. A Force India marcou pontos com seus dois carros num esforço muito bom dos seus dois pilotos, que fizeram uma prova sem erros e isso, em Mônaco, normalmente garante frutos na bandeirada. A Lotus foi a grande desilusão do final de semana, com um ritmo de corrida absolutamente terrível de Kimi Raikkonen. O finlandês não foi a pálida sombra do que fora nas duas últimas corridas, sendo superado de longe por Grosjean e na corrida, onde seu ritmo poderia ser melhor, se tornou uma chicane ambulante, causando a diminuição do ritmo de vários pilotos que tiveram o azar de tê-lo à sua frente. Grosjean, coitado, não dá nem para avaliar se estava ou não na briga pela vitória, apesar das indicações dizerem que sim. Bruno Senna marcou um pontinho, mas passou a prova inteira atrás (ou atrapalhado) por Raikkonen e teve que se conformar com sua posição, mas foi um final de semana paradoxal para a Williams e principalmente para Maldonado. Após sua vitória duas semanas atrás, Maldonado largou em último em Monte Carlo, onde sempre se deu bem em outras categorias, e se envolveu num acidente ainda na primeira curva, ao atingir a traseira de Pedro de La Rosa.

Jean-Eric Vergne perdeu a chance de ter o seu melhor resultado na F1 quando resolveu inventar e colocar pneus intermediários nas voltas finais, mas a garoa era tão fina que o francês nem se aproveitou das condições variáveis da pista e caiu de sétimo a décimo segundo, bem mais lento todos os outros. É a velha história de ser melhor tem alguns pontinhos na mão, do que vários voando... Daniel Ricciardo abandonou quando vinha logo atrás de Senna e Kobayashi se envolveu nos toques da primeira curva, enquanto Sérgio Pérez foi o homem que conseguiu ultrapassar hoje, mesmo que seja nas últimas posições e os carros fossem das nanicas, porém, Jenson Button com uma McLaren não conseguiu isso, então palmas para Pérez, que ainda sofreu uma punição por ir aos boxes na hora em que Raikkonen ia lhe ultrapassar e ainda ficou em 11º. Seu ritmo era tão bom, que após ser ultrapassado pelos líderes, ficou colado na traseira de Massa, provando que se não fossem os problemas durante o final de semana, Pérez poderia ter chegado nos pontos e, quiçá, na acirrada briga pela vitória, onde poderia ter dito: Não contavam com minha astúcia! Heikki Kovalainen teve a melhor atuação das nanicas em sua história ao largar bem e segurar a McLaren de Jenson Button a corrida toda, só perdendo posições quando teve que encarar a astúcia de Sérgio Pérez e quebrou a asa dianteira, mas Kova já tinha feito uma belíssima prova, enquanto Petrov abandonava quando estava em último, os dois pilotos da Marussia foram bons retardatários e Karthikeyan atrapalhou alguns pilotos com seu ritmo lento em demasia.

Foi uma corrida em que os pneus não foram fatores determinantes, mas o equilíbrio se manteve intacto, pois seis pilotos de quatro equipes diferentes se digladiaram nas últimas voltas de forma sensacional, fazendo uma F1 eletrizante e que valha a pena acordar cedo para ver Alonso, Vettel, Webber, Hamilton e outros fazer história à nossa frente.

sábado, 26 de maio de 2012

Ganhou, mas não levou

Michael Schumacher é depois de Felipe Massa o alvo preferencial para críticas e especulações de quem ocupará seu lugar em 2013, devido ao mau desempenho nesta temporada. Sinceramente, nunca fui muito simpático a essa volta de Schummy a F1 pois ele se aposentara por cima no final de 2006 e três anos fora da F1, com mais de 40 anos não era um bom cartão de visita para equipe qualquer, mesmo a Mercedes tendo sido campeã em 2009 com outro nome (e menos dinheiro). O tempo mostrou um Schumacher com lampejos raríssimos de sua genialidade e um piloto até mesmo trapalhão, o que acabou estragando seu lampejo dessa manhã.

Schumacher necessitava de uma exibição dos bons e velhos tempos e o heptacampeão o conseguiu de forma exuberante em Monte Carlo, um dos seus palcos favoritos. O piloto da Mercedes foi o mais rápido de uma classificação muito acirrada, onde os cinco primeiros ficaram separados por apenas 0.25s, mas como Schumacher fez besteira em Barcelona quinze dias atrás, ao bater na traseira de Bruno Senna, o alemão já sabia que largaria com cinco posições e justo quando foi o mais rápido, terá que amargar a sexta posição no grid, fazendo com que Mark Webber ficasse com a pole e se tornar automaticamente o favorito para a corrida de amanhã. O australiano chegou a reclamar da competitividade desta temporada, talvez por estar mal acostumado com o domínio de sua equipe, mas Webber ficou bem à frente de Vettel neste sábado, com o alemão tendo que emular seu compatriota e voltar a fazer uma boa exibição.

A Mercedes se provou muito bem em Mônaco e Nico Rosberg pode fazer as vezes do time e ficar com a vitória, basta uma largada melhor do que a de Webber, seu companheiro na primeira fila e que várias vezes não saiu bem no apagar das cinco luzes vermelhas. A McLaren vive um paradoxo de uma boa classificação de Hamilton e ver Button, mais uma vez, falhar em passar ao Q3. E pela segunda vez consecutiva! Button é outro que precisa de uma reviravolta. A Lotus não foi tão bem quanto o esperado, mas ainda colocou seus dois carros no Q3, algo que a Ferrari fez pela primeira vez este ano, na melhor exibição de Felipe Massa esse ano, com o brasileiro ficando próximo de Alonso no Q3, mas em outras oportunidades ficando à frente do espanhol. A Williams esteve longe de repetir o ótimo desempenho de Barcelona e Maldonado ainda sofreu com uma punição de dez posições, fazendo com que este final de semana não seja muito bom para o time inglês.

