Com sua aparência cada vez mais frágil, Frank Williams não vai mais a todas as corridas como antigamente, mesmo após seu sério acidente no começo de 1986. Convicto e teimoso, Sr Frank viu sua equipe gloriosa se tornar um time médio e no ano passado, viveu sua pior temporada em 35 anos de F1. O destino da equipe Williams parecia circular, quando começou pequena, se tornou grandiosa para depois voltar ao patamar do início de sua passagem na F1. Porém, como nem tudo na vida é definitivo, a Williams construiu um belo carro após sua péssima temporada em 2011 e mesmo com dois pilotos-pagantes, o time vinha fazendo uma temporada regular, já marcando mais pontos nessas quatro primeiras corridas do que a temporada passada inteira. Então chegamos à Barcelona, pista onde os grandes carros fazem a diferença. Frank, completando 70 anos, foi à Espanha e viu Maldonado se beneficiar da punição de Hamilton e largar na pole. Ao contrário de Hülkenberg em 2010, o até então criticado venezuelano foi rápido o tempo inteiro, mas Pastor teria a calma para se manter na briga? A resposta foi dada com uma magnífica exibição de Maldonado, que mesmo perdendo a ponta para Fernando Alonso na largada, fez da estratégia sua aliada e venceu com categoria, inserindo seu nome na história da F1 e da gloriosa Williams, que não vencia desde 2004. Porém, o melhor que não foi uma vitória circunstancial. Foi uma vitória na pista!
A corrida em Barcelona não chegou a ser tão ou mais emocionante do que nas outras provas deste ano, mas para a média espanhola, até que não foi mal. Os quatro primeiros do grid chegaram nas quatro primeiras posições, apenas com Kimi Raikkonen invertendo posição com Romain Grosjean, desta vez sem jogo de equipe. A briga pela ponta foi um jogo estratégico e isso era esperado desde sábado. Largando melhor, Alonso assumiu a ponta e parou uma volta antes de Maldonado, aproveitando-se da volta que teve com pneu novo para aumentar sua diferença para o piloto da Williams. Ter o pneu novo uma ou duas voltas antes do adversário na pista era essencial. E foi isso que Maldonado fez para retomar a ponta na segunda rodada de paradas. O venezuelano se aproximou de Alonso antes da segunda parada, antecipou seu pit-stop, marcou a volta mais rápida e saiu com boa vantagem sobre o ferrarista para não mais perder a prova. A corrida foi tensa na sua metade final sob a ótica do que poderia fazer Maldonado, piloto reconhecidamente rápido, mas propenso a erros, como se viu na Austrália, quando rodou e bateu sozinho numa briga com o próprio Alonso. Mas Maldonado foi perfeito, agüentou bem uma última tentativa de aproximação de Alonso e venceu pela primeira vez na F1 e também pela Venezuela, devendo fazer com que Hugo Chávez decrete feriado amanhã. Uma coisa que chamou a atenção foi a frieza de Maldonado no rádio e no pódio. Isso poderá significar que Maldonado não se contentará com essa vitória. Ele quererá mais! Desde Nigel Mansell um piloto não exercia tão bem o fator casa como Fernando Alonso. Correndo em Barcelona Alonso já havia feito corridas além do potencial do seu carro em outras oportunidades e o piloto da Ferrari conseguiu isso de novo em Montmeló, levando a Ferrari ao segundo lugar no grid e na corrida, brigando bastante com Maldonado a corrida inteira. Ficou claro que a Ferrari deu um passo à frente após os testes em Mugello, mas foi muito mais o braço de Alonso que fez o espanhol reassumir a ponta do campeonato. Contudo, os brasileiros companheiros de equipe de Maldonado e Alonso terão um dia para esquecer, entrando num lugar parecido após o Grande Prêmio da Austrália, quando abandonaram juntos após um acidente, enquanto seus vizinhos de Box faziam boa corrida. Bruno Senna teve uma atuação ridícula, levando-se em conta que seu companheiro de equipe venceu a prova com méritos. Senna largou muito atrás, não conseguiu ultrapassar a Caterham de Kovalainen e se envolveu num acidente esquisito com Schumacher, onde ele mudou, sutilmente, de trajetória duas vezes e acabou abalroado pelo alemão, que fez questão de chamar o brasileiro de ‘idiota’ para todo mundo ouvir. O que vai ter de viúva reclamando... Após sua boa corrida no Bahrein, Massa voltou a mediocridade de antes e enquanto via Alonso reassumir a liderança do campeonato com um carro ruim, mas conseguindo isso em casa e sem contar com a ajuda da sorte, o brasileiro levou uma volta do companheiro de equipe no final da prova. Mesmo sem a penalização de não diminuir a velocidade em bandeira amarela, dificilmente Massa pontuaria e é sempre constrangedor levar uma volta do companheiro de equipe.
