Não vou mentir que não assisti a corrida inteira, devido ao sono que me abateu nas últimas e decisivas cinquenta voltas. Assim sendo, liguei o note ansioso para saber quem havia se sagrado o campeão de 2013 da Indy. Não vou mentir novamente. Torci pelo Dixon. E vibrei com a vitória do neozelandês hoje pela manhã. Como toda decisão de campeonato, foi uma corrida tensa e com dramas, mas a justiça foi feita para o melhor piloto da segunda metade da temporada. Quando o campeonato parecia perdido, Dixon passou a empilhar vitórias e tomando as rédeas da Ganassi, liderou uma reação sensacional que acabou culminando com o seu terceiro título da Indy, o deixando junto a lendas da categoria como Rick Mears e Bobby Rahal.
A corrida estava a mercê da Penske no seu início com o ótimo desempenho dos seus carros em todos os treinos, inclusive o de Sebastian Bourdais, que pilota para a equipe do filho de Roger, Jay Penske. Largando em 12º devido a uma punição programada (a Penske trocou o motor por precaução), Castroneves demonstrou algo que não havia sido nas últimas provas: agressivo. O brasileiro partiu com tudo para cima dos seus adversários e foi passando quem via pela frente, rapidamente assumindo a ponta da prova. Enquanto isso, Dixon sofria com o rendimento sofrível do motor Honda no oval californiano. Logo as previsões mostravam o título indo para Castroneves, pois Dixon parecia não ter forças para chegar no pelotão da frente.
Porém, ontem foi uma corrida de 500 Milhas e de muitas ultrapassagens, além do que, a estratégia é primordial. Muitas vezes, ficar no meio do pelotão é benéfico para economizar combustível e o próprio motor, exigido ao máximo em longos 800 km, valor próximo do seu limite. Sem contar que por ser uma prova longa, muitas vezes passando de três horas, as condições climáticas podem mudar, acontecendo o mesmo com o acerto do carro. E foi justamente isso que aconteceu com Dixon e a Ganassi. Aos poucos, os carros vermelhos de Dixon e do substituto Alexandre Tagliani foram se aproximando do pelotão da frente, dominado pelos carros da Penske e de Bourdais. Um grande acidente envolvendo seis carros provocou uma longa bandeira amarela e causou preocupação com o estado de Justin Wilson, que demorou a ser retirado do seu carro. Nessa altura, os dois carros da Ganassi já brigavam pelas primeiras posições, com Tagliani fazendo o papel de fiel escudeiro e Castroneves já não tinha o mesmo ímpeto de antes.
Enquanto isso Power, que parou várias vezes enquanto Wilson era atendido, ajeitando até mesmo seu capacete, assumia a ponta da corrida, seguido pelos dois carros da Ganassi, enquanto Castroneves brigava no pelotão intermediário. Quando a corrida se aproximou do seu final, problemas começaram a acometer os protagonistas do campeonato, trazendo um certo drama no final. Em um dos seus pit-stops, um aparato aerodinâmico foi retirado do radiador do carro de Dixon, demonstrando que mesmo também tendo trocado o motor antes da prova, o propulsor japonês já não era o mesmo. Porém, tudo veio abaixo para Castroneves quando sua asa dianteira entrou em colapso e mesmo não ocasionando um acidente, Helio teve que trocar o bico do seu carro em bandeira verde, perdendo uma volta. Houve tensão com a saúde do motor de Dixon, mas o neozelandês cuidou do seu carro e conquistou o tricampeonato de forma inapelável.
Numa corrida onde apenas oito carros receberam a bandeirada, Will Power provou seu crescimento em ovais ao vencer a difícil prova de Fontana, se mostrando forte para 2014, já que seu trauma nesse tipo de circuito está terminando. Helio Castroneves acabou a prova ainda em sexto, mas o seu campeonato não foi perdido nessa noite. O brasileiro sentou em sua vantagem conseguida com apenas uma vitória no Texas (por sinal, foi descoberto que o carro estava irregular, mas não gerou perda de pontos...) e várias posições entre o top-5. Helio também contou com a sorte, principalmente na subida de rendimento de Dixon nas últimas provas, onde o piloto da Ganassi enfrentou problemas enquanto liderava. Porém, a sorte que tanto ajudou Helio a conquistar três 500 Milhas de Indianápolis e estar liderando com folga o campeonato deste ano o abandonou de forma miserável em Houston quinze dias atrás, quando viu sua vantagem de 49 pontos se transformar em uma desvantagem de 25 com dois abandonos por problemas mecânicos. Já beirando os 40 anos, Castroneves perdeu uma chance de ouro para conseguir seu primeiro título na carreira e se igualou ao seu companheiro de equipe Power na incômoda marca de tri-vice, enquanto a Penske amargou seu quarto vice-campeonato consecutivo, aumentou para sete anos o jejum de títulos
Já Scott Dixon não tinha do que reclamar. Muitas vezes ficando na sombra do mais badalado Dario Franchitti, o neozelandês sempre fez um trabalho consistente na Indy e muitas vezes brigou pelo título, andando muito bem em qualquer tipo de circuito. Mesmo não tendo o carisma de outros campeões e até mesmo de piloto que não conquistaram títulos, Dixon entrou para a galeria dos imortais da Indy pelo seu trabalho e pilotagem, demonstrada de forma genuína nessa segunda metade de 2013, onde reverteu uma desvantagem enorme com gana e agressividade, onde a vitória era o único resultado que interessava. E hoje foi claro que era a tática certo a escolher.
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