Assisti boa parte do treino no mute, pois estava em aula, mas no finalzinho deu para pegar a transmissão desesperada de Galvão Bueno com a pole de Schumacher. Para quem não sabe, o alemão da Mercedes está apenas uma vitória atrás de Ayrton Senna no quesito de triunfos em Monte Carlo e com a possibilidade de Schummy igualar Senna, Galvão quase teve um piripaque. Seria até bem feito se Schumacher vencesse. Tanto para ele, como para seus críticos. Afinal, rei nunca perde a majestade!

sexta-feira, 25 de maio de 2012

História: 15 anos do Grande Prêmio da Espanha de 1997


Se havia uma pista em que todos os pilotos e equipes conhecem há tempos é o de Barcelona. Com um circuito repleto de variáveis, como uma reta longa, curvas enormes de alta e baixa velocidade, Montmeló costuma definir quem tem o melhor carro da temporada ou quem sofrerá pelo resto do ano, já que desde 1992 a etapa espanhola é realizada praticamente na abertura da temporada européia. Isso aconteceu em 1997, com a Williams dominando os testes na semana anterior à corrida na Espanha, mas tendo problemas nos treinos livres de sexta-feira. Os pilotos reclamaram bastante do desgaste dos pneus, principalmente os usuários da Goodyear, com a Bridgestone se mostrando com menos desempenho, mas com mais durabilidade. Na corrida, isso definiria muitos rumos.

A Benetton havia sido a mais rápida na sexta-feira, mas a Williams, notadamente o melhor carro do pelotão, voltou a dominar no sábado e Jacques Villeneuve ficou novamente com a pole, quase 1s na frente do terceiro colocado. Porém, Frentzen deu trabalho ao canadense ao ficar 0.26s atrás do companheiro de equipe de Williams. A McLaren tinha um novo motor de classificação e por isso seus carros apareceram muito bem, seguindo os ótimos carros da Williams. Adryan Newey ainda assinava os carros da Williams em 1997, mas o inglês já trabalhava na McLaren naquele ano e provavelmente deu dicas como melhor aproveitar o circuito espanhol. A Ferrari teve uma péssima classificação, enquanto o bom resultado da Stewart em Monte Carlo se provava fortuito com seus dois pilotos ficando no fim do grid em Barcelona. O primeiro piloto Bridgestone era Olivier Panis, apenas em 12º.

Grid:
1) Villeneuve(Williams) - 1:16.525
2) Frentzen(Williams) - 1:16.791
3) Coulthard(McLaren) - 1:17.521
4) Alesi(Benetton) - 1:17.717
5) Hakkinen(McLaren) - 1:17.737
6) Berger(Benetton) - 1:18.041
7) M.Schumacher(Ferrari) - 1:18.313
8) Fisichella(Jordan) - 1:18.385
9) R.Schumacher(Jordan) - 1:18.423
10) Herbert(Sauber) - 1:18.494

O dia 25 de maio de 1997 estava nublado e frio quando os carros se dirigiam ao grid de largada com uma previsão de corrida mais apertada, pois se Villeneuve dominou na Classificação, o canadense teve uma vida mais dura no velho warm-up, com os oito primeiros carros separados por 1s, provavelmente pela condição mais fria de pista. Apenas na segunda tentativa a largada foi dada e Villeneuve largou de forma esplêndida, ao contrário de Frentzen, que foi engolido pelo pelotão. Quem também fez uma largada sensacional foi Michael Schumacher, pulando de sétimo para segundo ainda na primeira curva.

Como normalmente acontece em Barcelona e naquela temporada em questão, os primeiros colocados andavam próximos, com 4s separando os seis primeiros na terceira volta, mas não havia tentativas de ultrapassagem, com todos os pilotos se estudando. Com um carro desequilibrado, Schumacher foi o primeiro usuário da Goodyear a sofrer com os pneus e o alemão perdeu rendimento de forma abrupta frente a Villeneuve, com a diferença entre os dois pilotos chegando a 20s na volta 14. Isso causou um verdadeiro congestionamento atrás da Ferrari de Schumacher, mas com os pilotos não podendo efetuar a ultrapassagem sobre o alemão, que fechava a porta sem o menor pudor. Desesperados e sem ter muito que fazer, pilotos como Ralf Schumacher antecipavam suas paradas, até Coulthard finalmente deixar Schummy mais velho para trás. Algumas voltas depois, começou a primeira rodada de paradas e de forma surpreendente, Coulthard havia encostado em Villeneuve, enquanto Olivier Panis permanecia em terceiro e sem paradas, mas havia um dado a ser colocado nesse caldeirão estratégico: o francês da Prost usava pneus Bridgestone. Isso faria toda a diferença!