Não falta muito, mas a Lotus ainda não conseguiu colocar em prática toda a crença que o time comandado por Eric Bouiller vencerá uma corrida esse ano. O time fez uma prova discreta no início, mas foi impressionante como Raikkonen imprimiu um ritmo muito forte no final a ponto de chegar menos de 4s atrás de Maldonado e colado na traseira de Alonso. Grosjean fez uma prova correta e ficou em quarto, sem ser atacado ou ter que atacar alguém. O time anglo-francês tem um ótimo carro e conseguiu seu segundo pódio consecutivo, mas parece faltar algo na estratégia para levar o time finalmente a vitória. Após os dois carros da Lotus, abriu-se um abismo para as demais equipes. Kobayashi, em uma ótima corrida, voltando a ser o Koba-mito de sempre ao fazer várias ultrapassagens, ficou mais de um minuto atrás do vencedor. E atrás da Sauber do japonês, vinham times vencedores nesse ano, como Mercedes, Red Bull e McLaren, dando uma idéia de como esses times ficaram para trás em termos de desenvolvimento ou como seus carros não são tão bons assim. Não devemos nos esquecer que se um carro anda bem em Barcelona, ele será competitivo em todas as outras pistas e levar mais de um minuto da Williams, Ferrari e Lotus devem estar fazendo engenheiros de Mercedes, Red Bull e McLaren arrancarem os cabelos. Vettel fez uma boa corrida de recuperação após sua punição junto a Massa e fez várias ultrapassagens no final da prova, provando que, se não tinha carro para lutar pela ponta, ao menos poderia ficar mais próximo da Lotus. Porém, o terrível desempenho de Webber, ficando fora dos pontos pela primeira vez no ano após outra largada ruim, mostra bem que a Red Bull, melhor carro nos últimos três anos, ainda precisa remar muito para chegar ao patamar de antes. Kobayashi, normalmente obscurecido por Sergio Perez fez uma baita corrida e voltando a mostrar a agressividade que o fez ser admirado em todo mundo, enquanto Perez teve um pneu furado logo na primeira volta e abandonou por uma trapalhada de sua equipe. A Mercedes teve uma corrida longe da perspectiva de brigar pela ponta costumeiramente após a vitória de Rosberg na China. Após perder Schumacher logo no início da prova, Rosberg fez uma prova discretíssima, só aparecendo quando perdeu posição para Koba e Vettel no final da prova, provando estar totalmente sem pneus. A McLaren fez uma prova discreta, mas Hamilton conseguiu levar seu carro, com apenas duas paradas, ao sétimo lugar depois de largar em último e ainda teve pneus para pressionar Rosberg na última volta, que tinha uma parada a mais do que ele. Após sua vitória na primeira corrida do ano, Button não foi o brilhante piloto de Melbourne e o fato de chegar atrás de Hamilton, que largou em último, mostra o quão mal foi Button hoje.
Das equipes médias, a Force India marcou pontos novamente, desta vez com Nico Hülkenberg, que segurou a última posição pontuável dos ataques ferozes de Mark Webber até a última volta. O alemão necessitava de uma reviravolta em sua situação dentro da equipe, pois Paul di Resta superou-o algumas vezes em 2012, mas em Barcelona o escocês foi bastante discreto. O duo da Toro Rosso andaram a corrida inteira juntos, com Vergne superando Ricciardo mais uma vez, mas ambos não lutaram por pontos no final da corrida. Caterham, Marussia e HRT fizeram o papel de sempre, mas com Narain Karthikeyan tendo largado de favor por ter ficado muito atrás na Classificação, chegando a atrapalhar Maldonado antes de abandonar, enquanto Charles Pic foi penalizado por atrapalhar Alonso enquanto o espanhol tentava ganhar tempo frente a Maldonado. Fazer isso com Alonso na Espanha é fatal...
A temporada 2012 está se mostrando uma das mais sensacionais da história da F1. Em meus muitos anos em que assisto a F1, não me lembro de uma temporada onde um carro que não marcou pontos na prova anterior, vencer a seguinte com um piloto-pagante. E já se pode afirmar que não há favorito para a próxima corrida em Mônaco. Sem eufemismo ou querendo vender o produto F1. Vettel venceu com categoria no Bahrein, mas hoje chegou um minuto atrás do vencedor. Alonso tinha uma carroça nas mãos nas provas anteriores, mas levou seu carro ao pódio com méritos, por sinal, os mesmos que fazem da Lotus como candidata a vencer uma corrida esse ano. Cinco corridas, cinco vencedores diferentes com cinco carros diferentes. Schumacher pode reclamar a vontade, mas os pneus Pirelli estão tornando a F1 muito mais competitiva e emocionante, a ponto de Frank Williams completar 70 anos com uma vitória.
Eu ri, chorei, pulei... gritei. Fiz porcaria com uma caixa de pizza no quarto. tomei bronca...
ResponderExcluirResumindo, estou tão feliz quando tio Frank.