Alesi e Schumacher ultrapassam Mika Hakkinen numa bonita briga pelo terceiro lugar, já que Panis havia parado nos boxes e estava agora em sexto. Frentzen fazia uma corrida medíocre, desgastando seus pneus de forma absurda e seu desempenho não fazia jus ao carro que tinha, igual ao do líder inconteste até então, Jacques Villeneuve, que apenas administrava a vantagem sobre Coulthard. Com a segunda rodada de paradas para troca de pneus e reabastecimento, Panis voltou a crescer e o francês ultrapassou Coulthard na volta 39 pela terceira posição, já que o piloto da McLaren não teve um pit-stop muito feliz. Estava claro que os pilotos com Goodyear iriam parar três vezes, enquanto os usuários de Bridgestone parariam apenas duas vezes. Panis fazia uma ótima corrida e enquanto os pilotos à sua frente faziam uma terceira parada, ele estava numa estratégia de duas paradas e era definitivamente o mais rápido na pista. Após a terceira rodada de paradas para quem estava numa estratégia de três pit-stops, Panis liderava a corrida, mas com uma parada a fazer. O piloto da Prost andou forte o suficiente para retornar de sua segunda visita ao Box em 2º, apenas 11s atrás de Villeneuve. E ele era o mais rápido da pista!

A idéia da Bridgestone de fazer um pneu mais resistente parecia que daria frutos e Panis se aproximava lentamente da Williams de Villeneuve, até um dos momentos mais vergonhosos dos anos 90 aconteceu. Panis vinha logo à frente de Alesi e Schumacher, mas os dois veteranos viam impotente o francês ir para cima do líder Villeneuve. Contudo, a Ferrari queria que Schumacher atacasse Alesi e, quem sabe, Panis na briga pelo segundo lugar. Numa manobra triste, a equipe mandou Eddie Irvine, retardatário, segurar Panis e, por conseguinte Alesi para que Schumacher se aproximasse dos dois. Até mesmo Alesi se irritou e gesticulou para o diretor de prova para tomar uma providência. O irlandês ficou várias voltas à frente de Panis numa cena triste e de pouca repercussão hoje em dia, mas que cinco anos depois não surpreenderia ninguém. Irvine foi penalizado com um stop-and-go de 10s e só assim desobstruiu a passagem dos líderes. Como castigo, Schumacher manteve seu quarto lugar e essa manobra praticamente garantiu a vitória de Jacques Villeneuve, o que acabaria lhe ajudando bastante no final do ano, na contagem final do campeonato. Foi o último pódio em que todos os pilotos falavam francês, mas a dúvida ficava se Panis poderia ou não alcançar Villeneuve e garantir a primeira e merecida vitória da Bridgestone. Ninguém saberá, mas a manobra da Ferrari com Irvine seria penalizada, como seria visto mais tarde, com a vitória de Villeneuve, soberano a corrida inteira.

Chegada:
1) Villeneuve
2) Panis
3) Alesi
4) M.Schumacher
5) Herbert
6) Coulthard

quarta-feira, 23 de maio de 2012

História: 30 anos do Grande Prêmio de Mônaco de 1982


Uma quinzena havia se passado, mas as feridas abertas pela morte de Gilles Villeneuve ainda não haviam cicatrizado quando a F1 chegou ao seu mais charmoso Grande Prêmio, em Mônaco. Gilles era um piloto querido por todos dentro da F1, bem ao contrário de Didier Pironi, que todos acusavam de querer ser o primeiro piloto francês a ser campeão na F1 de qualquer jeito, não importando muitos os meios. A Ferrari já havia acertado com Patrick Tambay para substituir Villeneuve, mas a equipe preferiu manter apenas um carro em Monte Carlo em respeito ao canadense, mas Pironi se tornara uma pessona non-grata dentro do paddock.

A Renault tinha uma enorme dificuldade em circuitos de rua ou apertados por causa do turbo, que só funcionava a contento após certa rotação, mas o time francês, querendo fazer bonito na frente do seu público, preparou um novo turbo para que a potência pudesse surgir com rotações um pouco mais baixas, ideais para Mônaco.  René Arnoux, um verdadeiro ás em ritmo de classificação, ficou com a pole com meio segundo de vantagem sobre Patrese, que utilizava o Brabham com motor Ford Cosworth, enquanto Piquet ainda tentava desenvolver o motor BMW turbo e não repetia a exibição de 1981, onde fora pole, e em 1982 largaria apenas em 13º. Como em Mônaco só se largavam vinte carros na época, Raul Boesel e Chico Serra ficariam de foram e Piquet seria o único brasileiro a largar no domingo. 

Grid:
1) Arnoux(Renault) - 1:23.281
2) Patrese(Brabham) - 1:23.791
3) Giacomelli(Alfa Romeo) - 1:23.939
4) Prost(Renault) - 1:24.439
5) Pironi(Ferrari) - 1:24.585
6) Rosberg(Williams) - 1:24.649
7) De Cesaris(Alfa Romeo) - 1:24.928
8) Daly(Williams) - 1:25.390
9) Alboreto(Tyrrell) - 1:25.449
10) Watson(McLaren) - 1:25.583

O dia 23 de maio de 1982 estava ensolarado em Monte Carlo, mas havia previsão de chuva. Assim como acontece hoje, uma boa largada seria essencial para uma boa corrida em Mônaco e Arnoux sabia disso, conseguindo uma ótima saída no apagar da luz verde, deixando a confusão para o segundo colocado em diante. Ainda com a famosa largada de 1980 em mente, todos os pilotos se comportaram bem nas primeiras curvas, mas não deixaram de haver trocas de posição, notadamente com Bruno Giacomelli ultrapassando o compatriota Riccardo Patrese para ficar em segundo. A Alfa Romeo se comportaria otimamente durante toda a prova.

Porém, o melhor carro nas primeiras voltas era a Renault. René Arnoux abriu uma boa diferença para Giacomelli ainda na primeira volta e sumia na frente. Prost deixou Patrese para trás ainda durante a volta de abertura e passou a pressionar Giacomelli para lhe tomar a segunda posição. Querendo manter o posto, Giacomelli acabaria batendo com força numa zebra alta e isso lhe custaria caro mais tarde, quando teve que abandonar na quarta volta com a transmissão danificada pelo toque. Com isso, a Renault liderava em Mônaco com direito a dobradinha, para delírio do público presente e até mesmo dos comissários de pista, que comemoravam a cada passagem dos carros amarelos. Mesmo tendo Prost na liderança do campeonato, Arnoux não queria saber de ordens de equipe e tinha 7s de vantagem na 14º volta quando entrou no Esse da Piscina. De forma até bisonha, Arnoux perdeu o controle do seu Renault e ficou atravessado, sem bater em nada. O francês deixou o motor morrer e morria ali também sua corrida. Arnoux saiu do carro claramente decepcionado com a besteira feita. Ainda mais com o seu desafeto Prost assumindo a ponta e se consolidando como primeiro piloto da Renault.

Nesse momento, a corrida fica chata e monótona. Prost liderava com conforto à frente de Patrese, Pironi e De Cesaris. Nada acontecia na pista, mas acima dela, havia um grande movimento. O tímido sol que havia nas primeiras voltas dava lugar as nuvens escuras que se aproximavam do principado. Faltando cinco voltas para o fim de uma corrida que não tinha acontecido nada demais, o clima fica escuro, sombrio até. Na volta 74, uma garoa fina chegou para tornar a pista um pouco escorregadia. Os comissários imediatamente mostraram a bandeira bicolor em amarelo e vermelho, mostrando que a pista tinha uma aderência menor do que o normal. Quando Prost cruzava a Portier, um comissário não apenas lhe mostrava a bendita bandeira, como ainda apontava para o céu, como que lhe indicando o óbvio: a chuva deixou a pista ligeiramente molhada. Se Prost viu ou não a bandeira e os avisos do comissário, a verdade foi que o francês destruiu sua corrida alguns metros adiante, quando bateu forte no guard-rail e até machucou sua perna, mas tirando o orgulho, Prost nada havia sofrido. Isso fazia com que Patrese assumisse a primeira posição. Quando passou pelos destroços do carro de Prost e viu a garoa aumentar de intensidade, o italiano da Brabham tirou o pé completamente. Patrese completou a 74º volta tão lentamente, que o retardatário Marc Surer, várias voltas atrás e acenando para Patrese passar, se tornava um adversário do italiano em termos de velocidade. Patrese parecia nervoso, mesmo com toda a torcida vibrando com ele, mas isso não foi o suficiente para acalmar o italiano, que rodou ridiculamente no hairpin Loews. Com isso, Pironi assumia a ponta. Porém, havia problemas.

O francês da Ferrari também se arrastava na pista, sem bico, arrancado quando ia colocar uma volta no retardatário Elio de Angelis, e com problemas em sua Ferrari. Quando iniciou a última volta, Pironi acenava loucamente para o diretor de corrida encerrar a prova ali. Não sendo atendido, Pironi parecia conhecer o seu destino. Quando o piloto da Ferrari passava pelo túnel, seu carro morreu. Pane Seca. Era o terceiro líder a abandonar a corrida em seu final! Então todos os olhos se voltaram a Andrea de Cesaris, quarto colocado poucas voltas antes, mas que seria o líder naquele momento. Seria. Quando a câmera achou o italiano, seu carro estava estacionado na subida do Cassino, também sem gasolina. Parecia que os deuses das corridas queriam nos desculpar pela monotonia do começo da corrida e simplificar toda a emoção apenas no final. O quinto colocado era Derek Daly, piloto que havia sido contratado para o lugar de Carlos Reutemann na Williams e tinha sido uma das vítimas da garoa no final da prova e tinha batido de traseira no guard-rail, deixando a asa traseira no local e parte do câmbio dependurada. O irlandês poderia estar a caminho da glória, mas o câmbio acabou quebrando na última volta. James Hunt, comentando a prova pela BBC, se irritava com a falta de piloto querendo ganhar a corrida em sua última volta. E aliás, quem poderia ser o vencedor?

A resposta aparece no carro branco e azul de... Patrese! Sem muita gente perceber, o italiano fizera seu carro pegar no tranco e partiu para as voltas finais sem muita esperança e até mesmo bravo consigo mesmo, pela chance perdida de conseguir a sua primeira vitória na F1. Quando recebeu a bandeirada, Patrese nem comemorou muito. Ele não sabia em que posição estava, mas quando chegou no túnel e viu Pironi lhe congratulando, ele percebeu que tinha sido o vencedor! Era sua primeira vitória na F1. A confusão continuou no pódio. Nigel Mansell e Elio de Angelis haviam levado suas Lotus até o fim, mas muitas voltas atrasados e como houvera tantos abandonos no final, eles pensavam que eram segundo e terceiro colocados respectivamente e foram ao pódio pegar seus troféus, mas a organização fez a contagem de voltas e percebeu que na verdade fora Pironi e De Cesaris, que iniciaram a última volta, que eram segundo e terceiro, respectivamente, mesmo abandonando. De Cesaris, que poderia ter dado a primeira vitória para a Alfa Romeo em mais de trinta anos, estava com cara de poucos amigos no pódio, enquanto Patrese vibrava como se não acreditasse no que estava acontecendo. Sua primeira vitória num final dos mais caóticos da história. Na verdade, ninguém na F1 acreditava no que tinha visto nas três últimas voltas daquele Grande Prêmio de Mônaco. 

Chegada:
1) Patrese
2) Pironi
3) De Cesaris
4) Mansell
5) De Angelis
6) Daly

terça-feira, 22 de maio de 2012

História: 35 anos do Grande Prêmio de Mônaco de 1977


Após a vitória de Mario Andretti em Jarama, começou uma contagem regressiva para quem teria a honra de conceder a Cosworth sua centésima vitória na F1. Os ingleses se animaram a tal ponto de prepararem um motor especial, com peças novas construídas em titânio, magnésio e alumínio, para a prova em Mônaco, mas apenas três pilotos teriam a honra de usar o novo propulsor, escolhidos a dedo pela Cosworth: Mario Andretti, James Hunt e Ronnie Peterson. Niki Lauda estaria de volta à Ferrari após seus problemas na costela em Jarama, ainda resquício do acidente em Nürburgring. Na Shadow, ainda traumatizada pela trágica morte de Tom Pryce, o italiano Renzo Zorzi, involuntário envolvido no acidente do galês, perdia a confiança do seu patrocínio e seu lugar na equipe e para substituí-lo, estrearia o promissor italiano Riccardo Patrese. Ninguém sabia no momento, mas Patrese, então com 23 anos, iniciaria uma longa carreira de dezesseis anos na F1.

Os treinos para o Grande Prêmio de Mônaco foram atrapalhados pela chuva e o mais rápido na quinta-feira foi Hans-Joachim Stuck, que substituía muito bem José Carlos Pace. No sábado, a chuva se fez presente novamente, mas antes que o alemão pudesse comemorar o que seria sua única pole, a pista secou na meia hora final e seu companheiro de equipe, John Watson, ficou com a pole, com Jody Scheckter ficando em segundo, mas tendo que recuperar seu carro para corrida, pois no afã de conseguir superar Watson, o sul-africano acabou batendo seu Wolf no guard-rail. A Brabham fez vários testes antes da corrida e o time de Bernie Ecclestone sonhava em adiar o sonho da centésima vitória da Cosworth com seus motores Alfa Romeo. O piloto melhor colocado com os novos motores Cosworth era Peterson, em quinto lugar, separando as duas Ferraris, mas com Reutemann à frente. Lauda ainda mostrava cautela após o seu acidente.

Grid:
1) Watson(Brabham) - 1:29.86
2) Scheckter(Wolf) - 1:30.27
3) Reutemann(Ferrari) - 1:30.44
4) Peterson(Tyrrell) - 1:30.72
5) Stuck(Brabham) - 1:30.73
6) Lauda(Ferrari) -  1:30.76
7) Hunt(McLaren) - 1:30.85
8) Depailler(Tyrrell) - 1:31.16
9) Mass(McLaren) - 1:31.36
10) Andretti(Lotus) - 1:31.50

O dia 22 de maio de 1977 estava nublado no principado de Mônaco, mas não havia a chuva que tanto atrapalhou os pilotos nos dias anteriores. John Watson escolheu largar à esquerda no grid, o que acabaria sendo um grande erro. Naquele local, havia faixas de pedestres e mesmo sem estar chovendo, as faixas ainda estavam úmidas pelas chuvas dos últimos dias. Quando os carros se aproximavam do grid, fizeram um ziguezague estranho na época, mas que depois ficaria conhecido como ‘balé da F1’, com os pilotos tentando aquecer seus pneus para a largada. Como esperado, Watson patinou bastante no seu lugar do grid e Scheckter passou voando pelo piloto da Brabham, mas os demais pilotos na ponta mantiveram suas posições para iniciarem sua longa jornada na pista de Monte Carlo.

Querendo reaver seu lugar, Watson grudou na traseira de Scheckter e andou colado na traseira do sul-africano nas primeiras cinco voltas, tentando pressionar o piloto da Wolf a cometer um erro. Que nunca viria. Com o motor Alfa Romeo superaquecendo, Watson aliviou um pouco, mas jamais esteve mais de 1s longe de Scheckter. Um dos primeiros abandonos importante foi de Peterson, quando o sueco da Tyrrell parou seu carro nos boxes na décima volta com o câmbio quebrado. Reutemann fazia uma corrida solitária na terceira posição, enquanto Stuck se mostrava duro de ceder sua quarta posição a Lauda, que ainda tinha as duas McLarens de Hunt e Mass logo atrás. Porém, na vigésima volta Stuck estacionou seu Brabham com um princípio de incêndio e para melhorar ainda mais a vida de Lauda, Hunt, que vinha imediatamente atrás do austríaco, abandonou cinco voltas depois com o motor quebrado.

Agora correndo sozinho, Lauda ganhou a confiança necessária para aumentar seu ritmo e partiu para cima do seu companheiro de equipe Reutemann. O argentino estava tendo problemas de desgaste no pneu traseiro esquerdo e para não piorar o problema, não brigou muito com Lauda e cedeu facilmente a terceira posição ao vizinho de box. Porém, Scheckter e Watson tinham uma boa diferença para Lauda, quando o irlandês começou a diminuir seu ritmo. Watson estava tendo sérios problemas de câmbio e na 49º volta abandonou após ter sua caixa de marcha travada e rodar em plena pista de Mônaco.

Com 15s de vantagem sobre Lauda, a corrida estava nas mãos de Scheckter, mas o sul-africano passaria por um momento de verdadeiro drama nas últimas voltas. Quando vinha na pequena reta entre a curva do Cassino e da Mirabeau, o motor Cosworth de Scheckter apagou e o piloto da Wolf pensou rápido em utilizar a bomba de gasolina elétrica para fazer o motor ressuscitar. Scheckter diminuiu seu ritmo, pois pensava que o seu problema era na bomba de gasolina e passou a perder mais de 1s por volta para Lauda nas últimas dez voltas. Quando abriu a última volta, Scheckter já tinha Lauda enchendo seus retrovisores, mas o sul-africano segurou a pressão e recebeu a bandeirada com o austríaco já colado atrás dele. Após a corrida descobriu-se que o problema era na verdade de ignição do motor Cosworth ‘convencional’ de Scheckter, que teve a honra de ser o piloto a vencer pela centésima vez com o motor anglo-americano. Mais atrás, Mass chegava em quarto após ter que segurar a pressão de Andretti, a quem ultrapassou no meio da prova, mas não foi capaz de abrir diferença. No último lugar pontuável, Alan Jones conseguia seu primeiro de muitos pontos na carreira. O sul-africano não ficou contente em não receber o novo motor da Cosworth, mesmo estando na luta pelo título, mas Jody Scheckter não teve do que reclamar e ainda ganhou como prêmio pela vitória a promessa do chefe de polícia de Mônaco que iria estacionar de graça em Monte Carlo durante um ano. Um troféu secundário que era a honra de entrar a história gloriosa da Cosworth. 

Chegada:
1) Scheckter
2) Lauda
3) Reutemann
4) Mass
5) Andretti
6) Jones

domingo, 20 de maio de 2012

Igual a F1 2010

Dois anos atrás, as corridas da F1 estavam tão chatas e sem graça, que antes mesmo dos carros irem para os primeiros treinos livres, umas das atrações era pesquisar como seria a condição climática no domingo, pois somente a chuva poderia animar as insossas corridas daquela temporada. A MotoGP ainda não entrou nessa rotina, mas pelo o que vimos hoje e nas três provas anteriores de 2012, a chuva sempre será bem vinda para animar um pouco as corridas da principal categoria do Mundial de Motovelocidade, mesmo que o vencedor não mude muito.

Quem não aproveitou muito a animação da prova de hoje foi Jorge Lorenzo. O espanhol da Yamaha largava apenas em quarto, pela primeira vez em muito tempo longe da primeira fila, mas Lorenzo largou muito bem, partiu para cima das duas Hondas oficiais e no final da primeira volta já estava em primeiro. E desapareceu. As condições de pista traiçoeiras não favoreceram a melhor moto que é a Honda e tanto Stoner como principalmente Pedrosa, sucumbiram diante do talento de Lorenzo e de Valentino Rossi, magistral na corrida de hoje. Vale pulou do nono lugar no grid para quinto na largada e brigou intensamente com as duas Yamahas de Doviziozo e Carl Cruthlow, os deixando para trás após longa briga, onde os dois acabaram caindo, mas sozinhos. Depois Rossi partiu em perseguição a Stoner nas últimas voltas e contando com a ajuda do retardatário Yonny Hernandez, o piloto da Ducati deixou o australiano para trás na abertura da última volta para conseguir um segundo lugar com cheiro de vitória para uma claudicante Ducati.

Com sua aposentadoria anunciada, Stoner perdeu muitos pontos com relação a Lorenzo na briga pela liderança do campeonato, mas com certeza gostou da boa briga que teve com Rossi, apesar de ter saído perdedor. O australiano chegou a esboçar uma aproximação a Lorenzo, mas Stoner continua a sofrer com a queda de rendimento que sempre lhe atinge nas voltas finais das corridas. Apesar da péssima narração no SporTV (volta Sérgio Maurício!), duas participações do telespectador foram precisas hoje. Daniel Pedrosa é um piloto totalmente sem sal, um 'arroz de festa', 'picolé de chuchu', e mesmo tendo sua vaga praticamente garantida na Honda no ano que vem com a aposentadoria de Stoner, Marc Márquez deverá ser o novo queridinho da Honda a partir do próximo ano quando subir da Moto2 e dificilmente Pedrosa, mesmo com seu talento, será campeão. Seu problema é na cabeça. Outra intervenção via mídia interessante foi que Ben Spies está para Jorge Lorenzo na Yamaha oficial como Felipe Massa está para Fernando Alonso na Ferrari. A diferença entre Spies e Lorenzo é abissal e a quase-queda do americano na largada (!) mostra bem o quão mal está Spies, principalmente com seu companheiro de equipe liderando o campeonato e ele amargando as últimas posições.

A MotoGP ainda não produziu corridas como na Moto2 ou Moto3, mas a chuva deu a apimentada que faltava a categoria, que até a corrida em Le Mans tinha nos proporcionado corridas monótonas, com motos espaçadas e o pódio sendo dominado pelo trinômio Stoner-Lorenzo-Pedrosa. Com a chuva, Lorenzo venceu de forma categórica, mas houve briga e emoção nas demais posições. Como sempre deveria ser!

quinta-feira, 17 de maio de 2012

Aposentadoria precoce

No Brasil, para se aposentar precisam anos de serviços prestados na carteira ou atingir a marca dos 65 anos de idade. Casey Stoner, aos 26, surpreendeu o mundo do esporte ao anunciar hoje que está se aposentando no final de 2012 por estar descontente com os rumos seguidos da MotoGP. De personalidade forte e muito habilidoso, Stoner não estava gostando das novos motos CRT e como seu contrato com a Honda terminará no final de 2012, resolveu não renová-lo para 2013 e curtir sua filhinha, que nasceu no começo deste ano. Isso será uma motivação extra ao australiano para perseguir seu terceiro título mundial da MotoGP, mas também servirá de reflexão a todos os esportistas. Como um bicampeão mundial querer sair do esporte tendo apenas 27 anos (ele completará em outubro)? As feras estão chegando cedo demais? A pressão está grande demais? Difícil dizer...

O dia em que Nigel Mansell endoidou

Hoje fazem 25 anos de uma das cenas que eu mais queria ver na história na F1, mas que particularmente não vi nem foto ou imagem do acontecido. Se alguém a tiver, por favor, me avisa. Mansell tinha um ar de pateta inglês com sua cara de choro eterno e jeitão de andar desengonçado, com sua altura, alta para os padrões da F1, aumentando essa sensação. Desde que começou a vencer na F1, no final de 1985, Mansell se tornou uma estrela da categoria e começou a ter encrencas com as demais estrelas do circo, em particular seu então companheiro de equipe Nelson Piquet e Ayrton Senna. Ambos pilotos muito agressivos e perseguindo seu primeiro título no momento, Mansell teve várias brigas homéricas com Senna e no Grande Prêmio da Bélgica em 1987, a briga atingiu seu ápice.

Mesmo sem chuva, a corrida em Spa começou complicada, quando um acidente envolvendo os dois pilotos da Tyrrell, Jonathan Palmer e Philippe Streiff, paralisou a corrida na segunda volta. Mansell havia largado melhor na primeira tentativa, mas quando a luz verde apareceu pela segunda vez em Spa, Senna atacou o inglês e assumiu a ponta. Mansell imediatamente partiu para cima do brasileiro, mas Senna já havia mostrado algumas vezes que não se intimidava muito com o inglês e ambos acabaram se tocando e a rodada dupla foi inevitável. Senna abandonou ali mesmo, enquanto Mansell tentou retornar à pista, mas abandonaria voltas mais tarde.

Vendo seu odiado companheiro de equipe Nelson Piquet na ponta, após este ter sofrido um sério acidente em Ímola, e podendo ter sua liderança dentro da equipe Williams perdida, Mansell ficou possesso. Era a terceira vez em menos de dois anos que Mansell se dava mal em uma disputa com Senna. Juntando tanta frustração junta, Nigel partiu feito um touro furioso rumo ao box de sua antiga equipe atrás de Senna. Tendo abandonado algumas voltas atrás, Senna foi pego de surpresa, enquanto Mansell partiu para cima do brasileiro lhe dando um empurrão e errando um soco na cara por pouco antes de ser contido pelos seus antigos mecânicos e engenheiros da Lotus. Infelizmente, não há um único registro da cena, que certamente seria sucesso do youtube. Dias mais tarde, Mansell diria que Senna 'era a peste da F1'. Quando ambos conquistaram seus títulos, a tensão entre eles diminuiu e houve até certa camaradagem entre eles no final.

terça-feira, 15 de maio de 2012

Cuidado: cenas fortes


Meio que já me acostumei a ver acidentes feios e trágicos, mas este de Gordon Smiley é impressionante na forma como o carro se desfaz por completo durante os treinos para as 500 Milhas de Indianápolis. Smiley teve morte instantânea e muito se falou que ele teve TODOS os ossos quebrados, tamanha a força do impacto que o matou exatamente 30 anos atrás. Essa informação nunca foi confirmada, mas não me admiraria se isso fosse verdade.

História: 40 anos do Grande Prêmio de Mônaco de 1972


Após a dominante vitória de Emerson Fittipaldi em Jarama, a F1 iria para outro circuito apertado, mas muito charmoso: o seu mais famoso Grande Prêmio, em Mônaco. A Lotus vinha em ótima fase e Emerson, mesmo ainda não liderando o campeonato sozinho, pois estava empatado com Denny Hulme, se tornava aos poucos um desafiante real ao título mundial de 1972. O final de semana monegasco normalmente é simultâneo ao de Indianápolis e isso causou algumas baixas entre os pilotos, principalmente os americanos. Mario Andretti e Peter Revson desfalcariam Ferrari e McLaren, respectivamente, o mesmo acontecendo com Carlos Reutemann, este ainda se recuperando do seu acidente de F2 em Brands Hatch mais cedo.

A quinta-feira, primeiro dia de treinos, começou com um bonito dia de sol e os treinos foram polarizados entre a Lotus de Emerson Fittipaldi e a Ferrari de Jacky Ickx. Os dois brigaram o dia inteiro pelo melhor lugar no grid e no afã de conseguir o que seria sua primeira pole numa corrida válida pelo campeonato, Emerson acabaria rodando no final da sessão, fazendo-o voltar aos boxes pensando que havia perdido a pole provisória para o belga. Porém, Ickx não voltou mais a pista, pois pensava em retomar a briga com o piloto da Lotus no sábado. Contudo, Ickx errou totalmente na hora de prever o tempo e a chuva veio forte o dia inteiro no sábado, impedindo-o de brigar pela pole e Emerson Fittipaldi comemorava sua primeira pole na F1.

Grid:
1) E.Fittipaldi(Lotus) - 1:21.4
2) Ickx(Ferrari) - 1:21.6
3) Regazzoni(Ferrari) 1:21.9
4) Beltoise(BRM) - 1:22.5
5) Gethin(BRM) - 1:22.6
6) Amon(Matra) - 1:22.6
7) Hulme(McLaren) - 1:22.7
8) Stewart(Tyrrell) - 1:22.9
9) Pescarolo(March) - 1:22.9
10) Redman(McLaren) - 1:23.1

O dia 14 de maio de 1972 amanheceu escuro e a previsão era de tempestade a qualquer momento. Um mini-treino de dez minutos foi realizado antes da largada e quando faltavam quarenta minutos para a hora marcada da largada, às 15h, a chuva veio com tudo. Ao contrário da Espanha, estava na cara que os pneus a serem utilizados seriam os de chuva. Na segunda fila do grid, Jean-Pierre Beltoise se regozijava por estar largando na frente da Matra, sua antiga equipe que havia o substituído por Chris Amon em 1971, que largava duas posições atrás dele. A BRM estava surpreendentemente bem em Mônaco e Peter Gethin largava em quinto lugar, mas quem largaria melhor quando a bandeirada foi dada foi Beltoise. Fittipaldi dava sua tradicional má largada e foi ultrapassado por dentro por Beltoise e por fora por Ickx. Fittipaldi tirou o pé para não bater em Ickx na St Devote e acabou ultrapassado pela outra Ferrari de Regazzoni, caindo para quarto.

Durante a primeira volta Jacky Ickx, considerado por muitos como um dos melhores pilotos de todos os tempos debaixo de chuva, errou na freada da Rascasse e permitiu a Regazzoni e Fittipaldi ganharem sua posição. Isso deu um grande refresco a Beltoise, que estava sendo perseguido de forma incessante por Ickx e agora tinha mais de 2s de vantagem sobre Regazzoni, com Emerson colado. O problema era que as condições naquele dia de maio em Monte Carlo eram terríveis. A pista estava extremamente escorregadia e a visão era quase nula. Emerson guiava apenas seguindo a sombra da Ferrari de Regazzoni e a luz vermelha do carro vermelho do suíço, enquanto Beltoise aumentava a diferença lá na frente com uma pilotagem soberba. As condições de pista eram tão ruins em Mônaco, que uma cena pastelão desenrolou na quinta volta. Regazzoni errou na freada da chicane do porto e passou reto. Apenas acompanhando o suíço, Emerson passou reto também, numa das histórias mais conhecidas da história da F1.

Isso deu ainda mais tempo para Beltoise, pois se Rega e Fittipaldi não perderam tanto tempo voltando a pista em terceiro e quarto respectivamente, Ickx estava longe em segundo, mas o ferrarista representava um risco, pois todos conheciam as habilidades do belga em pista molhada. Porém, Beltoise estava iluminado naquele dia e aumentava sua vantagem sobre a Ferrari. Mais atrás, Emerson Fittipaldi continuava se metendo em encrencas. Na volta 17 o brasileiro ainda perseguia Regazzoni quando ambos foram ultrapassar o retardatário Mike Beutler na curva da Estação. Rega passou sem problemas, mas Fittipaldi freou forte, travou seus pneus e saiu rapidamente da pista, permitindo a Peter Gethin e Jackie Stewart ganharem sua posição. Para piorar as coisas, Reine Wisell quebrou o motor do seu BRM, espalhando óleo em boa parte da pista, fazendo com que a condução dos carros de 400 cavalos se tornasse ainda mais difícil. Gethin rodou no óleo de Wissel e acabaria saindo da corrida, permitindo a Stewart assumir o quarto lugar e partir para cima de Regazzoni. O escocês era outro especialista no molhado e todos ainda tinham em mente sua épica corrida em Nürburgring em 1968, quando venceu numa condição ainda pior do que essa.

Mesmo assim, os pilotos sofriam com a falta de visibilidade, a ponto de José Carlos Pace ir aos boxes uma vez para trocar a viseira do seu capacete, imunda com a combinação de óleo, água e borracha. Continuando sua boa recuperação, Stewart ultrapassou Regazzoni na 32º volta e partiu para cima de Ickx para brigar pelo segundo lugar. Porém, o escocês escapou com seu Tyrrell onze voltas mais tarde no óleo de Wisell e Rega recuperaria sua posição. Para perdê-la apenas dez voltas mais tarde ao perder o controle de sua Ferrari e bater no guard-rail. Nem mesmo o líder inconteste da corrida, Beltoise, escapava de incidentes e em certo momento, teve que bater no eterno retardatário Beutler para conseguir manter seu magnífico avanço rumo a uma vitória que ninguém esperava. As posições se mantiveram até que Stewart tem problemas com o motor Cosworth do seu Tyrrell e tirar o pé completamente. Tanto que quase provoca um sério acidente. Stewart estava tão lento, que estava a ponto de tomar uma volta de Ickx, nas voltas finais. O belga vinha muito mais rápido do que Stewart e acabou surpreendido pela parca velocidade do rival e teve que frear forte, mas Ronnie Peterson, também retardatário, não viu e acabou acertando com força a traseira de Ickx. Peterson abandonou na hora, mas Ickx conseguiu levar sua Ferrari rumo a bandeirada. Emerson Fittipaldi ultrapassou Stewart faltando três voltas para o fim e garantiu um lugar no pódio, mesmo com tantas atribulações e assumia a liderança isolada do campeonato. Porém, o brasileiro já estava uma volta atrás de Beltoise. O já veterano francês fez a corrida de sua vida em Mônaco e marcava seus primeiros pontos em 1972 justo com uma vitória histórica, onde mostrou um talento que nunca havia desabrochado antes. E nunca mais o faria. Beltoise não marcaria mais pontos em 1972 e sairia da F1 no final de 1974 sem nunca mais repetir a atuação naquele dia no chuvoso GP em Monte Carlo, mas aquela exibição entrou para a história e Beltoise entrou como um dos grandes, mesmo que por apenas uma corrida.

Chegada:
1) Beltoise
2) Ickx
3) E.Fittipaldi
4) Stewart
5) Redman
6) Amon